Modelo Dinâmico PDF
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Este documento descreve a abordagem psicodinâmica na psicologia, focando nos pressupostos, contribuições de Freud e o desenvolvimento da personalidade. Aborda conceitos de instinto, níveis de consciência e outros termos psicológicos relevantes.
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Modelo Dinâmico ABORDAGEM PSICODINÂMICA Esta está associada a modelos de intervenção não acessíveis a todos os indivíduos, como causa do seu tipo de modelo prolongado, exigindo demasiado tempo e disponibilidade do cliente PSICOLOGIA PSICODINÂMICA Termo inicialmente usado por Freud, para descrever...
Modelo Dinâmico ABORDAGEM PSICODINÂMICA Esta está associada a modelos de intervenção não acessíveis a todos os indivíduos, como causa do seu tipo de modelo prolongado, exigindo demasiado tempo e disponibilidade do cliente PSICOLOGIA PSICODINÂMICA Termo inicialmente usado por Freud, para descrever a energia mental. - > Com o desenvolvimento do seu trabalho, passa a usar este termo não só como a energia psíquica, mas também toda a interação existente entre a parte mental e os acontecimentos da infância e da vida adulta. Freud defendia que a razão não governa o comportamento, propondo que forças psicológicas inconscientes afetam poderosamente o pensamento e comportamento humano -> estas forças têm origem nas emoções da infância e exercem influência durante toda a vida. PRESSUPOSTOS DA PSICOLOGIA PSICODINÂMICA 1. Primado do afeto (emoção): o que determina o comportamento, é a emoção. Foco nos aspetos emocionais acima dos racionais 2. Continuidade entre as experiências na infância e idade adulta: Determinismo psicológico -> características enquanto adultos determinadas pelas experiências vividas enquanto crianças 3. Importância das relações precoces: Desenvolvimento emocional -> a forma como na vida adulta nos relacionamos com outros, é profundamente afetada pelas relações precoces/vividas na infância 4. Significado psicológico da experiência subjetiva: Sonhos, fantasias. Todos os fenómenos do inconsciente apresentam significado 5. Influência do inconsciente: Influenciados por processos mentais dos quais nem sempre temos consciência -> inconsciente como a fonte das determinações mais importantes do comportamento Os pensamentos podem ser: conscientes; pré-conscientes e inconscientes OBRAS, AUTORES E ALGUNS CONCEITOS… Charcot: Hipnose, influenciou a psicose de Freud, acabando por se separarem, pois, defendiam aspetos diferentes. Breuer: Catarse, cura pela palavra. Libertação dos aspetos emocionais, de materiais que estariam reprimidos que se tornam conscientes/emergência de sentimentos ocultos no inconsciente -> deu origem à associação livre Freud e o uso da cocaína: Freud descobriu tal substância que funcionava como um mood booster, passando a prescrevê-la a amigos e família. Mais tarde, outros terapeutas descobrem que esta constituía uma substância viciante, o que mandou o seu sucesso por água a baixo. -> Freud deixa de a consumir após anos, sem ter ganho dependência Base sexual da neurose: Conflitos sociais como causas de todas as neuroses, no entanto esta base não teria que ser necessariamente um abuso 1895: “Studies on Hysteria” (with Breuer) 1900: “The interpretation of dreams” 1901: “The psychopathology of everyday life” 1905: “Three essays on the theory of sexuality” TRATAMENTOS ADOTADOS POR FREUD Psicanálise: O processo analítico procura “extrair” o material primitivo que por muito tempo de encontrou soterrado pela repressão e trazê- lo para a superfície, à consciência, para que possa ser considerado juntamente com as aptidões do EGO mais desenvolvido. Determinismo psíquico: usado por Freud para descobrir as ideias e conflitos inconscientes do paciente. A ideia de que tudo o que pensamos e fazemos é influenciado por experiências passadas e por partes da nossa mente que não temos consciência. Como isso funciona na psicanálise? - A parte mais importante da nossa mente, segundo Freud, é o ID, que contém os nossos desejos mais primitivos. Ele é como um motor que guia as nossas ações, mesmo que não o percebamos. - A técnica de associação livre permite que o paciente fale livremente sobre qualquer coisa que lhe vier à mente, sem censura. Isso ajuda a trazer à tona pensamentos e sentimentos que estão escondidos no inconsciente. - O psicanalista tenta entender os padrões e repetições nas falas do paciente para descobrir os conflitos inconscientes que estão a causar os problemas. - Ao entender os motivos por trás dos seus comportamentos, o paciente pode lidar melhor com o seu problema e fazer mudanças na sua vida. Hipnose: Estado de grande questionabilidade no qual as sugestões de um hipnotizador exercem forte influência sobre o que é vivido ou recordado. As pessoas variam na sua capacidade de ser hipnotizadas. O senso comum defende que a hipnose pode ser usada para obrigar as pessoas a fazer o que de outra forma não fariam, como atos criminosos e sexuais. Tratamento gradual, resultava durante algum tempo, retornando posteriormente à condição inicial. INSTINTOS Freud defendia que o ser humano era dirigido por instintos: energia que permitia ligar o foro físico com o foro mental: 1. Instintos de vida, Eros: Motivam o indivíduo para a sobrevivência, satisfação das suas necessidades mais básicas, amor. Orienta para o crescimento e desenvolvimento. Líbido, eros: Orienta para o prazer, mas não apenas sexual, sendo que o instinto de vida que Freud considerava mais importante, era o sexo. Critica á teoria de Freud: limitação expressiva aos impulsos sexuais 2. Instintos de morte, Tânatos: Força destrutiva que nos leva inevitavelmente para a morte. Orientados para a destruição, morte, etc… Está na origem de todos os tipos de agressividade, inclusiva guerra e suicídio. NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA (MODELO TOPOGRÁFICO) 1. Nível consciente: experiências que a pessoa percebe, incluindo lembranças e ações intencionais. Funciona de modo realista, e acordo com as regras do tempo e do espaço. Percebemo-la como nossa e identificamo-nos com ela. 2. Nível pré-consciente: informação que não se encontra ao nível consciente, mas que o indivíduo consegue trazer para o nível consciente. 3. Nível inconsciente: Material ao qual a pessoa não tem acesso, pois este encontra-se reprimido, resistindo a tronar-se consciente, pois caso isso aconteça, traria dor e angústia. Entre o conteúdo do inconsciente encontram-se lembranças traumáticas esquecidas; desejos não satisfeitos, etc… ESTRUTURAS DA PERSONALIDADE Passa da dominação de níveis de consciência para estruturas da personalidade: 1. ID Parte mais primitiva e instintiva da personalidade Processos primários de pensamento Reservatório da energia psíquica (líbido), funcionando sobre o princípio do prazer Princípio do prazer: ação controlada com base na necessidade sentida, visando a sua satisfação imediata para sentir prazer e reduzir a tenção, independentemente dos seus custos -> gera-se frustração, caso não aconteça. Baseado em pensamentos irracionais Única estrutura da personalidade presente desde o nascimento 2. EGO Medeia com os impulsos do ID e da componente moral do superego Processos secundários de pensamento Parte racional da personalidade que lida com o mundo real. Estrutura mais consciente da personalidade -> permite uma melhor adaptação ao mundo exterior, usando a razão Princípio da realidade: Seguir o comportamento segundo a razão. Permite compreender a realidade e adaptar-se às exigências do mundo real. Pode adiar gratificações e planear -> capacidades denominadas de processo secundário de pensamento Executivo da personalidade: controla a ação, seleciona as características do ambiente às quais irá responder e decide que instintos serão satisfeitos e como. Saúde mental -> Ego forte, que possa proteger o individuo contra a angústia aos mesmo tempo que lhe permite desenvolver-se num mundo externo com prazer. Se o ego se destruturar por completo, ocorrerá um episódio psicótico. 3. SUPEREGO Componente social e moral da personalidade, representando os valores sociais e as normas internalizadas Parte do superego é consciente, mas uma grande parcela do mesmo permanece inconsciente. Gera culpa quando não agimos consoante as suas regras, e cria um ideal do ego: imagem do que gostaríamos de ser, os nossos modelos interiores. Começa a desenvolver-se por volta dos 5 anos CONFLITO INTRAPSÍQUICO O conflito intrapsíquico surge quando as demandas do ID entram em conflito com as restrições do SUPEREGO, e o EGO precisa de encontrar uma forma de equilibrar essas forças opostas. -> Pode levar á ansiedade, depressão e neuroses. Esses sintomas são vistos como tentativas do EGO de lidar com a tensão gerada pelo conflito. Tipos de ansiedade geradas pelo conflito intrapsíquico: Realidade: resposta a algo real Neurótica: Base na infância, no conflito entre a gratificação imediata e o confronto com a realidade Moral: medo da própria consciência Ex: o ID pode desejar uma gratificação imediata, enquanto o SUPEREGO impõe limites morais e sociais. O EGO, então precisa encontrar uma maneira de satisfazer o ID de forma que seja aceitável para o SUPEREGO e para a realidade externa. MANIFESTAÇÕES DO INCONSCIENTE → Conversão (Histeria): O caso de Anna O Anna O: 21 anos de idade. Histórico genético de doenças mentais graves. Começou a desenvolver sintomas enquanto cuidava do seu pai: Inicio dos sintomas histéricos: sequências de dores de cabeça; diminuição do seu campo de visão; paralisias no pescoço; falta de sensações. Passou também a experienciar sintomas relacionados à fala: esquecimento de palavas; perda de gramática, ficando mesmo muda durante 2 semanas. Aquando da morte do seu pai, os sintomas pioraram passando a sofrer prosopagnosia (incapacidade para reconhecer caras) e um campo de visão super restrito. Apresentou também sintomas de desassociação (demonstrando 2 personalidades: uma ansiosa e deprimida, mas consciente das suas ações; outro irracional e agressiva) Breuer conduziu o seu tratamento: Levou-a para uma casa de recuperação de doenças mentais, onde começou a terapia pela fala -> primeira referência ao termo e marca o início da psicanálise clínica. Freud e Breuer identificaram 2 predisposições que causaram a sua condição: 1. Excesso de energia mental, resultante de frustração intelectual 2. Hábito para sonhar acordada: permitiu o desenvolvimento da dua dissociação A morte do seu pai funcionou como um trigger para a sua condição inata. Usando a cura por meio da fala, foi possível libertar a energia mental reprimida e aliviar os seus sintomas → PARAPRAXIS (lapsos) São motivos inconscientes que justificam um comportamento -> reflete ansiedade e desejos não expressos. Ex: chamar a pessoa por outro nome → SONHOS - Uma estrada real que conduz às atividades do inconsciente - O que não consegue ser expresso no consciente é expresso no inconsciente dos sonhos Ex: sonhar com aranhas terá para a minha experiência um significado O sonho contém o conteúdo manifesto e o conteúdo latente Conteúdo manifesto: É o que se vive no sonho, o conteúdo efetivo que sonhamos, o que conseguimos recordar do conteúdo. Ex: Assaltaram-me a casa Conteúdo latente: o que é analisado, o significado que o conteúdo manifesto pode ter Os sonhos são interpretados através da associação livre -> verbalização por parte do paciente, de tudo o que lhe ocorre. O trabalho do sonho corresponde à transformação do conteúdo latente (os pensamentos, sentimentos, desejos, impulsos vividos pelo indivíduo) em conteúdo manifesto (sonho como relembrado) -> ocorrem distorções durante os sonhos FENÓMEOS NOS SONHOS/TIPOS DE DISTORÇÕES DURANTE OS SONHOS Deslocamento: Sonhamos com uma pessoa ou com uma coisa e essa coisa ou pessoa representam outra coisa -> Desanexar um desejo ou impulso do seu lugar específico e expressá-lo noutro lugar. Condensação: O conteúdo manifesto está condensado, é um resumo de conteúdos latentes associados aquele sonho. Vários pensamentos expressões por meio de um único elemento do sonho manifesto: Conteúdo manifesto do sonho que é representativo de várias cadeias de conteúdos latentes. Versão resumida de várias cadeias de acontecimentos latentes que acabem de ser condensados no conteúdo manifesto (que é o conteúdo de que nos lembramos) Simbolização: Representação de um objeto, algo que não tem ligação com o conteúdo latente e tem um simbolismo; Elementos aos quais normalmente são atribuídos significados; Representação de um objeto com base noutro. Pode ter a mesma forma e tamanho que o objeto em causa, por exemplo, mas nem sempre. Simbolizam-no de alguma forma. Muitos destes símbolos eram específicos a cada pessoa e à sua realidade. O mesmo objeto pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Ex: Sonhar com aranhas representa o quê? Elaboração secundária: Processo ao nível do sonho que consiste em me remodelar o sonho para apresentá-lo de forma mais coerente, para entender o sonho. Induzidas ao relembrar o sonho, de forma a torná-lo coerente e com significado. Forma de remodelar o sonho que acaba por ser lembrado de uma forma relativamente compreensível. Um sonho que poderia ser completamente absurdo, é elaborado de uma forma aparentemente coerente. É como que um disfarce para que o sonho se apresente desta forma. Através da elaboração secundária é que são feitos pequenos retoques e disfarçadas lacunas para que o conteúdo do sonho (e, portanto, o inconsciente) se torne aceitável e coerente. MECANISMOS DE DEFESA Estratégias mentais que usamos para nos afastar de pensamentos, emoções que nos causam medo/ansiedade. Coisas que fazemos para que aspetos que estão reprimidos possam vir ao de cima e causar ansiedade. Quando os mecanismos de defesa falham e as estratégias racionais (Coping) falham surge o sintoma, a ansiedade torna-se devastadora. O EGO dispõe de alternativas conscientes (mecanismos de defesa) para lidar com a ansiedade (quando não funcionam entre em ação os mecanismos de defesa – por isso são fenómenos inconscientes, diferentes do Coping consciente): Repressão/recalcamento: implica a negação do inconsciente da existência de algo que provoca ansiedade; armazenamos (reprimimos) material do consciente inconsciente; onde começam todos os mecanismos de defesa Ex: traumas Negação: negar a existência de uma ameaça conscientemente externa ou acontecimento traumático Ex: morte de alguém Formação reativa: expressão de um impulso de forma oposta ao que na verdade motiva a pessoa Ex: homossexuais a ser homofóbicos de forma a esconder a sua sexualidade Projeção: atribuição dos impulsos perturbadores a outra pessoa Ex: homossexuais a ser homofóbicos de forma a esconder a sua sexualidade Racionalização: reinterpretação da conduta de forma a torná-la mais aceitável e menos ameaçadora Ex: serial killer que diz que mata devido á religião Deslocamento: deslocar impulsos de um objeto ameaçador ou inacessível para outro Ex: pais que chegam stressados do trabalho e quando estão em casa descarregam nos filhos Sublimação: alterar ou deslocar os impulsos, canalizando a energia instintiva para condutas socialmente aceites Ex: um ex-alcoolatra começa um grupo de AA) A racionalização e a sublimação são os mecanismos de defesa mais saudáveis para lidar com os impulsos. PSICOSSEXUALIDADE Abandono da teoria da sedução de Freud. DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE Freud considerava que a formação da personalidade começa a desenvolver-se desde a infância. A personalidade não estática, é uma construção dinâmica moldada pelas forças conscientes e inconscientes. Considerava que as primeiras experiências eram importantes na formação da personalidade e que nos primeiros 5 anos da criança a sua personalidade já estava formada FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 1. Oral (até 1 ano): necessidades orais - Zona erógena: boca; atividades prazerosas em torno da alimentação; dependência do cuidador; conduta oral passiva (tudo o que tem haver com a ingestão; comida) /agressiva ou sádica (morder) - Conflito: desmame (o primeiro conflito da criança; se a criança não ficar fixada nesta fase passará para a próxima) - Personalidade oral: otimismo e dependência/pessimismo, hostilidade e agressividade (quando fixados) 2. Anal (1-3 anos): controlo esfíncteres (intestino) defecar é a fonte de prazer. - Zona erógena: ânus - Conflito: hábitos de higiene - Personalidade anal: agressiva (não faz cocó na sanita) retentiva (teve um treino rigoroso e precoce na higiene então torna-se uma pessoa rígida e teimosa) 3. Fálica (3-5 anos): estimulação genital - Zona erógena: genital; exploração e manipulação, fantasias - Conflito: complexo de édipo/electra - Personalidade fálica: dificuldades relacionais; identidade do papel sexual; sexualidade 4. Latência (5- puberdade): adormecimento -Canalização de instintos sexuais em coisas aceitáveis á sociedade 5. Genital (adolescência/idade adulta): impulsos sexuais - Desenvolvimento da identidade dos papéis sexuais - Relações sociais adultas - Carácter genital (desfruta de uma sexualidade satisfatória) O processo de desenvolvimento implica atingir e adaptar-se a Estádios sucessivamente seguintes. As fixações ocorrem quando se fica estagnado numa das etapas. Por outro lado, é também possível que ocorram regressões particulares, sobretudo quando há obstáculos externos poderosos Fixações acontecem quando o indivíduo fica preso em alguma das fases; Também podem ocorrer regressões de estádios Não passamos para o estádio seguinte antes de resolver o conflito anterior Adaptamo-nos para construir a personalidade Para Freud a manifestação de uma psicopatologia quer dizer que alguma coisa aconteceu na infância/vida em relação com o que vai ser o desenvolvimento da patologia. Se não conseguirmos travar os conflitos com as defesas surgem sintomas de psicopatologias. A psicopatologia era dividida em duas possibilidades: Neurose: resultado de um conflito entre o id e o ego (o ego aceitar a poderosa pulsão do ID, recusando a posição de mediador da satisfação pulsional) onde a realidade é ignorada (a pessoa vive numa fantasia); liga-se a uma porção de realidade; repressão/recalcamento por parte do ego (o que provoca sintomas); dão prioridade a defesas de segunda ordem e mais maturas (as mais primitivas só são utilizadas em situações de stress); completo sentido de identidade e consegue perceber/reconhecer os seus sintomas e o que não de encontro ao eu é aceitável; boa capacidade de transferência; Psicose: conflito entre o ego e o mundo externo; o ego vai criar um mundo interno e externo que responda aos impulsos do id e que não correspondem à realidade (recusada e substituída – a pessoa vive uma alucinação e delírio); realidade externa; usam defesas primitivas; nega por completo o seu diagnóstico e não o conhece como doença, mas sim uma realidade; não tem sentido de identidade; expressam-se de forma ilógica; podem induzir uma contratransferência; Na neurose, uma porção da realidade é evitada graças a uma espécie de fuga, enquanto na psicose ela é remodelada. A neurose não recusa a realidade, apenas a ignora: a psicose recusa a realidade e tenta substituí-la. Em ambas as estruturas o mais importante não é a questão relativa à perda da realidade, mas sim os substitutos encontrados Na neurose o substituto encontrado ocorre via mundo da fantasia; já na psicose, os substitutos são delírio e alucinação. Borderline: entre o limite da neurose e psicose e caracteriza-se pela dependência das defesas primitivas sem uma total perda do teste de realidade (teste do estado psicótico da pessoa – o quão presente na realidade ela se encontra – elas conseguem perceber o que é convencional e o que não é), pode sentir confusão quanto ao seu self (inconsistente e descontínuo) mas sabe que ele existe; não são tão hostis como pessoas psicóticas (conseguem receber criticas sem surtar); boa capacidade de transferência (quando consideram o terapeuta bom) e forte capacidade de contratransferência. ANNA FREUD (1895-1982) 1922: membro da Vienna Psychoanalytical Society - defesa e continuidade das ideias de Freud - ego e mecanismos de defesa PSICANÁLISE INFANTIL - As crianças não têm capacidade de transferência pois como ainda não esgotaram todas as qualidades relacionais com os pais isso torna-as incapazes de reeditar sentimentos na transferência (ainda não têm capacidade de reconhecer os traumas ou talvez ainda nem os tenham vivenciado/estão a vivê-los agora o que faz com que seja mais difícil a sua identificação - Desta forma, tem de ser feito um trabalho prévio para se estabelecer a relação e oferecer à criança um espaço de compreensão do problema pois a maioria das crianças não reconhecer nenhuma problemática como sendo sua; MELANIE KLEIN (1882-1960) - Autodidata - Psicanálise diversa da de Freud (mas considera-se freudiana): baseia- se em mais que a neurose e tenta explicar patologias mais graves que antes não eram explicadas - Valorização das dimensões agressivas e a presença dos instintos de morte desde o nascimento - Visão muito maternal (relacionamento mãe-filho) abandonando muito das bases sexuais de Freud - Crianças também realizam transferência e são sensíveis a sentimentos de culpa devido ao facto de que para Klein as crianças já nascem com o Superego desenvolvido (nesta linha de ideias surge também um complexo de édipo precoce) Técnica do jogo (brincar): o jogo é visto como forma de associação livre e utilizado em terapia -> é através do jogo que as crianças têm acesso ao inconsciente (através de símbolos e atribuição de significados) e facultam ao analista o material associativo no qual se manifesta as representações recalcadas e atuantes nas perturbações infantis. É um expressão simbólica do mundo interno. Introjeção: é através dela que se constroem os objetos internos (permite a formação do ego e do superego); possuir (interiorizar um objeto) TEORIA DAS POSIÇÕES (MÓVEL) Existem fases do desenvolvimento que Klein designa como posições: 1ª fase: posição-paranóide (3-4 meses de vida) – é a resposta de Coping da criança ao trauma do nascimento e às experiências e deprivação que segue o nascimento → A parte “paranoide” refere-se à ansiedade persecutória que caracteriza este período e o “esquizo” refere-se a clivagem (tendência da criança para ver o mundo apenas em termos de bom [satisfaz as pulsões e necessidades] e mau [traz mais frustração do que satisfaz as necessidades] – é através deste mecanismo que as crianças experienciam o mundo tendo em conta que é sempre de forma parcial; diferente dos mecanismos de defesa); → Alguns casos de psicose podem ser explicados por uma reversão (apenas para estados emocionais primitivos; diferente de regressão [para estádios do desenvolvimento]) e fixação a esta fase; 2ª fase: posição depressiva (restantes primeiros meses de vida) – a criança já consegue responder a objetos como um todo (une o bom e o mau), logo o uso da clivagem diminui: → As crianças não sofrem de ansiedade nesta fase, ao invés disso sentem culpa, baixa autoestima e tristeza porque começa a ver o objeto como um todo (e.g. o bebé começa a ver a mãe como um todo logo percebe que ela é um ser independente e que poderá ir embora, abandoná-lo; pensa como pode odiar algo que ama ao mesmo tempo, etc); → A resolução do complexo de édipo torna-se possível nesta fase (desejo de os pais serem felizes) → Estratégias para lidar com esta fase: inibir a agressividade e restaurar o objeto → Casos de neuroses podem ser explicados por uma reversão e fixação nesta fase Ao longo da vida vamos mudando de fase para fase RELAÇÕES OBJETAIS Surge em oposição à teoria dos impulsos de Freud: tendo uma menor ênfase nos impulsos biológicos, destaca a relação mãe-filha e foca-se na busca por relacionamento e contacto; Objeto = outro (oposto do self; não tem necessariamente de ser uma pessoa) que atender às necessidades de relacionamento de vínculo: podem ser externos (outras pessoas; primeiro - mãe) ou internos (representações mentais das outras pessoas ou das relações que o sujeito tem com eles) Relações objetais: relação que o sujeito tem com o objeto que é capaz de satisfazer os seus instintos - As perceções que o sujeito tem do objeto vai afetar a forma como o mesmo se vê a si próprio e ao mundo -> fundamento central - O papel das relações primárias nos objetos internos e no futuro -> segundo fundamento DONALD WINNICOTT (1896-1971) - pediatra e psicanalista - Melanie Klein foi sua supervisora - Obra centrada na relação do bebé com a mãe “O bebé não existe” -> o bebé só existe na relação com o outro e não como um ser separado - Na teoria de Winnicott o conceito de inconsciente é diferente do da teoria Freudiana: conjunto de representações mentais de diferentes ocasiões em que fomos privados de uma necessidade emocional em criança: Ele acreditava que quando nascemos a nossa mente é composta essencialmente por um conjunto caótico de emoções dominadas por impulsos que procuram intimidade, sociabilidade e relações objetais. Assim, a criança tem sucesso a criar uma relação com o cuidador primário (primeira relação) e só depois forma, através das emoções caóticas, o seu Ego; Quando desenvolvemos um Ego de forma saudável somos muito pouco influenciados pelo inconsciente, se não conseguirmos somos dominados pelo mesmo; - Conceito de contratransferência; Objetos e fenómenos transicionais: nem todas as crianças têm; é um objeto de passagem que pretende representar o cuidador primário (ex: peluche); é transicional porque está na passagem do parente para a imagem mental/representação do mesmo; é a primeira possessão de criança de um objeto que não é seu (bonecos para dormir, fralda, ponta do cobertor, ler histórias, etc…); é uma defesa contra a ansiedade. Mãe suficientemente boa (diferente de mãe perfeita/ideal): mãe que consegue responder às necessidades da criança, mas também a frusta com alguns momentos; quando a mãe consegue responder às necessidades do filho o mesmo cria um ego saudável. Ilusão e desilusão: a primeira corresponde ao facto de a mãe, na criação do vínculo, com o bebé proporcionar a ilusão de que o seio faz parte do mesmo, a segunda corresponde ao desmame do seio materno (separação da mãe, remoção do pensamento omnipotente da mãe) de forma que este se torne um ser autónomo. Holding: suporte oferecido pelo cuidador ao bebé (alimentar, proteger, etc); envolve um padrão empático e um conjunto de comportamentos afetivos; vai definir a criação do ego/self e noção de ilusão; PSICANÁLISE Método de investigação dos processos mentais, de outro modo quase inacessíveis Método baseado nessa investigação para o tratamento de desordens neuróticas Uma série de conceções psicológicas adquiridas dessa forma, que se foram juntando, umas às outras para formarem progressivamente uma nova disciplina científica. - À técnica terapêutica (psicoterapêutica) deveria corresponder a designação “psicoterapia psicanalítica” - estou a fazer uma psicoterapia psicanalítica (intervenção) - Ao método de observação deveria corresponder a designação de “entrevista psicanalítica” - Devia reservar-se o nome “psicanálise” para o conjunto de hipóteses a partir das quais se trabalha. TRATAMENTO PSICANALÍTICO Associação livre: “diga tudo o que lhe passar pela cabeça, abstendo-se de qualquer direção consciente dos pensamentos”; Catarse: emergência de sentimentos ocultos no inconsciente; Insight: compreensão dos verdadeiros motivos (conflitos do inconsciente); deve ser acompanhado da consciência das emoções a ele associadas (catarse emocional); Transferência: relação desenvolvida entre o terapeuta e o paciente que permite que o paciente partilhe experiências inconscientes do início da sua vida; viver com o terapeuta/reeditar com o terapeuta as experiências de infância; Neurose de transferência- transposição dos conflitos infantis (base da neurose) para a relação com o terapeuta, viver esses conflitos infantis com o terapeuta. (processo longo) Contratransferência: relação desenvolvida entre o terapeuta e o paciente que permite que o terapeuta partilhe experiências inconscientes do início da sua vida; reação inconsciente do terapeuta; pode interferir no tratamento visto que mostra os complexos não- resolvidos do analista → isto não implica que o terapeuta tenha de ser totalmente neutro na terapia; (reações inconscientes q o terapeuta tem às vivências do cliente) Resistência: existência de forças alheias à sua vontade que impedem o contacto com o conteúdo consciente; (vai tentar encontrar oq está a impedir a pessoa de algo) Campo analítico: conjunto da relação terapêutica (“moldura de espaço e tempo”, diálogo analítica, expectativas do par, tarefas de cada um, etc.); Neutralidade; - não dar opiniões pessoais, impor as nossas crenças, evitar juízos de valor etc… Interpretação. – Fazer a interpretação do que o paciente está a dizer, é a ferramenta essencial da psicanálise Psicanálise Freudiana: A cura-tipo -> (método/forma de intervenção, ligado á teoria da sexualidade e sonhos…) é um tratamento psicanalítico que tem como objetivo trazer para o consciente material que estava reprimido no inconsciente libertando energia útil à maturação afetiva e, reforçando, em simultâneo, o Ego do sujeito e a sua relação com o terapeuta - Setting terapêutico e modalidades práticas (corresponde ao espaço e ao tempo onde a prática ocorre e as formas como o método terapêutico): sofás, sem contacto direto (olhos nos olhos), dura cerca de uma 1h várias vezes por semana, tratamento de longa duração e o Ego tem de ser grande o suficiente para realizar a terapia; - Indicações: neurose obsessiva, ansiedade neurótica, fobias, insights, etc. - Contraindicações: psicose, transtornos de personalidade (crianças), problemas de natureza aguda e que querem rápida resolução Psicoterapia de inspiração psicanalítica (PIP): Intervenções mais habituais quando um profissional tem formação no modelo psicodinâmico - Várias formas de a designar o conflito primário é o foco de atenção; além dos sintomas também se foca no indivíduo e o seu aparelho específico; Vários nomes: são várias psicoterapias de inspiração psicanalítica, mas que não são psicanálise (bases teóricas é a mesma mas diferencia na prática) Orientação analítica; Psicoterapia compreensiva; Psicoterapia dinâmica; Psicoterapia expressiva; Psicoterapia designada ao insight. O tipo de conflito apresentado pode ser indicador de uma intervenção mais profunda ou outra que seja possível de trabalhar a nível menos profundo. - Características: os dois intervenientes estão em contacto direto (lado a lado) e é um processo curto; métodos mais simples e rápidos; mesma base teórica; procura-se no paciente a expansão da consciência, a liberdade e a capacidade de pensar; a possibilidade de conter divergências, ambivalências e a angústia que resulta delas; procura a subjetividade e “realidade desmentida”. - Indicações: transtornos de personalidade, neuroses e doenças psicossomáticas; - Contraindicações: iguais às da psicanálise clássica. CRÍTICAS - Trata os pacientes como vítimas passivas de forças psicológicas, minando o seu esforço ativo e a sua responsabilidade pelo próprio bem- estar psicológico; - Coloca o saber do médico acima do saber do paciente e não tem em conta os fatores sociais da psicopatologia; - Muito demorado; - Em termos de fobias e ansiedade a psicanalise não é muito eficaz; - Não é utilizado atualmente; - Baseado, principalmente, em mulheres o que limita a população do estudo;