Intervenção Psicológica com Vítimas de Crimes_RESUMO[1] PDF
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Summary
This document presents different models explaining violence against children and adolescents. It examines various factors, such as individual characteristics, family dynamics, and societal influences. It also discusses multiple models for understanding and intervening in such situations. It presents models for understanding the phenomenon and discusses the role various factors play in child abuse.
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1. Modelos explicativos da violência contra crianças e adolescentes CAUSA ÚNICA? A) Explicações tradicionais 1.1. Modelo Centrado na Criança (Azevedo & Maia, Sidebotham & Heron) - Existem determinadas características ou comportamentos das crianças que podem constituir fatores de risco à ocorrênc...
1. Modelos explicativos da violência contra crianças e adolescentes CAUSA ÚNICA? A) Explicações tradicionais 1.1. Modelo Centrado na Criança (Azevedo & Maia, Sidebotham & Heron) - Existem determinadas características ou comportamentos das crianças que podem constituir fatores de risco à ocorrência de maus-tratos - Apresentam determinadas características que a torna aversiva aos seus pais (chorão, desobediente) Principal crítica ao Modelo: Conclusões de estudos retrospetivos, não se sabe se os comportamentos das crianças são causas ou consequências Fatores de risco mais frequentes: 1. A idade da criança: as crianças mais novas por serem mais indefesas e dependentes, e terem menor controlo das suas emoções e da sua expressão - Os adolescentes: correm maior risco de maltrato físico, ainda que surjam também casos de abuso sexual 2. Aspeto e condição física da criança Problemas de saúde, serem prematuras, com deficiências ou patologias do foro físico e mental São crianças que não correspondam fisicamente, ou ao nível da saúde, às expectativas iniciais dos pais 3. Comportamento da criança: é potenciador dos maus-tratos pelos pais (birras, agressividade) Não consensual -> algumas investigações demonstram que o comportamento eventualmente desajustado é aliás, uma consequência dos maus-tratos 1.2. Modelo Psicológico ou Psiquiátrico Centrado no Agressor (Azevedo & Maia, Sidebotham & Heron) Personalidade Antes: relação entre maltrato e doenças mentais, personalidade psicótica, baixo controlo dos impulsos, baixa autoestima, pouca capacidade empática Atualmente: não existe nenhum padrão específico, visão mais compreensiva do fenómeno Perturbações de personalidade: alcoolismo, toxicodependência, pais/mães mais jovens e/ou com pouca instrução Transmissão intergeracional do abuso - Pais/Mães abusivos foram filhos maltratados A) Explicações tradicionais Stress familiar (dificuldades económicas, falta de um dos pais, número de filhos) Isolamento social da família Aceitação social da violência (práticas educativas) Organização social da comunidade (concentração de pobreza no interior das cidades, problemas económicos, bairros) B) Modelos de segunda geração (Ou Modelos de interação social) 1. Modelo Ecológico de Belsky Adapta o modelo ecológico de Brofenbrenner Modelo ecológico de Brofenbrenner - Entende o ser humano dentro de um sistema de 4 níveis interativos que contribuem para o desenvolvimento dos indivíduos - Influências que interagem para dar lugar a determinadas transações familiares que podem resultar no maltrato - Influência de variáveis individuais, variáveis sociais e variáveis situacionais na determinação do maltrato - Nenhuma variável singular explica totalmente o fenómeno Nível ontogénico Herança que os pais/mães trazem para o contexto familiar A história dos pais influencia: os conhecimentos sobre a educação dos filhos os seus sentimentos pelas crianças os conhecimentos sobre desenvolvimento infantil Microsistema É o ambiente imediato da criança-família: Natureza do ambiente familiar Saúde e temperamento da criança Tamanho da família Qualidade das relações matrimoniais Exosistema Estruturas sociais formais e informais Inclui os parentes próximos, a comunidade e a estrutura económica Desemprego Falta de motivação e satisfação no trabalho Famílias violentas são isoladas socialmente Macrosistema Influencia os outros níveis Atitudes sociais face a violência em geral Expetativas da sociedade acerca dos métodos de disciplina na família e na escola Nível geral de violência na família e na escola 2. MODELO TRANSACIONAL de Cicchetti e Rizley Reconhece o efeito multicausal do abuso Acrescenta os fatores potenciadores (aumentam o risco) e fatores compensadores (diminuem o risco) Podem ser transitórios ou permanentes Fatores potenciadores duradouros Biológicos (deficiências ou problemas de comportamento) Históricos (pais com história de abuso) Psicológicos (doença mental dos pais ou filhos; fraca tolerância à frustração; alto nível de agressividade) Ecológicos (vizinhança caótica, valores sociais promotores dos abusos) Fatores potenciadores transitórios Stress num momento da vida (lesão, doença, problemas legais, familiares ou matrimoniais, entrada da criança num período evolutivo mais complicado) 3. MODELO DOS COMPONENTES de Vasta Para que ocorram os abusos físicos, são necessários dois componentes: 1) Tendência a utilizar o castigo físico como estratégia de disciplina que se transforma em violência 2) Hiperreatividade emocional dos pais - Há uma componente OPERANTE (obter algum ganho, neste caso, punir um comportamento da criança) - Há uma componente IMPULSIVA (reação aversiva a estímulos externos - história de maus-tratos dos pais, outros fatores já mencionados noutros modelos) 4. MODELO TRANSACIONAL de Wolf - Analisou o padrão de violência e verificou que há uma sequência de 3 estádios: 1. Baixa tolerância ao stress e desinibição da agressão 2. Pouca habilidade para lidar com crises agudas e as provocações da criança 3. Afirmação de poder como método de educação parental C) Modelos de terceira geração 1. Modelo de Milner do processamento da informação - Pais abusivos têm défices no processamento de informações sociais, podem interpretar mal os comportamentos da criança (birras ou choro) como intencionais ou provocativos, o que pode gerar respostas inadequadas - A falta de reciprocidade saudável (reconhecer e responder de forma construtiva às necessidades e comportamentos) é vista como um dos mecanismos explicativos do abuso A investigação concluiu: o suporte social percebido pelos pais/mães maltratantes ou em risco de maus-tratos é um fator protetor na redução do potencial de maus-tratos Envolve quatro estágios: - Três cognitivos - Um cognitivo-comportamental Os pais desenvolvem e mantêm uma série de ideias e valores sobre os seus filhos que guiam o seu comportamento parental 1. Perceção 2. Interpretação, avaliação e expetativas 3. Integração da informação e seleção da resposta 4. Execução e controle da resposta _____________ 2. Abuso sexual Variações na prevalência - Tipos ----> com ou sem contacto físico - Idades e população-alvo ------> crianças e adolescentes mais vulnerável devido a dependência e outros fatores; mulheres + vítimas mas também acontece a homens - Meios ------> força física, manipulação, chantagem, abuso de autoridade - Código Penal Português - Abuso sexual como crime contra a autodeterminação sexual - Vitimação direta - Vitimação indireta Conceito Assimetria de idade x Coerção Consideramos abuso sexual quando uma pessoa adulta ou um menor de dezoito anos, independentemente do meio que utiliza, tem comportamentos sexuais com um menor. Pode ser cometido por uma pessoa menor de idade, mas significativamente mais velha que a vítima ou que esteja numa posição de poder ou controle sobre o outro menor - Uma pessoa adulta - utilizamos a idade limite determinada legalmente que é dezoito anos - Menor de dezoito anos, significativamente maior que a vítima - Mesma idade, mas estar numa posição de poder ou de controle sobre ela -Tem comportamentos sexuais com um menor - contatos físicos / contactos sexuais não físicos - Independente do meio que utiliza - qualquer estratégia Contatos físicos Sexo anal, vaginal ou oral Introdução dos dedos na vagina ou ânus Introdução de objetos na vagina ou ânus Carícias em todo o corpo, em especial na zona dos seios Carícias nos genitais da vítima e do agressor Masturbação da vítima e/ou do agressor Obrigar a manter contatos sexuais com animais Contatos Não físicos Lenocínio Exibicionismo Obrigar a assistir práticas sexuais Ciber Exploração sexual - Envolver os menores em comportamentos ou atividades relacionadas com a pornografia - Promover a prostituição infantil - Solicitar material pornográfico ao menor por qualquer meio Sequência de atos abusivos - Contacto “psicoeducativo”: exibição dos órgãos genitais (criança-agressor), informações sobre sexualidade - Pedir à criança que o masturbe e em seguida propor masturbação à criança - Sexo Oral - Coito vaginal ou anal - Outras Pedofilia – perturbação, atração sexual por crianças, pode não envolver atos, não é crime exceto se há atos ilegais Abuso sexual – crime e violação dos direitos, ato abusivo, há sempre ações concretas, é sempre crime Pedofilia, Perturbação parafílica ou Parafilia Parafilia/Pedofilia É um interesse sexual atípico que não é patológico, não requer intervenção se for consensual e não causar danos Critério A: especifica a natureza da excitação (fantasias, impulsos, comportamentos atípicos) Critério B: aponta consequências negativas (prejuízo em outras áreas da vida, risco de dano a outro pela tentativa ou conclusão de relações sexuais com pessoas sem o seu consentimento, provocação de sofrimento psicológico ou de dor em si próprio ou no parceiro) Preenche o critério A, mas não o B Perturbação Parafílica Critério A: fantasias, impulsos ou comportamentos sexualmente excitantes intensos e recorrentes envolvendo uma criança pré-púbere ou crianças (geralmente ≤ 13 anos) presentes por pelo menos 6 meses Critério B: ocorre sofrimento significativo para o indivíduo ou dano a terceiros A pessoa tem pelo menos 16 anos e é pelo menos 5 anos mais velha que a criança que é o alvo das fantasias ou dos comportamentos, excluindo um adolescente mais velho que está em um relacionamento contínuo e consensual com alguém de 12 ou 13 anos Preenche o critério A e B Especificar se: sexualmente atraído por homens/mulheres/ambos, incesto, tipo exclusivo (apenas por crianças) / não exclusivo Para que uma parafilia se transforme numa perturbação, é necessário que a mesma cause sofrimento ou prejuízo à própria pessoa ou o seu comportamento sexual cause dano ou risco pessoal a terceiros Código Penal Português SECÇÃO II Crimes contra a autodeterminação sexual Artigo 171º Abuso sexual de crianças 1 - Quem praticar ato sexual de relevo com ou em menor de 14 anos, ou o levar a praticá-lo consigo ou com outra pessoa, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos; 2 - Se o agente tiver cópula, coito anal ou coito oral com menor de 14 anos é punido com pena de prisão de 3 a 10 anos; 3 – Quem: a) praticar ato de carácter exibicionista perante menor de 14 anos, ou b) atuar sobre menor de 14 anos, por meio de conversa obscena ou de escrito, espetáculo ou objeto pornográfico, c) utilizar menor de 14 anos em fotografia, filme ou gravação pornográfica, ou d) exibir ou ceder a qualquer título ou por qualquer meio os materiais previstos na alínea anterior, é punido com pena de prisão até 3 anos; 4 – Quem praticar os atos descritos no número anterior com intenção lucrativa é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos - Natureza do crime: crime público - Notícia do crime: entidades, funcionários (educadores, médicos) ou pessoa anónima ---> Artº 246 determina que a denúncia anónima só pode determinar a abertura de inquérito se: dela se retirarem indícios da prática de crime; ou constituir crime Artigo 172º Abuso sexual de menores dependentes 1 - Quem praticar ou levar a praticar ato descrito nos nº 1 ou 2 do artigo anterior, relativamente a menor entre 14 e 18 anos que lhe tenha sido confiado para educação ou assistência, é punido com pena de prisão de um a 8 anos 2 - Quem praticar ato descrito nas alíneas do nº 3 do artigo anterior, relativamente a menor compreendido no número anterior deste artigo e nas condições aí descritas, é punido com pena de prisão até 1 ano 3 - Quem praticar os atos descritos no número anterior com intenção lucrativa é punido com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa Artigo 173º Atos sexuais com adolescentes – Ato sexual de relevo com menor entre 14 e 16 anos, abusando da sua inexperiência, é punido com pena de prisão até 2 anos Artigo 174º Recurso à prostituição de menores – Ato sexual de relevo com menor entre 14 e 18 anos, mediante pagamento ou outra contrapartida Artigo 175º Lenocínio de menores – Fomentar, favorecer ou facilitar o exercício da prostituição de menor ou aliciar menor para esse fim Artigo 176º Pornografia de menores | Convenção de Instambul – Utilizar menor em espetáculo pornográfico ou o aliciar para esse fim; – Utilizar menor em fotografia, filme ou gravação pornográficos, independentemente do seu suporte, ou o aliciar para esse fim; – Produzir, distribuir, importar, exportar, divulgar, exibir ou ceder, a qualquer título ou por qualquer meio, os materiais previstos na alínea anterior; – Adquirir ou detiver materiais previstos na alínea b) com o propósito de os distribuir, importar, exportar, divulgar, exibir ou ceder; Artigo 176º Aliciamento de menores para fins sexuais – Aliciar menor, por meio de tecnologias de informação e de comunicação, para encontro visando a prática de quaisquer dos atos compreendidos nos nº 1 e 2 do artigo 171º (abuso sexual) e nas alíneas a), b) e c) do nº 1 do artigo anterior (pornografia) Agravamento da pena - Sempre que do ato resulte gravidez, ofensa à integridade física grave ou morte da vítima, infeções de transmissão sexual, suicídio, a pena será agravada em metade ou em um terço, nos seus limites máximos e mínimos, conforme o caso em apreço e de acordo com a idade da vítima. O mesmo sucede se esta for descendente, adotada ou tutelada pelo agente – art. 177º A abordagem psicológica analisa o abuso sexual de forma mais abrangente que a legal (Alberto) - Sexualidade do ofensor e da vítima - Se houve ou não consentimento informado - O papel, estatuto de responsabilidade, confiança e poder dos ofensores O que configura a incapacidade de auto-determinação? Falta de consentimento Não saber o que é proposto, e não saber se é adequado ou não Não conhecer potenciais consequências Não poder escolher livremente (sem sofrer consequências) Falta de igualdade Diferenças de tamanho, idade, intelecto, força física Diferenças de estatuto e papéis Diferenças de persuasão e influência Coerção Pressão e manipulação emocional Subornos Ameaças de perda de afeto ou direitos Intimidação, ameaça de força Ameaças contra terceiros Coerção física e violência Prevalência Barth - 15% de raparigas e 8% de rapazes Finkelhor - mulheres 7%-36% ; homens 3%-29% Almeida - 13,5% dos casos totais de maus tratos Canha - 14% dos casos sinalizados em contexto hospitalar Ofensores e as vítimas Características da criança/adolescente Sexo: feminino Duração: mais de 6 meses Relação com ofensor: 80% intrafamiliar Idade de início: entre 4 e 8 anos, início frequente aos 11, casos denunciados (larga escala) entre os 7 e os 12 Características do ofensor Sexo Patologia sexual Alguns sinais de abuso sexual 1) Medo de uma determinada pessoa da família e/ou alguém em específico 2) Resistência de voltar para casa depois da escola 3) Dificuldade na relação com adultos 4) Expressões de terror, tristeza, abatimento profundo, tentativas de suicídio 5) Mudanças repentinas de comportamento 6) Comportamentos sexualizados, não adequados à sua fase de desenvolvimento 7) Fugas de casa 8) Queixas de dores abdominais, dificuldade de urinar, erupções na pele, vómitos, dores de cabeça sem explicações médicas 9) Envolvimento com álcool e drogas 10) Gravidez precoce 11) Dificuldade de andar, sentar; manchas pelo corpo 12) Timidez excessiva com o corpo 13) Uso de roupas muito fechadas ou muito curtas e inadequadas ao clima 14) Atitudes de sedução com adultos O que dificulta o reconhecimento do abuso sexual - O que o torna tão específico? ► Dinâmicas externas - Falta de evidências médicas - Ameaças, subornos, violência - Medo das consequências da revelação - Tentativas de revelar mal-sucedidas - Variabilidade sintomática e resiliência ► Dinâmicas internas à relação abusiva Abuso e síndrome de segredo (Furniss): mecanismo psicológico e social que impede a revelação do abuso sexual, como manipulação, medo, vergonha - Contexto do abuso (rituais de entrada e saída) - Transformação do abusador “noutra pessoa” - Dissociação ► Mitos ► Síndrome de acomodação ao abuso (Summit): segredo, desesperança, “aprisionamento” / acomodação ao abuso, revelação tardia /desacreditada, retração; acrescenta ainda, que uma das razões para a não revelação era a responsabilidade sentida pela criança na manutenção da unidade familiar ► Vítimas como pseudo-parceiras ► A “rotação” do abuso na fratria e a reação dos irmãos -> o abusador alterna as vítimas dentro do grupo de irmãos ► Múltiplos abusadores intra-familiares Revelação do abuso sexual A maioria das vítimas não revela e quando o fazem é muito ou algum tempo depois da experiência As crianças que revelam tipicamente o fazem durante a entrevista formal (vs. crianças sinalizadas por indicadores físicos); 42% a 50% das vítimas não revelam a sua experiência de vitimação durante as entrevistas formais A revelação gradual é comum Em idade escolar geralmente escolhem um cuidador para dizer Se a primeira experiência de vitimação é na adolescência, maior probalidade de revelar do que as crianças mais novas e mais facilmente com outro adolescente do que com um cuidador Medo é uma das razões para não revelar As taxas de retratação (a criança desmente a denúncia) variam de 4% a 22% e as razões podem ser por falta de apoio parental ou medo das consequências Ofensor é membro da família Sintomas dissociativos e pós-traumáticos Embaraço e estigmatização Os rapazes parecem ser mais hesitantes em revelar a experiência do que as raparigas As crianças pertencentes a grupos minoritários enfrentam barreiras específicas da cultura que dificultam a revelação Severidade e duração do abuso – resultados diferentes para cada caso Pais agressores (violência doméstica) apresentam uma probabilidade maior de perpetrar incesto (particularmente com raparigas) do que pais não agressores O clima de terror vivido nestas famílias é altamente dissuasor da revelação Fatores de risco para o abuso sexual Fatores de vulnerabilidade do ofensor ► Autoritarismo e conceção da criança como sua posse ► Expetativas inadequadas e auto-centração ► Distanciamento emocional da criança ► Comportamentos abusivos prévios Fatores centrados na criança / adolescente ► Dificuldade em distinguir afeto de abuso ► Baixa supervisão parental ► Falta de competências de auto-proteção ► Vulnerabilidade emocional Fatores ligados à família ► Carência económica ► Falta de privacidade ► Dificuldades de comunicação sobre temas sexuais ► Indisponibilidade materna Fatores que agravam o trauma - Tipo de abuso: físico, psicológico, sexual - Experiências anteriores de vitimação: se já sofreu abusos anteriormente, o impacto de um novo vai ser pior - Relação de proximidade com o agressor: + próxima, pior o trauma - Precocidade do início do abuso: + cedo na vida, consequências + severas e duradouras - Características do meio envolvente: o ambiente social (família, amigos) influencia como o abuso é percebido - Características individuais da criança: pouca resiliência, timidez, pensamentos negativos - Características do funcionamento familiar: famílias disfuncionais, sem apoio - Tentativas de revelação mal sucedidas: não acreditam nela ou recebem uma resposta negativa Crianças sem sintomas ► 21% a 49% ► Efeito de adormecimento (sleeper effects): consequências do abuso que não se manifestam imediatamente, mas surgem mais tarde na vida da vítima Intensidade dos sintomas, depende ► Início precoce ► Duração e frequência ► Uso força ou ameaça ► Abuso físico e sexual conjuntos ► Múltiplos abusadores ► Intrusividade dos atos ► Proximidade relacional ► Tentativas de revelação mal-sucedidas ► Ausência de figuras protetoras Sintomas/sinais Idade pré-escolar ► Ansiedade ► Medos ► Comportamento sexual inadequado Idade escolar ► Medos, pesadelos ► Agressividade ► Problemas de aprendizagem ► Comportamentos regressivos (xixi na cama) ► Comportamento sexual inadequado Adolescência ► Depressão ► Isolamento, auto-mutilação, suicídio ► Fugas de casa ► Abuso de substâncias ► Anorexia ► Comportamento promíscuo Consequências - Maior probabilidade de adotar comportamentos de risco para a saúde (álcool, estupefacientes, relações sexuais desprotegidas) - Nível psicológico: depressão, ansiedade, perturbação de Stress Pós Traumático, baixa autoestima e autoeficácia, sentimentos de culpa - Distorções cognitivas através da hostilidade, dificuldade em estabelecer relações de confiança, insegurança em relação aos outros e perceção do mundo como perigoso - Rejeição, negligência, punição corporal severa e abuso sexual são formas de maus-tratos assim como testemunhar violência em casa / comunidade, traz maior risco de comportamento agressivo e antissocial em estádios mais avançados do seu desenvolvimento, inclusive comportamentos violentos na idade adulta Diferenças segundo o género ► Rapazes Maior probabilidade de acting-out agressivo ► Raparigas Mais típica a internalização da raiva Maior estigmatização social (se existir hipersexualização) Maior identificação com o papel de vítimas Vivência emocional da vítima Modelo traumatogénico dos 4 fatores: ► Sexualização traumática - Sexualidade da criança é moldada de forma inapropriada ao nível desenvolvimental e disfuncional ao nível interpessoal Impacto psicológico: Crescente importância dos aspetos sexuais, confusão sobre as regras, confusão entre sexo e amor, associações negativas com a atividade sexual e sentimentos de excitação, aversão à intimidade sexual Manifestações comportamentais: Atividade sexual precoce, prostituição, disfunção sexual, comportamento sexual auto-destrutivo, evitação da intimidade sexual ► Estigmatização - Conotações negativas, de maldade, de vergonha e de culpa que lhe são transmitidas através das experiências e que são interiorizadas na sua autoimagem Impacto psicológico: Vergonha, culpa, baixa auto-estima, sentir-se diferente Manifestações comportamentais: Isolamento, abuso de álcool ou drogas, tentativas de suicídio, comportamento auto-destrutivo ► Traição - Criança descobre que alguém de quem foi dependente de forma vital a prejudicou Impacto psicológico: Dor, depressão, dependência, desconfiança, raiva, hostilidade, dificuldades na capacidade de julgar outras pessoas Manifestações comportamentais: Obsessão, de vulnerabilidade à vitimização, isolamento ► Impotência - Processo através do qual as vontades, os desejos e os sentimentos de eficácia são constantemente violados Impacto psicológico: Ansiedade, medo, sentimentos de pouca eficácia, perceção de si como vítima, necessidade de controlo Manifestações comportamentais: Pesadelos, fobias, distúrbios alimentares, depressão, fugas de casa, problemas de estudo, vulnerabilidade à vitimização, crime _________ 3. SUPORTE MULTIDISCIPLINAR PARA A PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Conteúdos programáticos - NACJR – apoio de crianças com enfermeiros, médicos e profissionais de serviço social - GAIV, cada da maria e espaço júlia – acolhimento e apoio de vítimas, com programas - GNR e NIAVE – apoio a vítimas Objetivos do Programa IAVE desde 2004 Contribuir para a melhoria da qualidade de vida de vítimas específicas; Proceder à investigação dos crimes cometidos, essencialmente, contra as vítimas de violência doméstica, as crianças, os idosos e outros grupos de vítimas especialmente vulneráveis, e prestar o apoio, encaminhamento, ou referenciação que para cada caso, for adequado e possível; Colaborar com as autoridades judiciárias no acompanhamento dos casos mais críticos, designadamente, através de uma continuada avaliação do risco Organizações Não Governamentais (associações de apoio a vítimas, etc.) APAV - CRIAR - PSI-ON – UMAR - CRUZ VERMELHA PORTUGUESA - PLANO i Centros de acolhimento temporário e lares de infância e juventude - Crianças e jovens até aos 18 anos em situação de perigo, a quem a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens ou o Tribunal tenha aplicado a medida de promoção e proteção de acolhimento residencial - O acolhimento residencial tem lugar em casas de acolhimento as quais são estabelecimentos de apoio social que asseguram resposta a situações que impliquem o afastamento ou retirada da criança ou do jovem da situação de perigo, podendo incluir unidades residenciais e/ou unidades residenciais especializadas, tendo em conta as situações, problemáticas e características específicas das crianças e dos jovens a acolher - As unidades residenciais especializadas constituem-se em: Unidade para resposta a situações de emergência Unidade para resposta a problemáticas especificas e necessidades de intervenção educativa e/ou terapêutica Unidade de apoio e promoção da autonomia dos jovens, nomeadamente apartamento de autonomização Objetivos Proporcionar à criança ou jovem: A satisfação adequada das suas necessidades físicas, psíquicas, emocionais, educacionais e sociais A criação de laços afetivos, seguros e estáveis, determinantes para a estruturação e desenvolvimento harmonioso da sua personalidade A minimização do dano emocional resultante da exposição da criança ou do jovem a situações de perigo A aquisição de competências destinadas à sua valorização pessoal, social, escolar e profissional Condições que contribuam para a construção da sua identidade e integração da sua história de vida A aquisição progressiva de autonomia com vista a uma plena integração social, escolar, profissional e comunitária. Promover a aquisição e reforço das competências dos pais e mães e/ou das pessoas que exercem as responsabilidades parentais para que possam, com qualidade, exercê-las no respeito pelo superior interesse da criança ou do jovem - Atualmente mantêm ainda a designação de lares de infância e juventude e centros de acolhimento temporário destinados também a crianças e jovens em perigo - Centro de Aconselhamento Parental e Familiar (CAPF): serviço de apoio especializado às famílias com crianças/jovens, educação parental, formação, sensibilização e mediação familiar INTERVENÇÃO COM CRIANÇAS E JOVENS INSTITUCIONALIZADOS - A intervenção de qualidade é alimentada por um suporte teórico forte - Força do psicólogo neste contexto é o seu conhecimento técnico sobre desenvolvimento normativo e perturbações e técnicas de intervenção num sentido lato Onde estão e quem são os menores institucionalizados? - Crianças retiradas à família ----> lares de crianças e jovens, centros de acolhimento temporário (CAT), centros educativos, famílias de acolhimento, apadrinhamento, adoção Como é que se chega lá? Lei de proteção de crianças e jovens em perigo Intervenção de entidades com competência em matéria de infância e juventude (escola) Intervenção das comissões de proteção de crianças e jovens Intervenção judicial Medidas judicial de promoção e proteção Medidas tutelares educativas Comissão de proteção de crianças e jovens (CPCJ) Medidas de promoção dos direitos e de proteção a) Apoio junto dos pais Acordo de promoção e proteção relativo a medidas em meio natural de vida b) Apoio junto de outro familiar c) Confiança à pessoa idónea d) Apoio para a autonomia de vida e) Acolhimento familiar f) Acolhimento em instituição Vantagens da Institucionalização Continuidade nos cuidados-meio sentido como securizante Previsibilidade-Possibilita a organização psicológica Modelos de relações estruturantes Possibilidade de acreditar e confiar no outro Possibilidade de acreditar em si – auto estima Desvantagens da Institucionalização As crianças em situação de acolhimento institucional encontram-se em situação de maior fragilidade emocional. Neste sentido existem fatores associados ao processo de institucionalização de crianças e jovens, que poderão ter implicações negativas nas mesmas: Sentimento de punição Estigmatização e discriminação social Demissão / diminuição da responsabilidade familiar Controlo social / reprodução de desigualdades O que é que o/a Psicólogo/a faz na instituição Formar toda a equipa com conhecimento psicológico - Técnicos e educadores têm de trabalhar em equipa: transdisciplinar - O processo de intervenção é in locu O processo de intervenção passa essencialmente por formar relações de segurança com adultos de confiança É isto que falhou no passado Se não for este o foco de intervenção, há grande probabilidade a vir a resultar numa trajetória de vida desviante Como falar/ agir com os jovens: como fazer perguntas? Ouvir é o caminho da mudança! - Ajudar os colegas a perceberem o comportamento das crianças à luz da psicopatologia do desenvolvimento Necessidade de ver para além da recusa comportamental de ajuda: esconde necessidade imensa de afeto - Ajudar os colegas a identificar as necessidades das crianças e jovens Utilizar as estratégias de intervenção com crianças e adolescentes A) Intervenção individual Com problemas inerentes: à bocado dei-te um castigo, agora quero que me contes aquilo que sentes... B) Intervenção em grupo Sistemas de pontos e revisão dos mesmos em grande grupo Pequenos grupos: Como tratar os outros Sexualidade (respeito por si) Projetos de vida -> crescer numa instituição é o último recurso O que tem de ser feito com as crianças institucionalizadas? Intervenção familiar - O que se trabalha Competências específicas; interações coercivas; colocar-se no ponto de vista da criança - Lanches e as prendas exageradas - Temos de saber o que é importante para a família - Usar as visitas como palco de mudança e acesso às famílias - Vital: se estivermos a fazer um bom trabalho, se a família não coopera é um ótimo argumento para termos a certeza, perante a nossa consciência e o tribunal, de que a criança deve ir para adoção