Psicologia Aplicada à Nutrição - Transtorno Alimentar de Anorexia - PDF
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Paula Alessandra de Souza Mantilla Giehl
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Summary
This presentation discusses anorexia nervosa, covering its multifaceted etiology, including genetic and sociocultural factors, biological and psychological vulnerabilities, and dysfunctional family dynamics. It explores predisposing, precipitating, and maintaining factors, emphasizing the influence of media, societal pressures, and the pursuit of idealized body image. The presentation also touches on psychological aspects, such as body image distortion, obsessive thoughts, and control issues, highlighting the complex interplay of various factors in the development and perpetuation of the eating disorder.
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Psicologia Aplicada à Nutrição Profª Paula Alessandra de Souza Mantilla Giehl Transtorno Alimentar de Anorexia Transtornos Alimentares Os transtornos alimentares (TA) abrangem sintomas físicos e psíquicos cuja etiologia é multifatorial, envolvendo predisposição genética e...
Psicologia Aplicada à Nutrição Profª Paula Alessandra de Souza Mantilla Giehl Transtorno Alimentar de Anorexia Transtornos Alimentares Os transtornos alimentares (TA) abrangem sintomas físicos e psíquicos cuja etiologia é multifatorial, envolvendo predisposição genética e sociocultural, vulnerabilidade biológica e psicológica, além de questões familiares de padrões de vínculo disfuncionais. A influência da mídia, fortalecida pela globalização e pela sociedade, foi descrita por Anschutz et al (2009) e Oliveira e Hutz (2010), que enfatizam a contradição entre o apelo ao estilo de vida saudável ao mesmo tempo em que se enaltece o ideal de magreza e se incentiva o consumo de alimentos calóricos. Etiologia dos transtornos alimentares Os transtornos alimentares têm uma etiologia multifatorial, ou seja, são determinados por uma diversidade de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares que interagem entre si para produzir e perpetuar a doença. Distinguem-se os fatores predisponentes (aumentam a chance de aparecimento do TA), precipitantes (responsáveis pelo aparecimento dos sintomas) e os mantenedores (determinam se o transtorno vai ser perpetuado ou não). São considerados fatores predisponentes: sexo feminino; baixa autoestima; traços obsessivos e perfeccionistas, dificuldade em expressar emoções; história de transtornos psiquiátricos como depressão, transtornos da ansiedade, tendência à obesidade, abuso sexual; agregação familiar; hereditariedade, histórico familiar de TA, padrões de interação familiar como rigidez, intrusividade e evitação de conflitos, além dos fatores socioculturais como por exemplo o ideal cultural de magreza, baixa autoestima ou auto avaliação são fatores de risco importantes. Há uma associação entre a anorexia nervosa (NA) e transtornos da personalidade obsessiva compulsiva, associada a transtornos da ansiedade. A dieta para emagrecer é o fator precipitante mais frequente nos TA. Indivíduos que fazem dieta têm um risco maior para o desenvolvimento de TA do que os que não fazem. Uma possível justificativa para ser considerada um fator precipitante é que a restrição alimentar, conseguem aumentar cada vez mais a restrição, instalando-se a desnutrição, que aumenta a distorção da imagem corporal e, consequentemente, aumenta também o medo de engordar e o desejo de emagrecer, perpetuando assim a NA. Eventos estressores, envolvendo uma desorganização da vida ou uma ameaça à integridade física (doença, gravidez, abuso sexual e físico), alterações da dinâmica familiar e expectativas irreais podem ter um papel desencadeador do transtorno por reforçar sentimentos de insegurança e inadequação. Os fatores mantenedores da doença podem ser diferentes daqueles que a desencadearam. Os fatores mantenedores da doença incluem o papel das alterações fisiológicas e psicológicas produzidas pela desnutrição e pelos constantes episódios de compulsão alimentar e purgação, que tendem a perpetuar o transtorno. Na AN, o estado de desnutrição gera alterações neuroendócrinas que podem contribuir para a manutenção de vários sintomas da doença. Os níveis plasmáticos de leptina são alterados devido à desnutrição e esses podem normalizar-se prematuramente ao peso, dificultando a recuperação e manutenção do peso normal. Fatores psicológicos (distorção da imagem corporal, distorções cognitivas e pensamentos obsessivos sobre comida e maior necessidade de controle desencadeado pela privação alimentar), interpessoais e culturais (magreza vista como símbolo de sucesso) também atuam perpetuando o transtorno. Há também os aspectos reforçadores produzidos pelo sucesso em controlar o peso, tão valorizados culturalmente, em indivíduos que costumam vivenciar sentimentos de baixa autoestima e sensação de falta de controle sobre a própria vida. Caracterização do transtornos alimentar de anorexia A anorexia nervosa (AN) é caracterizada pela perda de peso intensa e intencional (pelo menos 15% do peso corporal original) a custa de dietas altamente restritivas, busca desenfreada pela magreza, recusa em manter o peso corporal acima do mínimo normal para a idade e distorção da imagem corporal. Traços como obsessividade, perfeccionismo, passividade e introversão são comuns em anoréxicos e permanecem estáveis mesmo após a recuperação do peso. Embora se inicie na adolescência (geralmente entre 13 a 17 anos), casos com início na infância e após 40 anos têm sido observados (SAITO; SILVA, 2001; PHILIPPI; ALVARENGA, 2004). Existem dois tipos de apresentação da anorexia nervosa: o restritivo (comportamentos restritivos associados á dieta) e o purgativo (ocorrência de episódios de compulsão alimentar seguidos de métodos compensatórios como vômitos e uso de laxantes e diuréticos). Entre os sintomas que podem ser referidos pelos pacientes anoréxicos estão: intolerância ao frio, fadiga, queda de cabelos, constipação, dor abdominal,, letargia, pés e mãos frios, amenorreia, dificuldade de concentração, entre outros (BORGES et al., 2006). Anorexia nervosa – Aspectos psicológicos A descrição das características psicológicas mais frequentes, citaríamos: a) baixa autoestima; b) sentimento de desesperança; c) desenvolvimento insatisfatório da identidade; d) tendência a buscar aprovação externa; e) extrema sensibilidade a críticas; e, finalmente, f) conflitos relativos aos temas autonomia versus dependência. Ironicamente, quando questionadas a respeito de seu quadro e de sua resistência à mudança, os anoréxicos rapidamente descrevem uma série de justificativas para seu comportamento, a saber: “Gosto do jeito que me sinto quando estou magro”, “sou mais respeitado e recebo mais elogios”, “o que todos tentam fazer, eu mostro que posso fazer melhor”, “gosto da atenção que recebo”, “gosto das roupas que posso/consigo usar”, “fico melhor desse jeito”, “posso manter as pessoas a distância”, “não preciso ficar menstruada”, “sinto como se estivesse em contato com o sofrimento do mundo”, “me sinto mais saudável e com mais energia quando estou com pouco peso”, “me sinto mais confiante e capaz quando estou magro”, “gosto do sentimento de autocontrole”, “me sinto mais poderoso quando não como”, “quando estou magro, percebo melhor as coisas” e “me sinto especial, puro e diferenciado”, “é realmente nojento ter gordura em meu corpo e agora não tenho mais este problema”, “minha família e meu médico se preocupam comigo”, ou seja, para os pacientes, as desvantagens são claras, como por exemplo: “Ficar magro consome muito tempo e energia, as pessoas me enchem por causa disto”, “detesto pensar em comida o tempo todo”. Nas fases mais agudas, tais pessoas ainda estão tentando perseguir sua doença, e a meta é tornar-se uma pessoa mais magra ainda, podendo assim exibir seu sucesso. Considerando tudo isso, pode-se claramente perceber que a AN é uma doença complexa que impõe grandes desafios a cada estágio do tratamento e que, na melhor das hipóteses, os indivíduos com anorexia nervosa são continuamente ambivalentes na busca de tratamento. Permanecem resistentes a qualquer tipo de intervenção externa, o que contribui para um dos mais altos índices de recusa e desistência prematura do tratamento. Aqueles que permanecem em tratamento, frequentemente, não aderem às orientações e, quando aderem às primeiras intervenções, correm grande risco de recaída. Obrigada!