Neuropsicologia do Sistema Visual PDF
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Summary
Este documento contém informações sobre a neuropsicologia do sistema visual. Discute a forma como o sistema visual difere de uma câmara fotográfica e como as imagens são processadas, fornecendo informações sobre diferentes aspectos do processamento visual, incluindo as leis da percepção da Gestalt e do reconhecimento figura-fundo.
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Neuropsicologia do sistema visual O sistema visual não regista as imagens como uma câmara fotográfica – usa as imagens da retina em constante modificação (dinâmicas) para construir uma representação estável, tridimensional do mundo. Detecção das formas como detecção de in...
Neuropsicologia do sistema visual O sistema visual não regista as imagens como uma câmara fotográfica – usa as imagens da retina em constante modificação (dinâmicas) para construir uma representação estável, tridimensional do mundo. Detecção das formas como detecção de invariantes (influencia do contexto na percepção de objectos) A ideia da percepção como um processo ativo encontra raízes filosóficas em Immanuel Kant E na psicologia, na escola alemã do séc. XX de Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Kolher que fundaram a escola da Gestalt. Segundo Wertheimer “existem entidades onde o comportamento do todo não pode ser derivado dos seus elementos individuais, nem do modo como esses elementos se ligam. Porem, o oposto é verdadeiro, as propriedades das partes são determinadas pelas leis estruturais intrínsecas do todo” Leis da percepção segundo a escola da gestalt Similaridade Proximidade Padrão ambíguo Boa continuação Reconhecimento figura-fundo Edgar Rubin ilustração esquerda , à direita Maurits Escher As imagens projetadas na retina consistem em padrões complexos, dinâmicos de luz com intensidade e cor diversas. Processamento visual de nível baixo identifica diversos tipos de contrastes nestas imagens Processamento de nível intermédio – identificação das “primitivas visuais” como contornos, movimentos e superfícies. Processamento de nível elevado integra mensagens de diversas origens e é o estadio final no sistema visual que conduz à experiencia visual consciente O processamento visual de nível elevado depende de sinais top-down (descendentes) que dotam as representações sensoriais bottom up (aferentes ou ascendentes) de significado semântico – Da memória de trabalho de curta duração – Da memória de longa duração – Objectivos comportamentais. O CÉREBRO HUMANO CONTEM ENTRE 20 A 40 AREAS COM FUNÇÕES VISUAIS E ESTIMA-SE QUE OCUPEM CERCA DE 1/3 DO CÉREBRO. Imagem da retina Retina: receptores sensoriais cones e bastonetes Canada das células ganglionares Camada plexiforme interna Camada nuclear interna Camada Plexiforme externa Camada nuclear externa Camada dos fotorreceptores Epitélio O estudo do sistema visual como paradigma para o entendimento do processamento da informação no SN (1) 1. Esclarecer a transdução sensorial pois os processos dos fotorreceptores da retina estão entre os mais conhecidos 2 A retina, ao contrário de outros receptores (cóclea ou receptores da pele) não é uma estrutura periférica mas pertence ao SNC tem uma organização sináptica semelhante a outras estruturas do SNC e ao mesmo tempo é mais simples (por comparação outras estruturas do SNC) 3 Contém apenas 5 tipos de células – (fotorreceptores, células horizontais, células bipolares, amácrimas e ganglionares) – que estabelecem entre si um padrão complexo e intrincado de ligações sinápticas – mas com um arranjo ordenado em camadas A diversidade fisiológica e uma organização estrutural relativamente simples faz com que o estudo da retina seja útil para o entendimento acerca do modo como a informação é processada nos circuitos neurais do cérebro. Visão fotopica (luz, cromática sistema dos cones e retina central) e visão escotópica (com níveis baixos de luz, acromática, bastonetes e retina periférica) No slide seguinte representação do campo visual ao longo da via visual: – Os axónios das células ganglionares da retina formam o nervo optico e transportam as mensagens de cada um dos olhos até ao quiasma optico – No quiasma opticos as fibras provenientes da hemiretina nasal cruzam para o lado oposto e juntam-se às fibras provenientes da hemiretina temporal ipsilateral para formar o trato optico. O trato optico transporta mensagens dos hemicampos contralaterais e projeta no NUCLEO GENICULADO LATERAL (Nucleo do Tálamo) – As fibras do Nucleo geniniculado lateral enviam os seus axónios até ao cortex visual primário pela radiação optica A via visual primária chamada geniculo estriada Via através dos coliculos superiores (tuberculos quadrigemeos superiores e N. Pulvinar) que regula os movimentos dos olhos Via através da area pretectal do mensecefalo que regula o diâmetro da pupila e os movimentos oculares As células ganglionares m e P E a via não m e não p Provas neuropsicológicas da existencia de vias visuais paralelas: Via ventral ou occipito temporal – especializada para a perceção e reconhecimento de objetos (via do WHAT) – As células no Lobo Temporal têm campos recetivos mais seletivos e que representam a informação foveal. Via dorsal ou occipito parietal – especializada na percepção espacial (via do WHERE ou HOW) – visão para a ação – No Lobo Parietal os neurónios têm campos recetivos grandes, não seletivos representando quer a fóvea quer a periferia. Dissociação de sintomas: Pacientes com lesões seletivas a via ventral podem ter graves problemas na identificação dos objetos mas podem usar a informação para guiar movimentos coordenados (casos clínicos DF e JS). Pacientes com ataxia óptica (associado a lesões do córtex Parietal) – podem reconhecer o objeto mas não conseguem usar a informação visual para guiar a ação. As vias visuais… https://www.youtube.com/watch?v=IOHayh 06LJ4 https://www.youtube.com/watch?v=jw6nB Wo21Zk https://www.youtube.com/watch?v=RSNofr aG8ZE https://www.youtube.com/watch?v=IOHayh https://www.youtube.com/watch?v=k5bvnX 06LJ4 YIQG8 https://www.youtube.com/watch?v=Pwqu_ K0Wj4A HIPERCOLUNA Tipo de estimulos complexos que produziam respostas dos neuronios do cortex temporal inferior Resposta de neurónios do Córtex Temporal Inferior sensível a faces…. Constância percetiva ou “invariância do objeto”, respostas dos neurónios do córtex temporal inferior AS AGNOSIAS VISUAIS Síndrome neuropsicológico em que as dificuldades de reconhecimento de objecto persistem apesar de a mensagem visual ser registada a nível cortical. Pressupõe que o reconhecimento de objetos é um processo que envolve sucessivas representações com níveis de abstração progressivamente mais altos depende de um processamento paralelo e hierárquico Porém, quer na clínica neuropsicológica as lesões ocorrem de modo “imprevisível”, quer o modelo do processamento não é estritamente serial, hierárquico Agnosia dificuldades de reconhecimento do objeto apesar de a mensagem (visual) ser registada a nível cortical Não - dificuldade do processamento sensorial Não - perturbação da memória Em geral limitado a uma modalidade sensorial Um exemplo… prosopagnosia The fusiform face area (FFA) is a part of the human visual system which might be specialized for facial recognition, although there is some evidence that it also processes categorical information about other objects, particularly familiar ones. https://littlegre ymatters.com/t ag/prosopagno O diagnóstico pressupõe um processamento sensorial visual inicial preservado perturbação das funções superiores de reconhecimento dos estímulos Agnosias Visuais (introdução) 1890 Lissauer – identifica dois tipos de agnosia: 1. Défice percetivo 2. Défice associativo (seelenblindheit ou “cegueira da alma”) 1891 Freud distingue os défices da sensação dos da “gnosis” – agnosia. Tipos de Agnosia Agnosia Apercetiva – Incapacidade de perceber o padrão – Incapacidade em processar a informação visual básica e formar um padrão – Conseguem perceber aspetos locais, frequentemente detalhes pequenos do estímulos Agnosia Apercetiva – diagnóstico – Diagnostico – cópia de Perceciona apenas aspetos desenhos locais do estimulo, em baixo «7415» Poppelreuter Test Poppelreuter Test (superimposed figures) used in the assessment of visual agnosia. People with apperceptive agnosia are not able to identify the different line drawings of objects e.g., cannot color the individual items or trace the outlines of the figures.) People with associative agnosia can correctly identify the Agnosia Apercetiva Incapacidade em processar as propriedades estruturais do objeto (défice de reconhecimento, de discriminação, de cópia, de emparelhamento de figuras visuais) ▪ défice dos processos de invariância de objeto (os objetos, apesar de serem vistos em condições diferentes e terem distintas imagens retinianas são reconhecidos como idênticos). Estratégias de “compensação” O reconhecimento de objetos é feito com base em inferências a partir de indícios da cor, dimensão, textura … Em alguns casos a partir do movimento do objeto Reconhecem os objetos pelo processo de “adicionar impressões”. Outra estratégia consiste em “traçarem” com gestos os contornos do estímulo. Agnosia associativa Capacidade de construção de um perceto do objeto Incapaz de atribuir um significado Capacidade para copiar o desenho, para fazer julgamentos «igual, diferente» Os pacientes com agnosia associativa percecionam o objeto (forma global) mas não o conseguem identificar Simultaneoagnosia “ventral” Lesões temporo – occipitais inferiores esquerdas incapacidade em perceber mais do que um objeto de cada vez. Pacientes são capazes de reconhecer objetos individuais mas falham se for mais do que um objecto, ou quando se trata de figuras complexas. Não reconhecem múltiplos objetos mas podem vê-los. Perturbada a leitura – soletram as letras. Simultaneoagnosia dorsal défice da atenção visual em que apenas é percebido um estímulo de cada vez (atenção) - e até o estímulo atendido pode deixar de ser reconhecido. Lesão parieto-occipital bilateral. http://www.youtube.com/watch?v=T1qnPx walhw https://www.youtube.com/watch?v=dG8JG g- d2Pk&list=PLYy5JLM8VNdtCqi9HyOdmM W7_KfPtyf1p Prosapognosia http://www.youtube.com/watch?v=vwCrxo mPbtY https://www.youtube.com/watch?v=dxqsB k7Wn-Y Défices do processamento visual de nível elevado: processamento semântico de objectos 2. Agnosia visual associativa: incapacidade em reconhecer objetos, – preservadas as capacidades de copiar, desenhar. Não é apenas um défice de nomeação, associa-se a incapacidade em indicar os usos, a cor e tamanho dos objectos visuais, e ainda de identificar a categoria semântica de dois objectos distintos; Reconhecimento normal de objectos através de outras modalidades sensoriais, e. g., tacto, som, a partir da definição verbal. Não afecta todos os tipos de estímulos visuais. Lesões posteriores bilaterais. Processamento Agnosias Visuais visual inicial Aperceptivas Associativas Acuidade Incapacidade em Incapacidade em Fixação Ocular reconhecer a reconhecer o Movimento estrutura - significado dos Disc.figura/fundo propriedades estímulos visuais Cor (acromatopsia) espaciais dos (reconhecimento da Textura estímulos visuais forma mas (incapacidade em incapacidade de reconhecer os reconhecer objetos) objectos) Correlatos neuranatómicos: Lobos Occipitais Lesões temporais Lesões temporais posteriores anteriores Sem assimetria hemisférica. Além da dicotomia do modelo das agnosias Apercetivo – Associativo Aperceptiva Integrativa Associativa Dificuldade em identificar Incapacidade para Capacidade para objetos com base na integrar características perceber objetos informação visual em partes e partes de preservada - défice na um, objeto num todo atribuição de significado. global As agnosais associativas puras são muito raras. Défices de categorias especificas na agnosia Animado vs inanimado? (animais vs objetos) Seres vivos vs seres inanimados Animais vs instrumentos que podem ser manipulados MODELOS DA MEMÓRIA SEMÂNTICA _ categorial ou com baseada nas propriedades do objeto? Referências Kartsounis LD: Assessment of perceptual disorders. In P. E. Halligan, U. Kischka, J. C. MArshall: Handbook of clinical neuropsychology. OUP, 2007. Farah M J: Visual Agnosia – disorders of object recognition and what they tell us about normal vision. MIT Press, 1995. Consulta dos capítulos dos manuais indicados no programa: – Bear, Connors e Paradiso… – Kandel, Schwartz, Jessell: Principles of neural …