Paradigmas de Investigação em Emoções PDF

Summary

Este documento descreve diferentes paradigmas para analisar emoções, incluindo formas de manipulação de estímulos visuais e tarefas neuropsicológicas. Inclui detalhes sobre a utilização de ferramentas como o IAPS(International Affective Picture System), a tarefa de Stroop emocional e tarefas go/no-go emocionais, além de um questionário baseado nas expressões faciais de Ekman. O texto abrange as escalas de autorrelato e métodos psicofisiológicos.

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QUANTIFICAÇÃO E PARADIGMAS DE INVESTIGAÇÃO A) PARADIGMAS EXPERIMENTAIS NO ESTUDO DAS EMOÇÕES Paradigma de manipulação da atenção – consiste em instruir os participantes a atenderem a certos estímulos visuais em detrimento de outros, que serão percecionados apenas inconscientemente, devido a estare...

QUANTIFICAÇÃO E PARADIGMAS DE INVESTIGAÇÃO A) PARADIGMAS EXPERIMENTAIS NO ESTUDO DAS EMOÇÕES Paradigma de manipulação da atenção – consiste em instruir os participantes a atenderem a certos estímulos visuais em detrimento de outros, que serão percecionados apenas inconscientemente, devido a estarem fora do foco atencional visual do sujeito. Paradigma de rivalidade binocular – consiste na apresentação de dois estímulos em cores diferentes, enquanto os participantes usam óculos que têm uma lente de uma dessas cores, e a outra lente da outra cor, respetivamente. Desta forma, os sujeitos só têm a perceção de um dos dois estímulos, sendo o outro percecionado apenas inconscientemente. Paradigma de mascaramento visual - Este consiste na apresentação de um estímulo-alvo por uma duração inferior ao limiar de consciência, e imediatamente a seguir a apresentação de um estímulo supraliminar irrelevante (i.e., estímulo máscara), que encobre a apresentação do estímulo-alvo. O objetivo é investigar o processamento inconsciente do estímulo-alvo. Ferramentas utilizadas em estudos que usam o paradigma de mascaramento visual para investigar reações emocionais: 1) Eliciação de reações emocionais: Nesses estudos, os estímulos usados (como expressões faciais ou imagens) podem ser escolhidos para provocar reações emocionais específicas (+, - ou neutras). 2) Valência Emocional: Os estímulos emocionais são categorizados de acordo com sua carga afetiva (+, - ou neutra). A valência emocional influência reações motivacionais, Aproximação (movimento em direção ao estímulo +). E afastamento (movimento para longe de um estímulo -). 3) EEG e potenciais evocados: Estudos que utilizam EEG (eletroencefalografia) medem a atividade cerebral em resposta à apresentação dos estímulos subliminares. Os potenciais evocados: São respostas elétricas específicas do cérebro que ocorrem após a apresentação de um estímulo. Esses potenciais ajudam a estudar como o cérebro processa informações que estão abaixo do limiar da consciência. 4) International Affective Picture System (IAPS): banco padronizado de imagens usadas em estudos para elicitar e avaliar reações emocionais com base em valência (+, -, neutra) e excitação emocional (alta, baixa). B) TAREFAS NEUROPSICOLÓGICAS Stroop Emocional:Teste neuropsicológico adaptado do teste original; Participantes devem nomear a cor da tinta das palavras apresentadas, ignorando o significado das palavras. Efeito de interferência – Maior dificuldade em inibir a atenção em palavras com valência afetiva vs palavras “neutras”. Essa interferência das palavras com valência é medida pela latência da resposta na nomeação da cor das palavras neutras em comparação com as palavras “emocionais”. Tarefa go/no-go emocional: Teste neuropsicológico adaptado do teste original; Avalia a inibição comportamental, particularmente a modulação emocional. Combinação de respostas motoras “go” e “no-go” emparelhadas com estímulos afetivos; O participante deve rapidamente fazer uma resposta motora, em função do estímulo. A tarefa mede a capacidade de um sujeito de inibir uma resposta sob diferentes condições emocionais. C) TAREFA DE RECONHECIMENTO FACIAL Teste de 60 faces de Ekman 60: Avaliar o reconhecimento emocional de seis emoções básicas. Fotografias em preto e branco de 10 atores (6 homens, 4 mulheres) – cada ator expressa uma emoção. Os participantes geralmente são solicitados a responder rapidamente com o nome da emoção expressa; Explorar dificuldades na regulação emocional em pacientes com perturbações neurocognitivas(Demência, Parkinson). Identificação de dificuldades de diferenciação emocional na psicopatologia severa (Esquizofrenia e Perturbação bipolar). D) EMOÇÕES SOCIAIS Tarefa Cyberball O participante deve decidir para qual dos outros dois jogadores jogar a bola. Numa condição de exclusão social condição, dois dos jogadores sempre enviam a bola um para o outro e nunca para o participante. Uma condição de inclusão social, todos os jogadores podem jogar. A exclusão social tende a ativar o córtex cingulado anterior que se correlaciona com níveis elevados de desconforto emocional. E) ESCALAS DE AUTORRELATO E GRELHAS DE OBSERVAÇÃO: Alicerçadas na abordagem dimensional (único ou multi-item): 1) Self-Assessment Manikin (SAM; Bradley Lang): Técnica de avaliação pictórica (não verbal) que mede diretamente a valência hedónica, arousal e dominância. Associada com a reação afetiva de um indivíduo a uma grande variedade de estímulos. Dominância está positivamente correlacionada à valência hedónica. 2) Grelha afetiva (AG; Russell, Weiss, & Mendelsohn): Vantagens, apenas a colocação de um único X em 1 das 81 células da grelha. E minimiza a fadiga respondente. Desvantagem, Formato não-familiar 3) Escala de valência afetiva Feeling scale (FS; Hardy & Rejeski): O FS é uma escala bipolar de 11 pontos, de um único item, que é utilizada para avaliar respostas afetivas. A escala varia de 5 a + 5. Âncoras semânticas são fornecidos em zero, e em todos os números ímpares (+ 5 = muito bom; + 3 = bom; + 1 = razoavelmente bom; 0 = neutro; -1 = razoavelmente mau; -3 = mau; -5= muito mau). A escala FS está correlacionada com valores entre 0,51 e 0,88 com a escala de valência da SAM (Lang), e 0,41 0,59 com a escala de valência do Grelha afectiva (Van Landuyt et al). 4) Felt Arousal Scale (FAS; Svebak & Murgatroyd): usada para medir a perceção de ativação. A escala consiste em 6 níveis de ativação, que variam de baixa ativação (1) para alta ativação (6). A alta perceção de ativação pode ser caracterizada das seguintes maneiras: excitação, ansiedade ou raiva. A baixa ativação é observada como relaxamento, tédio ou calma. A FS e FAS foram adaptadas para crianças com a adição de uma série de desenhos estilizados de rostos que vão desde muito feliz até muito triste e de muito calmo até muito alerta. 5) Positive and Negative Affect Schedule, PANAS (Watson et aI): tornou se uma das mais utilizadas medidas de afeto. É composto de 20 itens, 10 para a escala de AP (por exemplo, interessado, animado) e 10 para a escala AN (por exemplo, afligido, chateado). Cada item é avaliado numa escala de 5 pontos, variando de "Muito pouco ou nada" para “. Limitação importante: Parecem representar uma mistura de emoções, humores e afeto 6) Activation Deactivation Adjective Check list: objetivo de avaliar estados de ativação momentâneo. As dimensões são associadas a características de ativação, como alterações fisiológicas e estados humorais. A sua estrutura é semelhante ao PANAS, mas consegue captar estados de baixa ativação. Abrange duas dimensões bipolares. Uma é denominada Ativação Energética (AE) e a outra Ativação Tensa (AT). Cada um dos 20 itens é composto por uma escala de resposta de 4 pontos, com 1 = “Sinto me definitivamente; " 2 = "Sinto me um pouco“; 3 = "Não é possível decidir " e 4 = “Definitivamente não me sinto”. F) MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AFETIVA Medidas dimensionais de um único item: Vantagens, Apenas poucos segundos para administrar; Minimiza a fadiga do respondente; Permite registar um estado afetivo de rápida mudança. Contras, Resposta pode ser errada Menos confiável do que as medidas multi item do mesmo construto. Medidas dimensionais multi-item: Vantagens, Maior amplitude de resposta; Minimiza a fadiga do respondente. Contras, Maior fadiga do respondente; Dispersão face à experiência emocional G) INDICADORES PSICOFISIOLÓGICOS Indicadores da Atividade Fisiológica Medidas centrais: EEG (electroencefalograma) e MEG (electromagnetoencefalograma). Medidas periféricas: EOG (electrooculografia), EMG (electromiografia), ECG (electrocardiograma), Frequência respiratória e frequência cardíaca. Condutância elétrica da pele. Tamanho da pupila e atividade endócrina. Medidas Psicofisiológicas Representações Mentais: Representação mental refere-se à forma como o mundo exterior é processado na cognição. Representação neuronal descreve como o mundo exterior é traduzido em taxas de disparos neuronais. Há dificuldades em conectar diretamente essas ideias. ELETROENCEFALOGRAFIA (EEG): Método de exploração do encéfalo através da observação da atividade elétrica cerebral; Método não invasivo onde são colocados vários elétrodos no escalpe que medem as oscilações na corrente elétrica cerebral – atribuição à atividade cognitiva; Mede a oscilação na corrente dos iões neuronais; Usado como técnica de investigação e diagnóstico médico. Baixa resolução espacial; EEG mede sinais elétricos gerados pelo cérebro através de elétrodos colocados em diferentes pontos do escalpe refentes a enormes populações de neurónios. Procedimento não invasivo e que envolve registo (e não a estimulação). Para que um sinal elétrico seja detetado no escalpe são necessários alguns requisitos em termos de catividade neuronal: (1) toda uma população neuronal deve estar ativa em sincronia para gerar um campo elétrico suficientemente grande, (2) esta população deve estar alinhada em orientação paralela de modo que exista adição da atividade e não cancelamento. É o que se passa no córtex, mas não necessariamente em todas as regiões do cérebro (ex: tálamo) ONDAS CEREBRAIS EEG é uma técnica que regista a atividade elétrica do cérebro por meio de eletrodos colocados no couro cabeludo, permitindo capturar as oscilações elétricas que refletem o funcionamento neuronal. três principais tipos de atividade que o EEG regista: (1) a atividade espontânea, que ocorre de forma contínua no cérebro mesmo em estados de repouso ou relaxamento; (2) os potenciais evocados, que são respostas elétricas específicas desencadeadas por estímulos externos, como visuais ou auditivos; e (3) a bioeletricidade gerada por neurônios individuais, que em conjunto formam os sinais detectáveis pelo EEG. Quando estamos acordados, as ondas cerebrais mais freq e baixa amplitude. No sono leve, a atividade elétrica torna -se mais lenta e regular. No sono REM (associado a sonhos), observa-se um padrão mais misto, com atividade elétrica que pode ser semelhante ao estado de vigília, mas ainda assim distinta. No sono profundo, as ondas cerebrais são lentas e de alta amplitude. Em casos de morte cerebral, não há atividade elétrica detetável. POTENCIAIS EVOCADOS (ERPS) (ERPs) são pequenas oscilações de voltagem geradas cérebro e detetáveis no couro cabeludo, em resposta a eventos específicos ou estímulos. Origem em eventos: sensoriais; cognitivos ou motores. Considera-se que refletem a atividade somada dos potenciais pós-sinápticos produzidos quando um grande número de neurónios piramidais corticais (da ordem de milhares ou milhões) disparam em sincronia ao processar informações. Dividem-se em duas categorias: “sensoriais” ou exógenos, “cognitivos” ou endógenos. As formas de onda são descritas de acordo com a latência e amplitude, reatividade às condições experimentais e origem intracraniana.

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