Formação de Impressões: Mecanismo Essencial (PDF)

Summary

Este documento discute a formação de impressões, um processo crucial para a interação social, baseado na aparência física, comportamentos, estereótipos e julgamento de personalidade. São abordados os fatores que influenciam a qualidade desse processo, como a semelhança entre observador e alvo e a experiência do observador. São discutidos erros comuns de julgamento, como o efeito halo, e também a organização da informação pelo observador, bem como os diferentes processos envolvidos, como a influência gestaltista, o efeito de primazia, e teorias implícitas sobre a personalidade.

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Formação de impressões: mecanismo essencial para o convívio em sociedade Pistas para a formação de impressões: - aparência física das pessoas -comportamentos -identidades pessoais -estereótipos O observador como juiz de personalidade: teoria que preocupa em saber quais as caraterísticas que existe...

Formação de impressões: mecanismo essencial para o convívio em sociedade Pistas para a formação de impressões: - aparência física das pessoas -comportamentos -identidades pessoais -estereótipos O observador como juiz de personalidade: teoria que preocupa em saber quais as caraterísticas que existem num observador que faça com que a sua formação de impressões fosse de qualidade Condições de que favorecem um bom julgamento: -semelhança e relação entre o observador e alvo -confiança no próprio julgamento -ausência de impressão prévia -motivação para realizar julgamento Condições de que favorecem um bom julgamento relacionado com o observador: -Inteligência do observador -Experiência de julgamento -Complexidade de personalidade -Afastamento emocional -Ajustamento social, etc Erros de julgamento relevantes: -Efeito Halo é a propensão para julgar o outro de forma genérica, negativa ou positiva. -Erro lógico é a inferência de um atributo a partir de outro quando os dois não estão necessariamente ligados O observador como organizador da informação(influência gestaltista): -Esta abordagem centra-se no estudo sobre como diferentes peças de informação se organizam no sentido de formar uma impressão unificada de uma pessoa. 1.ª investigação: Se um traço pode mudar a imagem unificada, significa que o todo é mais do que a soma dos elementos/ informação dada Traços centrais: –maior influência sobre a formação de impressões, em torno do qual se forma uma imagem unificada Traços periféricos: –pouca influência no processo de formação de impressões – por exemplo: traço cuidadoso-descuidado 2.ª investigação Efeito de primazia: - Organização das informações tem peso: mesmos atributos, mas em ordem diferente, um começando bem e o outro começando mal. O significado de um traço é influenciado pela imagem organizada pelos traços até então conhecidos Processo top-down: - A partir de UM ÚNICO traço, definimos os outros, se acharmos que ela é antipática, vou adaptar tudo o que ela me mostra dela para relacionar com ser antipática. Vou a adaptar a minha formação de impressão dali em diante, integrando a informação anterior. O processo de formação de impressões implica um processo guiado concetualmente – experiência do efeito de primazia. Processo bottom-up: - Conheço ela toda e só depois formo impressão. O processo de formação de impressões implica um processamento orientado pelos dados – experiência caloroso/frio Teorias implícitas da personalidade (TIP): - Uma TIP é uma teoria ingénua do observador acerca da personalidade dos outros. Necessidade de explicar como se faz generalizações, inferências para outros traços - Ao formar impressões, o observador faz inferências para além da informação dada, com base no conhecimento e inferências que foi fazendo ao longo da vida. Princípio da consistência: – inferência de traços da mesma valência (positivos com positivos e negativos com negativos) – inferência unidimensional - Inferência bidimensional: mediante traços sociais/ relacionais e traços intelectuais. Teorias da integração da informação(teoria cognitivista): -O observador como integrador da informação -Fazemos proporções de peso na nossa cabeça dos diferentes traços, e depois obtemos uma impressão final equilibrada -A impressão é influenciada pelo contexto, não é fixa. O traço central depende do contexto - Modelos de soma e modelos de média- a imagem global formada baseia-se na média da combinação de traços ou na acumulação de itens -Posição do traço numa dimensão psicológica (e.g. social vs intelectual) -Centralidade da dimensão para formação de impressão Cognição social e formação de impressões- Processamento de informação mediante 3 fases: - Perceção: percebo a pessoa de forma seletiva, segundo o que corresponde a 1 impressão que tenho (mas pode ser por top-down ou bottom-up - Codificação: Transformamos a informação adquirida e percebida em estruturas simbólicas com significado -A informação codificada é cognitivamente processada por processos de elaboração e organização relativamente ao conhecimento prévio - Resulta em representações cognitivas da informação em memória - Recuperação: Vou utilizar/recuperar a informação que foi armazenada, com base nas representações cognitivas. Necessidade de recorrer a pistas para formação de impressões: Priming/ primação: -aplicabilidade é a semelhança do construto/ representação acessível com o alvo de julgamento -abiguidade, quanto maior for a ambiguidade da informação sobre o alvo, mais os primings determinam o processo de formação das impressões -intervalo, efeito de priming mais próximo determina mais os processo de formação de impressões do que mais longe em termos temporais -especificidade e transferência de processamento, quanto mais próximo for o priming do processo implicado na formação de impressões, mais eficaz é -cronicidade, quanto mais se utiliza um construto no dia a dia mais este construto é utilizado para a formação de impressão-priming espontâneo contaminação, quando se dão conta da contaminação no julgamento, no sentido de evitar a contaminação (quando se apercebem do priming), ou por serem influenciados pelo priming. Expectativas- uma forma de priming: -Expectativas que as pessoas possuem sobre alguém ou sobre uma situação são o principal priming. São a antecipação face a uma situação e isto determina o tipo de impressões que vamos fazer. Funcionam como priming espontâneo. Geram o efeito da incongruência- Traços ou comportamentos de um alvo não compatíveis com a expectativa não encaixam na representação mental organizada que existe sobre o alvo Modelo de memória das pessoas: modelo de relação entre memória e julgamento: - Quando aparece uma informação incongruente, por ex antipática (comparo todos os eventos que passei com a pessoa, ela sempre foi simpática), então isso que aconteceu foi devido a um fator externo. Identifica a informação inconsistente e atribui-lhe causas externas(não altera a formação de impressão formada) (a impressão apenas muda se os momentos de alteração começarem a ser o constante) Modelo TRAP: modelo de como fazemos julgamentos, relação entre memória e julgamento. Processos utilizados na rede associativa: -Processos envolvidos na recordação de informação: é um processo exaustivo de recuperação de itens de forma não seletiva – também são recordados os incongruentes - Processos envolvidos nos julgamentos: como são genéricos, não é necessária a busca exaustiva – informação é seletiva porque apenas os confirmatórios são evocados através das associações verticais Atribuição Causal: Atribuições causais ajudam no dia a dia, a dar significado ao dia a dia controlar a nossa experiência social, função adaptativa. Dentro da atribuição de causas a fatores externos O "Homem comum como cientista ingénuo" descreve a tendência humana de analisar o mundo social de forma sistemática, buscando significados para prever e controlar o ambiente. Atribui-se prioridade à causalidade pessoal, explicando ações com base nas disposições dos indivíduos. Há uma distinção entre causas pessoais e situacionais, influenciando a perceção social. Esses processos refletem interações complexas entre fatores internos e externos. A perceção do mundo social é semelhante à do mundo físico, com categorização e inferências. Estímulo distal- vamos fazer uma perceção seletiva do que vemos, que vai influenciar na forma como vamos interiorizar a informação, vamos negligenciar algumas informações conforme a nossa 1. ª impressão. Estímulo torna-se proximal (Mediação). A partir do processo de codificação criamos uma imagem neuronal conforme o quadro de referência existente na cabeça e assim chegamos ao percepto final (julgamento final). Aquilo que julgo/interpreto não tem nada a ver com o estímulo/com a realidade 1.º Constância percetiva- percebemos as coisas sempre da mesma forma 2.º Inconsciência dos processos mediadores- não temos noção de que estamos a alterar a realidade Causa pessoal: A mesma causa pessoal leva sempre ao mesmo efeito, mesmo em circunstâncias diferentes. Causa/ produção situacional: Situacional/Produção local- A mesma causa situacional pode levar ao mesmo efeito independentemente das pessoas envolvidas. Uma situação específica gera comportamentos iguais a pessoas diferentes. Processos relevantes para a atribuição de responsabilidade ao ator: -Associação: atribuição de responsabilidade quando se associa comportamento com causa pessoal -Produção efetiva: o comportamento é realizado pelo ator – agente instrumental -Antecipação das consequências: quando se pensa que o ator poderia ter antecipado as consequências do comportamento -Intencionalidade: o ator teve intenção de realizar o comportamento que realizou e de produzir o efeito que obteve -Justificação: se o contexto pressiona ou não para que o indivíduo realize o comportamento Modelo de covariação kelley: -O homem comum vai à procura de invariantes (coisas que não variam) para prever consequências do seu comportamento e dos outros - Maior interesse em locus de causalidade -há um Princípio de covariação (que nos ajuda a tomar decisões se o comportamento é por causas externas ou internas)= condição presente quando efeito presente, e condição ausente quando efeito ausente Consenso(sobre pessoas): - pessoas comportam-se da mesma forma face a um estímulo (atribui-se a causa ao estímulo) = Alto consenso - apenas uma pessoa se comporta de tal forma face a um estímulo (atribui-se a causa ao ator) = Baixo consenso Distintividade(sobre o estímulo): - Pessoa se comporta da mesma forma com diferentes estímulos= Baixa distintividade (atribuição ao ator) - pessoa se comporta de forma diferente com diferentes estímulos (alguém com personalidade mais insegura, vai se comportar conforme as pessoas do grupo)= Alta Distintividade (atribuição ao estímulo) Consistência (é sobre o momento): - Pessoa sempre tem o mesmo comportamento com o mesmo estímulo em diferentes situações= Alto consenso (atribuição ao ator) - Pessoa muda o comportamento face ao mesmo estímulo, mas numa situação diferente= Baixo consenso (atribuição ao estímulo) Modelo de Weiner: - Baseou-se na teoria de Heider (homem como cientista ingênuo para controlar o seu redor), mas aplicou à realização pessoal: atribuição de sucessos e fracassos) -Atribuições internas e externas (Heider)= Locus de controlo -Estabilidade das causas (Heider): -Atribuição INTERNA e ESTÁVEL= capacidade -Atribuição EXTERNA e ESTÁVEL= dificuldade da tarefa -Atribuição INTERNA e INSTÁVEL= Esforço, motivação -Atribuição EXTERNA e INSTÁVEL: Sorte Inclusão de uma 3.ª dimensão: controlabilidade da causa: -Atribuição INTERNA, ESTÁVEL e INCONTROLÁVEL: capacidade -Atribuição INTERNA, CONTROLÁVEL e INSTÁVEL= esforço e -motivação Atribuição EXTERNA, INSTÁVEL e INCONTROLÁVEL= sorte -Atribuição EXTERNA, ESTÁVEL e CONTROLÁVEL= dificuldade da tarefa Efeitos observados na literatura: -self-serving ou group-serving bias: Atribuição interna dos sucessos e externa dos fracassos dos seus grupos e próprios e vice-versa para os outros grupos/outros indivíduos (fracasso dos outros a causas internas e sucesso a causa externas) -Controlabilidade pessoal: Self-serving dá uma sensação de autoeficácia, consigo controlar o meu sucesso, e as minhas falhas não são culpa minha, são culpa do contexto -Estabilidade: permite prever o resultado futuro, por exemplo, “da próxima vez me esforçarei mais” ou “sei que sou capaz de conseguir” -Atribuição causal reações emocionais e comportamentais: - Fracasso atribuído a causas internas e controláveis gera raiva e agressividade sobre o causador - Fracasso atribuído a causas incontroláveis leva a piedade e vontade de ajudar o alvo (Gestão de comportamentos): -mecanismos que as pessoas utilizam para gerir a própria imagem, mostrar que o fracasso é devido ao acaso e os sucessos devido ao nosso esforço Modelos de inferência correspondente: -No caso das atribuições serem internas com consequências conhecidas, 1.º observamos comportamento, depois vamos ter acesso ao conhecimento das consequências do ato e capacidades do ator, e depois fazemos a atribuição do ator. Tenta perceber quais os processos envolvidos quando as atribuições são internas- fazemos uma correspondência entre ação, intenção e disposição. Fazemos um trabalho cognitivo quase de trás para frente. -Processo 1 observa o comportamento, -Processo 2 vou buscar o conhecimento que tenho, consequências que esse comportamento teve-análise -processo 3 atribui a intenção que o autor teve ou não, e por último inferimos se a causa era do autor ou da situação -A intenção pode até não ser consciente, mas tem de resultar de livre arbítrio, sem pressões situacionais- e assim inferimos que a atribuição é interna e controlável (Atribuição interna controlável) Critérios envolvidos na inferência: -Efeitos não-comuns são mais informativos para inferência -Desejabilidade social dos efeitos: Se o efeito é indesejável, é mais informativo do que se for desejável: indivíduos com atitudes pro vs anti-racistas– o que é mais informativo? -Liberdade de escolha: se pessoas tiverem liberdade de escolha, isso diz muito mais em comparação às pessoas que não tem -Relevância hedônica: comportamento/impacto positivo diz menos sobre o ator do que quando há consequência negativa no ponto de vista do observador -Personalismo: tendência a inferência correspondente (acho que é inferir que comportamento é interno e controlável) quando a consequência tem impacto sobre o observador Erro fundamental da atribuição e o enviesamento correspondente: -Tendência dos observadores para subestimarem a importância de fatores situacionais e sobrestimarem os disposicionais na atribuição do comportamento - Pessoas não levam em conta o critério de livre escolha previsto por Jones e Davis para inferência correspondente Cognição social: Foco na sequência de processos cognitivos - heurística da ancoragem e ajustamento: pessoas preferem fazer ancoragem das suas atribuições internas, é mais proveitoso para elas - modelo de quattrone: Primeiro as pessoas tendem a fazer uma inferência e depois ajustam conforme a informação adicional vinda do contexto Processos cognitivos automáticos sobre os quais não temos consciência: -O paradigma de recordação com pistas– traços de personalidade são codificados simultaneamente com os comportamentos -O paradigma de ganhos de reaprendizagem– quando os participantes aprenderam relações entre comportamentos e atores, a codificação e recordação de traços correspondentes é mais eficaz do que de traços não correspondentes (ocorre um processo de formação de impressões). -O paradigma dos falsos reconhecimentos– frases implicativas de traços levam a mais falsos reconhecimentos de alvo-traço Modelo sequencial da atribuição (modelo integrador): -Primeiro há o comportamento observado. -Depois categorizamos o comportamento e categorizamos como disposicional - leva a erro de atribuição e podemos fazer uma correção situacional (ao contrário da categorização disposicional, que é automática, este processo é controlado) -A inferência comportamento-traço é tão forte que a correção situacional não tem grande efeito em contrariar a inferência Estrutura e dinâmicas de grupos Existem várias perspetivas de estudo sobre os grupos: -Perspetiva funcional: Estudo de small groups research. O grupo tem uma função específica para seus membros e membros tem uma função específica para o grupo. Como alterar hábitos mediante processos grupais- estudo encontrou que a interação entre os indivíduos na tomada de decisão grupal alterava hábitos individuais enquanto o simples conhecimento não (Lewin) - SYMLOG= SYstematic MultiLevel Observation of Groups): método de observação grupal com múltiplos observadores e análise da consistência entre observadores- categorização de comportamentos observados. O grupo não é a soma das partes, cada membro tem o seu contributo para o grupo de forma diferente - Perspetiva psicodinâmica Teve influência de Freud- grupo como um ser em si, algo real por si só. Debruçou-se sobre os processos afetivos dos grupos- metodologia muito baseada na observação de grupos terapêuticos ou de grupos de organizações. Teoria acabou por morrer -Perspetiva da identidade social Teoria da identidade social- definição de grupo baseada no processo de categorização social (grupos são psicológicos) e em processos de grupo enquanto definidor do autoconceito dos indivíduos por oposição a outros grupos. Significados que os membros têm dos grupos sociais, as suas identificações com esses grupos. Podemos interpretar grupos como fanatismos. A interação entre indivíduos não é fundamental para que os grupos existam -Perspetiva simbólico-interpretativa Foco na construção social dos grupos e estuda o significado que os grupos têm para os seus membros, criados por meio de símbolos e da linguagem. Tentar perceber como o conhecimento é partilhado em si, qual a função dele tipos de grupos: -intimidade: Pequena dimensão, longa duração, pouca permeabilidade, interação face-a-face, elevada coesão e forte identificação -grupos de trabalho: Pequena dimensão, permeabilidade moderada, elevada interação entre membros, focada nos objetivos coletivos -categorias sociais: Grande dimensão, longa duração, baixa permeabilidade e baixa interação -agregadores dispersos: Dimensão média ou elevada, elevada permeabilidade, fraca interação entre membros -grupos transitórios: Pequena a média dimensão, duração breve, elevada permeabilidade, fraca interação funções essenciais dos grupos: -informativa: clarificação sobre a realidade, definição de expectativas, adequação das próprias condutas às normas grupais ou às expectativas grupais -Interpessoal: definição do próprio valor pessoal, segurança e proteção, autoestima, reconhecimento social, poder, etc. -Material: coordenação social para a realização de objetivos pessoais e coletivos (desde mais profundos como sobrevivência, até mais específicos ao grupo) -identidade: Crenças sobre si e outros enquanto membros de um mesmo grupo, Necessidade de pertença, Perceção sobre si por comparação com outros pertencentes a outros grupos – diferenciação e comparação intergrupal Abordagens teóricas e metodológicas sobre os grupos O estudo dos grupos na PS adotou duas abordagens principais: -Estrutura intragrupal (conflito intragrupal e desempenho de grupo): relações dos membros- atração e semelhança papéis grupais normas interação e comunicação para realização de tarefas e alcance de objetivos tomada de decisão comparação entre resultado indivíduo/grupo características da vida emocional reação ao desvio -Relações intergrupos (conflitos intergrupos e estereótipos) Atração e afiliação interpessoal, coesão e conformidade Teoria propõe que as pessoas vão tentar se unir ao grupo se: - já se identificam de alguma forma com o grupo -considerarem que são semelhantes às pessoas que pertencem ao grupo -pensam que vão conseguir alcançar os seus objetivos se pertenciam ao grupo fases de desenvolvimento dos grupos: 1. Formação- dependência: há interesse em toda a gente em formar grupo, mas não há muita realidade social 2. Conflito: eu quero fazer assim e você de outro jeito, discussão das crenças e objetivos que o grupo vai defender 3. Estabelecimento de normas: estabilidade quando se resolvem os conflitos, serve para valores serem respeitados 4. Execução: começam a se implantar as normas 5. Adiamento- encerramento: grupo vai para um novo ciclo, recomeça, passa por novas fases. Há análise retrospetiva sobre o grupo Relevância na homogeneidade grupal – fundamental para a própria sobrevivência do grupo e para o alcance dos objetivos grupais: realidade social e locomoção grupal socialização grupal: -como os grupos reagem a comportamentos divergentes dos próprios indivíduos -Membro prospetivo Antes de entrar num grupo vai haver uma fase de investigação para ver se gosto do grupo. -O grupo também tem que fazer investigação -Membro noviço: Entrada de um grupo é uma mudança tão grande na nossa vida que temos que fazer a nossa parte para fazer valer a pena a tomada de decisão, Adaptamo-nos à socialização -Membro pleno direito: A partir do momento em que já sabemos como funciona, conhecemos as normas, a coisa fica mais fácil- sentimos a pertença por PLENO DIREITO- grupo espera que já saibamos as coisas -Membro marginal: se existir uma quebra no compromisso (pode não acontecer)- relacionada a indivíduos que se individualizam, começa a desinvestir no grupo, e o grupo percebe. (Pode voltar ao grupo ressocialização) Ex-membro: pode sair fisicamente do grupo e adquire esse estatuto e serve como exemplo- sentido bom ou má (recordação) rituais de iniciação-positivos ou negativos -Função para os indivíduos: identidade social início da socialização (expectativas e competências requeridas) reforço do empenho e lealdade em relação ao grupo -função para o grupo: estabelecimento da fronteira grupal primeiro contacto com cultura grupal diferenciar-se de outros grupos desencadear lealdade nos novos membros ou avaliar o seu desejo de se tornar membro rituais de realização-são positivos -Função para os indivíduos: autonomização perante tutoria desempenho de papéis centrais para o grupo representação do grupo reforço identitário -Função para o grupo: exemplo a outros membros menor vigilância sobre o membro reforço das expectativas normativas do grupo reforço da realidade social do grupo rituais de rotulação-são negativos -Função para os indivíduos rotulados Saliência da conduta esperada desempenho de papéis menos relevantes (ou negativos) para o grupo ressocialização -Função para o grupo: diagnóstico de desvio alteração do estatuto dentro do grupo manutenção da ordem interna no grupo exemplo aos outros membros rituais de expulsão-são negativos -Função para os indivíduos a expulsar: saliência da conduta esperada abandono psicológico ou físico do grupo -Função para o grupo: redefinir fronteiras grupais “purificar” o grupo exemplo aos outros membros/ memória grupal brainstorming é um processo criativo que estimula o compartilhamento de ideais e filtra as mais relevantes para o problema. -Grupos nominais (conjunto de desempenhos individuais) mais eficazes do que grupos em brainstorming:. Preocupação com julgamentos. Preguiça social. Regressão para a média. Bloqueamento de produção individual levam a ilusão da eficácia dos grupos:. Um grupo produz mais ideias do que um único indivíduo. Mais divertido, maior satisfação. O grupo é visto como confirmando as suas ideias O pensamento grupal, por ser tão homogéneo, toma uma decisão estúpida, que pode até envolver mortes. -Fatores:. Vontade de chegar a uma decisão unânime. Coesão grupal excessiva. Isolamento do grupo. Falta a informação externa de estabelecimento de procedimentos-padrão para tomar decisões e de liderança que os promova. Homogeneidade ideológica dos membros -sintomas:. Sentimento de invulnerabilidade. Sentimento de que o grupo está inquestionavelmente correcto (moralidade). Tendência a ignorar (esquecer ou perder) informação contrária à decisão do grupo (mindguards). Pressão (real e subjectiva) sobre os dissidentes. Estereotipia (negativa) dos indivíduos não membros. Unanimidade assumida polarização grupal: -Geralmente, os grupos são mais conservadores e cautelosos nas suas decisões do que os indivíduos que os compõem Este fenómeno pode estar relacionado com conformidade e influência social. No entanto, existem situações em que acontece o contrário: o grupo toma decisões mais extremas e arriscadas do que a média das decisões individuais -fatores:. Argumentos persuasivos- influência a partir de novas informações que apoiam as suas ideias. Comparação social/valores culturais- procura de valorização social e evitamento de desaprovação à volta dos valores socialmente desejáveis.. Auto-categporização social- fenómeno de conformidade à norma específica do grupo Papeis grupais: São criados ao longo do tempo da existência do grupo, em interação com o contexto, dependendo das necessidades do grupo Papeis sócio emocionais: Ajuda a regular as ações do grupo e a satisfazer as necessidades emocionais dos membros:. Recompensa os outros através do seu acordo e avaliação positiva. Medeia os conflitos entre os membros. Muda a sua posição para reduzir conflito dentro do grupo. Suaviza a comunicação estabelecendo procedimentos para contemplar a participação de todos. Expressa padrões de avaliação para o processo grupal. Aponta os aspetos positivos e negativos da dinâmica do grupo. Aceita as ideias dos outros e serve de audiência para o grupo. Mostra solidariedade, aumenta o estatuto dos outros. Contribui para diminuir a tensão no grupo -papéis negativos:. Mostra tensão, pede ajuda e retira-se da situação problemática. Discorda, mostra rejeição passiva. Mostra antagonismo, desvaloriza o estatuto dos outros, e individualiza-se do grupo processos sócio emocionais: 1. Eficácia grupal – crença coletiva acerca da capacidade do grupo para concretizar tarefas específicas e alcançar objetivos específicos (Bandura, 1997) 2. Coesão grupal – atração entre membros, atividades do grupo e prestígio e orgulho pelo grupo 3. Emoções grupais– dirigidas ao grupo (orgulho, vergonha), clima emocional (positivo vs negativo) face a dinâmicas grupais (conflito, sucesso grupal, etc.) 4. Conflitos intragrupais– desacordos relativamente a estratégias de locomoção grupal, da realidade social; estratégias de “resolução” de conflitos; conflitos construtivos e destrutivos tipos de tarefas grupais: -aditiva: desempenho consiste na soma das contribuições dos membros -disjuntiva: o desempenho depende do desempenho do melhor membro do grupo -conjuntiva: o desempenho do grupo depende do pior desempenho dos membros do grupo -compensatória: o desempenho do grupo depende da média dos desempenhos -dicricionária: o desempenho depende de contribuições negociadas entre os membros Liderança: Autocrático, democrático e “laissez faire -dimensões de comportamento da liderança:. Orientação para a tarefa. Orientação para o relacionamento -Crédito idiossincrático os papeis grupais (funções): - Divisão do trabalho dentro do grupo - Fornecem uma autodefinição e um estatuto ao indivíduo dentro do grupo - Fornecem expectativas sociais claras aos indivíduos sobre como funcionar enquanto membros do grupo - Mecanismos de regulação dos comportamentos dos membros do grupo (Controlo social): Normas e valores, persuasão, punição. Função das normas:. Orientar a conduta dos membros do grupo. Criar coesão, atração, semelhança e solidariedade entre os membros. Alcance dos objetivos grupais. Criar consenso e proteger a realidade social do grupo. Proteger os valores e crenças grupais (respeito pela “realidade social”) Mecanismos de controlo social (preventivos) -Normas Descritivas (ou denotativas): Correspondem a normas estatísticas, modais. -Normas Injuntivas (ou prescritivas): A norma adquire a sua força enquanto tem a componente “moral” associada Desvio nos grupos (mecanismos preventivos e retributivos): -comportamento desviante é o comportamento que viola normas prescritivas -O grupo tem de lidar com o dissidente:. Poder interpessoal Recompensatório: Oferece recompensas. Coercivo: Impõe punições. Legitimado: Baseado na autoridade percebida. Competência: Fundado no conhecimento. Referência: Deriva da identificação ou admiração pela fonte.. Pressão social. Influência normativa e informativa normativa: Exercício de fazer com que os outros se conformem às expectativas do grupo, tendo por base a sua pertença grupal informativa: Aceitação da informação dada pelos outros acerca da realidade ou da verdade.. Punição formal e informal Punição Formal: Externa, imposta por instituições, muda o estatuto do indivíduo para transgressor. Serve como prevenção pelo medo do castigo (e.g., ostracismo). Punição Informal: Interna ou externa, gera culpa (normas internalizadas) ou vergonha (medo da reprovação). Facilita a reintegração ao grupo. Emoções: Culpa e vergonha mostram arrependimento e garantem eficácia da punição. Estereótipos: vem de crenças socialmente construídas, são estruturas cognitivas que contêm os nossos conhecimentos e expectativas, que determinam os nossos julgamentos e avaliações acerca de grupos e os seus membros. -Estereótipos são associados a: - aparência física (gordo/magro, cor de pele..) - grupos étnicos - sexo - origem geográfica ou social - identidade religiosa - identidade política (bolsominions são burros, por exemplo) Lippmann: O mundo é complexo, então criamos um pseudo-ambiente(selecionamos informação e negligenciamos outras para construirmos uma representação simplificada do mundo) com estereótipos para simplificar. Estereótipos são arbitrários, mudam com o contexto e não refletem a realidade, tem a ver com o que é funcional. Lippmann dizia que existe um mundo físico e um mundo social: - mundo físico conseguimos testar - mundo social temos que recorrer a determinados tipos de processo Allport: Propôs começar a perceber quais processos cognitivos formam estereótipos e diferenciam-se da formação de impressões Estereótipo é algo partilhado pelo grupo da pessoa, e portanto por pertencer a este grupo, sofrerá os estereótipos Estereótipos vêm da categorização social: agrupamos pessoas para economizar esforço cognitivo. Funções da Categorização Social: Expectativas: Criam expectativas sobre pessoas, objetos e eventos. Economia Cognitiva: Simplificam a diversidade agrupando indivíduos com base em características salientes. Identificação: Permitem reconhecer traços e relações entre elementos. Crenças e Valores: Associam-se a crenças, valores e emoções. Racionalidade Variável: Podem ser mais ou menos racionais. Diferenças entre Processos: Preconceito tem a ver com atitudes, atitudes negativas que tenho relativamente a determinado grupo. É quase uma ligação direta entre estereótipos negativos e preconceito Discriminação- comportamentos (posso disfarçar) Legitimar o ódio- toleram-se discriminatórios relativamente a alguns grupos. Se nós temos preconceitos, eles vão acabar por sair de alguma maneira (vamos falar + sobre) Legitimação Social: Diferenças Intergrupais: Estereótipos são vistos como objetivos e legitimam desigualdades sociais (e.g., meritocracia). Sociedades Meritocráticas: Supõem que mérito defina o sucesso, mas ignoram desigualdades de oportunidades. ○ Exemplo: Minorias trabalham mais para alcançar o mesmo que outros grupos. Desigualdade de Género: Discrepâncias em proporções reforçam vantagens históricas para homens. Indivíduos Contra Estereótipos: Exemplos como Obama são vistos como exceções, supervalorizados e usados para justificar desigualdades. Função dos Estereótipos: Legitimam estruturas sociais e discriminação com base em competência, moralidade e relações sociais. Estereótipos enquanto papéis sociais e crenças culturais: -Frequentemente os estereótipos estão associados a papéis sociais: associar traços ao grupo relacionados com as tarefas que desempenham. São transmitidos através da socialização Veracidade dos estereótipos- Hipótese do contacto(allport): -Contexto de Segregação: Escolas segregadas (brancos e negros) tinham condições desiguais. -Fim da Segregação: Ao misturar grupos com estereótipos negativos, a discriminação aumentou devido à falta de mediação. -Problema das Cotas: Quem já está no sistema percebe cotistas como "ameaça" ou privilegiados, perpetuando discriminação sutil. -Solução: Mediação entre grupos e igualdade de oportunidades para reduzir conflitos e crenças negativas Acentuação percetiva-processo de categorização social: O estudo de Tajfel e wilkes (1963) investigou como categorias influenciam a perceção de semelhanças e diferenças entre estímulos. -Objetivo: Avaliar se itens de uma mesma categoria são percebidos como mais semelhantes e se itens de categorias diferentes são percebidos como mais diferentes. -Metodologia: Os participantes avaliaram o comprimento de linhas verticais apresentadas repetidamente. Três condições experimentais foram manipuladas: 1. Condicionada por Rótulos Relacionados ao Tamanho: ○ Linhas maiores foram rotuladas como A e linhas menores como B. 2. Sem Rótulos: ○ As linhas não possuíam rótulos. 3. Rótulos Aleatórios: ○ Linhas receberam rótulos sem relação com o tamanho. -Resultados: Primeira Condição (Rótulos A e B): ○ Participantes exageraram as diferenças entre linhas rotuladas de categorias diferentes (A e B). ○ Também exageraram a semelhança entre linhas dentro da mesma categoria. Segunda e Terceira Condição (Sem Rótulos ou Rótulos Aleatórios): ○ Não houve exagero significativo nas diferenças ou semelhanças. -Conclusão: A introdução de rótulos de classificação (A e B): ○ Intensificou a perceção de diferenças entre categorias distintas. ○ Aumentou a perceção de semelhanças numa mesma categoria O estudo de Doise, deschamps, e Meyer investigou como a categorização social afeta a perceção de semelhanças e diferenças entre grupos sexuais. -Objetivo: Analisar o impacto da categorização social sobre a acentuação percetiva, isto é, como a percepção de semelhanças e diferenças é influenciada por saber a qual grupo social (neste caso, gênero) os indivíduos pertencem. -Metodologia: Participantes foram apresentados a imagem de rapazes e raparigas e deveriam associar características (ex: obediente, simpático, tímido) a cada fotografia. O estudo foi dividido em duas condições experimentais: 1. Condição 1 (Sem Categorização Prévia): ○ Os participantes avaliavam as fotografias de rapazes (ou raparigas) primeiro, sem saber que também teriam que avaliar o outro sexo depois. 2. Condição 2 (Categorização Antecipada): ○ Os participantes sabiam previamente que avaliariam fotografias tanto de rapazes quanto de raparigas. -Resultados: Condição 2 (Categorização Saliente): ○ Quando os participantes sabiam que iriam avaliar ambos os grupos sexuais, a categorização social foi mais saliente, resultando em uma acentuação perceptiva maior. ○ Os participantes perceberam mais semelhanças dentro de cada categoria (rapazes entre si e raparigas entre si) e mais diferenças entre as categorias (rapazes e raparigas). Condição 1 (Categorização Menos Saliente): ○ Quando os participantes não sabiam de antemão que iriam avaliar ambos os grupos, eles perceberam mais diferenças dentro de cada grupo (rapazes mais diferentes entre si, raparigas mais diferentes entre si) e mais semelhanças entre os grupos (rapazes e raparigas mais semelhantes entre si). -Conclusão: A categorização social (conhecer os grupos de antemão) aumenta a acentuação percetiva, ou seja, as pessoas tendem a ver mais semelhanças num grupo e mais diferenças entre grupos. Sem a categorização prévia, a percepção de diferenças e semelhanças se torna mais diluída, levando os participantes a perceberem os grupos como mais semelhantes entre si. Acessibilidade cognitiva: Determina e inclui pessoas em estereótipos -Categorias “primitivas”- género, idade e raça (mais acessíveis em termos cognitivos) -vou ver se estas categorias se encaixam no contexto- se se encaixarem no contexto boa, se não, vou procurar outras - Julgamento com base nestas categorias é posto em causa quando ocorre um processo de recategorização ou subcategorização (vou buscar categorias maiores ou menores-posso deixar de pensar naquelas pessoas como membros de uma categoria, e serei obrigada a olhar o indivíduo como ser diferente, individual), ou mesmo de individualização -Diferenciação à norma cultural: categorias mais salientes (que mais diferenciamos em grupos diferentes e mais assemelhamos num grupo) são as que desviam à norma dominante social (mulheres, negros, gordos…) Modelos dualistas da organização cognitiva dos estereótipos- Modelos que apoiam a simultânea operação de organização cognitiva por abstrações e por exemplares: -Categorização por exemplares e por abstrações (Smith e Zarate, 1990): Evidencia que as duas formas são possíveis, mas existe a primazia do processo de categorização por abstração - Construção online de impressões abstratas (Park e Hastie, 1987): À medida que temos informação de exemplares, vamos a integrar numa representação cognitiva (abstrata), que se torna autónoma, independente da informação armazenada dos exemplares. Os processos de ativação destas memórias são independentes Distorções no processamento de informação e nos julgamentos: 1. Estereótipos enquanto filtros de informação: Privilégio pela informação consistente com o estereótipo e negligência pela informação inconsistente com o estereótipo ainda antes do processo de memorização (ex: estudo de Snyder, 1981). 2. Estereótipos e interpretação da informação recebida: após armazenamento da informação, ela é reinterpretada conforme o estereótipo. 3. Estereótipos e correlações ilusórias: A ilusão de que existem associações entre traços e que são distintivas de certos estereótipos, sendo aplicadas nos julgamentos sociais 4. Estereótipos e procura de coerência para proteção endogrupal: A ilusão de que existem associações entre traços e que são distintivas de certos estereótipos Modelo do Conteúdo do Estereótipo Este modelo tenta explicar como os estereótipos são formados e mantidos, além de abordar sua relação com a discriminação (tanto subtil quanto flagrante). A análise dos estereótipos baseia-se em duas dimensões principais: competência e sociabilidade/simpatia. Os estereótipos de diferentes grupos sociais se fundamentam no estatuto que cada grupo detém na sociedade e na interação com outros grupos. Essas duas dimensões podem organizar os grupos em quatro quadrantes: 1. Simpatia elevada e baixa competência: Grupos com baixo estatuto e pouco competitivos. 2. Simpatia baixa e baixa competência: Grupos com baixo estatuto e vistos como ameaçadores, com potencial para discriminação. 3. Simpatia elevada e competência elevada: Grupos de alto estatuto e não vistos como ameaçadores. 4. Simpatia baixa e competência elevada: Grupos de alto estatuto, porém competitivos. Estes estereótipos servem para legitimar a estrutura social existente, como um mecanismo de defesa para a hierarquia social. Isso é evidenciado por uma análise que envolve a forma como grupos são categorizados e tratados, como, por exemplo, os PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) sendo estigmatizados na Europa com estereótipos de incompetência, enquanto ao mesmo tempo sendo tratados de maneira paternalista, ou seja, com simpatia, mas com discriminação subtil, que perpetua a desigualdade sem causar conflito aberto. Além disso, o modelo introduz uma terceira dimensão, a moralidade, que pode ser crucial para justificar ou reforçar a posição social de um grupo. Isso se traduz em emoções como: Simpatia elevada e baixa competência: Compromisso com um estilo paternalista. Simpatia baixa e baixa competência: Desprezo. Simpatia elevada e competência elevada: Admiração. Simpatia baixa e competência elevada: Inveja. Ameaça do Estereótipo (Steele) A ameaça do estereótipo descreve o impacto que estereótipos negativos podem ter sobre o desempenho de um indivíduo. Quando as pessoas sabem que pertencem a um grupo estereotipado de maneira negativa, elas sentem a pressão de não confirmar esse estereótipo. Esse medo de confirmar a ideia preconcebida gera ansiedade, que interfere no desempenho real, causando um auto-sabotagem, o que contribui para o reforço do estereótipo. Por exemplo, o estudo de Steele com meninas asiáticas em cursos de ciências mostrou que ao serem lembradas do estereótipo de que os homens são melhores em matemática, elas tiveram um desempenho inferior. Isso acontece porque, ao focarem em não confirmar o estereótipo, acabam prejudicando suas próprias performances. Relações Intergrupais e Tipos de Conflitos Existem diferentes tipos de conflitos intergrupais, que podem surgir devido a interesses divergentes, competição por recursos limitados, ou domínio e submissão. A competição entre grupos pode ocorrer em diversos contextos, como esportes ou guerras, quando os grupos buscam os mesmos recursos, mas há limitação para todos os alcançarem. A teoria de preconceito e discriminação sublinha como as relações de poder entre grupos podem ser mantidas de forma ideológica, com os grupos dominantes manipulando o sistema para manter o status quo, muitas vezes utilizando estratégias sutis de discriminação. A Teoria da Frustração-Agressão sugere que, quando um grupo sente frustração devido à sua posição, pode acabar direcionando a agressão para grupos mais fracos, mesmo sem haver uma relação direta de rivalidade. Isso pode ser exemplificado pela escolha de bodes expiatórios, onde grupos dominados acabam transferindo suas frustrações para aqueles que são mais vulneráveis, exacerbando o ciclo de discriminação e hostilidade. Teorias de Personalidade e Conflito A teoria da personalidade autoritária e a ideia de que indivíduos com personalidade autoritária são mais propensos a gerar conflito é uma explicação limitante. Contudo, ela tem um fundo de verdade, uma vez que pessoas com ideologias rígidas podem contribuir para a criação de um ambiente de opressão e desigualdade. Espírito Fechado é uma característica que se reflete na resistência à mudança e flexibilidade cognitiva, dificultando a resolução de conflitos, principalmente quando envolvem posições inflexíveis. Privação Relativa explica como o conflito pode surgir não da comparação objetiva entre grupos, mas da percepção de que um grupo não está recebendo o que merece comparado a outros. Essa teoria ajuda a compreender, por exemplo, greves e movimentos sociais em que grupos se sentem prejudicados. Teoria do Conflito Realista Entre Grupos (Sherif) demonstra que a competição por recursos escassos pode ser uma das principais causas de conflito entre grupos. Experimentos como o campo de férias com crianças mostraram como, ao dividir grupos homogêneos e promover uma competição entre eles, surgem sentimentos de rivalidade e hostilidade, resultando em conflito. Processo de Categorização Social A categorização social é o processo psicológico em que os indivíduos agrupam outras pessoas com base em características comuns, o que gera um autoconceito positivo e reforça a identidade social. Isso pode levar à criação de grupos mínimos, onde a simples pertença a um grupo é suficiente para gerar uma sensação de superioridade em relação a outros, levando à discriminação intergrupal. Estratégias de Mobilidade Social e Criatividade Social Quando indivíduos percebem que não podem mudar a sua situação social ou a de seu grupo, eles podem recorrer à competição social (luta para melhorar o status do grupo) ou criatividade social (mudando a forma como o grupo se percebe para torná-lo mais positivo, como um grupo simpático e não competente, por exemplo). Efeitos da Presença de Outras Pessoas 1. Facilitação Social: A presença de outras pessoas pode melhorar ou prejudicar o desempenho dependendo da complexidade da tarefa. ○ Tarefas que dominamos: A presença de outros facilita o desempenho (exemplo: saber gerir conflitos em grupo). ○ Tarefas que não dominamos: A presença de outros pode aumentar a ansiedade e inibir o desempenho (exemplo: cantar na frente de muitas pessoas). 2. Preguiça Social: Quando estamos em grupo, tendemos a fazer menos esforço, pois acreditamos que outros irão contribuir. Isso pode ocorrer em tarefas aditivas, onde não percebemos a nossa contribuição individual. Como minimizar a preguiça social: ○ Dividir as tarefas de forma clara e identificar quem faz o quê. ○ Aumentar a responsabilidade e o envolvimento dos membros do grupo. ○ Tornar as tarefas mais atraentes e interessantes. Estudos Clássicos sobre Conformidade Social 1. Efeito Autocinético (Muzaref Sherif): Quando as pessoas observam uma luz que se move, elas tendem a ajustar suas percepções baseadas nas respostas de outros, especialmente quando há ambiguidade no estímulo. 2. Experimento de Asch: Demonstra como a pressão social pode influenciar uma pessoa a ceder a uma resposta errada se todos os outros membros do grupo concordam. ○ As pessoas podem distorcer sua percepção ou julgamento devido à pressão do grupo. ○ Quando alguém quebra a unanimidade do grupo, as pessoas se sentem mais confortáveis para expressar suas opiniões. 3. Efeito Lucifer (Zimbardo): Em um experimento de simulação de prisão, alguns participantes, ao assumirem papéis de autoridade, se comportaram de maneira cruel e violenta, mostrando que o contexto social pode influenciar comportamentos. Conformidade e Influência Social Fatores que influenciam a conformidade: A conformidade pode ser influenciada por fatores como autoestima, necessidade de aceitação social, sexo e normas situacionais. ○ Pessoas com baixa autoestima ou forte necessidade de aceitação tendem a ser mais influenciadas. ○ Em ambientes coletivistas, as pessoas tendem a ceder mais em nome do bem-estar coletivo. Influência das Minorias Embora a maioria tenha maior poder de influenciar a minoria, a minoria pode também influenciar a maioria. Para isso, precisa ser coerente e persistente nas suas opiniões e ações. Quebra da unanimidade: Quando uma pessoa da minoria expressa uma opinião contrária, isso pode encorajar os outros a reconsiderar suas posições e se sentirem mais livres para expressar suas opiniões. Princípios de Persuasão (Robert Cialdini) Cialdini identificou seis princípios que as pessoas utilizam para convencer outras a mudar de comportamento: 1. Reciprocidade: Quando alguém nos oferece algo, sentimos a obrigação de retribuir. 2. Consistência: Tendemos a agir de forma consistente com comportamentos anteriores. 3. Autoridade: Pessoas tendem a seguir figuras de autoridade, como médicos ou especialistas. 4. Validação Social: Quanto mais popular uma ação é, maior a tendência de outros a seguir o mesmo comportamento. 5. Escassez: A percepção de que algo é raro ou limitado aumenta seu valor e atratividade. 6. Atração: Tendemos a ajudar ou concordar com pessoas de quem gostamos ou com quem nos sentimos semelhantes. Táticas de Influência Social 1. Pé-na-porta: ○ Consiste em fazer um pequeno pedido inicial, que torna a pessoa mais propensa a aceitar um pedido maior em seguida. Exemplo: pedir apenas 1 minuto de atenção para depois fazer um pedido maior. 2. Porta-na-cara: ○ O princípio é fazer um pedido grande, que provavelmente será negado, seguido de um pedido menor (mais razoável). Exemplo: pedir que alguém preencha três inquéritos e, após a negativa, pedir apenas um. Relação Intergrupal e Discriminação 1. Grupos com mais e menos valor social: ○ Os grupos com maior valor social têm mais privilégios, enquanto os grupos vulneráveis são mais propensos a sofrer discriminação. Apesar de parecer haver igualdade, a discriminação ainda persiste, muitas vezes de forma velada. 2. Preconceito Subtil: ○ O preconceito moderno e subtil refere-se a atitudes disfarçadas de igualdade, onde se acredita na meritocracia e na igualdade de oportunidades, mas ainda se discrimina os grupos vulneráveis. Um exemplo de racismo subtil é o racismo aversivo, onde as pessoas afirmam apoiar a igualdade, mas evitam interações com grupos discriminados. 3. Infra-Humanização: ○ Refere-se à tendência de ver membros de grupos estigmatizados como menos humanos, atribuindo-lhes características mais "animais" do que humanas. 4. Naturalização: ○ Justificação do racismo através de argumentos culturais, onde se acredita que certos grupos são inferiores devido à sua cultura ou origem, como a ideia de que as culturas dos grupos dominantes são mais sofisticadas. Modelos de Redução do Preconceito 1. Modelo de Descategorização (Brewer): ○ O modelo sugere que a discriminação pode ser reduzida ao deixar de categorizar as pessoas como membros de grupos e ao tratá-las como indivíduos, destacando as semelhanças interpessoais. 2. Modelo da Mútua Diferenciação Intergrupal (Houston e Brown): ○ Propõe que grupos com diferentes competências podem cooperar, reduzindo o preconceito por meio da interdependência, ou seja, quando os grupos precisam um do outro para realizar uma tarefa. 3. Modelo da Identidade Endogrupal Comum (Gaertner): ○ A ideia aqui é criar uma identidade comum que una os membros de diferentes grupos, de forma que se vejam como pertencentes à mesma categoria maior. 4. Modelo da Projeção Endogrupal (Mummenday): ○ Similar ao modelo de Gaertner, mas com a adição de projetar os traços do nosso grupo para a identidade comum, diminuindo a discriminação. 5. Dupla Identidade: ○ Permite que indivíduos mantenham suas identidades dentro dos seus grupos, mas também se vejam como parte de uma identidade mais ampla (exemplo: ser português e europeu ao mesmo tempo). Outras Formas de Diminuição da Discriminação 1. Paridade: ○ Garantir igualdade de status entre os grupos para evitar a discriminação. 2. Comunalidade de Objetivos: ○ Quando grupos diferentes têm objetivos comuns que só podem ser alcançados com a cooperação mútua, isso pode reduzir o preconceito. 3. Apoio Social e Saliência dos Direitos Humanos: ○ As instituições desempenham um papel importante em apoiar a integração e a segurança social, promovendo os direitos humanos e garantindo que os membros de grupos discriminados se sintam protegidos. Representações Sociais (Aula Samuel 30/11) 1. Formação de opiniões ○ As opiniões são influenciadas por uma combinação de fatores, como a interação social e a comunicação com os outros. ○ Fatores: as diferentes perceções podem surgir devido à experiência individual, influência da sociedade, contexto cultural e fatores de grupo. 2. Representações Coletivas (Durkheim, 1898): ○ A consciência individual é influenciada pela consciência coletiva, formada pelas crenças e sentimentos comuns a todos na sociedade. ○ Essas crenças passam de geração a geração, moldando as formas de pensar. 3. Representações Sociais (Moscovici): ○ Moscovici propôs que as representações sociais não são fixas e determinantes como a “consciência coletiva”, mas são dinâmicas e surgem a partir das interações sociais. ○ As representações são formadas por objetos sociais importantes, como "o que é família", "o que é mãe", etc. ○ A teoria enfatiza o papel da comunicação social na formação do conhecimento. 4. Função das Representações Sociais: ○ O principal objetivo das representações sociais é tornar algo não familiar em algo familiar (ex: associar "Apple" a celular). ○ Para que uma representação seja social, ela precisa ser relevante para um grupo (ex: futebol, governo, marcas populares). 5. Dimensões da Representação Social: ○ Conteúdo: conhecimento acumulado sobre o objeto social. ○ Campo de Representação: conjunto de aspectos relacionados ao objeto, que varia entre grupos. ○ Atitude: as reações emocionais (positivas ou negativas) que surgem a partir da representação de um objeto. 6. Processos Cognitivos Básicos: ○ Objetivação: a simplificação de um conceito em uma imagem mental. ○ Ancoragem: associar a imagem mental com outros conhecimentos já existentes. 7. Funções das Representações Sociais: ○ Criar conceitos familiares e facilitar a comunicação dentro de grupos. ○ Justificar e orientar comportamentos e relações sociais. ○ Manter a coerência do sistema de pensamento, especialmente nas interações sociais. 8. Estrutura das Representações Sociais: ○ Representações sociais são compostas por um núcleo central (elementos estáveis e consensuais) e um sistema periférico (mais flexível, varia conforme o contexto). Gestão de Conflitos (Aula 7/12) 1. Padrões de resolução de conflitos: ○ Em muitos casos, as pessoas tendem a evitar ou "deixar passar" os conflitos para evitar complicações. ○ A negociação é uma forma de resolver conflitos criando valor para ambas as partes. 2. Modelo da Escalada do Conflito: ○ Os conflitos podem evoluir de uma simples ameaça a uma destruição total do inimigo, passando por várias fases. ○ A discriminação e a aniquilação total são exemplos de extremos de escalada no conflito. 3. Princípios Básicos da Negociação: ○ Pessoas: separação das pessoas do problema. ○ Interesses: foco nos interesses das partes, não nas posições. ○ Opções: buscar diversas opções para encontrar soluções mútuas. ○ Critérios: garantir que o resultado seja baseado em critérios objetivos e justos.

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