O Mito da Democracia Racial - Texto
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Colégio Estadual do Rio do Antônio
Pedro Menezes
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Este texto discute o mito da democracia racial no Brasil, analisando as visões de autores como Pedro Menezes e as diferentes perspectivas sobre a formação social e racial brasileira. O texto aborda a relação entre as desigualdades sociais e as questões raciais, enfatizando a importância de se considerar a história e as estruturas de poder no processo de formação do país.
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COLÉGIO ESTADUAL DO RIO DO ABNTÔNIO DATA: \_\_\_\_\_\_\_\_/\_\_\_\_\_\_\_/\_\_\_\_\_\_\_ ALUNO (A) \_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_ PROF. NYRON F. PEREIRA - DISCIPLINA: DIÁSPORA O mito da Democracia Racial Por Pedro M...
COLÉGIO ESTADUAL DO RIO DO ABNTÔNIO DATA: \_\_\_\_\_\_\_\_/\_\_\_\_\_\_\_/\_\_\_\_\_\_\_ ALUNO (A) \_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_\_ PROF. NYRON F. PEREIRA - DISCIPLINA: DIÁSPORA O mito da Democracia Racial Por Pedro Menezes Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação **O que é democracia racial?** A democracia racial relaciona-se com uma estrutura social ideal na qual todos os cidadãos, independentemente de sua raça ou etnia, possuem os mesmos direitos e são tratados da mesma forma. O termo democracia tem sua origem na Grécia antiga e em sua forma de organização sócio-política. Assim, uma restrita classe de cidadãos era amparada pelos princípios de isonomia (igualdade perante as leis) e isegoria (igualdade de participação política). Desse modo, a democracia racial é uma abstração baseada no ideal grego. Assume dois modos de interpretação: uma meta a ser alcançada ou um mito que mascara as contradições e injustiças presentes na sociedade. No Brasil, o termo é usado como oposição à ideia de discriminação racial que institui negros e brancos ao desempenho de diferentes papéis dentro da estrutura social. **O Mito da Democracia Racial no Brasil** O termo \"mito\" faz alusão a uma fabulação ou fantasia. Então, o mito da democracia racial no Brasil está fundamentado em uma falsa ideia de miscigenação e integração racial tomada como indício inequívoco de harmonia e igualdade entre as diferentes etnias. Assim sendo, o Brasil contrastaria com outros lugares como os Estados Unidos e a África do Sul, que durante muito tempo possuíram políticas de segregação racial. No Brasil, desde abolição da escravatura, em 1888, assumiu-se que todos, independentemente de sua raça ou origem, devem ser tratados de forma isonômica, em completa igualdade perante as leis. Desse modo, desenvolveu-se a ideia de que as desigualdades existentes estão pautadas em condições estritamente sociais, e não raciais. Segundo os autores que atentam para a democracia racial como mito no Brasil, a isonomia não é o único fator que garante a democracia racial. São necessárias políticas de reparação histórica, que busquem aproximar as questões raciais do objetivo de uma justiça social e de uma verdadeira democracia racial. Sobre a questão da democracia social no Brasil, Adilson Moreira, especialista em direito antidiscriminatório, chama a atenção para o fato da miscigenação do povo brasileiro não estar presente nas camadas de poder do Estado. Para o autor, as decisões políticas permanecem sob o controle de uma elite econômica e racial (branca). Assim, as leis precisam considerar as desigualdades raciais existentes na estrutura social para que possam, efetivamente, garantir a equidade e a democracia. **Gilberto Freyre e a Formação do Povo Brasileiro** A formação sócio histórica das sociedades ocidentais é fundamentada em uma visão eurocêntrica. O desenvolvimento técnico europeu possibilitou sua expansão marítima e a conquista de territórios na África e nas Américas. Os processos de colonização formaram o continente americano que do ponto de vista europeu, assumem um caráter de progresso e de benefício para a humanidade em sua totalidade. Entretanto, há a perspectiva de que as colônias se formaram a partir da subjugação dos povos originais das Américas (indígenas) e dos negros africanos. Navio negreiro - Rugendas Navio negreiro (1830), de Johann Moritz Rugendas Após a abolição da escravatura, em 1888, deu-se início a um período de marginalização de uma grande parcela da população negra. Essa segregação foi seguida por diversos projetos de eugenia, que visavam o branqueamento da população brasileira. Nesse contexto que o sociólogo [Gilberto Freyre](https://www.todamateria.com.br/gilberto-freyre/) chamou a atenção para o caráter miscigenado da formação do Brasil. Opôs-se às doutrinas eugenistas e exaltou a singularidade da formação do povo e de sua identidade nacional. O autor afirmava que essa nova forma de organização inaugurava uma perspectiva de construção social na modernidade. Em seu livro Casa Grande & Senzala (1933), ele busca retratar as particularidades que fundamentaram a formação do povo brasileiro. Entretanto, há divergências de interpretação sobre a obra de Gilberto Freyre no que tange a ideia de democracia racial. Por um lado, estudiosos apontam para a ideia de uma democracia racial como uma interação entre as raças que levou a uma multirracialidade e multiculturalidade distintas de outros lugares. Por outro lado, há a crítica de que o autor romantizaria a estrutura violenta do período colonial brasileiro e atenuaria o que foi a escravidão. Essa ideia será um traço essencial do pensamento de que não há discriminação racial no país. E, que todas as raças têm garantidas o seu espaço, direitos e condições de existência. Entretanto, para sociólogos como [Florestan Fernandes](https://www.todamateria.com.br/florestan-fernandes/), Gilberto Freyre não pode ser responsabilizado pela disseminação do mito de democracia racial no país. A obra de Freyre aponta para uma proposta pré-científica de análise da formação social e cultural brasileira. **Racismo estrutural e desigualdades sociais** Por conta do passado histórico e da formação do Brasil, a questão racial e a questão social estão diretamente relacionadas tornando difícil a percepção de seus limites. O ponto de partida desigual entre brancos, índios e negros na construção da sociedade brasileira, cria uma identidade comum entre as duas questões (raciais e sociais). Associada à ideia de possibilidade de transição social, que na forma da lei, não discrimina negros ou brancos, cria-se um modelo de disseminação de desigualdades que está para além da questão racial. Assim sendo, a grande parcela da população branca que vive em condições de vulnerabilidade sublima o chamado racismo estrutural, que marginaliza a população negra. Desse modo, é preciso compreender que o Brasil, dentro de toda a sua particularidade sociocultural, necessita conjugar as questões de classe e raça para alcançar um ideal de justiça social