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Universidade de Stanford

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psicologia social comportamento humano situação experiência

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Este documento discute o Poder da Situação, um conceito da psicologia social que estuda o impacto das situações nos comportamentos. O estudo da prisão de Stanford, por exemplo, demonstra como um ambiente prisional simulada pode induzir comportamentos inesperados.

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O Poder da Situação Em abril de 2004, mais de um ano após o início da guerra no Iraque, o programa 60 minutos expôs as atrocidades de soldados americanos contra prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib. Todo o mundo ficou horrorizado e supôs imediatamente que os soldados que cometeram esses...

O Poder da Situação Em abril de 2004, mais de um ano após o início da guerra no Iraque, o programa 60 minutos expôs as atrocidades de soldados americanos contra prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib. Todo o mundo ficou horrorizado e supôs imediatamente que os soldados que cometeram esses actos eram “maçãs podres”, excepções/desvios do normal. Será?... Vejamos um estudo feito décadas antes na Universidade de Stanford (Haney, Banks, e Zimbardo, 1973). Os Papéis Sociais O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Zimbardo (1973) estava interessado em descobrir se a brutalidade frequentemente relatada acerca dos guardas nas prisões americanas era devido à personalidade sádica dos guardas (ou seja, disposição/personalidade) ou ao ambiente prisional (ou seja, situacional). Para estudar a influência dos papéis que as pessoas desempenham em situações de prisão, Zimbardo converteu uma cave do edifício de psicologia da Universidade de Stanford numa prisão simulada. Ele anunciou o estudo e pediu voluntários para participar num estudo sobre os efeitos psicológicos da vida prisional. Os candidatos responderam ao anúncio e fizeram entrevistas de diagnóstico e testes de personalidade para eliminar candidatos com problemas psicológicos, deficiências médicas ou história de crime ou abuso de drogas. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Os participantes foram aleatoriamente designados para o papel de prisioneiro ou guarda (moeda ao ar). A simulação da prisão era o mais próximo possível do real: Os prisioneiros eram tratados como qualquer outro criminoso, sendo presos nas suas próprias casas, sem aviso prévio, e levados para a esquadra de polícia local. Eles foram fotografados e cadastrados. Depois foram vendados e conduzidos à prisão simulada, com portas e janelas com barras, paredes nuas e celas pequenas. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Aqui começou o processo de desindividuação (destituir o indivíduo da sua identidade e humanidade): Quando os prisioneiros chegaram à prisão, foram despidos até ficarem nus, todos os seus pertences pessoais foram removidos e trancados, e receberam roupas de prisão e roupa de cama. A sua identidade era apenas um número: Cada prisioneiro tinha que ser chamado apenas pelo seu número de identificação e só podia se referir a si mesmo e aos outros prisioneiros por número. As suas roupas incluíam uma camisa com o número escrito nela. Também tinham uma touca/rede para cobrir o seu cabelo e uma corrente em torno do tornozelo. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Os guardas estavam vestidos com uniformes idênticos, tinham um apito ao pescoço e um bastão da polícia. E usavam óculos de sol especiais, para evitar o contacto visual com prisioneiros. Três guardas trabalhavam turnos de oito horas (enquanto os outros guardas permaneciam de plantão). Os guardas foram instruídos para fazer tudo o que achassem necessário para manter a lei e a ordem na prisão e para obter o respeito dos prisioneiros. Violência física não era permitida (supostamente…) Zimbardo, o investigador, observava o comportamento dos prisioneiros e guardas, e fazia o papel de director da prisão. Em muito pouco tempo, os guardas e os prisioneiros começaram a comportar-se de acordo com os seus novos papéis… O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Impor a autoridade: Pouco tempo após o início da experiência, alguns guardas começaram a assediar os prisioneiros. Às 2:30 da manhã, os prisioneiros foram despertados do sono com apitos fortes para a primeira de muitas "contagens". As contagens serviam como uma forma de familiarizar os prisioneiros com os seus números. Mais importante ainda, proporcionavam uma oportunidade regular para os guardas exercerem controlo sobre os prisioneiros. Os prisioneiros também adoptaram um comportamento semelhante ao de um prisioneiro real. Falavam sobre questões de prisão e não da sua vida real fora da prisão. Começaram a tomar as regras da prisão muito a sério. E alguns até começaram a aliar- se aos guardas contra prisioneiros que não obedeciam às regras. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Punição física: Os prisioneiros eram provocados com insultos e ordens absurdas, recebiam tarefas inúteis e aborrecidas para realizar, e geralmente eram desumanizados. Flexões eram uma forma comum de punição física imposta pelos guardas. Os guardas pisavam as costas dos prisioneiros enquanto eles faziam flexões ou faziam com que outros prisioneiros se sentassem nas costas dos companheiros prisioneiros. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Afirmar a independência: Porque o primeiro dia passou sem incidentes, os guardas ficaram surpresos e totalmente desprevenidos com a rebelião que aconteceu na manhã do segundo dia. Durante o segundo dia do estudo, os prisioneiros removeram as suas toucas, rasgaram os seus números e barricaram-se dentro das celas, colocando as suas camas como barreira contra a porta. Os guardas pediram reforços. Os outros guardas que não estavam de serviço permaneceram voluntariamente em serviço para ajudar a controlar o motim. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Eliminar a rebelião: Os guardas retaliaram usando um extintor de incêndio que disparou um jacto gelado de dióxido de carbono e forçaram os prisioneiros para longe das portas. De seguida, os guardas invadiram cada cela, despiram os prisioneiros e tiraram as camas. Os líderes da rebelião dos prisioneiros foram colocados em confinamento solitário. Depois disso, os guardas começaram a assediar e intimidar os prisioneiros frequentemente. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Privilégios especiais: Uma das três celas foi designada como uma "cela privilegiada". Os três prisioneiros menos envolvidos na rebelião receberam privilégios especiais. Os guardas deram-lhes os uniformes e as camas e deixaram-nos lavar os cabelos e escovar os dentes. Os prisioneiros privilegiados também comiam comida especial na presença dos outros prisioneiros que perderam temporariamente o privilégio de comer. O efeito foi romper a solidariedade entre os prisioneiros. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) As consequências da rebelião: Nos próximos dias, as relações entre os guardas e os prisioneiros mudaram. Lembrem-se que os guardas estavam em controlo e os prisioneiros eram totalmente dependentes deles. À medida que os prisioneiros se tornaram mais dependentes, os guardas mostravam mais desprezo e ridicularizavam-nos mais. E à medida que o desprezo dos guardas aumentava, os prisioneiros tornaram-se mais submissos. Por sua vez, quando os prisioneiros se tornaram mais submissos, os guardas tornaram-se mais agressivos e assertivos. Exigiram uma maior obediência dos prisioneiros. Os prisioneiros eram dependentes dos guardas para tudo, tentando encontrar maneiras de os agradar, como denunciar os prisioneiros companheiros. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) O Prisioneiro 8612: A menos de 36 horas desde o início da experiência, o prisioneiro 8612 começou a sofrer de uma aguda perturbação emocional, pensamento desorganizado, choro e raiva incontroláveis. Depois de uma reunião com os guardas, onde eles lhe disseram que ele era fraco, o prisioneiro começou a agir de forma louca, a gritar, praguejar, e entrou numa fúria fora de controlo. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) A visita dos pais: No dia seguinte, os guardas realizaram uma hora de visita para pais e amigos. Eles estavam preocupados que se os pais vissem o estado da prisão, eles pudessem insistir em levar os seus filhos para casa. Os guardas lavaram os prisioneiros, limparam e arrumaram as celas, alimentaram-nos com um grande jantar e até passaram música no altifalante. Após a visita, espalhou-se um rumor de um plano de fuga dos prisioneiros. Os guardas voltaram a aumentar o nível de assédio, forçando os prisioneiros a fazerem trabalho servil e repetitivo, como limpar a casa de banho só com as mãos. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) O padre: Zimbardo convidou um padre católico que havia sido um capelão numa prisão para avaliar a realidade da situação. Metade dos prisioneiros apresentaram-se espontaneamente pelo seu número em vez do nome. O capelão entrevistou cada prisioneiro individualmente. Enquanto falava com o padre, o prisioneiro # 819 quebrou e começou a chorar histericamente. Enquanto isso estava acontecendo, um dos guardas alinhou os outros prisioneiros e mandou-os cantar em voz alta: “O prisioneiro # 819 é um mau prisioneiro” O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Os psicólogos tentaram fazê-lo concordar com abandonar o estudo, mas ele disse que não podia sair, porque os outros o classificariam como um mau prisioneiro. O Zimbardo disse: "Ouça, você não é # 819. Você é [o nome dele], e meu nome é Dr. Zimbardo. Eu sou um psicólogo, não um superintendente da prisão, e isto não é uma prisão real. Isto é apenas uma experiência, e aqueles ali são apenas estudantes, não prisioneiros, tal como você. Vamos." Vídeo stanford prison exp https://www.youtube.com/watch?v=oAX9b7a gT9o 0.45 – 7.17 O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) O fim da experiência: Zimbardo tinha pretendido que o estudo durasse duas semanas, mas ao sexto dia foi forçado a terminar. Christina Maslach, um dos investigadores que realizava entrevistas com os guardas e prisioneiros, opôs-se fortemente quando viu os prisioneiros serem abusados ​pelos guardas. Mais de 50 pessoas de fora visitaram a prisão durante o estudo, mas ela foi a única que questionou a sua moralidade. O próprio Zimbardo observou mais tarde (2008): "Não foi até muito mais tarde que eu percebi o quão longe eu próprio tinha ido no meu papel - que eu estava a pensar como um director de prisão e não como um psicólogo investigador". O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Conclusão: As pessoas conformam-se facilmente aos papéis sociais que desempenham e à situação. O ambiente "prisional" foi um factor importante na criação do comportamento brutal dos guardas (nenhum dos participantes que agiram como guardas mostrou tendências sádicas antes do estudo). Estes resultados suportam uma explicação situacional e não disposicional do comportamento. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Depois de o estudo terminar, Zimbardo entrevistou os participantes. Um guarda disse: “Fiquei surpreso comigo mesmo. Fiz-lhes chamar uns aos outros nomes e limpar a casa de banho com as mãos. Eu considerava os prisioneiros gado”. A maioria dos guardas achou difícil de acreditar que se tinham comportado de um modo tão brutal. Muitos disseram que não sabiam que esse lado deles existia ou que eles eram capazes de tais coisas. Os prisioneiros também não podiam acreditar que haviam respondido de forma tão submissa e dependente. Vários afirmaram ser tipos assertivos normalmente, fora daquele contexto. O estudo da Prisão de Stanford (Zimbardo) Agora considerem as consequências psicológicas de despir, desparasitar, rapar as cabeças, e fardar prisioneiros ou membros das forças armadas. Que transformações ocorrem quando as pessoas passam por uma experiência como essa? Certas características do estudo da prisão de Stanford podem ajudar a compreender consequências bem reais no mundo: Algumas sociedades vão à guerra sem que os guerreiros/soldados mudem a sua aparência, enquanto noutras há transformações ritualísticas de aparência, por exemplo, com pinturas ou máscaras. O antropólogo John Watson (1974) examinou dados de 23 sociedades e descobriu que as sociedades em que há transformação da aparência dos guerreiros são mais violentas (números de homicídio, tortura e mutilação) Altruísmo Os estudos anteriores mostraram que a situação – mais do que a pessoa – determina o mal que fazemos. E o bem: é determinado pelo tipo de pessoas que somos e os valores que temos, ou pela situação em que estamos? Outros Exemplos do Poder da Situação Darley e Batson (1973) – O estudo do Bom Samaritano: Perguntaram a seminaristas sobre a base da sua orientação religiosa, i.e., se se dedicavam à religião como um meio para a salvação pessoal ou por verdadeiros valores morais e espirituais. Depois pediram a cada seminarista para ir a outro edifício fazer um sermão sobre o tema do Bom Samaritano, e disseram-lhes o caminho mais fácil para lá chegar. Alguns foram informados de que tinham muito tempo para lá chegar, enquanto outros foram informados de que já estavam atrasados ​e se deveriam apressar. No caminho, cada um dos seminaristas passou por um homem que estava sentado com a cabeça baixa, tossindo e gemendo, e obviamente a necessitar de ajuda. A questão é: Quem parou para ajudar? Aqueles que estavam mais motivados por valores de ajuda e serviço aos outros? Outros Exemplos do Poder da Situação A natureza da orientação religiosa não previu o comportamento de ajuda; mas a situação (pressa) sim – e muito! Outros Exemplos do Poder da Situação A ironia da situação: O sermão que os seminaristas iam fazer era sobre a parábola do bom samaritano, uma história da Bíblia em que um viajante foi atacado por ladrões, despojado de suas roupas, espancado e abandonado na beira de uma estrada entre Jerusalém e Jericó. O homem, claramente, precisava de ajuda. Na parábola, um padre passa pelo homem mas não o ajuda. Depois um Levita (clero israelita) passa pelo homem mas também não o ajuda. Até que um samaritano (um povo com uma má relação com os judeus) se aproxima, e socorre o homem. É irónico que dois homens religiosos não tivessem conseguido mostrar compaixão, enquanto um estranho improvável o fez. É mais irónico ainda que os pps deste estudo estivessem a pensar nesta história sobre ajudar o próximo e não o tenham feito. Outros Exemplos do Poder da Situação A Presença de Outras Pessoas: Um factor importante que influencia se as pessoas param para ajudar outros é a presença de outras pessoas. A intervenção do espectador (bystander) refere-se a ajudar alguém quando testemunhamos uma emergência. Os estudos de Latané revelam que as pessoas são menos propensas a ajudar quando outras pessoas estão por perto. Ironicamente, a presença de outros espectadores em situações de emergência reduz a probabilidade de ajuda por causa de uma difusão de responsabilidade: Sabendo que os outros viram a situação, cada espectador tende a assumir que eles vão intervir, e, portanto, cada pessoa sente-se menos responsável por ajudar. E também procuramos inferir do comportamento dos outros as normas do que se deve ou não fazer numa dada situação. Vídeo bystander effect https://www.youtube.com/watch?v=OSsPfbu p0ac&ab_channel=Coolpsychologist Outro exemplo: Peter Singer Ted Talk https://www.youtube.com/watch?v=Diuv3XZ QXyc 0 - 01’20 Outros Exemplos do Poder da Situação Isto foi o caso no assassinato de Kitty Genovese: A 13 de março de 1964, um homem perseguiu-a enquanto caminhava para casa em Nova York, e atacou-a perto do seu apartamento, esfaqueando-a no peito. Quando ela gritou por ajuda, abriram-se várias luzes e janelas dos vizinhos. Da janela do sétimo andar, um só vizinho gritou: "Deixa a rapariga em paz!" Ele fugiu, mas voltou logo a seguir, alcançando a sua vítima numa escada do seu prédio, onde a esfaqueou oito vezes e a violou. Trinta e oito (!!!) vizinhos admitiram ter ouvido gritos, mas nem uma só pessoa interveio para além do vizinho que gritou. Difusão de responsabilidade: os vizinhos podem ter visto as luzes dos outros apartamentos acesas, ou podem ter visto outras pessoas à janela, assumindo que alguém ajudaria. No fim ninguém fez nada. Outros Exemplos do Poder da Situação A presença de outras pessoas: Um dos estudos mais conhecidos sobre o efeito da presença de outras pessoas no comportamento altruísta foi inspirado pela tragédia de Kitty Genovese – O estudo de Darley e Latané (1968): Os pps sentaram-se em cubículos separados, discutindo os problemas associados à vida num ambiente urbano, através de um sistema de intercomunicação, o qual apenas permitia que um pp falasse ao mesmo tempo. Um deles (um comparsa) mencionou que tinha problemas ocasionais com convulsões epilépticas, especialmente quando estava sob stress. À medida que falava, tornou-se cada vez mais incoerente, engasgou-se e começou a sufocar, pediu ajuda e disse que estava a morrer, até que se quedou silencioso. Outros Exemplos do Poder da Situação A presença de outras pessoas: Numa condição, foi dito aos pps que o seu grupo de discussão consistia em apenas duas pessoas (eles e a vítima). Noutra condição, a conversa seria entre três pessoas (o pp, a vítima e outra pessoa). E noutra condição ainda, a conversa aparentemente envolvia seis pessoas (o pp, a vítima, e outras quatro pessoas). A questão era se os pps deixariam os seus compartimentos para ajudar a vítima, que presumivelmente estava a morrer. Resultados: 85% dos pps saíram das cabines na condição de duas pessoas (e demoraram 52 segundos em média). vs. 62% quando estavam três pessoas (93 segs)! vs. 31% quando estavam seis pessoas (166 segs)!! E medidas de personalidade não previram a ajuda ao outro!!! Outros Exemplos do Poder da Situação A presença de outras pessoas: Vários outros estudos investigaram esta questão: É mais provável que as pessoas ajudem alguém quando outras pessoas estão por perto ou quando estão sozinhas? Latané e Darley (1968): Os pps estavam numa sala com fumo. A probabilidade de avisar outras pessoas que poderia haver fogo era maior quando estavam sozinhos do que quando estavam com outras pessoas, principalmente outras pessoas passivas. O mesmo em várias situações (ver alguém desmaiar no metro, ou testemunhar um roubo; Latané & Nida, 1981): As pessoas ajudam mais quando estão sozinhas do que na presença de outros. Aqui está outro exemplo em que o bem ou mal que fazemos é determinado pela situação, independentemente da nossa personalidade, valores ou intenções. Outros Exemplos do Poder da Situação O efeito da disposição (mood) no comportamento de ajuda: Um estado de humor positivo (e.g., estar feliz) promove comportamentos como contribuir com dinheiro para instituições de caridade (Cunningham, Steinberg, & Grev, 1980; Isen, 1970) ou para crianças necessitadas (Rosenhan, Underwood, & Moore, 1974), ou doar sangue (O'Malley & Andrews, 1983), ou ajudar um estranho na rua (e.g., que deixou cair uma pilha de papéis à nossa frente; Isen & Levin, 1972). - mesmo que esse estado de humor seja apenas o resultado de manipulações subtis da situação e não o resultado de diferenças estáveis na personalidade ou valores. Ex.: no estudo de Isen e Levin (1972) o estado de humor era induzido por coisas tão triviais como comer uma bolacha (dada por outra pessoa) ou encontrar uma moeda num telefone público. Outros Exemplos do Poder da Situação Podemos usar este conhecimento sobre o poder da situação. Especificamente, podemos mudar a arquitectura da situação para mudar o comportamento (nudge): Johnson e Goldstein (2003): Doação de órgãos Mas nós não percebemos o poder da situação Quando as pessoas sabem dos estudos clássicos que vimos, atribuem imediatamente à personalidade dos pps, e descontam o poder da situação. Ex., observadores externos dos estudos de Milgram atribuem o comportamento dos pps à sua maldade: Bierbrauer (1979): Os pps viram uma reconstituição dos estudos de Milgram, e avaliaram a pessoa no papel do professor. Essa pessoa era vista como tendo mais traços negativos (e.g., agressão e autoritarismo) do que a média. Safer (1980): Os pps viram um vídeo das exps de Milgram e estimaram os níveis de choque seriam administrados se esses constrangimentos estivessem ausentes. Apesar de a ênfase do filme no facto de serem os constrangimentos situacionais que induziam a obediência, os pps sobrestimaram largamente os níveis de choque administrados sem pressão. I.e., achavam que o comportamento dos professores tinha sido da sua vontade. Mas nós não percebemos o poder da situação Grzyb & Dolinski (2017): Os pps leram uma descrição detalhada da experiência de Milgram, e fizeram uma previsão sobre o ponto em que 1) eles e 2) o pp médio cessaria a sua participação. Os pps acreditavam que eles cederiam à obediência menos do que a média das pessoa, i.e., o ponto estimado de cessação foi maior para o outro do que para o próprio. Este resultado também se verificou naqueles que já conheciam o estudo de Milgram mesmo antes do estudo. Aliás, o resultado com esses indivíduos foi ainda mais curioso: Em contraste com participantes ingénuos (que não conheciam o estudo à partida), eles julgavam que a pessoa média cederia mais à obediência, mas não que eles próprios o fizessem. I.e., a estimativa para o outro aumentou, mas não para o próprio, aumentando assim a superioridade assumida sobre os outros (eu ≠ outros). (resultado replicado por Bègue & Vezirian, 2023) Mas nós não percebemos o poder da situação O mesmo para o estudo do bom samaritano: Pietromonaco e Nisbett (1982) pediram aos pps para lerem sobre este estudo e os seus resultados – recapitulando: a) o nível de pressa teve uma grande influência sobre se os seminaristas paravam ou não para ajudar o homem em apuros; b) variáveis de personalidade não tiveram influência. Depois pediu-se que previssem a taxa de ajuda para outras situações semelhantes. Resultados: Mesmo estando informados, estes pps a) previram que a situação tivesse pouca influência (previram uma pequena diferença entre a situação em que a pessoa estava com pressa e a situação em que não estava com pressa); e b) continuaram a acreditar que variáveis de personalidade seriam determinantes! Mas nós não percebemos o poder da situação E o mesmo para o conformismo: Pronin, Berger e Molouki (2007): As pessoas não reconhecem que o seu comportamento é influenciado pelo gosto e escolhas dos outros, mas rapidamente reconhecem essas influências no comportamento dos outros (“alone in a crowd of sheep”). Os pps avaliaram a sua susceptibilidade, em comparação com a média das pessoas, a vários exemplos de conformismo (e.g., a influência dos gestos dos parceiros de conversa nos seus próprios gestos, a influência do comportamento de outros alunos na propensão para fazer perguntas na sala de aula, a influência no comportamento de limpeza e arrumação dos outros no refeitório, a influência dos outros condutores na nossa velocidade e cortesia ao volante, a influência dos pares no consumo de álcool). Os pps reconheciam essas influências nos outros, mas não em si. Porque é que não compreendemos o poder da situação? O Erro Fundamental de Atribuição Mas nós não percebemos o poder da situação O erro fundamental de atribuição: Fazemos atribuições simplistas sobre o comportamento dos outros meramente com base na sua personalidade: se ele deu um choque de 450 V, deve ser mau! No seu livro “O Efeito Lucifer” (2007), Zimbardo argumentou que, embora o mal seja frequentemente causado por forças situacionais (coerção, normas culturais, ou influência de pares), as pessoas são muitas vezes incapazes de detectar a influência da situação, e fazem atribuições simplistas do comportamento dos outros, referindo-se aos traços de personalidade. Erro fundamental de atribuição: Ao explicar o comportamento dos outros, as pessoas focam-se em causas disposicionais, ignorando forças situacionais. O poder da situação é invisível! Atribuições que têm em conta a situação são cognitivamente mais exigentes e apenas são possíveis quando há tempo, motivação e recursos cognitivos (Gilbert & Malone, 1995). Mas nós não percebemos o poder da situação Exemplo (wikipedia): Considerem a situação em que a Alice, uma condutora, é rudemente ultrapassada pelo João, que corta a fila. A Alice atribui o comportamento do João à sua personalidade: ele só pensa em si mesmo, ele é egoísta, ele é um idiota, ele é um mau condutor. Não lhe ocorrem explicações situacionais perfeitamente plausíveis para o mesmo comportamento: ele está atrasado e vai perder o seu vôo, a sua esposa está a dar à luz no hospital, a sua filha está com uma emergência médica na escola. Ironicamente, numa situação em que a Alice comete o mesmo erro, ela justifica-se com causas situacionais – ex.: está atrasada para uma entrevista de emprego, vai levar o filho a uma consulta. Ela não pensa que tenha um defeito nas suas características internas. Não lhe ocorre pensar o mesmo que pensou da outra pessoa com o mesmo comportamento: Eu sou tão idiota, eu trato os outros com desprezo, eu sou má condutora. Mas nós não percebemos o poder da situação Estudo clássico de demonstração do EFA: Jones e Harris (1967) Os pps leram ensaios pró e contra Fidel Castro escritos por outras pessoas e pediram-lhes que avaliassem as atitudes dos escritores face a Fidel Castro. Quando os sujeitos acreditavam que os escritores escolheram livremente as suas posições pró ou contra Castro, eles naturalmente classificaram as pessoas que falavam a favor de Castro como tendo uma atitude mais positiva em relação a ele. No entanto, quando os sujeitos foram informados de que as posições dos escritores tinham sido determinadas por moeda ao ar, eles continuaram a avaliar os escritores que falaram a favor de Castro como tendo, em média, uma atitude mais positiva em relação a Castro do que aqueles que falaram contra ele. Noutras palavras, não consideraram a influência das restrições situacionais colocadas sobre os escritores. Mas nós não percebemos o poder da situação Outro estudo clássico de demonstração do EFA: Ross et al. (1977) Alunos universitários participaram aos pares num jogo de trivia. O lançamento de uma moeda atribuía a um deles o papel de “questionador” que tinha de preparar 10 perguntas de conhecimento geral “difíceis, mas justas”, do tipo usado nos programas de TV, e depois fazer essas perguntas ao outro participante, o “questionado”. A única ressalva era que o questionador tinha que saber a resposta. Os questionados respondiam a cada pergunta em voz alta. O questionador dizia “correcto” ou fornecia a resposta quando, como era frequentemente o caso, o questionado não acertava. Quando lhes pediram para avaliar a inteligência e conhecimento do questionador, quer os questionados quer observadores neutros acharam-no muito mais competente do que eles mesmos. Uma vez mais, não consideraram a influência das restrições situacionais. Pensem nas vantagens e desvantagens conferidas pelos papéis que desempenhamos (e.g., professores vs. alunos, empregadores vs. candidatos a emprego). Mas nós não percebemos o poder da situação O mesmo acontece com as pessoas que ouvem acerca dos estudos de Milgram ou Zimbrado, ou que ouvem acerca das atrocidades cometidas em Abu Ghraib: atribuem imediatamente o mal ao carácter das pessoas e não consideram a influência de pressões situacionais. Tais explicações disposicionais são simplistas e perigosas, na medida em que nos desresponsabilizam e nos cegam para o facto de que a maioria das pessoas na mesma situação talvez fizesse o mesmo. Crença no Mundo Justo Um aparte: Vimos que uma maneira de fazer sentido do sofrimento causado por X a Y é atribuir o comportamento de X à sua maldade, descontando forças situacionais. Outra maneira de fazer sentido da maldade é culpar Y, a vítima! Lerner (1980): As pessoas têm uma necessidade de acreditar num mundo justo, no qual coisas boas acontecem a pessoas boas e coisas más acontecem a pessoas más. Quando essa crença é ameaçada por um evento em que, por ex., uma coisa má aconteceu a uma pessoa boa (e.g., uma mulher foi violada), uma das maneiras de resolver essa dissonância é atribuir parte da culpa à mulher (e.g., provocação, descuido), e assim a pessoa é julgada como menos boa. Crença no Mundo Justo Em 1966, Lerner e Simmons fizeram um estudo para investigar as respostas dos observadores à vitimização. Especificamente, os pps assistiam a um confederado a receber choques elétricos. Inicialmente, os pps ficavam perturbados ao observar o alegado sofrimento. Mas, à medida que o sofrimento continuava e os observadores permaneciam incapazes de intervir, eles começavam a derrogar a vítima, achando-a menos agradável e digna de admiração, interesse e afecto, e menos interessante de conhecer. Esta derrogação foi tanto maior quanto maior o sofrimento observado. I.e., incapazes de resolver a angústia da situação terminando com ela, resolveram-na ao mudar a sua interpretação da mesma e do carácter da vítima. O Impacto destes Estudos Os estudos clássicos sobre conformidade, obediência e apatia do espectador iluminaram aspectos importantes da natureza humana. Foram surpreendentes porque desferiram um rude golpe na sabedoria convencional de que as pessoas agem de forma independente, que resistem a ordens malignas da autoridade, e que na sua maioria estariam prontamente dispostas a ajudar outras pessoas numa emergência. A mensagem desses estudos deixou as pessoas a questionar-se: E se fossem elas? Teriam a força para fazer o que é correcto numa situação difícil? O Impacto destes Estudos Ao descrever a sua investigação sobre a obediência à autoridade, Milgram escreveu: “a psicologia social deste século revela uma lição importante: muitas vezes, não é tanto o tipo de pessoa que um homem (ou mulher) é, como o tipo de situação em que ele(a) se encontra, que determina como ele(a) irá agir” (1974, p. 205). Estas palavras revelam o cerne da psicologia social, particularmente 2 pontos fundamentais: 1) as influências situacionais sobre o comportamento são frequentemente muito maiores do que o senso comum ditaria; mas 2) enquanto percipientes sociais que tentam compreender o mundo, os indivíduos tendem a descontar o impacto de variáveis situacionais no comportamento dos outros e a assumir que factores disposicionais como a personalidade estão por detrás do comportamento dos outros. Interaccionismo Ao contrário do que se poderia esperar com base nas teorias vigentes, a Psicologia da Personalidade nos anos 70 descobriu que a consistência inter-situacional do comportamento é extremamente baixa (e.g., Bem & Allen, 1974). O paradoxo da personalidade: Como é que pode haver personalidade (um núcleo definido e estável de traços e disposições) se o nosso comportamento é tão variável? A solução: Mesmo a concepção da personalidade deve ter em conta o poder da situação. A personalidade só tem valor preditivo se se tiver em conta a situação específica. Interaccionismo Existem duas explicações possíveis para o comportamento, ou porque as pessoas fazem o que fazem em qualquer situação: 1. O comportamento é função dos traços de personalidade 2. O comportamento é função das forças situacionais Há verdade em ambas as afirmações. Ex.: as pessoas comportam- se de forma diferente em funerais do que em eventos desportivos, pelo que a situação influencia o comportamento. Algumas pessoas, no entanto, são consistentemente calmas e silenciosas, mesmo em eventos desportivos, enquanto outras pessoas são conversadoras ​e sociáveis, mesmo em funerais. Estes exemplos demonstram a influência da personalidade. A maneira de integrar estes dois pontos de vista é pensar que o comportamento é uma função da interação entre traços de personalidade e forças situacionais. Interaccionismo Considerem, por exemplo, a característica de ter um temperamento ou “cabeça quente”, uma tendência para responder de forma agressiva a pequenas frustrações. Esta característica pode apenas ser expressa nas condições situacionais certas, como em situações frustrantes. Se uma pessoa está frustrada por uma situação (por exemplo, uma máquina de venda automática recebe o dinheiro da pessoa mas não lhe dá o produto) e a pessoa tem um temperamento quente (personalidade), então ela poderá explodir. Qualquer explicação do porquê dessa pessoa ficar chateada tem que considerar ambas as situações particulares (por exemplo, frustração) e traços de personalidade (temperamento quente). Interaccionismo Esta perspectiva chama-se interacção pessoa-situação, ou interaccionismo, ou ainda assinatura "Se..., Então..." (Walter Mischel) – ex.: "Se a situação é frustrante, e se a pessoa tem um temperamento quente, então a agressão será o resultado". Na visão interaccionista, alguns traços apenas se manifestam em determinadas situações. Considerem a característica da ansiedade de teste: Um jovem pode ser geralmente descontraído e confiante. Contudo, em condições situacionais muito específicas, como quando ele tem de fazer um exame importante, ele fica muito ansioso. Este exemplo ilustra como determinadas situações muito específicas podem provocar comportamentos que, de outra forma, não são habituais no indivíduo. Interaccionismo Algumas interacções característica-situação são raras porque os tipos de situações que provocam comportamentos relacionados a esses traços são raros. Daí concluirmos que as pessoas dos estudos de Milgram são inerentemente maldosas. Ex.: o homem que se atirou para a linha de metro para proteger outra pessoa foi julgado um herói, mas foi a situação excepcional que permitiu a manifestação desse traço. Sem essa situação, ele teria passado a vida toda sem o seu heroísmo se manifestar. Interaccionismo Um exemplo da interação pessoa X situação é fornecido num estudo de Moskowitz (1993): Acredita-se geralmente que os traços de personalidade associados a dominância (a disposição para tentar influenciar ou mandar nos outros) e a simpatia (ser cordial e agradável para os outros) são diferentes entre géneros, sendo os homens mais dominantes do que as mulheres e as mulheres mais simpáticas e amistosas ​que os homens (Eagly, 1987). No entanto, o estudo de Moskowitz mostrou que esses traços interagem com a situação: as mulheres são mais amigáveis ​que os homens, mas apenas quando interagem com outras mulheres, não com homens; e os homens são mais dominantes do que as mulheres, mas apenas quando interagem com um amigo do mesmo sexo, não com estranhos. Interaccionismo Porém, algumas situações são tão fortes, no entanto, que quase todas as pessoas reagem da mesma maneira. Certas situações fortes, como funerais, a morte de um ente querido, ou elevadores sobrelotados, parecem provocar a uniformidade de comportamento. Em contraste, quando situações são fracas ou ambíguas, a personalidade tem maior influência no comportamento. Interaccionismo Concluindo, o poder da situação não mais pôde ser ignorado a seguir aos estudos seminais da psicologia social. Os psicólogos da personalidade desistiram da esperança de prever todas as pessoas em todas as ocasiões, independentemente da situação. Porque é que resistimos ao situacionismo? Mas ainda que as pessoas sejas levadas a acreditar em abstracto no situacionismo e interaccionismo, elas resistem à ideia de que também elas teriam comportamentos questionáveis se postas em determinada situação – por exemplo no estudo de Milgram. Os estudos situacionistas que temos revisto são perturbadores. Uma razão para isto é que eles parecem questionar o nosso pressuposto de que nós somos agentes livres e responsáveis, que devem ser louvados ou punidos pelo bem ou mal que fazem. De facto, se agimos da maneira que agimos principalmente por causa de factores situacionais, então em que medida é que as nossas acções são decididas por nós (uma questão sobre liberdade), e em que medida é que elas revelam a nossa moralidade (uma questão sobre responsabilidade)? E se fossem vocês? Teriam dado choques no estudo de Milgram? Teriam sido um guarda brutal no estudo de Zimbardo? Teriam parado para ajudar no estudo de Darley e Batson? Voltemos à pergunta: E se fossem vocês? Milgram pediu a um grupo de potenciais pps para preverem o que eles fariam na situação de obediência, poucos previram que administrariam o nível de choque máximo, quando na verdade sabemos que 67% dos pps o fizeram/fariam. Simples demonstrações de sala de aula revelam o mesmo: Mesmo quando a situação é descrita em detalhe e os estudantes sabem que 67% dos indivíduos obedeceriam à ordem para dar o choque, praticamente todos acreditam que desobedeceriam a tal ordem. E se fossem vocês? Sherman (1980) comparou as previsões de um grupo de pps acerca do que fariam vs. o comportamento de outro de pps. Ele verificou 1) que as previsões das pessoas são erradas e que subestimam em larga medida o poder da situação: os pps previram que poucos deles acederiam a determinados pedidos, quando na verdade houve um grande N de pessoas que acederam a esses pedidos (outras pessoas numa condição controlo). Mas 2) esses erros de previsão eliminavam-se a si mesmos: depois de terem previsto que não acederiam a um pedido/ordem, quando foram testados na realidade, de facto não acederam. Mas se não tivessem passado pela tarefa de previsão, teriam acedido ao pedido e sucumbido à pressão da situação. E se fossem vocês? Eu perguntei-vos se vocês dariam o choque máximo na tarefa de Milgram e a esmagadora maioria disse que não. Em parte estão certos, mas apenas porque passaram pela aula e pela tarefa de prever o que fariam. Mas se tivessem sido sujeitos desde logo (i.e., sem previsão) à tarefa, não há nenhuma razão para acreditar que o vosso comportamento seria diferente do dos pps nos estudos clássicos (que têm sido frequentemente replicados). Ou seja, vocês acham agora que seriam incapazes de executar ordens imorais (e provavelmente agora seriam), mas há 2 semanas atrás a maioria de vocês teria cedido à pressão situacional. E na maioria das vezes a vida real confronta-nos directa e imediatamente com a situação, sem oportunidade para fazer previsões prévias. E se fossem vocês? As pessoas acreditam que são fortes e independentes e prevêem que se recusariam a aceder a pedidos ou pressões sociais para executar comportamentos sociais indesejáveis. Na realidade, quando essas mesmas pessoas são confrontadas com pedidos, elas geralmente estão bastante dispostas a concordar em ter comportamentos socialmente indesejáveis ou reprováveis. E se fossem vocês? E Sherman (1980) também provou que, da mesma forma que subestimamos o mal que faríamos quando confrontados com um pedido/ordem de alguém, também sobrestimamos largamente o bem que faríamos, i.e., o nosso comportamento moral (recordem-se do estudo do bom samaritano). Em ambos os casos, negligenciamos o poder da situação. Os estudos de Sherman mostram-nos que, apesar de frequentemente termos boas intenções, nem sempre agimos de acordo com as mesmas. E se fossem vocês? Já que a pergunta “e se fossem vocês?” deixou de ser justa no vosso caso, deixo-vos com duas outras perguntas: 1) E as outras pessoas em geral na população? A maioria delas seria hoje capaz de fazer o mesmo que os pps nos estudos clássicos? I.e., uma boa pessoa seria capaz de fazer más coisas sob pressão situacional? 2) Agora pensem numa pessoa querida (parceiro, familiar próximo ou melhor amigo). E se fossem eles?...

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