Resumos de PÚBLICOS E PRÁTICAS MEDIÁTICAS PDF

Summary

Este documento apresenta resumos sobre públicos e práticas mediáticas, abordando temas como a evolução dos conceitos de audiência, passando pela etimologia e origens das audiências até à sua forma de compreensão na cultura greco-romana. O texto explica ainda a noção de audiência como massa e como mercado, explorando conceitos como opiniões públicas, público, massa, entre outros.

Full Transcript

PÚBLICOS E PRÁTICAS MEDIÁTICAS (1) DAS AUDIÊNCIAS AOS PÚBLICOS: EVOLUÇÃO E CONCEITOS AUDIÊNCIA: ETIMOLOGIA Audientia, ae – audiência, audição Termos da mesma família: audire – ouvir auditio, onis - audição auditor, oris – auditor, ouvidor auditorium, ii – auditóri...

PÚBLICOS E PRÁTICAS MEDIÁTICAS (1) DAS AUDIÊNCIAS AOS PÚBLICOS: EVOLUÇÃO E CONCEITOS AUDIÊNCIA: ETIMOLOGIA Audientia, ae – audiência, audição Termos da mesma família: audire – ouvir auditio, onis - audição auditor, oris – auditor, ouvidor auditorium, ii – auditório audio – 1ª p. do indicativo de ouvir AUDIÊNCIA: ORIGENS Nasce com as primeiras formas de "espetáculo" em espaços públicos – jogos, espetáculos musicais, representações…; Conjunto de espetadores para essas "performances“ que assumiram diferentes formas em diferentes civilizações ao longo da história. AUDITORIUM NA CULTURA GRECO-ROMANA O que era distinto relativamente à audiência mediática: Estava localizada no espaço e no tempo (os espectadores encontravam-se presentes no mesmo local e ao mesmo tempo que os "espetáculos" ocorriam); Os "atores" do espetáculo dirigiam-se de forma direta à audiência; Existia, durante o espetáculo, interação entre "atores" e espetadores (a audiência podia, por exemplo, comunicar a sua aprovação ou desaprovação do desempenho e intervir na evolução do mesmo); Dimensão reduzida (máximo: alguns milhares). O que era comum relativamente à audiência mediática: Planeamento e organização de eventos performativos; Carácter público dos eventos; Conteúdo laico (secular): deleite, entretenimento, ilustração; Participação voluntária; Carácter predominantemente urbano. UMA NOVA AUDIÊNCIA COM A IMPRENSA E O CINEMA Criação da primeira audiência de massa genuína; Não coincidência de tempo e lugar – audiência dispersa no tempo e no espaço; O evento não é ao vivo e o espetador não pode interagir; Anonimato e falta de sentido de auto-identidade. UMA AUDIÊNCIA PODE DEFINIR-SE DE FORMAS DIFERENTES E SOBREPOSTAS (MCQUAIL, 2003): pelo lugar (caso dos media locais); pelas pessoas (apelo a um certo grupo etário, género, NSE …); pelo tipo de meio, serviço, plataforma ou canal envolvido; pelo conteúdo das mensagens (géneros, assuntos, estilos); pelo tempo (audiência da manhã, do horário nobre,…) CONCEÇÕES DE AUDIÊNCIA Massa: agregado informe de indivíduos; Mercado: clientela real ou potencial; Público /opinião pública: consciência pública conducente à ação. TRÊS MODELOS DE AUDIÊNCIA (J.Sullivan,2013) CARACTERÍSTICAS DA AUDIÊNCIA COMO MASSA: (dominante nas primeiras décadas do Séc. XX) anonimato; dispersão; falta de organização social; falta de consciência; falta de identidade própria, como grupo; comportamento (face aos media) uniforme, sem capacidade de iniciativa, passiva, sujeita à influência e controlo dos media; os membros das audiências tendem a ser avaliados apenas enquanto consumidores, desvalorizando-se outras facetas da sua vida pessoal e social resposta a uma oferta; “públicos não dotados de palavra” (D. Dayan). REDESCOBERTA DA AUDIÊNCIA COMO GRUPO: (ANOS 40 E 50) a conceção atomista de audiência de massas é desafiada pelos investigadores; a experiência concreta da audiência é pessoal, em pequena escala e integrada na vida social de forma familiar; as audiências são compostas por várias redes sobrepostas de relações sociais baseadas em interesses comuns; os media de «massas» foram incorporados nestas redes de diferentes maneiras. REFLETIR "A massa não tem existência contínua senão nas mentes daqueles que querem conquistar a atenção e manipular tantas pessoas quanto possível. De acordo com Raymond Williams (1961) não há massas, 'apenas maneiras de ver as pessoas como massas'." D. McQuail, Mass Communication Theory A AUDIÊNCIA COMO MERCADO- OS CONSUMIDORES: Venda de um ‘produto mediático’ a consumidores potenciais ou efetivos (mercado); Duplo significado para os media: - conjunto de clientes potenciais para o produto - audiência para determinado tipo de publicidade A AUDIÊNCIA COMO MERCADO SEGUNDO MCQUAIL: “os membros são um agregado de consumidores individuais; As fronteiras baseiam-se fundamentalmente em critérios económicos; Os membros não se relacionam uns com os outros; Os membros não partilham nenhuma identidade; A formação é temporária. A AUDIÊNCIA COMO MERCADO Visão a partir dos media Subjacente aos estudos de audiência dos diversos meios de comunicação Dão a conhecer o nº de pessoas que são consumidores desses meios O único dado que é avaliado é quantas pessoas prestaram atenção aos media. Fica por responder a questão da forma como as audiências percebem as mensagens dos media e de como as assimilam ou são influenciadas por elas. REFLETIR “Embora o conceito de mercado seja pragmático e útil para as indústrias mediáticas e para analisar a economia dos media, pode também ser problemático e não é realmente despojado de valores. Liga o emissor e o recetor numa relação «calculista» mais do que por uma relação comunicativa. Ignora as relações internas entre consumidores, uma vez que são de pouco interesse para quem fornece o serviço. Privilegia critérios sócio-económicos e foca-se no consumo dos media mais do que na receção. A comunicação efetiva e a qualidade da experiência são de importância secundária no pensamento do mercado.” D. McQuail, Mass Communication Theory. A AUDIÊNCIA COMO PÚBLICO Os cidadãos, os grupos e a opinião pública característica das democracias liberais modernas; o seu aparecimento está relacionado com o surgimento de um grupo social que passou a ser leitor regular da imprensa no século XIX e com a ideia de um cidadão informado e politicamente ativo. grupo de pessoas relacionadas ou unidas por um determinado interesse, gosto, convicção, experiência, questão social ou ação pública comum. “Um grupo de pessoas que têm algo em comum” (Esquenazi, 2006). CARACTERÍSTICAS DO PÚBLICO têm um carácter performativo; dão origem a uma ação social e reflexiva; troca de opiniões com base em interesses partilhados, preocupações e interesses comuns; desenvolve-se na e através da discussão; capacidade de influência partilha de uma experiência coletiva na qual se desenvolvem traços da sua subjetividade; papel central do confronto de ideias e de argumentos e da racionalidade crítica. “Um público designa um conjunto de pessoas que têm interesses ou características comuns. Implica uma participação e uma interpretação da informação, procurando uma participação activa, não uma mera visualização ou apreensão passiva do que lhe é apresentado” (M. Silva, 2009). NOÇÃO DE PÚBLICO Público: emancipação do espetador – sabe o que pensar e o que fazer em relação ao que vê; age quando observa, seleciona, compara, interpreta. Os públicos são plurais e heterogéneos, formando ‘comunidades de interpretação’. Portanto eles têm a perspetiva de partilhar e de alcançar uma opinião, de partilhar interesses e gostos comuns. Exemplo: “O meu público é aquele que vai ver os meus filmes” (Manoel de Oliveira)- Escolha do público orientada por um juízo de gosto, que vê, interpreta, avalia, discute e acompanha a obra do realizador. “A comunicação é a condição prévia da participação e da formação dos públicos, pois na base destes estão as significações comuns partilhadas que estabelecem laços sociais e podem converter uma ação conjunta numa comunidade de interesses”. John Dewey, in Arte como Experiência (1934) REFLETIR: Pensa-se que o público é composto por cidadãos, com capacidade de organização, de debate e discussão, e de reivindicação dos seus direitos - implica a existência de expectativas do público face aos media e mesmo de alguns deveres dos órgãos de informação de servir os interesses e necessidades desse público. AUDIÊNCIA VS PÚBLICO Audiência- consumo dos produtos-recetores/consumidores. Público-participação nos conteúdos- participantes (ativos). Veikko Pietillä (2001): “O jornalismo em geral, e a imprensa em particular, deveria oferecer um lugar para os leitores se transformarem mais num público – ou seja para os cidadãos entrarem em conversação, discutirem, argumentarem e entrarem num diálogo de comparações e de futuros. Estas exigências implicam que, atualmente, os media não estão a cumprir a sua função de fórum. PÚBLICOS E PROCESSOS DE MASSIFICAÇÃO O enfraquecimento dos públicos faz emergir a MASSA Indivíduos desenraizados física e simbolicamente, com estados mentais frágeis; produto das condições das sociedades modernas, industriais e urbanas. Os públicos, enquanto agregações espontâneas e autónomas de indivíduos, onde a sua subjetividade se pode afirmar, não fazem parte do esquema das indústrias da cultura – mas sim as massas: “ tudo está preparado para que se desenvolva uma conceção do público como ator ausente do desenvolvimento das indústrias culturais. O público será um objeto mensurável cujas reações são previsíveis e desprovidas de vontade própria”. (Esquenazi, 2006: 39). “Uma audiência, em contraste com um público, não se caracteriza por um imperativo de sociabilidade e de estabilidade, nem por uma obrigação de performance, nem sequer por uma referência necessária a um bem comum. A sua atenção é reactiva: ela responde a uma oferta. (…) As audiências de massa podem esconder públicos. Estas audiências podem também transformar-se em públicos.” (Dayan, 2006: 32-33) REFLETIR: É plausível supor que os media necessitam das audiências mais do que as audiências necessitam dos media” McQuail, 2003 “As instituições dos media não têm interesse real em conhecer as suas audiências, só em provar que existem, por sistemas e técnicas de medida que convencem os seus clientes mas nunca chegarão a captar a verdadeira essência do que é «ser audiência»”Ien Ang, 1991 PERSONA: UM CONCEITO DO MARKETING DIGITAL A PERSONA representa um cliente padrão e serve para definir a estratégia de comunicação; é o perfil (criado) de um cliente. A Persona é criada a partir do conhecimento e da identificação do público. A Persona só é criada depois de se conhecer bem o público (e não é obrigatório trabalhar com o conceito de persona). Exemplo (dado por Inês Rocha, Modalfa): “A Maria Augusta tem 67 anos e uma reforma de 600€por mês. Gosta de comprar revistas como a Maria e a Ana. É casada, tem dois filhos e três netos. Ao fim de semana gosta de ir às comprar ao centro comercial com a família”. Informações necessárias para criar uma Persona: Nome fictício; Profissão e formação académica; Idade; Género; Local de residência; Classe social; Decisão de compra; Meios sociais que utiliza; Produtos de interesse; Comentários gerais sobre seus hábitos, desejos, interesses… Vantagens da criação da Persona: Torna a mensagem mais assertiva, permite direcioná-la melhor; Facilita criação de campanhas e a avaliação da sua eficácia; Melhora o processo de divulgação e de comunicação; Permite criar ofertas de produtos para conquistar mais público; Permite identificar o perfil do cliente ideal. Um caso para analisar à luz destas conceções (e do poder das audiências): SuperNanny Entre 1 e 21 de janeiro de 2018, o novo programa da SIC, Supernanny, foi, entre os programas de Tv de entretenimento, o mais mencionado em sites como Facebook, Twitter, Google+, Instagram, Blogs, Fóruns, Youtube e Notícias RSS. TEXTO: History and Concept of the Audience, de J. Sullivan, pp. 6-8 Exemplo de pergunta: Como se caracterizam os três modelos de audiência? (fazer corresponder os modelos de Sullivan às conceções de McQuail). (2) OS FÃS Fãs: consumidores entusiasmados, ávidos dos produtos dos media, capazes de influenciar outros a consumi-los. OS FÃS: A CONCEÇÃO DA ESCOLA DE FRANKFURT O ser fã resulta de uma imaturidade e infantilidade do indivíduo; “A indústria da cultura já mantém sob sequestro as crianças e os adolescentes para intensificar a infantilização geral” – Theodor Adorno. OS FÃS: VALOR COMO MERCADO “para as indústrias dos media, os fãs têm sido tradicionalmente representados como um importante público-alvo a ser medido, controlado, cooptado, institucionalizado e apropriado pelo seu valor como um mercado pronto para produtos e como ferramenta de relações públicas” (Harris e Alexander, 1998) OS FÃS: OLHARES PELOS ESTUDOS CULTURAIS No final da década de 80 os estudos culturais deram um importante contributo para a mudança de paradigma nos estudos sobres as audiências e entendimento dos fãs. De objetos das indústrias culturais, os fãs passam a ser vistos como sujeitos com controlo sobre as suas identidades e sociabilidades e com capacidade de influenciar a produção. OS FÃS: COMUNIDADE INTERPRETATIVA Os fãs formam uma comunidade interpretativa, cultural e social cujas práticas “exprimem tanto aquilo contra o que os fãs estão a combater como aquilo por que estão a combater” Henri Jenkins, in Textual poachers: television fans and partipatory culture (1992) (obra fundadora dos estudos de fãs) Para John Fiske, os fãs interagem entre si, em torno dos textos mas também de discussões acerca de interpretações sobre os produtos culturais. OS FÃS: ÁREAS DE PRODUÇÃO Áreas de produção dos fãs – categorização segundo John Fiske - Produtividade semiótica; - Produtividade enunciativa; - Produtividade textual. Esta produtividade ocorre na interface entre a mercadoria cultural produzida industrialmente (narrativa, música, estrela, etc.) e a vida quotidiana do fã. TEXTO: Fiske, John (1992). The Cultural Economy of Fandom. In Lisa A. Lewis (ed.), The Adoring Audience: Fan Culture and Popular Media. London and New York: Routledge, pp. 30-49. Callejo, Javier (2001). Investigar las Audiencias. Un Análisis Cualitativo. Barcelona: Ediciones Paidós. Wilton de Sousa, M. (org.) (2006). Recepção Mediática e Espaço Público. Novos Olhares. S.Paulo: Paulinas (3) IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DOS ESTUDOS DE RECEÇÃO ESTUDOS DE RECEÇÃO/ DE AUDIÊNCIAS Sociedade centrada na presença e na atuação dos media; Devem ser entendidos num quadro social, político, cultural e económico vasto; Análise das práticas/experiências de relação com os media e de receção dos conteúdos; Análise do lugar social e cultural dos diferentes media na sociedade; Busca de novas formas de entender a própria comunicação; Não se resumem aos processos de medição quantitativa das audiências; Compreender o quadro mais amplo das relações sociais e culturais dos públicos; Receção não restrita à relação com os media – sujeito-ator social e não sujeito- mercado; Necessidade de modelos interpretativos das práticas sociais. Comunicação mediada por suportes e processo técnicos Risco da análise e compreensão da comunicação se reduzir à significação dos diferentes meios tecnológicos que a medeiam – embora não possam ser ignorados, nem os meios, nem a significação da técnica que lhe serve de suporte A configuração técnica do meio não é inócua ao tipo de receção e de recetor que estabelece. Cada meio produz a sua receção e o seu utilizador. 1950-1970 (WILSON SOUSA) Modelo cibernético Perspetiva funcionalista Modelo estrutural Privilegia-se o processo de emissão ao da receção; Receção pouco ativa e interativa, circunscrita aos atores imediatos do ato comunicativo; Receção vista como ato de exposição e de uso de técnicas de comunicação; Dificuldade em considerar a interação do sujeito com os media no contexto das relações sociais; Comunicação dependente da técnica; Poder da técnica no quadro das relações sociais. 1970-1980-PRESENTE (WILSON SOUSA) Economia política Pragmática Etnografia Sociologia das técnicas e da mediação Estudos culturais Análise da receção Receção como conjunto de relações sociais e culturais mediadoras da comunicação como processo social – “atividade complexa de interpretação e de produção de sentido e de prazer”. Importância da experiência do quotidiano e do papel dos media na vida social Recetor com papel importante – consumidor- negociador Receção como contrato SITUAÇÃO ATUAL DOS ESTUDOS DE RECEÇÃO A Receção é um processo social que se estabelece sobre as redes e as relações sociais existentes; Análise da receção – em que contexto (pessoal, social, cultural, histórico, económico, político) se produz? - “teoria da recepção capaz de distinguir, de realmente averiguar o que sucede quando um texto e um leitor se encontram” (Caparelli, 1985, in Wilton de Sousa, 2006, p. 22); Representações dos recetores – “não se acaba nunca de conhecer o recetor porque seria como dizer que se acaba de conhecer o ser humano” (Callejo, 2001, p. 47); Atender às relações que estruturam a vida quotidiana e não apenas a relação com os media; Reconhecimento das práticas sociais e culturais – matrizes onde se situam os sentidos atribuídos à comunicação. “Receção negociada”: “um grupo social negocia a sua recepção a partir da sua própria cultura, com o que tem de memória social específica, de conhecimentos armazenados, de expectativas demonstradas e de recursos simbólicos” (Miège, 1995, in Wilton de Sousa, 2006, p. 24). Processo de receção - procura de participação e de pertença a diferentes espaços da vida social mediados pela comunicação. DIMENSÕES DO PROCESSO DE RECEÇÃO (CONSUMO) (4) ESTUDOS DAS AUDIÊNCIAS E DOS PÚBLICOS (do paradigma dos efeitos à análise da receção) ABORDAGENS ESTUDOS Diferem: Métodos usados Construção do conceito de audiência Maneira como usam o conceito Progressivamente têm vindo a: Enfatizar a “redescoberta” das pessoas e a noção de uma audiência ativa. EFEITOS Conhecer o impacto das mensagens mediáticas nos recetores: “aquilo que os media podem fazer às pessoas e à sociedade (Jensen, 2002). Imagem: a TV fez com que fizesse isto: ex: matar Mecanismo estímulo-resposta: As audiências reagem de um modo uniforme e previsível, num curto espaço de tempo (McQuail & Windahl, 1993:58-59) Influência em duas etapas ((Karl Lazarsfeld e Elihu Katz, 1955): A influência dos media não é exercida numa linha direta entre os produtores e os recetores, mas sim através da intermediação dos líderes de opinião. Efeitos mínimos (Joseph Klapper, 1960): As pessoas estão predispostas para selecionarem as mensagens mediáticas de acordo com o seu quadro de convicções e valores, o que reduz a capacidade de essas mesmas mensagens produzirem mudanças relevantes. O meio é a mensagem ( Marshall McLuhan): Cada meio tem influência na compreensão da própria mensagem uma mesma mensagem transmitida por meios diferentes adquire uma natureza e um significado diferentes em cada um deles. Agenda-setting (agendamento) (Maxwell McCombs e Donald Shaw, 1972): Os media determinam não o que devem pensar mas sim em que devem pensar. Os media introduzem na esfera pública mediática os assuntos que entendem ser relevantes, que assim são adotados pelos seus públicos. Teoria do enquadramento (framing): Expande o agenda setting (acerca dos assuntos de que as audiências falam ou pensam) para contemplar o modo como deles falam ou sobre eles pensam sugestão importante de que uma mensagem adquire sentido apenas no quadro de outra informação que lhe é complementar, de modo concordante ou dissonante. Teoria da espiral do silêncio (Elisabeth Noelle-Neumann, 1974): Existe uma pressão crescente sobre as pessoas para silenciarem os seus pontos de vista quando pensam estar em minoria o silêncio leva ao enfraquecimento da opinião minoritária e ao fortalecimento da opinião que parece prevalecer. Aumento da presença social da opinião dominante: hegemonização Teoria do desfasamento do conhecimento (knowledge gaps) (Phillip Tichenor, George Donohue e Clarice Olien, 1970): A desigualdade no acesso aos media implica um alargamento das desigualdades no acesso à informação e um aumento do diferencial de conhecimento entre os grupos favorecidos e os não favorecidos. Teoria da aculturação (cultivation theory) (George Gerbner, 1969): Gerbner analisou empiricamente as audiências e observou a dependência do imaginário individual, do mundo pessoal e dos valores adquiridos através do tipo de programas de consumo habitual. A maior ou menor aculturação está relacionada com a intensidade da exposição ao meio. Os efeitos na visão do mundo e as consequências dessa visão acentuam-se nos públicos mais dependentes (no caso, da TV). Segundo Gerbner, a TV não desenvolve o caráter agressivo (ou qualquer outro) nas pessoas, mas a exposição prolongada à TV favorece o desenvolvimento das atitudes violentas, antissociais, pessimistas… Isso acontece porque o individuo com maior consumo de TV tende a construir a perceção da realidade através do que lhe é dito pela televisão. Domínio do construtivismo social (Maxwell McCombs e Donald Shaw, 1972): Os efeitos mais significativos dos media prendem-se com a construção de significados, que é individual, ocorre nos recetores, mas é fortemente constrangida por uma importante influência social. Fratura metodológica (pesquisa qualitativa). AUDIÊNCIA Indefesa ou resistente? USOS E GRATIFICAÇÕES Perceber quais os critérios que estão na origem das escolhas e dos usos que os recetores fazem dos media: “porque é que as pessoas usam os media e para que é que os usam?” (McQuail, 2003) USOS E GRATIFICAÇÕES: AFIRMAÇÃO- FINAIS 60 E 70 (Thomas Ruggiero, 2000) 1. Os comportamentos individuais são guiados pelas expectativas e perceções face aos media; 2. A motivação dos indivíduos decorre não só das suas necessidades mas também dos seus interesses e dos constrangimentos que lhes são externamente impostos; 3. Existem alternativas funcionais aos consumos mediáticos; 4. O conteúdo dos media desempenha um papel importante nos seus efeitos. Tem como preocupações dominantes o tipo de problemas ou necessidades a que as pessoas procuram responder quando recorrem aos media, as suas preferências, as características psicológicas e os papéis sociais específicos; O recurso aos media visa responder a determinadas carências ou expetativas; Representa um claro avanço na teoria dos efeitos ao colocar a questão da interpretação diferencial, MAS revela uma limitação ligada a uma insuficiente perspetiva sociológica e cultural. AUDIÊNCIA (ativa e seletiva) ESTUDOS CULTURAIS “olham para o modo como as pessoas usam os media para construir a sua visão do mundo, em vez de olharem para o modo como os media mudam os seus comportamentos.” (Hanson, 2014:31) Desenvolveram-se sobretudo nos anos 60 e 70 com a Escola de Birmingham - Centre for Contemporary Cultural Studies, Universidade de Birmingham, UK; Richard Hoggart, Raymond Williams, Edward Thompson, Start Hall, David Morley, entre outros, são autores de referência. Para os estudos culturais, o centro dos estudos de comunicação está localizado fora dos media, que estão incorporados, tal como as audiências, em amplas práticas sociais e culturais. A estrutura social onde ocorre a comunicação, nos países desenvolvidos formatada pelo capitalismo; A oposição entre ideologia e cultura (conjunto de processos de produção de sentido) - considerando a cultura popular, não apenas a cultura das elites Os papéis desempenhados pelos media na vida quotidiana das sociedades; O modo como são criados os significados individuais e os socialmente partilhados; A integração dos processos de comunicação mediática nas restantes práticas culturais; E, o imperialismo cultural, cujo argumento central aponta para uma irremediável homogeneização da cultura, identidade e localidade, provocada pela globalização. “Que relação têm os distintos públicos com os distintos media? Que usos lhes dão? O que é que pensam deles? O que esperam deles? Como é que se sentem afetados por eles? Sentem-se muito ou pouco afetados por eles?” (Martins, 2011:63). encoding/ decoding (Stuart Hall, 1973) Todo o texto tem um sentido inscrito nele, um sentido incorporado, intencional, dominante - significado preferencial As estruturas mediáticas, inseridas na sociedade e cultura, desempenham o papel de poderosíssimo mecanismo ideológico ao serviço das elites e dos seus objetivos políticos e económicos. Para Stuart Hall todo o texto tem um sentido inscrito nele, um sentido incorporado, preferencial, intencional, mas, perante uma mensagem a nossa leitura pode ser tríplice: leitura preferencial leitura em oposição leitura negociada Leitura: capacidade para identificar ou descodificar um certo número de signos, mas também capacidade subjetiva para colocá-los numa relação criativa entre eles e com outros signos – condição para o conhecimento do meio. Leitura preferencial: quando a descodificação que se faz de uma mensagem coincide com a sua codificação, com a leitura preferencial que o codificador introduziu na mensagem. Diz-se que o indivíduo opera dentro do código dominante. Leitura em oposição: o recetor descodifica a mensagem globalmente pelo lado oposto; descodifica a mensagem de uma forma contrária à leitura preferencial introduzida pelo codificador por discordar ou por conflituar com o seu modo de ver e de compreender a situação. Leitura negociada: o recetor reconhece a leitura dominante mas relativiza-a em função da sua situação ou de interesses específicos. Questiona, interroga a mensagem. COMENTAR: “O sentido inscrito, incorporado num texto, não tem que ter uma interpretação, uma descodificação, coincidente com esse sentido. As pessoas podem interpretar de modo diferente o sentido inserido no texto; pode haver várias formas de descodificar um texto”. (S. Hall, 1980) Exemplo: Mignonnes-meninas a dançar de forma mais sensual Burger King ANÁLISE DA RECEÇÃO A partir das abordagens culturalista e interpretativa (anos 80): Deslocação da atenção de um grande número de pesquisas para o estudo das audiências, já não como mercado ou como uma massa, mas como intérpretes ou construtoras de significado. Teoria da Receção: entendida como a análise dos processos de apropriação e de produção social de sentido relacionados com os media. A receção é “um ato social que serve para negociar a definição da realidade social no quadro de práticas comunicativas e culturais” (Jensen, 1991). Centra-se com igual peso nos aspetos sociais e discursivos da comunicação, olhando de forma integrada para a receção, o uso e o impacto dos media e propõem um quadro analítico que considera a audiência em simbiose com o conteúdo. Um texto só é criado quando se dá o encontro significante — em franca interacção com o contexto, a memória, a cultura, a história familiar, o estado psicológico, … — entre o conteúdo dos media e o membro da audiência, o seu leitor, pelo que não podem ser analisados um sem o outro, porque se transformam mutuamente. “Relação interpretativa entre a audiência e o meio, em que esta relação é entendida no interior de um largo contexto etnográfico” (Sonia Livingstone, 1998) Comunidades interpretativas Repertórios interpretativos CONCEÇÃO DE AUDIÊNCIA comunidades interpretativas (Thomas Lindlof) ‘Comunidades’ com crenças, interesses e práticas comuns no quadro de formações culturais específicas; Alude às audiências não apenas do ponto de vista das variáveis sóciodemográficas mas também do ponto de vista dos ‘modos discursivos’ de interpretação dos conteúdos dos media. Audiências que interpretam e constroem significados, isto é… PÚBLICOS REFLETIR Quais as principais vantagens e possíveis limitações de cada uma das tradições de investigação em audiências? COMENTAR A preocupação já não é apenas com “o que os media fazem às pessoas” mas com “o que as pessoas fazem com os media”. Em que abordagem podemos inserir esta perspetiva? (5) MEDIR VS INTERPRETAR E COMPREENDER Audiências versus públicos Mercado versus análise da receção Medir versus compreender TEXTO: (Against a) Theory of Audience Engagement with News O QUE PRETENDEM? EXPLICAR QUE… O entendimento técnico e métrico dominante e a operacionalização de envolvimento da audiência leva a uma confusão entre: O envolvimento como um estado emocional, que se estende através do tempo e do espaço; e Os comportamentos técnicos, como a interação digital e a participação, que têm implicações normativas. O que é o envolvimento da audiência? (Segundo Steen Steensen, Raul Ferrer-Conill & Chris Peters, 2020) “refere-se a experiências cognitivas, emocionais ou afetivas que os utilizadores têm com os conteúdos mediáticos ou com marcas.” (Broersma 2019) “como as audiências experimentam os conteúdos mediáticos, artefactos e eventos, a partir das (suas) experiências de performances ao vivo, ao envolvimento com as redes sociais ou a participação nos próprios media.” (Hill, 2019) Análise do envolvimento centrada na audiência ou centrada na produção Teoria heurística do envolvimento das audiências quatro dimensões para avaliar o envolvimento do público: Técnico-comportamental: responsável pelas ações que resultam do envolvimento da audiência e dos traços digitais que deixam; Emocional: abrange a forma como o envolvimento do público é o resultado de ligações sócio- psicológicas e afetivas entre media e audiências; Normativa: considera as formas desejadas e indesejadas de consumo e de perceção sobre certos conteúdos, o que é estabelecido por uma certa ‘norma’; Espacio-temporal: o envolvimento do público é moldado pelo contexto social através do tempo e do espaço e não apenas pelo que acontece espontaneamente no aqui e agora. Pesquisa sobre o envolvimento dos públicos - premissas a considerar: (Segundo Steen Steensen, Raul Ferrer-Conill & Chris Peters, 2020) - Estudar (pesquisar) sobre o envolvimento das audiências necessita de considerar as emoções; - Estudar (pesquisar) o envolvimento das audiências significa questionar os pressupostos normativos; - Estudar (pesquisar) sobre o envolvimento das audiências requer sensibilidade em relação ao tempo e ao espaço. REFLETIR Os autores defendem que o envolvimento das audiências é um fenómeno multidimensional – explique as razões apresentadas; No título, os autores colocam entre parêntesis “(against a)” – depois de ler o texto, refira o que sustenta esta posição dos autores e qual a proposta que apresentam para estudar o envolvimento das audiências. (6) USOS E PRÁTICAS MEDIÁTICAS O acesso é indissociável do uso dos media Perguntas fundamentais que usos fazemos dos media? que dimensões este uso cobre? como se diferenciam os usos? Como variam e que fatores pesam nessa variação? que motivações e objetivos no uso? Que contextos? que padrões e estilos de vida os usos contribuem para configurar? que articulações entre os usos os media e outras práticas socioculturais? somos condicionados ou somos livres na nossa relação com os media? De que modo? Que recursos? Que fazer? Que dimensões cobre este uso? o acesso como requisito, mas não garantia de uso uso como exposição a mensagens uso como consumo uso como procura e significação O LUGAR DOS MEDIA Mecanismos de socialização; concorrem com outros agentes Mantêm rituais essenciais para o quotidiano dos cidadãos Redes mediadoras do conhecimento do mundo (importância por ex. em contextos de isolamento) PROCESSO DE CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE Os media como… representantes da realidade e do conhecimento; contadores de histórias (narrativas ficcionais) e auxiliares na formação das representações e do conhecimento do mundo- falamos de uma realidade mediada GEOGRAFIA DO CONSUMO MEDIÁTICO Os espaços e tempos onde ocorre o consumo têm uma influência importante nos modos de consumir. Consumo enquanto atividade primária Consumo enquanto atividade secundária Diferenças centrípetas: consumo dos media promove a união dos sujeitos. Diferenças centrífugas: consumo dos media promove a dispersão dos sujeitos. OS MEDIA NO QUOTIDIANO Ilustrar a diversidade de usos e funções dos media, para os grupos e para os indivíduos; Uso dos media como parte integral da interação e da experiência social quotidiana; Os usos são diversificados; Funções sociais dos media e funções individuais dos media. TIPOLOGIA USOS SOCIAIS MEDIA- J. Lull Usos estruturais: Ambiente: ruído de fundo; companhia; entretenimento. Regulação: marcar o tempo; padrões de conversação, planeamento de atividades. Usos relacionais: Facilitação da Comunicação: pretexto e tema de conversa, ilustração da experiência (opiniões e posições). Ligação/Escape: recurso para estabelecer, dificultar ou evitar contacto físico/verbal, aumento da coesão social/familiar, redução de tensões/ conflitos. Aprendizagem Social: modelação de comportamentos, transmissão de valores, disseminação da informação. Competência/ Domínio: aprendizagem individual, validação e facilitação de argumentos. FUNÇÕES INDIVIDUAIS E SOCIAIS DOS MEDIA Entretenimento: afastar-se dos problemas, forma de escape, relaxar, ocupar o tempo, libertar- se emocionalmente. Informação: proporcionar informações sobre situações e acontecimentos da sociedade e do mundo; mostrar relações de poder; promover a inovação, a adaptação e o progresso. Mundaneidade mediada e apropriação Correlação: Discutir (apoiar) as normas estabelecidas, contribuir para o consenso, expor, interpretar e comentar os significados dos acontecimentos e da informação. Continuidade: expressar a cultura e reconhecer subculturas e novos desenvolvimentos culturais promover valores sociais e culturais. Mobilização: mobilizar os cidadãos em várias esferas (política, económica, social, cultural…) Integração e interação social: possibilitar o relacionamento com a família, os amigos e a sociedade, ter companhia e encontrar uma base para conversação e interação social. Identidade pessoal e coletiva: encontrar reforço para valores pessoais, encontrar modelos de comportamento, ter perceção de si próprio e dos outros. De que modo operam os media? serão o reflexo das ideologias dominantes, o retrato das representações diárias? atuam como reforço do conhecimento do senso comum? OU Serão espaços de contacto com realidades diversas? irão para além dos limites da realidade dominante? qual o papel dos públicos? A RELAÇÃO COM OS MEDIA: CONTEXTO O contexto da receção interfere nos usos e na relação que os sujeitos estabelecem com os media. Há diferenças nas modalidades de uso e nas experiências. Há variáveis que explicam, influenciam e enformam a relação dos indivíduos com os media. Que fatores pesam no uso dos media?- FATORES DO LADO DOS MEDIA “Ecossistema” informativo e mediático: número, abrangência e tipo de meios de comunicação disponíveis. Acessibilidade dos media; Disponibilidade de conteúdos: formatos e géneros específicos oferecidos (ex.: canais generalistas/canais temáticos); Promoção e autopromoção: publicidade, imagem e marketing dos produtos. FATORES DO LADO DAS AUDIÊNCIAS Estilo e condições de vida (recursos económicos, práticas culturais) Demográficos/sociais: idade, género, contextos de formação, habilitações académicas, orientação religiosa, orientação política, local de residência (urbano vs rural); Características da habitação (número de recetores/equipamentos, etc.); Familiares (número de filhos, regras, ritmos da vida quotidiana na família, posição na família); Hábitos gerais de uso do tempo e disponibilidade; Necessidades específicas e circunstanciais; Gostos e preferências pessoais. FATORES CONTEXTUAIS Políticas de comunicação e media Alternativas na comunidade local (oferta cultural e acessibilidade) Acaso CONTEXTO FAMILIAR E MEDIAÇÃO O contexto familiar é o espaço privilegiado de acesso e uso dos meios de comunicação. Tipo de acompanhamento/mediação dos adultos interfere nos modos de acesso e de uso dos media pelos consumidores mais jovens uma mediação ativa bem sucedida favorece o potencial formativo das mensagens e reduz os riscos e os prejuízos associados à utilização dos media (ligação à Educação para os Media). O “EU” COMO PÚBLICO Olhar as audiências como pessoas concretas, não como simples elementos do mercado. Sublinhar a importância da vivência interior individual na receção dos textos. Compreender a interação que ocorre entre os “textos” e os seus recetores. (7) MEDIA REPERTOIRES PRINCÍPIOS QUE CARACTERIZAM UMA PERSPETIVA CENTRADA NO MEDIA REPERTOIRE (Hasebrink & Domeyer, 2012) Perspetiva centrada nos sujeitos: em vez de adotar uma perspetiva mediocentrada, que pergunta que públicos um determinado meio atinge, enfatiza a questão de que meios uma pessoa em particular usa (e como usa); Totalidade: enfatiza a necessidade de considerar toda a variedade de meios que uma pessoa regularmente usa; Relação: o media repertoire de uma pessoa não é apenas a mera soma dos diferentes meios que ela usa, mas uma composição de meios significativamente estruturada. RAZÕES PARA COLOCAR O FOCO NA PERSPETIVA DE MEDIA REPERTOIRE A análise dos processos de aculturação devem considerar que toda a gama de media fornece informações sobre um determinado campo da realidade; para analisar esses processos deve-se levar em consideração o repertoire de diferentes fontes de informação efetivamente utilizadas pelas pessoas. Hasebrink and Popp, 2006 Permite compreender como as pessoas combinam os media tradicionais com os novos, como integram o número crescente de possibilidades nas suas vidas quotidianas. Da perspetiva da indústria, esta abordagem é particularmente relevante, uma vez que as estratégias atuais são cada vez mais projetadas como estratégias cross-media. Como pré- condição para o desenvolvimento sistemático desses tipos de estratégias, as empresas mediáticas precisam de saber como os públicos combinam conteúdo de diferentes meios e como criam os seus respetivos ambientes de cross-media; Media repertoire de alunos de 6 ano Media repertoire de alunos do 12 ano (8) MEDIÇÃO DE AUDIÊNCIAS DE VÁRIOS MEIOS FINALIDADES (Fonte: McQuail, 2003, p. 369) Contabilizar vendas Medir o alcance real e potencial para fins de publicidade Manipular e canalizar o comportamento de escolha da audiência Procurar oportunidades do mercado das audiências Testar produtos e melhorar a eficácia da comunicação Ir ao encontro das responsabilidades para servir as audiências Avaliar o desempenho dos media de várias maneiras Construir, localizar, identificar, caracterizar, conhecer (as audiências) Fonte: McQuail, 2003, p. 369 Sentido lato: conhecer o alcance que pode ter a mensagem difundida por um meio de comunicação: - Diretamente (pela população que a recebe) - Indiretamente (repercussão). Sentido restrito- conhecer: Audiência potencial – conjunto dos indivíduos que se encontram em condições de poderem receber as mensagens mediáticas. Audiência real – conjunto dos indivíduos que efetivamente contacta com as mensagens mediáticas num determinado momento e em determinado lugar. A GfK é a responsável pela medição de audiências em território nacional desde 2012. A Comissão de Análise de Estudos de Meios (CAEM) é a entidade responsável por todo o processo em Portugal. A CAEM é uma associação sem fins lucrativos, constituída em partes iguais por ANUNCIANTES, MEIOS de Comunicação Social e Suportes de Publicidade e AGÊNCIAS de Publicidade e de Planeamento e Compra de espaço publicitário. A atividade da CAEM está diretamente relacionada com os meios Televisão, Imprensa, Rádio, Internet, Publicidade Exterior e Cinema. MEDIÇÃO AUDIÊNCIAS TV Audimetria dados produzidos a partir de uma amostra de 1.100 lares (aprox 3000 pessoas em média, com 4+ anos), estratificada por: Região Habitat Dimensão do agregado Classe socio-económica TV por assinatura Recurso ao audímetro Já contabiliza (desde15 de Fevereiro de 2016) os resultados do consumo diferido de televisão: TSV - Time Shift Viewing VOSDAL - Viewing On Same Day As Live TSV - Time Shift Viewing TSV 7Dias corresponde ao visionamento de emissão de televisão, com diferimento igual ou superior a 60 segundos em relação à emissão, que tem lugar nos 7 dias seguintes ao dia de emissão desse conteúdo. VOSDAL - Viewing On Same Day As Live Corresponde ao visionamento de emissão de televisão, com diferimento igual ou superior a 60 segundos em relação à emissão, mas que tem lugar no mesmo dia da emissão desse conteúdo. É o caso, por exemplo, do visionamento à noite de um conteúdo que foi emitido no mesmo dia de manhã ou à tarde. INDICADORES AUDIÊNCIA TV Audiência média (rating): tempo ou percentagem média de consumo de televisão num determinado período, calculado sobre o total dos telespectadores. Proporção da audiência real face à audiência potencial. Audiência total (reach): taxa de Cobertura ou Audiência Total. Mede a percentagem de indivíduos que “contactaram” com o evento/canal pelo menos 1 minuto. Quota de mercado (share): distribuição da audiência real por cada canal/programa, num mesmo período de tempo. MEDIÇÃO AUDIÊNCIAS IMPRENSA A amostra do Bareme-Imprensa (Marktest) é composta por 5040 entrevistas (telefónica e online, a indivíduos com15+ anos) por vaga (há duas por ano) e comporta a análise das seguintes variáveis: Sexo Dia da Semana Concelho Idade Região INDICADORES AUDIÊNCIA IMPRENSA Tiragem – totalidade dos exemplares impressos, incluindo defeituosos, para uso interno, arquivo, etc. Tende a ser auditada. Tiragem média – média da tiragem num determinado período de tempo. Hábito de leitura - indicador da regularidade da leitura (lê/não lê; com que frequência) Leitura da última edição - “leu a última edição de…?” Circulação – conjunto dos exemplares vendidos e oferecidos Difusão - exemplares vendidos ao número e por assinatura Audiência – número médio ou percentagem de indivíduos que contactam com uma determinada publicação em certo momento ou período de tempo, independentemente do modo como acedem a essa publicação. “Se um jornal semanário tiver 15% de audiência média, num dado período de 3 meses, significa que, em média, cada número foi contactado por 15% do universo ou alvo.” Marktest MEDIÇÃO AUDIÊNCIAS RÁDIO A amostra do Bareme-Rádio (Marktest) é composta por 6006 entrevistas (telefónica e online, a indivíduos com15+ anos) por vaga (há cinco por ano) e comporta a análise das seguintes variáveis: Sexo Dia da Semana Concelho Idade Região INDICADORES AUDIÊNCIA RÁDIO Audiência Acumulada de Véspera (AAV): Número ou percentagem de indivíduos que escutaram uma estação, ao longo de um dia, independentemente do tempo despendido. Este indicador é calculado sobre a véspera. Audiência Média: Audiência ponderada (pelo tempo de audição) do conjunto de indivíduos que escutaram uma estação, num determinado período horário. Share de Audiência: Percentagem de tempo despendido, por um conjunto de indivíduos, na escuta de uma dada estação, relativamente ao tempo total de audição de Rádio, num dado período. Reach Semanal: Número ou percentagem de indivíduos que escutaram uma estação de rádio, no período de uma semana (sete dias), independentemente do tempo despendido. MEDIÇÃO AUDIÊNCIAS CINEMA A amostra do Bareme-Cinema (Marktest) é composta por 6.006 entrevistas (telefónica, a indivíduos com15+ anos) por vaga (há 4 por ano) e comporta a análise das seguintes variáveis: Sexo Idade Ocupação Classe Social Região Vertentes de análise: Caracterização do comportamento da população Portuguesa face ao meio Cinema; Publicação de audiências por cinemas/complexos. Planeamento publicitário em cinemas/complexos/circuitos/redes dos operadores INDICADORES AUDIÊNCIA CINEMA Audiência Mensal: número ou percentagem de indivíduos que foram ao cinema, pelo menos uma vez, nos últimos 30 dias. Audiência Média: número ou percentagem de indivíduos que foram ao cinema na última semana. Cobertura Máxima: número ou percentagem de indivíduos que costumam frequentar um cinema ou complexo, independentemente da regularidade com que o fazem. Número de entradas: apura o número de frequentadores das salas e a percentagem da população que vai ao cinema. Regularidade da frequência: número de vezes em certo período. Composição dos frequentadores: caracterização sociodemográfica. Assinatura de canais temáticos de cinema. TIPOLOGIA ESPECTADORES CINEMA Assíduos: espectadores que vão ao cinema todas as semanas. Regulares: espectadores que vão ao cinema pelo menos uma vez por mês. Ocasionais: espectadores que vão ao cinema menos de uma vez por mês. Imagem dos mapas com as salas de cinema e espectadores de cinema: verifica-se que onde existem as salas é onde estão centrados os espectadores. Zonas que não tem salas, não tem espectadores. MEDIÇÃO AUDIÊNCIAS PUBLICIDADE As amostras do Publivaga ( Marktest) têm dimensão, periodicidade e idade variável, de acordo com diferentes classes de produto: Automóveis: 200 entrevistas por semana (18 a 64) Bancos: 300 entrevistas por semana (15 a 64) Cervejas: 200 entrevistas por semana (15 a 64) Iogurtes: 98 entrevistas por semana (8 a 64) Leites: 98 entrevistas por semana (8 a 64) Lojas de bricolage: 400 entrevistas por mês (15 a 64) Telecomunicações: 300 entrevistas por semana (15 a 64) INDICADORES AUDIÊNCIAS PUBLICIDADE Recordação: Número ou percentagem de entrevistados que recordam os anúncios, produtos ou conceitos publicitários. PRINCIPAIS MÉTRICAS ANÚNCIOS CPM (cost per thousand impressions): quanto é que o anunciante paga por cada mil Impressões, ou seja, cada vez que o anúncio é visualizado mil vezes. Cliques: refere-se a qualquer ação que o utilizador tenha no anúncio. CPC (cost per click): quanto é que o anunciante paga por cada Clique. Conversões: uma conversão é uma ação completa. Dependendo do objetivo do anúncio, essa ação pode ser uma compra, uma subscrição de newsletter, um download de aplicação, o preenchimento de um formulário de contacto, etc. CPC (cost per conversion): quanto é que o anunciante paga por cada Conversão efetuada. CPA (average cost per aquisition): é o preço médio que cada anunciante paga por conversão. Obtém-se dividindo o custo total das Conversões pelo número total de Conversões efetuadas. Por exemplo, se o anúncio recebe 2 conversões, sendo que pela primeira paga 2 euros e pela segunda paga 4 euros, então o CPA será de 3 euros. MEDIÇÃO AUDIÊNCIAS INTERNET (Fonte: Marktest) O netAudience da Marktest é um sistema híbrido de audiência de Internet, com interdependência de 3 fontes de recolha de dados: NetScope (dados site-centric): dados censitários de tráfego dos sites auditados e aderentes ao sistema. Informação recolhida através de script inserido em todas as páginas desses mesmos sites. Mega panel (dados user-centric): dados amostrais baseados em painéis de grande dimensão (mega panel desktop > 30 000 participantes; mega panel mobile > 15 000 participantes) que fornecem perfil sociodemográfico dos sites auditados pelo netScope, para as plataformas PC, telemóvel e tablet. Meter panel (dados user-centric): dados amostrais recolhidos através de um painel clássico, pelo recurso a um audímetro de software. Este painel complementa o mega panel e mede, na plataforma PC, os sites não auditados pelo netScope: sites de media nacionais não aderentes à auditoria, sites internacionais, sites de e-commerce, sites institucionais, corporate, etc. O Bareme Internet é o estudo de referência sobre a penetração da Internet na população portuguesa e sobre comportamentos dos cibernautas portugueses. A partir de 2012 a base amostral passou a ter um mínimo de 6000 entrevistas. O relatório apresenta dados de caracterização do universo de Lares e de Indivíduos do Continente: Lares do Continente. Indivíduos com 15 e mais anos, residentes em Portugal Continental. Indivíduos com 15 e mais anos, residentes em Portugal Continental e utilizadores de Internet. Indivíduos com 15 e mais anos, residentes em Portugal Continental e utilizadores de Internet no lar nos últimos 60 dias. Universo Bareme Internet - Para a caracterização dos lares, o universo é constituído pelos Lares de Portugal Continental. Os dados definitivos do Recenseamento Geral da População (Censos) do INE de 2021 quantificam este universo em 3 968 951 lares. - Para a caracterização do consumo individual de Internet, o universo é constituído pelos indivíduos com 15 e mais anos, residentes em Portugal Continental, quantificado em 8 591 212 indivíduos, pelos Censos de 2021. Amostra Bareme Internet A amostra deste estudo é proporcional quanto às variáveis Sexo e Dia de Semana, para cada um dos concelhos do continente, e desproporcional quanto às variáveis Idade e Região. INDICADORES MEDIÇÃO AUDIÊNCIAS INTERNET Tempo total: Somatório do tempo despendido na utilização da Internet pelos utilizadores únicos, no período em análise. Total de páginas visitadas (page views): Número total de páginas apresentadas aos utilizadores da Internet, no período em análise. INDICADORES AUDIÊNCIA INTERNET Utilizadores únicos (Unique visitor): Número estimado de indivíduos diferentes pertencentes ao alvo selecionado, que acederam a um dado domínio ou site no decurso do período escolhido para a análise. MEDIÇÃO AUDIÊNCIAS INTERNET PRINCIPAIS MÉTRICAS REDES SOCIAIS Seguidores/subscritores: número de fãs de uma página ou de um canal (Youtube, por exemplo). Diz-nos o tamanho da comunidade. Alcance: número de pessoas que os conteúdos (sejam imagens, partilhas de outros posts, vídeos, etc) alcançaram. Como é medido pelas contas individuais, não inclui utilizadores repetidos. Impressões: número de vezes que os conteúdos foram vistos. Podem incluir utilizadores repetidos, uma vez que o mesmo utilizador pode ter visto um determinado conteúdo mais do que uma vez. Por regra, é uma métrica muito maior em volume do que o Alcance. Interações: mede as interações que o público tem com a página ou com os conteúdos. Inclui “gostos”, partilhas, comentários, cliques ou visualizações de vídeo por exemplo. Taxa de Interação: obtém-se dividindo o número de interações pelo alcance total da publicação. Ações na página: o que é que o público fez na página e que não é considerado interação. Inclui as opções de enviar mensagem, pedir direções, cliques para aceder ao site ou cliques no número de telefone, por exemplo. Taxa de Resposta e Tempo de Resposta: o primeiro diz respeito à percentagem de mensagens privadas a que a página respondeu. O segundo refere-se ao tempo que a página demorou a responder. PRINCIPAIS MÉTRICAS DO YOUTUBE Seguidores/subscritores: número de fãs de uma página ou de um canal (Youtube, por exemplo). Diz-nos o tamanho da comunidade. Tempo de visualização: refere-se ao total de minutos que o público viu um determinado vídeo ou conjunto de vídeos. É uma métrica essencial pois é decisiva para colocar vídeos com maior tempo de visualização no topo das pesquisas e sugestões. Duração Média de Visualização: tempo médio que os utilizadores viram o vídeo. EXEMPLO: Tempo de visualização (TV) > é um acumulado. Se 5 pessoas viram um vídeo de 1 minuto na sua totalidade, o TV é de 5 minutos. Duração Média de Visualização (DMV) > é uma média. Se 4 pessoas viram 20 segundos de um vídeo e outras 4 viram 40 segundos, a DMV é de 30 segundos. Taxa Média de Visualização: do total do vídeo, indica qual a percentagem que os utilizadores viram. Se a TMV é de 50%, significa que, em média, os utilizadores viram 50% do vídeo. Indica a capacidade que um vídeo tem de reter a atenção e o interesse dos utilizadores. Quanto maior a percentagem, melhor. PRINCIPAIS MÉTRICAS PERFORMANCE DE SITES (GOOGLE ANALYTICS) Utilizadores: número de utilizadores que visitaram o site num determinado período de tempo. É medido com base no IP, por isso, não inclui utilizadores repetidos. Sessões: número de sessões (ou visitas ao site) ocorridas num determinado espaço de tempo. Uma vez que um utilizador pode visitar o mesmo site mais do que uma vez nesse espaço de tempo, este número contém utilizadores repetidos. Duração Média da Sessão: indica quanto tempo, em média, duraram as sessões no período de tempo em análise. Por outras palavras, mede o tempo que, em média, cada utilizador passou no site. Páginas por Sessão: indica o número de páginas que, em média, cada utilizador visitou na mesma sessão. Se um utilizador faz o caminho Homepage > Casacos > Casacos de inverno > Contactos, então ele viu 4 páginas na sua sessão. Taxa de Rejeição: percentagem de utilizadores que entraram e saíram do site sem efetuar qualquer ação, isto é, sem efetuar qualquer clique e sem visitar outras páginas do site. AUDIÊNCIAS VIDEOJOGOS INDICADORES AUDIÊNCIA VIDEOJOGOS Vendas: Número de cópias vendidas em todo o mundo. Horas: Número total de horas de jogo. Jogadores registados: Número de jogadores que criam uma conta/perfil no jogo. Utilizadores Diários Ativos (DAU): Número de utilizadores que acederam ao jogo num dia. AUDIÊNCIAS RELAÇÕES PÚBLICAS INDICADORES AUDIÊNCIAS EM ASSESSORIA Participação/adesão: Número de participantes num evento/ação. Medição (qualitativa e quantitativa) do clipping : Frequência de aparição; tipo de cobertura; atitude do meio; positividade e negatividade, etc. Media Report: Meio de publicação; número de página (imprensa); duração da peça (TV ou rádio) e tamanho da mancha noticiosa. A importância crescente das críticas e dos indicadores qualitativos IMDb Metacritic Tripadvisor Rotten Tomatoes ESTUDOS DE MERCADO OBJETIVOS (Casaroto Filho, N. (2002). Projeto de Negócio – Estratégias e Estudos de Viabilidade. São Paulo: Atlas) Responder às necessidades dos clientes (empresas, organismos políticos, media, etc); Ajudar a comunicar eficazmente os bens e/ou serviços que oferece; Reduzir o risco nas decisões da gestão; Detetar problemas e novas oportunidades de negócio; Controlar e avaliar o grau de penetração de um produto – novo ou já existente – no mercado, a sua imagem e notoriedade. A informação fornecida pelos estudos de mercado permite tomar decisões, com um mínimo de risco, sobre: ─ As características que os produtos ou serviços devem possuir para serem bem aceites pelos consumidores; ─ A política de marketing que a empresa deve implementar, para atingir, eficazmente, aqueles consumidores. 1º Exemplo: P3 Jornal Público Objetivo: criação de um site de informação generalista para jovens que não se identificam com os órgãos de informação; Promotores: um consórcio composto pelo Público, pela Universidade do Porto, pela Faculdade de Letras da UP, pela Faculdade de Engenharia da UP e pelo INESC Porto. Fases: estudo, conceção, validação e testes de usabilidade. 1ª fase: realização de estudos qualitativos, com diferentes segmentos de leitores e não leitores. Objetivo: aferir a oferta atual, a satisfação com a mesma e a diferenciação necessária para a criação de um novo player nos media para este targets. 2ª fase: estudo quantitativo - através da realização de um estudo a mais de 1.000 indivíduos. Objetivo: confirmar e validar conceitos e ideias resultantes da fase qualitativa, conferindo a validação estatística necessária para a definição do produto até ao pormenor, que cobrisse as necessidades dos vários segmentos dentro do target definido. 3ª fase: criação do site do P3, baseado nos resultados dos dois estudos anteriores. 4ª fase: teste de usabilidade, com recurso à inovadora tecnologia Eye Tracking, onde os movimentos oculares dos vários utilizadores foram seguidos em tempo real, observando e analisando-se assim o percurso e comportamento visual de cada utilizador. Objetivo: testar a verdadeira usabilidade, para corrigir possíveis obstáculos ou outras dificuldades na utilização do site. 2º Exemplo Objetivos: Estudar o Facebook e as marcas em Portugal; Dar a conhecer e analisar o site com maior crescimento em Portugal; Servir de suporte às marcas ou empresas que tenham, ou estejam a planear ter, uma página no Facebook como parte da sua estratégia. Questões: “O que procura nas páginas de marcas”; “Motivações para seguir páginas de marcas”; “Que tipo de marcas segue (por sector)”; “Tipo e regularidade de participação nessas páginas”; “Como se tornou fã”. Aspetos considerados: dados de perfil e de acesso à Internet, Redes Sociais, hábitos e atitudes e páginas de marcas no Facebook. ESTUDOS QUALITATIVOS: Sabemos que a realidade é complexa e multifacetada e que a sua compreensão requer abordagens diversificadas que vão desde os Focus Group até à vivência com o consumidor, passando por soluções qualitativas online. MÉTODOS QUALITATIVOS USADOS (Netsonda): Focus Group (Presenciais e Online) Entrevistas individuais, duais e tríades (Presenciais e Online). Observações (ponto de venda, em casa …) Estudos etnográficos (“viver com o consumidor”) Técnicas projectivas e de associação Mapas de posicionamento de marcas e produtos Comunidades de Consumidores (Presenciais e Online) Estudos de usabilidade Workshops Tailor Made ESTUDOS QUANTITATIVOS: num mercado em constante mudança, onde cada consumidor tem uma identidade única e própria, é necessário conhecer o que cada pessoa sente, pensa e como age em cada momento. Exemplo: Lançamento de um novo café gourmet em Braga. Uma empresa pretende abrir uma nova cafeteria especializada em cafés gourmet em Braga e decide realizar um estudo de mercado para avaliar a viabilidade do negócio. Passos para realizar o estudo: 1. Objetivo do Estudo Determinar se há procura por cafés gourmet na região; Identificar o público-alvo mais interessado nesse tipo de produto; Analisar a concorrência e entender as preferências dos consumidores; Avaliar o preço médio aceitável para produtos como cafés especiais, bolos artesanais e produtos complementares. 2. Metodologia Pesquisa Primária Entrevistas e questionários: Aplicados a 300 pessoas de diferentes faixas etárias e níveis socioeconómicos da região escolhida; Perguntas podem incluir: ─ Consome café fora de casa? Quantas vezes por semana? ─ O que considera mais importante numa cafeteria (qualidade, preço, ambiente, localização)? ─ Quanto estaria disposto a pagar por um café gourmet? Resultado esperado: compreender hábitos de consumo e disposição para pagar. Testes de produto: Oferecer degustações gratuitas numa feira local para avaliar a aceitação de diferentes tipos de café e obter feedback sobre o sabor, preço e apresentação. 2. Metodologia Pesquisa Secundária Análise de mercado: Consultar relatórios sobre o mercado de cafeterias em Portugal. Identificar tendências, como o aumento do consumo de café premium ou o crescimento de espaços que combinam cafés com experiências culturais. Análise de empresas concorrentes: Visitar e avaliar 10 cafeterias na área, analisar preços, menus, ambiente e fluxo de clientes. Reunir informações de redes sociais e sites como Google Maps e TripAdvisor sobre as avaliações dos consumidores. (9) ACESSO DOS PÚBLICOS AOS MEDIA: O FOSSO DIGITAL Dependência tecnológica/digital proliferação de dispositivos (imagem das pessoas em 2005 e 2013 a verem as luzes de natal) MUDANÇA Multiplicação dos códigos e sistemas simbólicos, com impacto nas relações sociais (Tornero,200) Todos vivem nesta realidade? Contraste num mundo desigual- crianças no telemóvel e outras sem condições, sem sapatos, etc. A imagem da selfie- menino com um chinelo a imitar o telemóvel. As salas de aula- debaixo de uma árvore. INDICE DE EDUCAÇÃO NO MUNDO - A nível mundial, estima-se que 258 milhões de crianças, adolescentes e jovens (17% do total), não frequentam a escola; - Ainda antes da pandemia, um em cada cinco adolescentes, jovens e crianças estava totalmente excluído da educação; - Em pelo menos 20 países, principalmente na África Subsaariana, dificilmente uma jovem rapariga pobre da zona rural consegue terminar o ensino secundário; - Milhões continuam a ser excluídos do acesso à educação, bem como do sucesso escolar. Entre eles, desproporcionalmente, estão as mulheres; pessoas que vivem na pobreza; minorias étnicas, religiosas e linguísticas; e pessoas com deficiência (UNESCO, 2020). - Em termos gerais, de acordo com a última estimativa da taxa global de literacia, são 750 milhões as pessoas que não são alfabetizadas. Há quase mais 40% de analfabetos com 65 ou mais anos do que analfabetos jovens; - Em termos relativos, os mais velhos têm maior probabilidade de serem analfabetos isolados, a viver em casas com nenhum membro alfabetizado (UNESCO, 2018). INDICE DE EDUCAÇÃO EM PORTUGAL - Em Portugal, a taxa de abandono escolar precoce (18-24 anos) era em 2022 de 6% (sendo de 10% na UE); - A taxa de pré-escolarização (dos 3 aos 5 anos) situa-se nos 93,3%; - No ensino secundário as taxas de conclusão rondam os 43,3%; - No ensino superior o número de estudantes inscritos também temvindo a aumentar, atingindo em 2021/2022 81,1% no público e 18,9% no privado (433 217 estudantes no total). E NO QUE DIZ RESPEITO AO MUNDO DIGITAL? O estudo revela que 5,4 mil milhões de pessoas – cerca de 67% da população mundial - utilizam a Internet. No entanto, cerca de 2,6 mil milhões de pessoas em todo o mundo continuam totalmente offline, sendo a conectividade universal ainda uma perspetiva distante nos países menos desenvolvidos e nos países em desenvolvimento, onde, em média, apenas 36% da população está online. Os jovens continuam a ser a força motriz da conectividade a nível mundial, com cerca de 80% do grupo etário dos 15 aos 24 anos atualmente online. NO MUNDO Dois terços da população mundial utilizam a Internet, mas 2,6 mil milhões de pessoas continuam offline. - Segundo a UIT (União Internacional de Telecomunicações, 2022), a utilização da Internet continua estreitamente ligada ao nível de desenvolvimento de um país. Em 2023, nos países de elevado rendimento, 93% utilizavam a Internet, aproximando-se da universalidade; - Nos países de baixo rendimento, 27% da população utiliza a Internet; - Esta diferença de 66 pontos percentuais reflete a amplitude do fosso digital entre os países e regiões com rendimentos elevados e os países e regiões com rendimentos baixos; - Nos países da Europa, da Comunidade de Estados Independentes (CEI) e das Américas, entre 87% e 91% da população utiliza a Internet, aproximando-se da utilização universal (definida, para efeitos práticos, como uma taxa de penetração da Internet de, pelo menos, 95%); - Aproximadamente dois terços da população dos Estados Árabes e das regiões da Ásia- Pacífico (69% e 66%, respetivamente) utilizam a Internet, em consonância com a média mundial, enquanto a média em África é de apenas 37% da população. - A conetividade universal continua a ser uma perspetiva distante nos países menos desenvolvidos (PMD) e nos países em desenvolvimento sem litoral (PMA), onde apenas 35 e 39% da população está online, respetivamente. - Para a UIT, a falta de investimento em infraestruturas e a baixa promoção de competências e conhecimentos digitais, que leva a um baixo nível de competências em TIC e literacia digital, são os principais obstáculos à consecução de uma conectividade universal e significativa. Em todo o mundo, 81% dos habitantes das zonas urbanas utilizavam a Internet em 2023, em comparação com apenas 50% da população das zonas rurais. O fosso urbano- rural, medido como o rácio entre as duas percentagens, quase não melhorou nos últimos anos, passando de 1,7 em 2020 para 1,6 em 2023. O fosso urbano-rural é menor nas regiões com elevada penetração: o fosso foi quase colmatado na Europa. O rácio é de 1,2 nas regiões das Américas e da CEI, de 1,5 na região da Ásia-Pacífico e de 1,6 na região dos Estados Árabes. Em todas estas regiões, os progressos foram modestos desde o início da década. Em África, o fosso continua a ser grande: 57% dos habitantes das zonas urbanas utilizam a Internet em 2023, em comparação com apenas 23% das pessoas nas zonas rurais, o que reflete um rácio de 2,5 (2,9 em 2020). O mundo precisa de fazer um investimento de pelo menos US$ 428 bilhões até 2030 se quiser levar a internet às populações sem acesso à rede a nível mundial; - Este fosso é agravado ainda pelo chamado fosso digital de género – em todo o mundo, estão conectados mais homens do que mulheres. A rede mundial tem 65% de utilizadoras mulheres 70% de utilizadores homens. - São várias as barreiras da passagem da conectividade básica para a significativa: conexão lenta, pacotes de internet caros, desigualdade digital, barreiras linguísticas e de discriminação de género. E ainda: falta de energia elétrica em muitas partes do mundo O acesso à eletricidade e a aparelhos é altamente desigual entre os países. Em 2021, quase 9% da população mundial – e mais de 70% das pessoas na África Subsaariana rural – não tinham acesso à eletricidade; - Em todo o mundo, uma em cada quatro escolas primárias não tem eletricidade; - Um estudo de 2018 incluindo Camboja, Etiópia, Quênia, Mianmar, Nepal e Níger apontou que 31% das escolas públicas estavam no sistema de energia elétrica e 9% não, e somente 16% usufruíam de fornecimento ininterrupto de energia. FOSSO DIGITAL Fosso mediático: um fenómeno recente? Relação com a pobreza e exclusão social Logro (sociocultural e político) de uma Visão “tecnocêntrica” Refere-se às diferenças entre aqueles que conseguem ter, aceder e usar as tecnologias de informação e de comunicação e os que não conseguem. Da mesma forma que acesso e uso dos media não depende apenas de condições económicas e políticas, mas também de fatores sociais e culturais, também o fosso digital não pode ser apenas considerado do ponto de vista técnico, mas também social e cultural. COMO REDUZIR O FOSSO DIGITAL? Importante desmontar: O MITO DOS NATIVOS DIGITAIS “Em 2020, a literacia digital vai além de se saber “mexer” num computador ou telemóvel e inclui a capacidade de lidar, desde cedo, com os vários desafios sociais da transformação digital. Por exemplo, pesquisar informação de confiança, fintar informação falsa ou construir uma identidade online segura — são áreas que as crianças e os jovens não dominam de forma intuitiva, apesar de serem apelidados de “nativos digitais”. CONDIÇÕES DE ACESSO AOS MEDIA Fatores sociodemográficos: idade (jovens e seniores); Geografia (urbano e rural); Género Fatores culturais: habilitações; background sociocultural; língua Fatores económicos: recursos; situação laboral Fatores políticos: liberdade Necessidades especiais Infraestruturas: possibilidade de acesso físico Disponibilidade financeira: adequação entre o preço do acesso e o dinheiro disponível Autonomia e sustentabilidade: apoio por parte das estruturas de acesso; Competências de uso (e análise) Competências de base: acessibilidade linguística; “ler e escrever”; “capital sociocultural”; Literacia mediática – capacidade de usar, analisar, compreender, produzir e participar

Use Quizgecko on...
Browser
Browser