Métodos Qualitativos em Psicologia - Aulas MIP - 24-25

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Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

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Apresentação de uma aula sobre métodos qualitativos em psicologia. Explora diferentes tipos de investigação, como observações, entrevistas e grupos focais. Discute as vantagens e desvantagens de cada método e sua aplicação em diferentes contextos.

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Métodos de investigação Experimentais Quantitativos Não-Experimentais Métodos Qualitativos – aula de hoje...

Métodos de investigação Experimentais Quantitativos Não-Experimentais Métodos Qualitativos – aula de hoje 2 Métodos de investigação “Vou antes fazer um estudo qualitativo. É tudo mais simples, tenho pavor a números e a estatística não me deixa dormir.” ~ Estudantes de Psicologia, alegadamente 3 Métodos Qualitativos Investigação quantitativa: medição da expressão de grau de um fenómeno Investigação qualitativa: focada na descrição e categorização das qualidade de um fenómeno Investigação qualitativa não são apenas estudos de caso Estudo de caso também não implica necessariamente medidas qualitativas Investigação qualitativa moderna dedica-se ao estudo detalhado do texto e não de características psicológicas de indivíduos específicos. Texto – qualquer coisa a que possa ser dado um significado O que não implica que o nível de análise seja ao nível das palavras ou frases Uso de unidades de texto maiores, dependendo do objetivo da investigação 4 Dicotomia Qualitativo – Quantitativo Apologia dos métodos qualitativos na perspetiva do utilizador: Maior compreensão do fenómenos em estudo Quantificação encoraja demasiado a abstração Métodos quantitativos ignoram a riqueza dos dados pelas características dos instrumentos que utilizam Mais alienantes para os participantes (sentimento de que a investigação não é sobre eles) Visão mais humanista da experiência humana Demasiado complexa para ser reduzida a um conjunto de variáveis 5 O contínuo Qualitativo - Quantitativo opção normalmente não disponível Howitt & Cramer, 2016 6 Dados qualitativos Análise quantitativa? Q: Porquê usar métodos qualitativos quando o objetivo final é ter uma base de dados numéricos estruturada e fazer uma análise quantitativa? Dificuldades na antecipação da estrutura e complexidade dos dados Investigador pode querer codificar os dados qualitativos com base em modelos teóricos ou conceitos E.g.: criar categorias; atribuir uma pontuação a uma determinada característica presente nos dados Recolha de dados em formato qualitativo pode permitir uma maior exploração preliminar do tema Uso de questionários pode não ser adequado para os participantes do estudo (e.g., iliteracia) 7 Métodos quantitativos ou qualitativos? Métodos quantitativos Pergunta de investigação claramente definida Literatura em quantidade e qualidade suficiente para definir hipóteses a serem testadas Esses estudos tipicamente usam métodos quantitativos? A informação pretendida pode ser recolhida usando medidas quantitativas Competências e interesses do investigador mais circunscritos aos métodos quantitativos 8 Quando usar quantitativos ou qualitativos? Métodos qualitativos Investigador pretende estudar a complexidade de um fenómeno num contexto naturalista Falta de clareza sobre as questões de investigação Pouca ou nenhuma investigação sobre o tópico Investigação sobre o uso e a complexidade da linguagem (impossível testar de outra forma) Uso de questionários pode desencorajar participação ou não é apropriado para os participantes Competências e interesses do investigador mais circunscritos aos métodos qualitativos 9 Recolha de dados qualitativos Observação Entrevistas Grupos Focais 10 Recolha de dados qualitativos: Observação Papel do observador: Observação participante: investigador participa nas atividades do grupo (não é muito comum em Psicologia; mais frequente em Antropologia) Observação não-participante: investigador apenas observa; pouco ou nenhum envolvimento nas dinâmicas do grupo Conhecimento da observação (por parte dos participantes): Sabem que estão a ser observados e por quem vs. Não sabem que estão a ser observados nem por quem Explicação do estudo: Da explicação completa dos objetivos até ao engano intencional Duração: Howitt & Cramer, 2016 De 1 sessão, até várias sessões de observação (longitudinal) 11 Recolha de dados qualitativos: Observação Cultura e adolescência Em Samoa, Mead mostrou que os desafios da adolescência são moldados por fatores culturais, não apenas biológicos, destacando uma abordagem mais relaxada à sexualidade e menos pressões sociais em comparação com o Ocidente. Margaret Mead Diversidade cultural Estudos posteriores em Papua Nova Guiné revelaram variações significativas nas estruturas familiares e papéis de género, desafiando ideias de que esses comportamentos são "naturais" ou universais. Relativismo cultural Mead demonstrou que práticas e normas humanas são específicas de cada cultura, promovendo uma visão mais inclusiva e tolerante das diferenças culturais. Margaret Mead em Samoa (1925). 12 Recolha de dados qualitativos: Entrevistas Entrevista estruturada As perguntas são planeadas, estruturadas: Opções de resposta para os participantes Rapidez no processo de recolha dos dados Análise rápida se as respostas forem pré-codificadas, de escolha múltipla Não são flexíveis → processo é estandardizado. Quais são as vantagens em relação a um questionário preenchido pelos participantes? 13 Recolha de dados qualitativos: Entrevistas Entrevista qualitativa /semi-estruturada /in depth interview Semi-estruturada, flexível e menos estandardizada Conversacional, de participação assimétrica e de maior exigência para ambos Maior participação do entrevistado e com necessidade de detalhar as suas intervenções de uma forma pouco comum à luz do quotidiano Pouca intervenção do entrevistador, mas precisa de preparar a entrevista, absorver as informações e conseguir questionar o entrevistado nos momentos certos Definição dos tópicos abordados na entrevista O investigador tem um guião para a entrevista (que pode ser modificado com nova informação das recolhas) Estrutura com os tópicos e questões que devem ser colocadas na entrevista Funciona como auxiliar de memória para o processo de entrevista e para verificação final O participante formula parte dos tópicos no processo de entrevista 14 Recolha de dados qualitativos: Entrevistas Guião da entrevista Posso ter as informações básicas de forma estruturada e estandardizada (e.g., dados sócio-demográficos) Questões devem ser desenvolvidas de acordo com o objetivo de investigação Que informações são importantes para responder à pergunta de investigação? Como há um processo de exploração e aprendizagem, o investigador pode perceber que precisa de outras perguntas Considerar a estrutura e a sequência lógica das perguntas de modo a facilitar as respostas do entrevistado e diminuir as exigências da entrevista para o entrevistador Considerar a linguagem que deve ser usada na entrevista: Quem são os nossos participantes? 15 Recolha de dados qualitativos: Entrevistas Papel do investigador Tentar compreender a informação → na semi-estruturada isto é irrelevante Formular questões que clarifiquem as respostas do participante e que permitam obter mais informação Preparação da própria entrevista: Que temas costumam aparecer? Como é que os participantes costumam responder? Não escreve as respostas do entrevistado – este método requer gravação da entrevista 16 Recolha de dados qualitativos: Grupos focais Grupos focais - Focus groups Diverge da entrevista pelas dinâmicas de grupo Discussão e debate de ideias entre pessoas mais normalizado Evita o isolamento dos participantes nas entrevistas Mas não substitui as técnicas de entrevista Pretende-se que o grupo seja diversificado (maximizar a discussão) Investigador é um moderador/facilitador da discussão no grupo Tem uma estrutura dos temas que precisam ser abordados, mas a estrutura é flexível Podem ser usados para: Explorar e identificar os assuntos mais importantes num tema Discutir as conclusões de uma investigação 17 Análise de dados qualitativos Transcrições (de uma gravação): Processo através do qual os dados verbais são transformados em texto escrito Detalhe da descrição é dependente do propósito da investigação. Análise temática de categorias: Identificação de um conjunto de temas (e subtemas) que reflitam adequadamente os dados. Processo que envolve várias fases sucessivas - desde a familiarização com os dados até a definição final do conjunto de temas refinados 18 Análise de dados qualitativos: Análise temática Howitt & Cramer, 2016 19 Mitos: Quantitativos vs. Qualitativos “Não gosto de matemática, qualitativos é só palavras, logo é mais fácil” “Números assustam-me, os quantitativos são sempre mais difíceis” As palavras podem ser transformadas em números (ver continuum qualitativo-quantitativo) As palavras dão tanto trabalho quanto os números: Diferentes exigências na recolha de dados Transcrição de entrevistas requer tempo, diligência e atenção ao detalhe Análise de dados qualitativos requer tantas competências técnicas como a análise de dados quantitativos 20 Mitos: Quantitativos vs. Qualitativos “Números são uma ciência exata, palavras é subjetivo” Os dados qualitativos têm um método e critérios para serem trabalhados Um bom estudo é um bom estudo, um mau estudo é um mau estudo A qualidade (rigor) não é intrínseca ao método mas à forma como o investigador executa o método 21 Mitos: Quantitativos Mitos: Quantitativosvs. Qualitativos vs. Qualitativos “Um estudo experimental tem de ser quantitativo.” Experimentais Experimental: Implica a manipulação de uma variável Quantitativos independente Não determina as medidas das variáveis que podem ser utilizadas Não-Experimentais no estudo! Métodos Logo, Experimentais Posso ter estudos experimentais com medidas Qualitativos qualitativas de variáveis dependentes Não-Experimentais (e.g.: respostas a perguntas abertas em diferentes condições experimentais) 22 Mitos: Quantitativos Mitos: Quantitativosvs. Qualitativos vs. Qualitativos 23 Mitos: Quantitativos Mitos: Quantitativosvs. Qualitativos vs. Qualitativos 24 Mitos: Quantitativos vs. Qualitativos Que método devo usar? R.: O que melhor permitir responder à pergunta de investigação....mas será sempre assim? Dependerá, também, das competências e interesses do investigador. 25 Próximas aulas Próxima semana: Aula teórica: Regras da APA Aulas práticas: Gestão de referências bibliográficas usando o Mendeley – Necessários PCs Aulas práticas desta semana: Implementação de métodos qualitativos 26 Bibliografia Howitt, D., & Cramer, D. (2016). Introduction to research methods in psychology (5th ed.). Harlow, England: Pearson. Capítulo 18: Why qualitative research? Capítulo 19: Qualitative data collection.

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