Intervenção Psicológica com Vítimas de Crimes – Crianças e Adolescentes 2024-2025 PDF

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This document examines psychological intervention with child and adolescent victims of crime, particularly focusing on exposure to interparental violence. It explores the concept of "indirect" victimization and its impact, highlighting the role of witnessing violence. The study also presents data, studies, and prevalence statistics.

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Intervenção Psicológica com Vítimas de Crimes – Crianças e Adolescentes Universidade da Maia MARISALVA FERNANDES FÁVERO 2024-2025 1 Exposição à violência interparental Vitimação “indireta” Te...

Intervenção Psicológica com Vítimas de Crimes – Crianças e Adolescentes Universidade da Maia MARISALVA FERNANDES FÁVERO 2024-2025 1 Exposição à violência interparental Vitimação “indireta” Testemunho por parte da criança ou jovem da violência e/ou conflito interparental Risco aumentado de vitimação direta por parte do cônjuge agressor Impacto equiparado ao provocado pela experiência direta de maltrato. “Exposição” -sentido amplo, incluindo a exposição visual, auditiva, olfativa e física a atos reais de violência MAS TAMBÉM exposição ao contexto relacional em que a violência ocorre e as consequências da violência. Exposição à violência interparental Pode configurar-se uma situação de crime de maus-tratos Lei n.º 59/2007 de 4 de Setembro Artigo 152.º - Violência doméstica — Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais: (…) é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal. — No caso previsto no número anterior, se o agente praticar o facto contra menor, na presença de menor, no domicílio comum ou no domicílio da vítima é punido com pena de prisão de dois a cinco anos. Exposição à violência interparental Configura um tipo de maltrato psicológico Obriga a criança a viver em ambientes perigosos Expõe a criança a modelos de papéis negativos e confusos Exposição à violência interparental Configura um tipo de maltrato psicológico Testemunhar, simplesmente, uma situação de violência é o suficiente para desencadear sintomatologia desadaptativa. O IMPACTO É ELEVADO na criança devido à  Familiaridade e relacionamento entre perpetrador e vítima  Importância do contexto para o seu desenvolvimento. Assistir, ouvir ou ter conhecimento de atos de violência praticados contra a mãe ou pai constitui uma ameaça ao sentimento de estabilidade e segurança da criança que deve ser proporcionado pela família. Exposição à violência interparental Alguns dados Foram identificadas seis áreas de interseção: 1) VC e MT partilham vários fatores de risco (aumenta o risco de abuso físico (Tiyyagura et al., 2018); 2) Legitimação social e consequente desencorajamento do pedido de ajuda; 3) VC e MT geralmente coexistem na mesma casa; 4) Tanto a VC como os MT podem gerar efeitos intergeracionais; 5) Muitas formas de VC e MT provocam consequências comuns e que se exacerbam mutuamente ao longo da vida; e 6) VC e MT muitas vezes coincidem com a adolescência, um período de maior vulnerabilidade a certos tipos de violência. Considerando que os maus-tratos na infância são uma (Delegación del Gobierno para la Violencia de Género, 2015, Espanha; Finkelhor, adversidade crónica associada a formas específicas e Turner, Shattuck, & Hamby, 2015) múltiplas de vitimização por violência praticada pelo parceiro íntimo na idade adulta, a exposição à VC aumenta esta vulnerabilidade (Abajobir et al., 2017) Exposição à violência interparental Alguns dados Primeiros estudos: -Cerca de 40% das vítimas de maus-tratos físicos pelos pais são também testemunhas de violência conjugal (Strauss et al., Gelles & Steinmetz, 1980) - 10 milhões de crianças testemunharam a violência física entre os seus pais, sendo que em dois terços dos casos esta era uma violência continuada (Straus, 1992). Exposição à violência interparental Alguns dados Prevalência: Em quase metade (Almeida, André & Almeida, 1999) e em 63% (Delegación del Gobierno para la Violencia de Género) das sinalizações de maus-tratos verificou-se Vconjugal Um estudo recente nos EUA, identificou entre as crianças que testemunharam violência, 8,4% eram situações de Vconjugal (Finkelhor et al., 2015) Graham-Bermann & Perkins verificaram que 64% das crianças foram expostas à VC desde os primeiros anos de vida. (2010) Portugal- vários estudos indicam a existência e gravidade do fenómeno, mas não há dados de prevalência. Exposição à violência interparental Alguns dados Estudo com pessoas adultas: “uma experiência adversa na infância associada a um risco relativo de hospitalização 11% maior (Cannon et al. 2010), 1,42 vezes mais chances de vítima de crime violento durante o início da idade adulta (Irlanda & Smith 2009), e menor probabilidade de conclusão do ensino secundário e/ou superior (Font & Maguire-Jack 2016)”. Exposição à violência interparental DINÂMICAS DE VITIMAÇÃO “INDIRETA” As crianças podem não estar a observar diretamente o abuso, mas estar num canto a ouvir, no seu quarto a tentar dormir, ver somente no dia seguinte as marcas da violência ou experienciar um ambiente estranho no relacionamento com os pais (Jouriles et al., 2001). São inúmeras as formas adicionais de a criança experienciar a violência doméstica entre adultos, por exemplo:  pelo bater ou ameaçar da mãe quando está com a criança ao colo,  fazer a criança de refém para forçar a mãe a voltar para casa,  usar a criança como arma física contra a vítima,  usar a criança como espia ou  interrogando-a acerca das atividades da mãe (Ganley & Schechter, 1996, as cited in Edleson, 1999). Exposição à violência interparental DINÂMICAS DE VITIMAÇÃO “INDIRETA” Autores referem que o desprezo e a desvalorização repetida da criança acontecem muitas vezes quando a própria criança é o tópico da discussão conjugal. O ofensor tende a isolar a criança e a família dos contactos com o exterior, de modo a deter maior controlo e conter o segredo familiar dentro da família. A criança aprende que a agressão é uma forma de satisfazer as necessidades e de obter controlo, por vezes, por exposição ao abuso de álcool e drogas. À criança pode ser pedido para que assista à vitimação da mãe como lição e aviso sobre o que pode acontecer com ela se esta não se portar bem. Exposição à violência interparental DINÂMICAS DE VITIMAÇÃO “INDIRETA” -Relação com a mãe/vítima -Relação com o pai/agressor, como o vê: As crianças mostraram imagens díspares do pai: umas um pai abusivo e violento e outras um pai mais idealizado. As imagens não eram constantes, mas a estratégia de manter imagens coexistentes sem integrá-las era visto como uma maneira de as crianças lidarem com a situação difícil. Alternativamente, as crianças podem esforçar-se para manter imagens gerais dos pais como boas e da violência como más, mas permitem violência apenas como uma pequena parte da pessoa multifacetada de seus pais ou distanciar a violência do pai de sua aparente bondade relativa (Cater, 2007; Staf & Almqvist, 2015). Vitimação múltipla (Machado, Gonçalves, & Vila –Lobos, 2008) Frequente coexistência de múltiplas formas de vitimação, e.g., violência parental e conjugal, maus-tratos + negligência + abuso sexual Fatores de risco partilhados Famílias multiviolentas, tenderão a: – Acumular dificuldades de vida (instabilidade económica, isolamento) – Padrões interativos aversivos, replicados em várias relações – Perceção da agressão como resposta legítima ao desconforto/conflito emocional – Forma de agressão como fator de risco para a ocorrência de outros relacionamentos violentos Impacto a longo prazo mais grave, maior disfunção familiar – violência como padrão estável, ausência de modelos de relacionamento positivos Finkelhor-Vitimologia desenvolvimental Fatores de risco- maus-tratos e negligência (Centers for disease control and prevention – cdc.gov) Fenómeno multidimensional Combinação fatores individuais, relacionais, comunitários e societais contribuem para o risco de maus tratos infantis Vitimação – individuais – Crianças menores de 4 anos – Crianças com incapacidade mental / deficiência desenvolvimental / física Perpetração – individuais – Não compreensão das necessidades e do desenvolvimento das crianças e fracas competências parentais – História de maus-tratos infantis na família de origem – Abuso de substâncias e/ou problemas de saúde mental (DEP) – Pais jovens, baixo nível educacional, monoparentalidade, elevado número de crianças dependentes, baixo rendimento – Pais não biológicos, cuidadores “temporários” – Crenças e atitudes legitimadoras de comportamentos abusivos Fatores de risco- maus-tratos e negligência (Centers for disease control and prevention – cdc.gov) Perpetração – familiares – Isolamento social – Desorganização ou dissolução familiar, violência – Stress parental, relações e interações negativas e pobres Perpetração - comunitários – Violência comunitária – Concentração de desvantagens ao nível comunitário – pobreza, instabilidade residencial, alta taxa de desemprego, alta taxa de consumo de álcool – Relações comunitárias deficitárias Fatores protetores – maus-tratos e negligência (Centers for disease control and prevention – cdc.gov) Apoio familiar alargado Competências parentais adequadas Relações familiares estáveis Regras familiares adequadas Emprego dos pais Acesso a cuidados de saúde e serviços de apoio social Modelos positivos de parentalidade Apoio comunitário à parentalidade Fatores de risco- maus-tratos e negligência (Centers for disease control and prevention – cdc.gov)

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