Emoções na Tomada de Decisão PDF
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Este documento analisa a complexa relação entre as emoções e a tomada de decisão. Explora como emoções integrais e incidentales influenciam os processos decisórios, considerando aspectos como a valência emocional e a profundidade do pensamento.
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Relação entre racionalidade “limitada” e emoção; A relação tende a ser mais complexa do que apenas “causalidade linear”, pois fatores contextuais influenciam os “produtos” dos processos cognitivos; O facto dos seres humanos funcionarem, em termos motivacionais, num registo hierárquico e hierárquico,...
Relação entre racionalidade “limitada” e emoção; A relação tende a ser mais complexa do que apenas “causalidade linear”, pois fatores contextuais influenciam os “produtos” dos processos cognitivos; O facto dos seres humanos funcionarem, em termos motivacionais, num registo hierárquico e hierárquico, associado a variáveis individuais, dificulta a generalização de processos individuais da tomada de decisão; EMOÇÕES INTEGRAIS INFLUENCIAM A TOMADA DE DECISÕES: Emoção integral: sentimentos decorrentes de uma decisão em mãos, por exemplo, medo de perder dinheiro ao decidir entre investimentos; um contributo normativamente defensável para a DMJ; Resposta direta e adaptativa face aos desafios do contexto. A raiva, por exemplo, motiva a responder à injustiça (Salomão), e a antecipação do arrependimento fornece uma razão para evitar a expectativa excessiva de riscos. Lesoes (vmPFC), uma área-chave do cérebro para integrar emoção e cognição. Estudos revelam que tais comprometimentos neurológicos reduzem tanto a capacidade dos pacientes de sentir emoções quanto a otimização de suas decisões, reduções que não podem ser explicadas por simples alterações cognitivas; Os participantes com lesões vmPFC selecionam repetidamente uma opção financeira mais arriscada do que uma mais segura, até o ponto de perder um jogo com dinheiro real, apesar de sua compreensão cognitiva da fragilidade das escolhas; Emoção integral como viés. Apesar de surgirem do julgamento ou decisão em questão, as emoções integrais também podem enviesar a tomada de decisão. Por exemplo, pode-se sentir medo de voar e decidir dirigir em vez disso, embora as taxas básicas de morte por condução sejam muito mais altas do que as taxas básicas de morte por voo de quilometragem equivalente (Gigerenzer). As emoções integrais podem ser notavelmente influentes mesmo na presença de informações cognitivas que sugeririam cursos de ação alternativos (para revisão, ver Loewenstein) EMOÇÕES INCIDENTAIS INFLUENCIAM A TOMADA DE DECISÕES: Ativação emocional não esperada e/ou normativa face a uma situação; Por exemplo, ficar zangado e culpar alguém que não tem nada a ver com a situação; Afeto incidental (englobando emoção e/ou humor): sentimentos no momento da decisão não normativamente relevantes para decidir, por exemplo, medo de fazer um discurso ao decidir entre investimentos; Participantes que leram histórias “negativas” estimaram maior taxa sobre mortalidade, relativamente a participantes que leram histórias “positivas. Fatores moderadores: Inteligência emocional; nivel de afeto incidental (Forgas). A VALÊNCIA EMOCIONAL É APENAS UMA DAS VÁRIAS DIMENSÕES QUE MOLDAM A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES NA TOMADA DE DECISÕES: Emoções da mesma valência, como raiva e tristeza, estão associadas a diferentes avaliações antecedentes; profundidades de processamento; ativação hemisférica cerebral; expressões faciais (Ekman); respostas autonómicas (Levenson et al.); e atividade do sistema nervoso central; Quadro de avaliação-tendência (ATF): um quadro teórico multidimensional para ligar emoções específicas a resultados específicos da DMJ; proposto por Lerner & Keltner. Tema de avaliação: resumo macro nível de cada emoção de danos/benefícios específicos que podem surgir no ambiente, que influenciam um curso de ação específico; ATF baseia-se em três grandes pressupostos: (1) que um conjunto discreto de dimensões cognitivas diferencia a experiência emocional (2) que as emoções desempenham um papel de coordenação, desencadeando automaticamente um conjunto de respostas concomitantes (fisiológicas, comportamentais, experienciais e de comunicação) que permitem ao indivíduo abordar problemas ou oportunidades rapidamente; (3) que as emoções têm propriedades motivacionais que dependem tanto da intensidade de uma emoção como do seu caráter qualitativo. AS EMOÇÕES MOLDAM AS DECISÕES POR MEIO DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO: Avaliação cognitiva: produção de significado cognitivo que leva às emoções, geralmente ao longo de dimensões de certeza, prazer, atividade atencional, controle, esforço antecipado e autorresponsabilidade; Evidências de que emoções discretas estão associadas a diferentes padrões de avaliação cognitiva (para revisão, ver Keltner & Lerner); Smith & Ellsworth: certeza, prazer, atividade atencional, esforço antecipado, controle e responsabilidade alheia. A raiva pontua alto na certeza, controle e responsabilidade dos outros e baixo na agradabilidade. Essas características sugerem que as pessoas irritadas verão os eventos negativos como previsivelmente causados por, e sob o controle de outros indivíduos. Em contraste, o medo envolve baixa certeza e um baixo senso de controle, provavelmente produzindo uma perceção de eventos negativos como imprevisíveis e determinados situacionalmente; Estas diferenças nas tendências de avaliação são particularmente relevantes para a perceção do risco; pessoas com medo tendem a ver maior risco, e pessoas irritadas tendem a ver menos risco; O orgulho pontua menos do que a surpresa na dimensão da responsabilidade dos outros, enquanto a surpresa pontua menos na certeza. Essas diferenças sugerem que o orgulho produzirá uma tendência de avaliação para atribuir eventos favoráveis aos próprios esforços, enquanto a surpresa produzirá uma tendência de avaliação para ver eventos favoráveis como imprevisíveis e fora do próprio controlo. AS EMOÇÕES MOLDAM AS DECISÕES POR MEIO DA PROFUNDIDADE DO PENSAMENTO: Uma escola de pensamento interessante propõe que, se as emoções servem em um papel adaptativo, sinalizando quando uma situação exige atenção adicional, então o humor negativo deve sinalizar ameaça e, assim, aumentar o processamento vigilante e sistemático, e o humor positivo deve sinalizar um ambiente seguro e levar a um processamento mais heurístico. Tiedens e Linton (2001) sugeriram uma explicação alternativa para a diferença entre felicidade e tristeza em profundidade de processamento: a felicidade envolve avaliações de alta certeza, e a tristeza envolve avaliações de baixa certeza. Numa série de quatro estudos, os investigadores mostraram que as emoções de alta certeza (por exemplo, felicidade, raiva, nojo) aumentaram o processamento heurístico aumentando a confiança na experiência de origem de uma mensagem persuasiva em oposição ao seu conteúdo, aumentando o uso de estereótipos e diminuindo a atenção à qualidade do argumento. Além disso, ao manipular as avaliações de certeza independentemente da emoção, eles mostraram que a certeza desempenha um papel causal na determinação se as pessoas se envolvem em processamento heurístico ou sistemático. AS EMOÇÕES MOLDAM AS DECISÕES POR MEIO DA ATIVAÇÃO DE METAS: As tendências de ação específicas da emoção mapeiam temas de avaliação. Por exemplo, dado que a ansiedade é caracterizada pelo tema avaliativo de enfrentar ameaças existenciais incertas (Lazarus), ela acompanha a tendência de ação para reduzir a incerteza. A tristeza, ao contrário, caracteriza-se pelo tema avaliativo da experiência da perda irrevogável (Lázaro 1991) e, portanto, acompanha a tendência da ação de mudar as circunstâncias, talvez buscando recompensas. Consistente com esta lógica, um conjunto de estudos contrastou os efeitos da ansiedade incidental e da tristeza nas decisões hipotéticas de jogo e seleção de emprego e descobriu que a tristeza aumentou as tendências para favorecer opções de alto risco e alta recompensa, enquanto a ansiedade aumentou as tendências para favorecer opções de baixo risco e baixa. AS EMOÇÕES INFLUENCIAM A TOMADA DE DECISÕES INTERPESSOAIS: As emoções ajudam a navegar de forma otimizada nas decisões sociais. Muitos estudiosos conceituaram as emoções como sistemas de comunicação que ajudam as pessoas a navegar e coordenar as interações sociais, fornecendo informações sobre os motivos e disposições dos outros, permitindo, em última análise, a criação e manutenção de relações sociais saudáveis e produtivas. No caso da psicopatologia (por exemplo, narcisismo), as emoções impedem relações sociais saudáveis e produtivas (Kring). Emoção pode servir a pelo menos três funções na tomada de decisões interpessoais: (a) ajudar os indivíduos a entender as emoções, crenças e intenções uns dos outros; (b) incentivar ou impor um custo ao comportamento dos outros; e (c) evocar emoções complementares, recíprocas ou compartilhadas nos outros. Por exemplo, expressões de raiva levam a concessões de parceiros de negociação a) e estratégias mais cooperativas em jogos de negociação porque a raiva sinaliza um desejo de ajuste comportamental. Este efeito é qualificado por variáveis contextuais, como a motivação e a capacidade dos parceiros de interação para processar informações emocionais bem como a natureza moralmente carregada de uma negociação. A emoção influencia os processos grupais e as perceções dos grupos. A investigação sobre processos emocionais em nível de grupo é surpreendentemente escassa, dado que tantas decisões de alto risco são tomadas em grupos e que a investigação existente revela efeitos importantes. Por exemplo, a investigação descobriu que, embora os membros da equipe tendam a se sentir felizes e a gostar de grupos que têm uma sensação partilhada da realidade, tais sentimentos estão associados ao pensamento de grupo. Dado que a positividade geral ou negatividade pode se espalhar por grupos e influenciar os resultados de desempenho, é necessária consideravelmente mais investigação nesta área, especialmente no nível de emoções específicas. OS EFEITOS INDESEJADOS DA EMOÇÃO NA TOMADA DE DECISÕES PODEM SER REDUZIDOS EM CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS: Soluções que Procuram Minimizar a Resposta Emocional Atraso de tempo Supressão Reavaliação "solução de dupla emoção" (induzindo um estado emocional neutralizante) Soluções que procuram (mas às vezes falham) isolar o processo de decisão da emoção Aumentar o esforço cognitivo Afastando a emoção Aumentar a sensibilização para a atribuição incorreta.