Aula 01 DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA PDF

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Summary

Esta aula aborda os conceitos de diagnóstico e intervenção em psicologia, com enfoque nas ideias de José Bleger sobre psicologia institucional e psico-higiene. O texto explica como a psicologia institucional se diferencia da psicologia aplicada, e qual a importância da compreensão das relações entre a teoria e prática na atuação do psicólogo.

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DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA Profe: Larissa Freire PROPOSTA DA DISCIPLINA Compreender os aspectos teóricos, éticos e legais para realização de psicodiagnósticos; Conhecer as técnicas usuais de psicodiagnóstico; Conhecer as técnicas d...

DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA Profe: Larissa Freire PROPOSTA DA DISCIPLINA Compreender os aspectos teóricos, éticos e legais para realização de psicodiagnósticos; Conhecer as técnicas usuais de psicodiagnóstico; Conhecer as técnicas de intervenção e as especificidades de aplicação do psicodiagnóstico; Compreender as especificidades do público com o qual se realiza o psicodiagnóstico. Contribuições de José Bleger Bleger (1991) foi um autor, apoiado em Pichon- Rivière, que desenvolveu estudos voltados à compreensão dos grupos nas instituições. José Bleger sempre buscou uma psicologia voltada para a vida diária, fora do consultório. Bleger estudou a psico-higiene e a intervenção institucional do psicólogo. Para Bleger a psicologia institucional nos remete a uma aplicação dos conceitos clínicos e científicos da psicologia em um ambiente onde a complementaridade da atuação na prática nos proporciona um espaço de maior significação social; O objetivo do psicólogo no campo institucional é o da psico-higiene, contribuindo para promoção da saúde e do bem estar da instituição e seus integrantes. O QUE É PSICO- HIGIENE? O conceito de Psico-Higiene, de José Bleger, baseia-se na proposta de que o psicólogo deve ultrapassar a atividade psicoterápica, que visa o doente e a cura, e praticar a psico-higiene, que foca uma população sadia e a promoção da saúde. PSICOLOGIA INSTITUCIONAL Segundo Bleger, a psicologia institucional constitui-se num capítulo novo no desenvolvimento da ciência psicológica; Desta forma, Bleger pontua que "a posição geral sustentada pode se resumir nas seguintes proposições", já dadas a conhecer anteriormente em outra publicação: a) o psicólogo como profissional deve passar da atividade psicoterápica [doente e cura] à da psico-higiene [população sadia e promoção de saúde]; b) Assim, conforme Bleger, fica evidente em seus estudos a importância do equilíbrio na relação teoria-prática, quando se afirma que a prática não é um desmembramento sujeitado à ciência, mas, ao contrário, o seu núcleo vital; bem como a investigação científica não está acima ou para além da prática, porém inserida no curso da mesma; Ambos devem estar interligados inseparavelmente. O autor vai mais além quando ressalta que a psicologia institucional não representa uma extensão da psicologia aplicada, e sim um campo psicológico de extraordinário avanço tanto no aspecto investigativo quanto no desenvolvimento da prática profissional da psicologia. Progressivamente, para o autor a psicologia institucional pode ser assim desenhada quanto à sua atuação: a) âmbito psicossocial [indivíduos]; b) âmbito sócio-dinâmico [grupos]; c) âmbito institucional [instituições]; d) âmbito comunitário [comunidades]. Portanto, o que vem a ser psicologia institucional? Em resumo, segundo Bleger (1991, p. 37) "a psicologia institucional caracteriza-se pelo âmbito (as instituições) e por seus modelos conceituais; dentro de sua estratégia inclui-se, como parte fundamental, o enquadramento da tarefa e a administração dos recursos". Há dois princípios essencialmente interligados: a) toda tarefa precisa ser empreendida e entendida em função da unidade e da totalidade institucional; b) cabe ao psicólogo considerar a diferenciação entre psicologia institucional e o trabalho psicológico dentro de uma instituição. Quanto aos objetivos da instituição e do psicólogo, o livro ressalta que ambos têm que ser perfeitamente conhecidos como prerrogativa de um ponto de partida para um trabalho profissional. Salienta ainda o autor que o psicólogo precisa ter em mente sempre que o motivo de uma consulta não é o problema de fato, mas sim um sintoma do mesmo. Mais especificamente, os objetivos do psicólogo devem focar: a) demarcação geral da sua tarefa; b) aceitação ou não dos objetivos da instituição; c) diagnóstico dos objetivos particulares. A propósito, o objetivo final do psicólogo institucional configura-se num objetivo de psico- higiene, ou seja, a obtenção da melhor organização e condições as quais possam promover saúde e bem-estar dos integrantes da instituição. Ainda com relação aos objetivos do psicólogo, Bleger afirma que o profissional não se deve aceitar jamais um trabalho em uma determinada instituição cujos objetivos conflitam com os dele. Em psicologia, a ética precisa coincidir com a técnica; Finalmente, é enfatizado textualmente que, aceitando o psicólogo os objetivos de uma instituição, significam apenas uma condição para o enquadramento de sua tarefa, mas os objetivos da instituição não são seus objetivos profissionais. para Bleger, o modelo do enquadramento consiste numa indagação operativa, cujos passos podem ser assim descritos: a) observação de acontecimentos e seus detalhes; b) compreensão do significado dos fatos; c) inclusão dos resultados desta compreensão; d) consideração do passo anterior como uma hipótese. As técnicas do enquadramento podem ser definidas como "o conjunto de operações e condições que conduzem a estabelecer o enquadramento e que constituem também uma parte do mesmo" (p. 47); a) Atitude clínica: identificação com os fatos e pessoas, mas a possibilidade da manutenção de certa distância para evitar implicação pessoal. b) Estabelecimento de relações claras e profissionais. c) Esclarecimento do caráter da tarefa profissional. d) Não realização de tarefas com grupos da instituição que não manifestarem aceitação correspondente. e) Não admissão de imposições. f) Segredo profissional e estrita lealdade. g) Limite de contatos extra-profissionais. h) Abstinência de partido profissional. i) Não aceitação de função diretora, administrativa nem executiva. j) Responsabilidade compartilhada. k) Não formar superestruturas que se desgostem outras autoridades. l) Não fomentar a dependência psicológica. m) Estrito controle da informação. n) Não usar como índice de avaliação o progresso da instituição. o) Fazer compreender os fatores em jogo. p) Contar sempre com a presença da resistência. q) "Uma instituição não deve ser considerada sadia ou normal quando nela não existem conflitos, e sim quando a instituição pode estar em condições de explicitar seus conflitos e possuir os meios ou a possibilidade de arbitrar medidas para sua resolução" (p. 50). r) Não aceitar a estipulação de prazos fixos para tarefas e resultados. Bleger define "grau de dinâmica" não como a ausência de conflitos, e sim pela possibilidade da explicitação, manejamento e resolução dentro dos limites institucionais. Ou seja, a patologia do conflito se refere não apenas à existência do conflito, mas com a ausência dos recursos necessários para a sua resolução. Destaca em seu livro, que a estereotipia constitui numa das defesas institucionais mais comuns frente ao conflito; Desta forma, cabe ao profissional em psicologia institucional ser um verdadeiro agente de mudança e catalisador de conflitos; E reconhecer os mecanismos e não agir em função deles, mas sobre eles, modificando-os. Prosseguindo, o autor distingue conflito, problema e dilema. O primeiro representa as forças controvertidas no interjogo; O segundo, tem a possibilidade de se transformar em conflito e finalmente o último é tido como uma opção irreconciliável. O que se entende por psicologia das instituições? Bleger (1991, p. 55) responde: "o estudo dos fatores psicológicos que se acham em jogo na instituição, pelo mero fato de que nela participam seres humanos e pelo fato da mediação imprescindível do ser humano para que ditas instituições existam”. Considerando que quanto mais integrada a personalidade, menos dependente do suporte institucional, e vice-versa, deduz-se que toda instituição é mais do que um instrumento de organização, regulação e controle social; é na verdade, um instrumento de regulação e de equilíbrio de personalidade. Ademais, se levarmos em conta que as organizações institucionais são depositárias das partes mais imaturas da personalidade e fonte de infelicidade e distorção psicológica dos indivíduos, cabe ao psicólogo focar a estrutura alienada da instituição e trabalhar para que a organização institucional seja o meio de enriquecimento e desenvolvimento da personalidade. Bleger (1991, p.60) afirma que "é na instituição hospitalar onde a psicologia institucional provou até agora ser um dos campos onde se torna muito proveitosa sua utilização". Este tipo de instituição, segundo o autor, é menos conflituosa para o próprio psicólogo em relação à sua ideologia bem como, aos seus objetivos. Finalmente, toda empresa tem como objetivo fundamental, de uma ou de outra maneira, um incremento de sua produtividade; Melhor dito, de suas utilidades; Do psicólogo se espera, explícita ou implicitamente, uma condução das relações humanas que leve a esta finalidade. Em nenhum caso o psicólogo deve se situar como agente ou promotor da produtividade, porque não é esta a sua função profissional; seu objetivo é a saúde e o bem-estar dos seres humanos, o estabelecimento ou criação de vínculos saudáveis e dignificantes. Seus objetivos podem levar tanto a um aumento da produtividade ou dos benefícios como a uma diminuição da mesma, de maneira passageira, transitória ou estável, mas em nenhum caso é isto o que mede a eficácia de sua tarefa. Em qualquer situação, deve-se salientar que o psicólogo deve trabalhar com exclusividade segundo os seus objetivos e rechaçar tarefas incompatíveis aos seus propósitos; E sua finalidade última é buscar na psico-higiene a promoção da saúde dos indivíduos e seus respectivos grupos. Hodiernamente, a importância do conhecimento das implicações da fundamentação da psicologia institucional assume feições de caráter essencial à medida que o contexto da atuação do profissional em psicologia avança sem precedentes na história recente das instituições. Promover a saúde destes indivíduos é procurar a sanidade institucional seja qual for o contexto no qual o psicólogo esteja situado. PSICODIAGNÓSTICO: CARACTERIZAÇÃO O processo psicodiagnóstico é um processo científico e, como tal, parte de perguntas específicas, cujas respostas prováveis se estruturam na forma de hipóteses que serão confirmadas ou não através dos passos seguintes do processo; Geralmente, tem-se um ponto de partida, que é o encaminhamento; Qualquer pessoa que encaminha um paciente o faz sob a pressuposição de que ele apresenta problemas que têm uma explicação psicológica; O esclarecimento e a organização das questões pressupostas num encaminhamento são tarefas da responsabilidade do psicólogo. Desta forma, a entrevista psicológica partindo de um pressuposto etimológico, é uma “visão entre”, que perpassa, que passa através de duas ou mais pessoas; A entrevista torna-se assim uma troca, um diálogo (uma palavra entre dois), uma relação, uma comunicação, um encontro, enfim, as conceituações são tantas quantas são os(as) autores(as) que se debruçam sobre o tema. COMO FUNCIONA O PSICODIAGNÓSTICO? A partir de estratégias cientificamente desenvolvidas e reconhecidas pela profissão, o psicólogo levanta elementos que o permitem levantar indicativos para a avaliação de um quadro atual. IMPORTANTE: avaliação psicológica não é sinônimo de psicometria. Em uma avaliação psicológica é importante o uso de mais de uma estratégia. PARA QUE(M) O PSICÓLOGO FAZ PSICODIAGNÓSTICO? Identificação da condição psíquica e comportamental do sujeito (paciente/cliente). Identificação, sob demanda, do perfil psicológico mais adequada a uma data situação. Avaliação de capacidades, habilidades, déficits. A ENTREVISTA PSICOLÓGICA Uma das principais estratégias de diagnóstico psicológico. Para Bleger (1998), a entrevista psicológica pode ser definida como "uma relação humana na qual um dos integrantes deve procurar saber o que está acontecendo e deve atuar segundo esse conhecimento“. A entrevista psicológica pode ser: Fechada (estruturada). Aberta (semiestruturada). OBJETIVOS DA ENTREVISTA PSICOLÓGICA Anamnese: tem por objetivo reconstruir a história do sujeito. Orientação: julgar suas aptidões para uma aprendizagem. Seleção: Sondar as aptidões para um emprego. Entrevista preliminar a uma psicoterapia: indicação e para o tratamento de sujeitos que sofrem distúrbios psíquicos e/ou relacionais. A ENTREVISTA E O PSICODIAGNÓSTICO A entrevista é uma das principais estratégias do psicodiagnóstico. Num processo de avaliação psicológica, ela pode vir em qualquer ordem das etapas, e mesmo ser repetidas para esclarecimentos de pontos não elucidados. A devolutiva de um psicodiagnóstico é feito em forma de entrevista final ou entrevista de devolutiva. ETAPAS DO PSICODIAGNÓSTICO Conhecer a demanda (encaminhamento, busca espontânea, etc). Elaborar hipóteses. Traçar estratégias (entrevistas, testes, etc.). Corrigir e avaliar os instrumentais utilizados. Cruzar os dados. Elaborar psicodiagnóstico. Relatar em forma de laudo, parecer e/ou entrevista devolutiva. REFERÊNCIAS BLEGER, J. O grupo como instituição e o grupo nas instituições. In: KAËS, R. et al. (Orgs.). A instituição e as instituições. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1991.

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