Anamnese e Avaliação das Funções Visuais PDF
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Universidade Cruzeiro do Sul
Renata de Carvalho Mendes, Maria Thereza Carvalho Rodriguez Guisande
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Summary
Este documento fornece um guia sobre anamnese e avaliação das funções visuais para reabilitação. Explora os passos para coletar dados, aplicar testes de acuidade visual e acomodação, e descreve os materiais necessários. O texto destaca a importância da avaliação subjetiva (anamnese) e objetiva (testes específicos) para um atendimento profissional eficaz na área da saúde visual.
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Anamnese e Avaliação das Funções Visuais Conteudista: Prof.ª Renata de Carvalho Mendes Revisão Textual: Maria Thereza Carvalho Rodriguez Guisande Objetivos da Unidade: Apresentar os passos para desenvolver os dois primeiros tópicos da avaliação visual para reabilitação; Como realizar a...
Anamnese e Avaliação das Funções Visuais Conteudista: Prof.ª Renata de Carvalho Mendes Revisão Textual: Maria Thereza Carvalho Rodriguez Guisande Objetivos da Unidade: Apresentar os passos para desenvolver os dois primeiros tópicos da avaliação visual para reabilitação; Como realizar a coleta de dados na anamnese; Como aplicar os testes especí cos para avaliar a acuidade visual e a acomodação visual; Materiais utilizados para aplicar os testes especí cos. ʪ Material Teórico ʪ Material Complementar ʪ Referências 1/3 ʪ Material Teórico Introdução Ao nal desta Unidade, você terá desenvolvido o raciocínio para conduzir a anamnese e os testes de avaliação das funções visuais. Avaliação signi ca o ato de avaliar, sinônimo de estimativa ou apreciação. No âmbito da saúde, podemos de nir como análise das condições físicas de um indivíduo. No caso da avaliação visual, será a análise das condições do sistema visual. A avaliação é composta por duas etapas: a primeira etapa, denominada avaliação subjetiva, e a segunda, denominada avaliação objetiva. A avaliação subjetiva compreende a anamnese, que é a etapa em que coletamos dados e informações que não podem ser mensurados ou objetivamente observados, enquanto a segunda etapa ou avaliação objetiva envolve a aplicação dos testes especí cos, em que é possível quanti car e quali car os dados colhidos. Como já dissemos anteriormente, a avaliação visual sistematizada é a premissa para o seu sucesso pro ssional. Ela é a base do raciocínio que irá concluir qual a melhor conduta que você poderá tomar para atingir seu objetivo, que é a reabilitação visual. A reabilitação visual envolve identi car e reabilitar os distúrbios da visão através de métodos não invasivos. Nesse sentido, cabe ao médico especialista em oftalmologia identi car e determinar tratamentos, prescrever medicamentos, realizar exames invasivos e, quando necessário, realizar cirurgias. O objetivo da realização da avaliação é coletar informações e interpretá-las, a m de garantir condutas assertivas. A avaliação é o seu primeiro contato com o paciente e você deve prezar pela ética, pela humanização e por boas práticas de conduta, pois o atendimento de qualidade é essencial para criar uma relação de con ança e segurança. A seguir, vamos iniciar o estudo das etapas que compreendem a avaliação visual para reabilitação, desenvolvendo habilidades e competências requeridas para sua atuação pro ssional. Anamnese Etimologicamente, a palavra anamnese se originou do grego anámnese, que signi ca ato de trazer à memória. Nesse sentido, a de nição de anamnese é o ato de coletar a história de todos os sintomas apresentados pelo paciente, também podendo ser considerado lembranças ou reminiscências de uma lembrança. A anamnese é uma espécie de entrevista realizada pelo pro ssional, na qual o paciente é submetido a uma série de perguntas. Ela é parte essencial da avaliação. Aliada aos testes especí cos ou exame físico, a anamnese colabora para a identi cação de um desequilíbrio ou distúrbio e ajuda a traçar uma conduta assertiva e e caz. Figura 1 – Ficha de avaliação Fonte: Freepik A cha de avaliação é essencial na vida de um pro ssional de saúde, sendo considerada um documento em que estão registradas todas as informações pessoais coletadas. Ela deve ser armazenada cuidadosamente, de acordo com os princípios éticos, mantendo-se total sigilo. Identi cação do Paciente Os dados pessoais, como nome, endereço, telefone e e-mail, são importantes, pois, através deles, você vai identi car o paciente e vai comunicar-se com ele. Este é um item obrigatório. A data de nascimento e a idade podem trazer importantes informações, pois alguns distúrbios se manifestam de formas diferentes de acordo com a faixa etária. Por exemplo: a presbiopia é uma condição siológica que acomete indivíduos após os 40 anos. Ela se deve ao envelhecimento natural do cristalino, que perde a capacidade de focar em imagens próximas. Presbiopia é conhecida popularmente como “vista cansada” ou “síndrome do braço curto”. Figura 2 – Mulher apresentando di culdade na leitura de perto, precisando afastar o objeto de leitura para conseguir visualizar melhor Fonte: Pexels Outro dado importante referente aos dados pessoais é a pro ssão. Determinadas pro ssões podem causar danos à saúde visual. Pro ssionais que trabalham com eletrônicos, como o computador, tendem a permanecer muitas horas focados na tela, exigindo excessiva ação muscular dos olhos e diminuindo o ato de piscar, o que pode gerar cansaço visual ao nal do dia e ressecamento ocular. Após a coleta das informações pessoais, você iniciará a anamnese ou entrevista através de perguntas especí cas, que trarão informações sobre o quadro apresentado pelo paciente. Queixa principal A Queixa Principal (QP) é a descrição sucinta do motivo da consulta. Nesse item, você deve registrar a queixa do paciente com as mesmas palavras utilizadas por ele. Ao nal de determinada informação, é muito comum a utilização do termo “sic”, usado entre parênteses. Há controvérsias em relação ao signi cado do termo: alguns o descrevem como sendo a contração do termo em latim sicut, que signi ca “assim como é” ou “exatamente desta forma”; já outros explicam que trata-se da sigla referente à expressão “Segundo Informa o Consulente” ou “Segundo Informações Colhidas”. Em Síntese O termo “sic” representa que o que foi referido imediatamente antes foi transcrito da forma como se apresentou ou no mesmo grau de intensidade como foi informado, independente de erros ou impropriedades. Exemplo: QP – vista embaralhada e tontura. (sic). Histórico da Doença Atual (HDA) Após anotar a queixa principal, você irá coletar dados referentes à queixa principal, como início, principais sintomas, tempo de duração, tratamentos realizados e outras informações relevantes, construindo o histórico da doença atual e compreendendo o que o paciente quis dizer com o relato da queixa principal. Para isso, você poderá utilizar algumas perguntas, a m de construir o histórico da doença atual. Histórico Pessoal No histórico pessoal, você vai coletar informações acerca da saúde do paciente, correlacionando-as com a queixa principal. Histórico Familiar Nesse item, você deve perguntar a respeito das patologias visuais pregressas dos familiares do paciente que sejam relevantes, por exemplo, aquelas de caráter hereditário, como a catarata congênita, o glaucoma congênito, o daltonismo, a miopia, entre outras. Avaliação das Funções Visuais Após nalizar a identi cação e a anamnese do paciente, inicia-se a aplicação dos testes especí cos. Para realizar os testes, é importante que a sala seja ampla, bem iluminada e sem estímulos visuais. Você deve iniciar os testes pela avaliação das funções visuais. Importante! Função visual é a capacidade que cada olho possui de enxergar, acomodar-se e ter um ponto de xação. Na avaliação das funções visuais, você deve aplicar os testes para veri car a acuidade visual de longe, a acuidade visual de perto e a amplitude de acomodação. Acuidade Visual O teste de acuidade visual é um teste quantitativo, que envolve mostrar ao paciente objetos de diferentes tamanhos, a uma distância padrão. Ele pode ser realizado em bebês, crianças e adultos. O seu objetivo é demonstrar a capacidade do paciente discernir os detalhes e as formas das imagens. Acuidade signi ca “grande capacidade de percepção”, ou seja, refere-se à nitidez com que você visualiza as imagens. Os materiais necessários para realizar o teste de acuidade visual são: optótipos com letras, números ou guras; oclusor; régua; e tabela de medida de visão para perto. Optótipos são tipos de letras e imagens de vários tamanhos, especí cas para a realização do teste de acuidade visual de longe. Há materiais especí cos para avaliação de bebês, crianças, adultos e indivíduos não alfabetizados. Figura 3 – Avaliação da acuidade visual. Fonte: Freepik Teste de Acuidade Visual em Bebês Você deve utilizar o teste de Teller ou teste do olhar preferencial para avaliar a acuidade de recém-nascidos, bebês, crianças que não desenvolveram a fala e pacientes que apresentam limitações na realização de outros testes. O teste de Teller permite quanti car a acuidade visual através da capacidade de reconhecer dois pontos muito próximos, por meio de cartões especiais. Esse teste é composto por vários cartões, com listras cinzas e pretas. Os cartões são feitos com rigor técnico e o contraste é sempre o mesmo. Neles, as listras brancas e pretas obedecem a um cálculo matemático, denominado ciclo por segundo. Para realizar o teste de Teller, o bebê deve estar no colo do responsável, com um olho ocluído. O teste de acuidade visual deve ser iniciado, preferencialmente, pelo olho direito. Dessa forma, primeiro deve-se ocluir o olho esquerdo. As placas para o teste de Teller possuem diferentes frequências. Ele é composto por uma placa sem estímulo visual e por outras que vão, em ordem crescente, de 0,25 até 8,0. O teste é realizado numa posição de frente para o bebê, numa distância entre 0,50 cm a 1 metro. A distância entre as placas e o bebê dependerá da idade: quanto mais novo o bebê, mais próximas as placas devem estar. Posicione a placa em frente ao bebê, sempre iniciando pelas frequências maiores (0,25). A placa sem estímulo visual deve car à frente da placa com estímulo. Assim, você deverá afastar as duas placas, observando o movimento de xação dos olhos do bebê em direção às listras, repetindo isso até o bebê não conseguir xar mais os olhos. A acuidade visual é determinada pela menor listra em que o bebê conseguiu xar os olhos. Deve-se anotar na cha de avaliação a última placa em que o bebê xou o olho direito e o esquerdo. Teste de Acuidade Visual em Crianças e Adultos Para realizar o teste de acuidade visual de longe em crianças e adultos são utilizadas tabelas com letras, guras ou números. No teste da acuidade visual para longe é utilizado o teste de Snellen. Esse teste é uma medida angular, que relaciona o tamanho e a distância do objeto visualizado. Como você sabe, a Acuidade Visual (AV) é a capacidade do olho distinguir os detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de identi car o contorno e a forma dos objetos. A baixa acuidade visual ocorre quando o nível de visão, mesmo com a melhor correção óptica, permanece inferior ao considerado normal. Você Sabia? A tabela de Snellen ou optótipo de Snellen é um diagrama utilizado desde 1862, que recebeu esse nome em homenagem ao oftalmologista que a desenvolveu, Herman Sneller. Figura 4 – Tabela de Snellen Fonte: Wikimedia Commons Na Figura 4, observamos a tabela de Snellen com letras de tamanhos pré-estabelecidos, dispostas em linhas. O paciente avaliado deve ler as linhas, que vão diminuindo sucessivamente. A avaliação é realizada a uma distância padrão e cada linha corresponde a uma fração que determina uma acuidade visual. Por tratar-se de um teste de função visual, ele é considerado um teste monocular. Na tabela de Snellen, há dois números: o primeiro é a distância entre a tabela e o paciente e o segundo representa a leira em que se encontram as letras. A acuidade visual é medida pelo menor tamanho que o indivíduo consegue identi car. Nesse sentido, quanto menor o tamanho identi cado, melhor será a acuidade visual. A tabela de Snellen também pode apresentar números ou diferentes posições da letra “E”, muito utilizada com crianças ou adultos não alfabetizados. Na gura 5, você pode observar a tabela de Snellen com a letra E em diferentes posições. Nesse teste com a letra E, o paciente deve identi car a posição que se encontra a letra, podendo sinalizar a direção com o movimento dos dedos. Figura 5 – Tabela de Snellen com letra E Fonte: Freepik Na Figura 5, você pode observar a tabela de Snellen com a letra E em diferentes posições. Nesse teste com a letra E, o paciente deve identi car a posição que se encontra a letra, podendo sinalizar a direção com o movimento dos dedos. Material Necessário Os materiais necessários incluem: a tabela de Snellen xa ou um optômetro; algum objeto para apontar os optótipos (lápis ou régua); cartão oclusor; e cadeira. O optômetro é um aparelho que projeta a imagem da tabela de Snellen ou a transmite diretamente em um monitor. Ele também apresenta tabelas em pés ou decimais e pode ser con gurado para distâncias que variam de três a seis metros. O local para a realização do teste deve ser calmo e bem iluminado. A luz deve vir por trás ou pelos lados do avaliado e não deve incidir diretamente sobre a tabela. A distância entre a tabela e a cadeira deve ser de seis metros ou três metros, a depender da especi cação da tabela. Você deve demarcar o local da cadeira onde o avaliado deve sentar, para manter a distância padrão e não prejudicar o exame. Os optótipos das linhas 0,8 a 1,0 devem estar na altura dos olhos do avaliado. Para iniciar a avaliação, você deve explicar e demonstrar como o teste será realizado. Você deve ensinar ao avaliado a ocluir o olho, apenas encostando o oclusor, sem comprimir o olho e mantendo o olho ocluído aberto. Aplicação Técnica Com o avaliado sentado e com o olho esquerdo ocluído, você deve se posicionar lateralmente à tabela, apontando os optótipos com uma régua ou com um lápis, passando-os entre os optótipos e repousando-os abaixo do símbolo a ser identi cado. Deve-se iniciar a avaliação pelos símbolos maiores, descendo, progressivamente, para a linhas imediatamente inferiores. Por m, anote o resultado do olho direito antes de avaliar o olho esquerdo. A emetropia é a visão considerada normal, também chamada de 20/20 ou 6/6, que signi ca que, sem a interferência da acomodação, o olho recebe, na área central da retina, imagens nítidas de objetos distantes. Cada linha da tabela de Snellen equivale a uma distância na qual um olho de visão normal consegue ler. Uma visão 20/20, por exemplo, signi ca que uma pessoa é capaz de visualizar detalhes de um objeto a uma distância de 20 pés. Como o sistema métrico tornou-se universal, esse termo (20/20) foi alterado para 6/6, que signi ca que a pessoa é capaz de enxergar com detalhes um objeto a uma distância de 6 metros. Em Síntese A AV 20/40 quer dizer que o indivíduo enxerga com nitidez a uma distância de 20 pés o que uma pessoa com acuidade normal enxergaria a 40 pés. A tabela de Snellen pode estar representada em fração (20/20) imperial, fração métrica (6/6) ou decimal (1,00). São apenas diferentes maneiras de determinar o mesmo resultado. Observe o Quadro a seguir, que representa a equivalência das escalas de acuidade visual mais utilizadas. Quadro 1 – Equivalência das escalas de acuidade visual Snellen (20 pés) Snellen (6 metros) Decimal 20/200 6/60 0,10 20/100 6/30 0,20 20/50 6/15 0,40 20/25 6/7,5 0,80 20/20 6/6 1,00 20/10 6/3 2,00 A de nição de cegueira da OMS, utilizando a tabela de Snellen, é quando a estimativa do melhor olho é de 20/400, com erro de refração corrigido. Já o critério utilizado para ns trabalhistas considera cegueira legal a estimativa de 20/200. Na visão 20/400, o indivíduo só enxerga vultos, enquanto na visão 20/200, o indivíduo consegue caminhar sozinho, mas não é capaz de realizar determinados trabalhos. Por m, uma visão de 20/60 no melhor olho, com erro de refração corrigido, caracteriza uma visão subnormal ou baixa visão. Para exempli car a interpretação, observando a tabela de Snellen, se o avaliado conseguir ver com o olho direito até a quinta linha da tabela, ele tem AVL OD = 20/40; se ele conseguir ver com o olho esquerdo a quinta linha e as duas primeiras letras da linha seguinte, ele tem AVL OE = 20/40 (+2). O signi cado de AVL é Acuidade Visual de Longe, de OD é Olho Direito e a numeração 20/40 quer dizer que o paciente consegue visualizar a uma distância de vinte pés o que uma pessoa com acuidade normal visualizaria a quarenta pés. Com o olho esquerdo (OE), o paciente consegue visualizar a uma distância de vinte pés, o que uma pessoa com acuidade normal visualizaria a quarenta pés e mais duas letras da linha seguinte. Importante! Se o avaliado consegue ver todos os elementos da sexta linha, mas na sétima linha vê apenas os quatro primeiros elementos, a visão será 20/30 (-3). Durante a aplicação do teste, é importante observar se o avaliado apresenta lacrimejamento, dor de cabeça, olhos semicerrados, inclinação da cabeça ou se ele pisca os olhos continuamente. O teste de Snellen é um teste linear, em que a distância entre os optótipos é igual à largura. Em pacientes com baixa visão ou visão subnormal, você pode realizar uma teste de medida angular através de optótipos individuais. Esse teste angular pode ser realizado com o optômetro que possui essa opção ou através das cartas com símbolos individuais. Tais cartas apresentam a marcação do tamanho da imagem (400, 300). Se o avaliado não enxergar o símbolo 200 da tabela de Snellen, você pode lançar mão das guras e o processo é o mesmo. Teste de Acuidade Visual de Perto O material utilizado para realizar o teste de acuidade visual de perto é a tabela de Jaeger e o oclusor. A tabela oftalmológica de Jaeger é um cartão composto por pequenos blocos de texto ou letras em diferentes tamanhos. Trata-se de uma tabela padronizada que mede a visão através da medida de Jaeguer (J). Ao lado de cada bloco de texto ou letras, há uma numeração correspondente ao tamanho da letra (J1, J2, J3), em uma escala progressiva. O parágrafo J1 em um cartão de Jaeger corresponde à visão 20/20 da tabela de Snellen. Figura 6 – Tabela de Jaeger Veja, na Figura 6, uma representação da tabela de Jaeger com números. O tamanho das letras é padronizado. A tabela para avaliação da acuidade visual de perto pode ser com números, letras, blocos de texto ou diferentes posições da letra E, que é utilizada para pacientes não alfabetizados. Aplicação Técnica Primeiramente, você deve selecionar a tabela oftalmológica de Jaeger adequada para o paciente, podendo utilizar letras separadas, números ou texto. Depois, você deve ocluir o olho esquerdo (OE) do avaliado e pedir para que ele identi que, com o olho direito (OD), o que é possível ver, estando a uma distância de 33-40 cm. Se o paciente conseguir, com o olho direito, ler o primeiro bloco de texto, sua Acuidade Visual de Perto (AVP) será de J1 ou 0,37 cm. Anote na cha de avaliação o valor da AVP para o olho direito e repita o teste com o olho esquerdo, desta vez, ocluindo o olho direito. Se com o olho esquerdo o paciente consegue ler, a uma distância de 33-40 cm, o segundo bloco de texto, signi ca que ele possui AVP de J2 ou 0,50 m. A avaliação da acuidade visual deve ser realizada com e sem correção. O teste de acuidade visual de perto somente será realizado em crianças com visão subnormal ou que usam lupa. Ele é usualmente utilizado em adultos acima dos 35 anos, idade que começam a desenvolver a presbiopia. Importante! O teste de acuidade visual é sempre realizado de forma monocular e respeitando as distâncias padronizadas. Avaliação da Amplitude de Acomodação A acomodação é o processo responsável pela mudança do poder refrativo do olho, garantindo que a imagem seja focalizada no plano da retina e conferindo nitidez à visão. A estrutura responsável pela amplitude de acomodação é o cristalino, que pode apresentar uma capacidade maior ou menor de acomodação. Essa amplitude de acomodação consiste na diferença entre o ponto mais próximo e o ponto mais distante que o olho consegue, com nitidez e sem desconforto, formar imagens na retina. Há duas formas de avaliar a amplitude da acomodação: o método de Donders e o de Sheard. Método de Donders O método de Donders ou método de aproximação é um dos testes para avaliar a amplitude da acomodação. O material necessário para a realização do método será a tabela de Jaeger e uma régua. A aplicação da técnica inicia com o posicionamento do paciente com correção óptica, devendo-se ocluir o olho esquerdo dele e posicionar a tabela de Jaeger a uma distância de 33 cm. Em seguida, instrua o paciente a ler o texto uma linha abaixo da sua melhor acuidade visual, ou seja, uma linha abaixo da linha que ele conseguir ler com maior nitidez. Se a melhor leitura do paciente for J1, por exemplo, peça que leia o bloco J2 continuamente. Você deverá aproximar a tabela lentamente, enquanto o paciente continua a leitura. Solicite que ele avise o momento em que ocorrer a desfocagem. Nesse ponto, meça a distância, em centímetros, do ponto em que as letras desfocaram, anotando-se em sua cha. Depois, oclua o olho direito e repita o processo com o olho esquerdo. Terminado o teste, o próximo passo é converter a distância em dioptrias através da seguinte fórmula: AA = 100/cm, em que AA é a amplitude de acomodação, 100 é um valor constante e o cm é a distância em que a visão desfocou. Assim, um paciente que teve sua visão borrada no olho direito a 10 cm, terá uma AA = 10 dioptrias. Após o cálculo da AA, você deverá utilizar a tabela de Donders, que demonstra a amplitude de acomodação para cada idade. Observe os valores no Quadro 2. Quadro 2 – Tabela de Donders Idade Amplitude/dioptrias Idade Amplitude/dioptrias 10 14,0 45 3,5 15 12,0 50 2,5 20 10,0 55 1,75 25 8,5 60 1,0 35 7,0 65 0,5 40 5,5 70 0,25 Idade Amplitude/dioptrias Idade Amplitude/dioptrias 45 5,0 80 0,0 De acordo com a tabela, um paciente com AA = 10, com 20 anos de idade, estaria dentro da faixa de acomodação normal, enquanto um paciente com 10 anos estaria com insu ciência de amplitude de acomodação e um com 30 anos estaria com excesso de amplitude de acomodação. Método de Sheard O método Sheard, também conhecido por método de lentes negativas, é outro teste que tem a função de avaliar a amplitude da acomodação. Para realizar o método Sheard, você vai utilizar a tabela de Jaeger e lentes negativas. Para iniciar a aplicação do método, você deve ocluir o olho esquerdo do paciente e posicionar a tabela de Jaeger na melhor distância que ele consiga ler, que pode ser 33 cm, 40 cm ou 50 cm. Após, você deve instruí-lo a ler a tabela de Jaeger, uma linha acima da sua melhor acuidade visual. Se a sua melhor acuidade visual for J2, por exemplo, ele deve ler J3. Enquanto o paciente estiver lendo continuamente a linha escolhida, você deve posicionar a lente negativa menor sobre o olho testado, trocando as lentes progressivamente, até que o paciente re ra que as letras desfocaram. Com os dados da distância de focagem e do valor da última lente antes de desfocar, você obterá a amplitude de acomodação através da soma dos dois números. Então, um paciente que desfocou a leitura com a lente negativa 2,5, a última lente imediatamente anterior ao borramento da visão foi 2,0. Esse valor somado à compensação de distância, que é 3,0 dioptrias para a distância de 33 cm, resulta numa amplitude de acomodação de 5,0 dioptrias. Segundo a tabela de Donders, se o paciente estiver com 40 anos e apresentar esse valor de amplitude de acomodação, ele estará dentro dos parâmetros esperados para a sua faixa etária. Já um paciente com 30 anos apresentando a mesma amplitude estará com insu ciência acomodativa. Por m, essa amplitude num paciente com 45 anos signi cará excesso de amplitude de acomodação, o que pode justi car os sintomas apresentados pelo paciente. A distância de compensação é variável de acordo com a distância que o paciente consegue ler. Para a distância de focagem de 33 cm, a compensação é de 3 dioptrias, enquanto que para a distância de 40 cm é 2,5 dioptrias e para a de 50 cm a compensação de distância é 2.0 dioptrias. Para a realização do teste de Sheard, você utilizará as lentes negativas, que variam de 0,5 a 6,0 dioptrias, o oclusor e a tabela Jaeger. Importante! Na cha de avaliação, é necessário anotar qual teste de amplitude de acomodação foi utilizado, o de Donders ou o de Sheard. Não é necessário realizar os dois testes, pois os dois têm as mesmas nalidades. Flexibilidade de Acomodação A exibilidade de acomodação determina o quanto a acomodação pode ativar ou relaxar em um determinado período de tempo. Para aplicar o teste de exibilidade de acomodação, são utilizadas lentes negativas e positivas, denominadas ipper. Para iniciar a técnica, com a tabela de Jaeger a uma distância de 33 cm, use o ipper +3.00/-3,00. Enquanto o avaliado lê a tabela de Jaeger com um olho ocluído, você deverá trocar as lentes positivas e negativas por dez ciclos em um minuto. Se, em um minuto, focar menos de dez ciclos, há uma insu ciência de exibilidade acomodativa. Já se focar mais de dez ciclos, signi ca um excesso de exibilidade acomodativa. Bom, chegamos ao m desta Unidade. Nela, você aprendeu como realizar dois tópicos importantes da avaliação visual para a reabilitação: a anamnese, que consiste na coleta de dados pessoais, na queixa principal referida pelo paciente e nos históricos da doença atual, pessoal e familiar; e a avaliação das funções visuais, através de testes especí cos. Os testes de avaliação da acuidade visual, da amplitude e da exibilidade de acomodação são testes monoculares. Para xar o conteúdo, faça uma pesquisa sobre os materiais utilizados nesta Unidade e revise o que você aprendeu até aqui. Bons estudos! 2/3 ʪ Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Os Estrabismos: Teoria e Casos Comentados SOUZA-DIAS, D.; GOLDCHMIT, M. Os Estrabismos: Teoria e Casos Comentados. 1ª Edição. Barueri: Guanabara Koogan, 2011. ABC da Diplopia GAMA R. ABC da Diplopia. 1ª Edição. Chiado Editora, 2016. Terapia manual en el sistema oculomotor PASTOR PONS I. Terapia manual en el sistema oculomotor. 1ª Edição. Elsevier España, S.L.U., 2012. Fundamentos básicos da oftalmologia e suas aplicações MAIA N. C. F. Fundamentos básicos da oftalmologia e suas aplicações. 1ª Edição. Palmas TO. EDUFT A Editora da Universidade Federal do Tocantins, 2018. Neurociências – Desvendando o sistema nervoso, 3ª edição, de Bear BEAR M. F.; CONNORS B. W.; et al. Neurociências – Desvendando o sistema nervoso. 3ª edição, de Bear. Artmed Editora, 2017. 3/3 ʪ Referências DANTAS, A. M. Neuro siologia Ocular. 1. ed. Rio de Janeiro: Colina/Revinter, 2007. DOME, E. F. Estudo do Olho Humano Aplicado a Optometria. 6. ed. São Paulo: Senac, 2017. KANSKI, J. J. Oftalmologia Clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.