Farmacologia - Conceitos Gerais PDF
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Este documento apresenta um resumo de conceitos gerais de farmacologia, focando em conceitos como farmacocinética, farmacodinâmica e biodisponibilidade ocular. O texto discute também a penetração de fármacos e fatores que influenciam na absorção e no tempo de residência no reservatório lacrimal.
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Farmacologia - Conceitos Gerais CONCEITOS GERAIS Farmacocinética Compreende a absorção, distribuição e eliminação da droga. São ações do corpo sobre a droga. Farmacodinâmica Compreende os efeitos da droga sobre o corpo - mecanismos de ação moleculares, celulares e fisiológic...
Farmacologia - Conceitos Gerais CONCEITOS GERAIS Farmacocinética Compreende a absorção, distribuição e eliminação da droga. São ações do corpo sobre a droga. Farmacodinâmica Compreende os efeitos da droga sobre o corpo - mecanismos de ação moleculares, celulares e fisiológicos. Biodisponibilidade ocular Corresponde à quantidade da medicação administrada que fica disponível para exercer seu mecanismo de ação nos olhos. Os colírios administrados são rapidamente drenados pelo sistema lacrimal e absorvidos sistemicamente através da mucosa conjuntival, proporcionando biodisponibilidade ocular muito baixa, na faixa de 5%. Mesmo dispositivos de liberação lenta têm biodisponibilidade ocular na faixa de 10%, ainda baixa. Tempo de residência de uma droga Corresponde ao tempo que a droga permanece no reservatório lacrimal. O volume ideal para gotas dos colírios é de 20 µl. No Brasil, entretanto, a maioria dos frascos fornece uma gota de 50 µl. A capacidade de retenção do saco lacrimal é de 25-30 µl. A mistura fármaco-lágrima tem uma taxa de remoção de 16% por minuto, levando a uma remoção completa em 6 minutos. Assim, a droga permanece pouco tempo no lago lacrimal, especialmente se ela estimular um lacrimejamento reflexo. Uma segunda gota do mesmo colírio ou um colírio diferente não deve ser aplicado com intervalo inferior a 5 minutos. Penetração da droga O epitélio da córnea funciona como uma barreira à penetração de medicamentos do lago lacrimal para o interior dos olhos. As células superficiais do epitélio possuem zonas de oclusão (ZO). O epitélio da córnea é mais permeável aos medicamentos lipofílicos, não iônicos e de pequena massa molecular, quando comparado às substâncias hidrofílicas. Isso ocorre pela presença de fosfolípides, ácidos graxos e colesterol na membrana plasmáticas das células epiteliais. Os principais medicamentos utilizados clinicamente são lipofílicos, fazendo com que a rota transcorneana seja a principal porta de entrada do lago lacrimal para o humor aquoso. A penetração ocorre por difusão passiva. Como o estroma é hidrofílico, as drogas lipofílicas penetram o epitélio mais facilmente que o estroma; a penetração no estroma depende mais do raio molecular. Para penetrar o endotélio, por sua vez, tanto a lipossolubilidade quando o raio molecular são importantes. A conjuntiva é mais permeável e sua superfície é 20 vezes maior que a córnea, sendo inclusive permeável a moléculas hidrofílicas e maiores. No entanto, a córnea continua sendo a principal rota de entrada de medicamentos no olho. FATORES QUE INTERFEREM NA PENETRAÇÃO CORNEANA DE UM FÁRMACO Concentração e solubilidade no veículo: ○ Soluções concentradas podem ser necessárias para aumentar a quantidade de medicação que atravessa a córnea. ○ Entretanto, soluções altamente concentradas aumentam a tonicidade da lágrima, o que provoca lacrimejamento reflexo. ○ Além disso, soluções mais concentradas podem sofrer precipitação e podem ter maior absorção sistêmica. ○ Desta forma, o ideal é que a formulação tenha a menor concentração possível capaz de gerar níveis adequados na câmara anterior. Viscosidade: ○ Drogas em veículos viscosos permanecem mais tempo no fundo de saco (maior tempo de residência), devido à maior bioadesão, aumentando a penetração e biodisponibilidade da droga. ○ Exemplos: drogas veiculadas em metilcelulose e ácido polivinílico. ○ Entretanto, o excesso de viscosidade pode ser irritante para os olhos. Lipossolubilidade: ○ Drogas lipossolúveis apresentam maior penetração corneana. pH e carga iônica: ○ Drogas com pH diferente do da lágrima podem provocar lacrimejamento reflexo, diminuindo a penetração da droga. ○ O pH ideal é de cerca de 7,4. ○ As drogas lipossolúveis geralmente são não iônicas. Presença de surfactantes (tensoativos): ○ Surfactantes rompem ligações celulares (zônulas de oclusão, zônulas de adesão, desmossomos) e aumentam a penetração da droga. ○ Exemplo: drogas que usam o cloreto de benzalcônio como preservativos. ○ Apesar do aumento da permeabilidade ocular, estes preservativos podem estar associados a toxicidade ocular e lacrimejamento reflexo. Osmolaridade: ○ A osmolaridade ideal é de cerca de 290 mOsm/L, semelhante à osmolaridade da lágrima. Pomadas: ○ As pomadas são solventes lípides eficazes. ○ A maioria das medicações hidrossolúveis são insolúveis em pomadas, se apresentando na forma de microcristais. ○ Apenas os cristais na superfície da pomada dissolvem-se na lágrima. ○ O restante fica retido até que a pomada se derreta. ○ Sua remoção ocorre em uma velocidade de 0,5%/minuto, levando à remoção completa em 3,5 h. ○ Esta liberação lenta e prolongada pode impedir o fármaco de atingir um nível terapêutico na lágrima. ○ Desta forma, em situações em que é necessário tratamento intensivo, como úlceras ou endoftalmite, prefere-se a utilização de colírios. ○ Entretanto, algumas substâncias como cloranfenicol, tetraciclinas e fluormetolona atingem níveis mais altos no aquoso quando administrados em pomadas. ○ As pomadas formam uma barreira mecânica que dificulta a penetração do colírio. ○ Assim, se o paciente estiver usando colírio e pomada, é necessária a instilação do colírio antes. BARREIRA HEMATO-OCULAR As barreiras hemato-oculares protegem o olho da entrada de medicamentos provenientes da circulação sanguínea. Divide-se em: Barreira hemato-aquosa ou barreira hemato-ocular anterior: ○ Zônulas de oclusão entre as células do epitélio não pigmentado do corpo ciliar. ○ Zônulas de oclusão existentes nos capilares irianos. ○ Epitélio posterior da íris. ○ Esta barreira limita a passagem de medicamentos hidrofílicos e proteínas do plasma para o humor aquoso. ○ Esta barreira pode ser quebrada nos processos inflamatórios e sob efeito de algumas drogas (ex: pilocarpina). Barreira hematorretiniana ou barreira hemato-ocular posterior: ○ Interna - zônulas de oclusão nos capilares retinianos. ○ Externa - Zônulas de oclusão entre as células do EPR. ○ Limita a penetração de medicamentos e proteínas da circulação sistêmica e coroide para a retina.