Resumo de Paradigmas de Emoções (PDF)

Summary

Este resumo descreve vários paradigmas experimentais e técnicas para estudar emoções. Abrange desde o processamento emocional inconsciente até a interação social e como as emoções podem afetar as funções cognitivas.

Full Transcript

**1. Paradigmas Experimentais:** Esses paradigmas focam na manipulação e indução emocional, muitas vezes sem que os participantes percebam. O objetivo principal é investigar como as emoções são processadas de forma consciente e inconsciente. Alguns exemplos: **Paradigma de manipulação da atenção**:...

**1. Paradigmas Experimentais:** Esses paradigmas focam na manipulação e indução emocional, muitas vezes sem que os participantes percebam. O objetivo principal é investigar como as emoções são processadas de forma consciente e inconsciente. Alguns exemplos: **Paradigma de manipulação da atenção**: - Participantes são orientados a focar em certos estímulos enquanto outros são ignorados. - Os estímulos ignorados são processados inconscientemente, ajudando a explorar as reações emocionais que surgem sem a atenção direta. **Paradigma de rivalidade binocular**: - Dois estímulos diferentes são apresentados a cada olho, mas, devido a óculos específicos, apenas um estímulo é conscientemente percebido. - O estímulo não percebido (inconsciente) permite estudar o impacto emocional de informações que não estão no foco da perceção. **Paradigma de mascaramento visual**: - Um estímulo-alvo é apresentado rapidamente, seguido de um estímulo \"máscara\", impedindo que o alvo seja percebido conscientemente. - Usado para investigar reações emocionais inconscientes e como o cérebro processa estímulos subliminares. Estes paradigmas são frequentemente combinados com técnicas como o **EEG e potenciais evocados (ERPs)** para medir a resposta cerebral, avaliando a valência emocional (positiva, negativa, neutra) e o impacto dos estímulos inconscientes. **2. Tarefas Neuropsicológicas:** São testes adaptados que avaliam como as emoções afetam funções cognitivas específicas, como atenção e inibição. Exemplos: **Stroop Emocional**: Variante do clássico teste Stroop. O participante deve nomear a cor da tinta das palavras, ignorando o significado. Palavras com carga emocional (positiva ou negativa) geram mais interferência, dificultando a tarefa e aumentando o tempo de resposta. **Tarefa go/no-go emocional**: Avalia o controle inibitório em cenários emocionais. Os participantes devem reagir (ou inibir uma reação) dependendo da natureza emocional do estímulo. Mede a capacidade de controlar respostas automáticas diante de estímulos emocionais. Estas tarefas ajudam a entender como as emoções influenciam o processamento cognitivo e a regulação do comportamento. **3. Reconhecimento Facial:** Focado na identificação e processamento das emoções básicas (alegria, tristeza, medo, surpresa, nojo, raiva). **Teste de 60 Faces de Ekman**: - Consiste em apresentar fotos de atores expressando emoções básicas e pedir ao participante que as identifique. - Útil para estudar dificuldades no reconhecimento emocional, como em casos de psicopatologia (esquizofrenia, transtorno bipolar) ou distúrbios neurodegenerativos (demência, Parkinson). Este paradigma explora como percebemos e processamos emoções nas expressões faciais, além de identificar déficits emocionais. **4. Emoções Sociais:** Estudos que analisam emoções mais complexas, como exclusão, rejeição e interação social. **Tarefa Cyberball**: Participantes jogam uma bola virtual com outros \"jogadores\". Em cenários de exclusão, os outros jogadores ignoram o participante. Esta tarefa avalia o impacto emocional da rejeição social, frequentemente associado à ativação do córtex cingulado anterior, uma região ligada ao desconforto emocional. Ajudando a compreender as emoções no contexto social e suas bases neuropsicológicas. **5. Escalas de Autorrelato e Grelhas de Observação:** Usadas para medir as emoções diretamente por meio da autorreflexão ou observação. As principais ferramentas incluem: **Ferramenta** **Dimensões Avaliadas** **Objetivo** **Vantagens** **Limitações** ----------------------------------------------------------- --------------------------------- ----------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------------------------------------------------- **SAM (Self-Assessment Manikin)** Valência, Excitação, Dominância Avaliar emoções de forma rápida e intuitiva através de figuras pictóricas. Simples e intuitiva, adequada para todas as idades, útil em contextos interculturais. Menos detalhado em relação a métodos multi-item. **Grelha Afetiva (AG)** Valência e Excitação Medir estados emocionais com base em uma combinação de valência e excitação. Minimiza a fadiga do respondente, aplicação rápida. Formato visual pode ser pouco familiar para alguns participantes. **Feeling Scale (FS)** Valência Capturar mudanças rápidas na qualidade emocional, especialmente em contextos como exercício físico. Prática e rápida, escala direta e fácil de entender. Não mede dimensões como excitação ou dominância. **Felt Arousal Scale (FAS)** Excitação Avaliar o nível de ativação emocional, diferenciando estados de alta e baixa ativação. Foco exclusivo em excitação, adaptada para crianças com ilustrações. Não aborda valência ou outras dimensões emocionais. **PANAS (Positive and Negative Affect Schedule)** Afetos Positivos e Negativos Avaliar separadamente estados emocionais positivos e negativos em curto ou longo prazo. Detalhada, cientificamente validada, adequada para medições variadas. Mistura emoções, humores e afetos, dificultando a distinção clara entre eles. **Activation Deactivation Adjective Check List (AD ACL)** Ativação Energética e Tensa Avaliar estados de ativação momentâneos (energia, entusiasmo, tensão e ansiedade). Abrange alta e baixa ativação emocional, maior precisão em captar alterações emocionais. Pode causar fadiga devido ao número de itens. **Observações gerais:** - **SAM** e **Grelha Afetiva** são particularmente úteis em contextos rápidos e experimentais. - **PANAS** e **AD ACL** são mais detalhadas, ideais para estudos que exigem maior profundidade na análise emocional. - **Felt Arousal Scale** e **Feeling Scale** são mais focadas e práticas, recomendadas para situações que exigem medições frequentes e breves. **6. Indicadores Psicofisiológicos:** Incluem medições do sistema nervoso central e periférico que refletem estados emocionais. Entre eles: **Medidas Centrais (EEG e ERPs)**: - O **EEG** regista a atividade elétrica do cérebro, enquanto os **ERPs** analisam respostas cerebrais específicas a estímulos. - Os ERPs ajudam a entender o processamento emocional, mesmo para estímulos inconscientes **Medidas Periféricas**: **EOG** (movimentos oculares), **ECG** (atividade cardíaca), condutância da pele (indicador de excitação emocional), e tamanho da pupila são usados para medir reações fisiológicas ligadas às emoções. Estes indicadores são úteis para estudar a conexão entre emoções e respostas corporais, como mudanças cardíacas ou sudorese. **Integração da Informação** - **Paradigmas experimentais** fornecem métodos para manipular emoções e investigar processos conscientes e inconscientes. - **Tarefas neuropsicológicas** e o **reconhecimento facial** exploram o impacto emocional no comportamento e na cognição. - **Escalas de autorrelato** avaliam a experiência subjetiva, enquanto **indicadores psicofisiológicos** medem respostas objetivas. - **Paradigmas de emoções sociais** destacam o impacto emocional das interações humanas. **F) MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AFETIVA** **Medidas dimensionais de um único item:** **Vantagens**: - Rápida administração (apenas alguns segundos). - Minimiza a fadiga do respondente. - Útil para medir estados afetivos de rápida mudança. **Limitações**: - Menos confiáveis do que as medidas multi-item. - Respostas podem ser influenciadas por erros subjetivos (ex.: interpretação equivocada). **Medidas dimensionais multi-item** **Vantagens**: - Maior amplitude e profundidade nas respostas. - Fornecem um retrato mais detalhado do estado afetivo. **Limitações**: - Demandam mais tempo, podendo causar fadiga nos respondentes. - Podem dispersar-se em relação à experiência emocional central. **G) INDICADORES PSICOFISIOLÓGICOS** **Indicadores da Atividade Fisiológica** **Medidas Centrais**: Análise do cérebro a nível global ou regional, alta resolução temporal. - **EEG (Eletroencefalograma)**: Regista a atividade elétrica cerebral. - **MEG (Magnetoencefalografia)**: Mede campos magnéticos produzidos pela atividade neural. **Medidas Periféricas**: Avaliação de respostas fisiológicas automáticas. - **EOG (Electrooculografia)**: Mede movimentos oculares. - **EMG (Electromiografia)**: Regista a atividade muscular. - **ECG (Eletrocardiograma)**: Mede a atividade elétrica do coração. - **Frequência respiratória e cardíaca**: Indicadores de ativação emocional e estados de excitação. - **Condutância elétrica da pele**: Reflete respostas emocionais automáticas. - **Tamanho da pupila** e **atividade endócrina**: Relacionados à atenção e excitação emocional. **Medidas Psicofisiológicas e Representações Mentais** **Representações Mentais**: - Refletem como o mundo exterior é processado e traduzido em padrões cognitivos. - Dificuldade em correlacionar diretamente a representação mental com a representação neuronal. **ELETROENCEFALOGRAFIA (EEG)** **Objetivo**: Método não invasivo para medir a atividade elétrica do cérebro por meio de eletrodos no couro cabeludo. **Características principais**: - Deteta oscilações da corrente elétrica geradas por populações neuronais. - Necessita de sincronização e alinhamento das populações neuronais para gerar sinais detectáveis. - **Resolução espacial baixa**, mas alta resolução temporal. **Tipos de Atividade Registada pelo EEG**: - **Atividade espontânea**: Contínua, mesmo em repouso. - **Potenciais evocados**: Respostas a estímulos específicos (ex.: auditivos, visuais). - **Bioeletricidade neuronal**: Oscilações detetáveis resultantes da soma da atividade de neurônios. **Ondas cerebrais e estados**: Vigília: Alta frequência, baixa amplitude. Sono leve: Atividade mais lenta e regular. Sono profundo: Ondas lentas e de alta amplitude. Sono REM: Padrão misto semelhante à vigília. Morte cerebral: Ausência de atividade elétrica. **POTENCIAIS EVOCADOS (ERPs):** Pequenas oscilações de voltagem registadas pelo EEG, associadas a eventos específicos (sensoriais, motores ou cognitivos). Precisão em capturar respostas específicas a estímulos. **Origem**: Atividade sincrônica de populações de neurônios piramidais corticais. **Categorias**: 1. **Sensoriais (Exógenos)**: Relacionados a estímulos externos. 2. **Cognitivos (Endógenos)**: Relacionados ao processamento interno de informações. **Características principais**: Descritos pela latência, amplitude e reatividade a condições experimentais. Fornecem informações sobre a localização intracraniana da atividade. **Vantagens gerais**: Não invasivo, alto nível de detalhamento temporal (especialmente com EEG/ERPs). **Limitações gerais**: Baixa resolução espacial (EEG). Necessidade de sincronia neuronal para deteção eficiente. Desafios em correlacionar representações neuronais diretamente com experiências subjetivas.

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