Patologia Uveal - Apresentação em PDF

Summary

Esta apresentação discute a patologia uveal, incluindo a anatomia da úvea, as causas da doença, a classificação e epidemiologia da uveíte. Aborda também a classificação anatômica da uveíte, com foco em uveíte anterior, intermediária, posterior e panuveíte, bem como critérios para avaliação da atividade inflamatória e considerações sobre o dano visual e resposta ao tratamento.

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TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 1.1. MEMÓRIA ANATÔMICA A úvea é uma túnica vascular altamente pigmentada localizada entre a lâmina córnea escleral do lado de fora e a retina do lado de dentro. Anatomicamente, é dividido em três partes...

TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 1.1. MEMÓRIA ANATÔMICA A úvea é uma túnica vascular altamente pigmentada localizada entre a lâmina córnea escleral do lado de fora e a retina do lado de dentro. Anatomicamente, é dividido em três partes: a íris, o corpo ciliar e a coroide. A íris é um diafragma musculo vascular de 12 mm de diâmetro, tem uma abertura central chamada pupila e divide o segmento anterior do olho em dois compartimentos, a câmara anterior e a câmara posterior, que contêm o humor aquoso. O corpo ciliar é uma estrutura triangular de 6 mm de comprimento (formada principalmente pelos músculos ciliares), que se estende da raiz da íris até a coroide e às vezes serrata e é dividido em duas partes, a anterior de 2 mm ou pars-plicata ( onde estão localizados os processos ciliares, responsáveis ​pela produção do humor aquoso) e os 4 mm posteriores ou pars plana. A coroide é uma lâmina vascular pigmentada muito fina (0,2 mm) (composta principalmente de vasos sanguíneos) que está localizada entre a esclera e a retina, estendendo-se da ora serrata ao nervo ótico. O grau de pigmentação da coroide determina a cor do fundo, já que a retina é uma estrutura transparente. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 1.1. MEMÓRIA ANATÔMICA O aporte sanguíneo para a íris vem do círculo arterial maior, formado pela união das artérias ciliares posteriores longas e das artérias ciliares anteriores. O suprimento vascular do corpo ciliar vem das artérias ciliares posteriores longas, enquanto o da coroide vem das artérias ciliares anterior e posterior. Os músculos da íris são inervados pelo sistema nervoso autônomo (o músculo esfíncter da íris pelo sistema nervoso parassimpático e o dilatador da íris pelo sistema nervoso simpático) e a inervação sensorial do corpo ciliar vem dos nervos ciliares. Devido a essa disposição anatômica e histológica, o globo ocular e a úvea, em particular, têm recebido uma disposição privilegiada tanto para a localização das lesões inflamatórias quanto para a resposta imune. Embora a função primária da úvea seja o suprimento nutricional do globo ocular, ela também contribui para a refração ocular (controle da pupila e acomodação do cristalino pelos músculos da íris e do corpo ciliar) e para a drenagem do humor aquoso (contração do porção longitudinal do músculo ciliar). PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 1.2. CONCEITO E DEFINIÇÕES O termo uveíte é aplicado a qualquer processo inflamatório do trato uveal (íris, corpo ciliar, coroide) que às vezes envolve outras estruturas vizinhas, como o trabéculo, retina, corpo vítreo, endotélio corneano e papila. Além da frequente imprecisão dos limites anatômicos do processo inflamatório, há grande heterogeneidade em sua expressão clínica e uma ampla gama de doenças associadas. Do ponto de vista patogenético, reconhece-se que tanto a inflamação inicial quanto sua persistência são o resultado de uma combinação complexa de fatores de imunouveíte genéticos, ambientais e lógicos. Embora os mecanismos patogênicos não sejam totalmente compreendidos, é aceito que o sistema imunológico desempenha um papel ativo, com ênfase especial no papel dos linfócitos T e antígenos de classe II do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). A uveíte pode ser a manifestação de uma doença generalizada, formando parte da chamada uveíte associada a doenças sistêmicas, cuja incidência é variável e varia, dependendo da série, entre 19% e 56% dos casos. Por outro lado, pode constituir uma entidade bem definida com características clínico-morfológicas precisas, denominada uveíte oftalmológica específica, que representa 20% do total. Por fim, pode ser uma entidade clínico-patológica isolada que se enquadra no grupo das uveítes idiopáticas e cuja incidência varia entre 50% e 60% dos casos. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 1.3. EPIDEMIOLOGIA A incidência de uveíte em países desenvolvidos é de 15-17 casos por 100.000 habitantes por ano, sendo a causa de 10-15% dos novos casos de cegueira. A frequência de certos tipos de uveíte varia de acordo com as diferentes regiões do mundo devido a fatores geográficos (oncocercose e histoplasmose), fatores dietéticos (toxoplasmose ocular e ingestão de carne suína) e fatores genéticos (associação de moléculas de MHC (Major Histocompatibility Complex) com alguns tipos de uveíte). Embora algumas entidades como a artrite crônica juvenil predominem em crianças, a uveíte é rara nos primeiros dez anos de vida e sua frequência diminui após a sexta década, com a maioria dos pacientes apresentando os primeiros sintomas entre 20 e 50 anos. Na distribuição por sexo, destaca-se o predomínio de uveíte crônica associada à artrite crônica juvenil em mulheres e de uveíte anterior aguda associada à espondilite anquilosante em homens. No entanto, em geral, a incidência é a mesma em homens e mulheres. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 2. CLASSIFICAÇÃO DA UVEITE Devido à grande heterogeneidade (clínica, epidemiológica) das uveítes, múltiplas classificações têm sido propostas para tentar sistematizar os diferentes aspetos da uveíte e, embora todas sejam úteis para o clínico, nenhuma delas pode ser considerada definitiva. Por esse motivo e com o objetivo de estabelecer uma terminologia e classificação homogêneas, o International Uveitis Study Group (IUSG) desenvolveu em 1987 uma série de recomendações e uma nomenclatura internacional comum para este grupo de doenças com base nos seguintes critérios: localização anatômica, forma de início, duração, atividade, padrão, dano visual e resposta ao tratamento. 2.1. CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA A classificação anatômica, a mais utilizada atualmente, baseia-se na localização primária do segmento ocular considerado a origem do processo inflamatório. Assim, é feita uma distinção entre uveíte anterior, intermediária, posterior e panuveíte. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 2.1.1. UVEITE ANTERIOR Afeta a íris e / ou corpo ciliar e inclui irite, ciclite e / ou iridociclite. Representa o grupo mais frequente (60%) e costuma ser uma doença aguda e autolimitada. Por sua vez, pode ser subdividido em granulomatoso, quando apresenta características histológicas de reação granulomatosa (histiócitos, células epitelioides e células gigantes multinucleadas) e não granulomatoso (células pequenas com predomínio de linfócitos). 2.1.2. UVEITE INTERMEDIÁRIA Inclui toda a origem da inflamação intraocular que está localizada: a) na porção posterior do corpo ciliar (pars plana), dando origem à pars planitis e / ou b) na periferia retiniana extrema (no espaço entre os hialoides anterior e posterior de a base do vítreo), causando uma vitrite. Eles representam 7% de todas as uveítes. 2.1.3. UVEITE POSTERIOR Compreende uma série de entidades nas quais a inflamação de origem está localizada atrás da membrana hialoide posterior e representa cerca de 15% de todas as uveítes. A coroide, a retina e o corpo vítreo posterior podem estar envolvidos e, portanto, incluem coroidite, coriorretinite, retinocoroidite e vasculite retiniana. 2.1.4. PANUVEITE Sob esta denominação inclui-se a inflamação global das três partes da úvea e constituem 20% do total da uveíte. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 2.2. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM OUTRAS CARACTERÍSTICAS Cada episódio deve ser avaliado separadamente, incluindo se o envolvimento ocorre no mesmo olho, do outro lado, e se é unilateral ou bilateral. Em cada surto é importante coletar a forma de início, duração, atividade, padrão, dano visual e resposta ao tratamento. De acordo com os critérios do IUSG, cada episódio é diferenciado por: Início: pode ser repentino ou insidioso. Duração: A uveíte aguda ou de curta duração é entendida quando os sinais inflamatórios do olho estão presentes por menos de três meses. Caso esses sinais persistam por três ou mais meses de forma sustentada, são classificados como uveíte crônica ou de longa duração. Padrão: a uveíte pode ser recorrente ou não recorrente, dependendo do número de surtos ou episódios. Atividade: a atividade inflamatória pode ser leve ou grave. Na uveíte anterior, essa classificação é baseada em dados subjetivos, ou seja, nos sintomas do paciente (dor, olho vermelho, fotofobia e visão turva) e em dados objetivos, quantificando células e avaliando proteínas no humor aquoso (efeito Tyndall). quanto ao número de células ou turbidez, são classificados em cruzamentos (de um a quatro). O número de células correspondente a cada cruzamento varia de acordo com os autores, embora os critérios de Hogan e Kimura sejam os mais utilizados. Assim, são divididos em uveíte com atividade leve (≥2 +) e grave (≥ 3+). Para uveíte intermediária e posterior, as células são quantificadas no vítreo e o grau de opacificação das mesmas é avaliado (critérios de Nussenblatt et al). Assim, é feita uma distinção entre atividade leve (≥ 2+) e atividade grave (≥ 3+). PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL Aspeto clínico: Na uveíte anterior, as células inflamatórias agregam-se e ligam-se ao endotélio da córnea, formando os chamados precipitados queráticos. O aparecimento desses precipitados serve para classificar a uveíte em granulomatosa e não granulomatosa. O tipo mais comum é o não granulomatoso, caracterizado por precipitados finos de cor clara compostos de linfócitos, células plasmáticas e pigmento. Os precipitados granulomatosos são maiores, de aparência gordurosa e compostos de linfócitos, células plasmáticas e células gigantes. A uveíte do tipo granulomatosa geralmente tem início insidioso e crônico, com envolvimento adicional do segmento posterior e apresenta pior prognóstico. Dano visual: O dano visual pode ser grave se a perda visual for maior ou igual a 50% da acuidade visual anterior ou se houver perda de mais de 50% da amplitude do eletrorretinograma. É considerado leve se for inferior a 50%. Resposta ao tratamento com esteroides: Uma uveíte é sensível aos corticosteroides, quando ao administrar corticosteroides em doses fisiologicamente aceitáveis, há uma melhora observável na inflamação. Em outros casos, há uma resposta a eles, mas quando se tenta reduzir a dose de esteroides, a inflamação reaparece, necessitando de tratamento por períodos superiores a três meses. Nesses casos, a uveíte é dependente de corticosteroides. Por fim, existem uveítes que não respondem aos corticosteroides, independente da dose utilizada, são casos de uveítes refratários, nos quais são testados vários esquemas imunossupressores. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL INYECCION CILIAR Y MIOSIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PRECIPITADOS QUERATICOS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PRECIPITADOS QUERATICOS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PRECIPITADOS EN GORDURA DE CARNEIRO PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL HIPOPION PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL NODULOS DE KOEPPE PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL NODULOS DE BUSACCA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL SINEQUIAS POSTERIORES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL SINEQUIAS POSTERIORES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL SINEQUIAS POSTERIORES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL SINEQUIAS POSTERIORES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL SINEQUIAS ANTERIORES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL SINEQUIAS ANTERIORES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 2.3. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA Embora sem uma correlação patogênica clara, a UVEITE pode ser classificada do ponto de vista etiológico em exógena e endógena. 2.3.1. UVEITE EXÓGENA Causada por uma lesão externa à úvea, seja por invasão externa de um microrganismo ou por trauma e / ou cirurgia. 2.3.2. UVEITE ENDÓGENA É o grupo mais frequente e tem espectro etiológico variável, dependendo da localização da inflamação ocular. Na uveíte anterior, a uveíte associada ao HLA-B27 sem artrite ou com espondiloartropatia (espondilite anquilosante, síndrome de Reiter, artropatia psoriática, doença inflamatória intestinal) representam as etiologias mais frequentes (30-50% dos casos). Nas uveítes intermediárias, o grupo mais frequente são os idiopáticos com ou sem vasculite associada (70%), enquanto 10% fazem parte de doença sistêmica (toxoplasmose, sarcoidose, esclerose múltipla, doença de Lyme ou toxocaríase, entre outras). Por outro lado, a toxoplasmose é a causa mais frequente de uveíte posterior, embora outras etiologias predominem em alguns tipos de pacientes, como é o caso de usuários de drogas injetáveis ​(candidíase) ou pacientes com infeção avançada pelo vírus da imunodeficiência humana (citomegalovírus). Por fim, nos casos de panuveíte, a sarcoidose é a doença mais frequentemente diagnosticada, seguida pela candidíase, doença de Vogt-Koyanagi-Harada e doença de Behçet. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Embora os sintomas variem dependendo da etiologia, em geral existem características comuns para cada local. 3.1. UVEITE ANTERIOR  Iridociclite aguda: se apresenta com dor intensa, vermelhidão, fotofobia e diminuição variável da visão. Os sintomas de iridociclite aguda são dor intensa, vermelhidão, fotofobia e diminuição variável da visão. A dor refere-se ao território do trigémino e pode se tornar tão intensa que impede a realização de qualquer atividade. É devido à miose espástica e irritação dos nervos ciliares causada por mediadores inflamatórios. A diminuição da visão é variável, é mais frequente nas recorrências do que no primeiro episódio e é causada pela miose e turvação do humor aquoso. As recorrências de certos tipos de uveíte podem causar catarata ou glaucoma que prejudicam gravemente a visão. Os sinais de iridociclite aguda são íris e hiperemia ciliar periquerática, miose e exsudação da câmara anterior. Esse exsudado vem dos vasos da íris à medida que a integridade da barreira sangue-água é perdida. São constituídos por células e proteínas inflamatórias (responsáveis ​pelo fenômeno Tyndall). O fenômeno Tyndall é o efeito ótico causado por partículas estranhas no humor aquoso quando um feixe de luz incide na câmara anterior por meio da lâmpada de fenda. A presença de um exsudato de proteína (flare) deve ser diferenciada da existência de células inflamatórias no humor aquoso; Eles são maiores do que as proteínas, geralmente são redondos e brilhantes e também devem ser diferenciados das partículas de pigmento e das células sanguíneas. Outros sinais podem ser o aparecimento de precipitados queráticos e sinequias. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL  Iridociclite crônica: Os sintomas de dor, vermelhidão e fotofobia são muito menos evidentes do que na forma aguda, enquanto o turvamento visual é muito maior. Por isso, se o paciente for uma criança, pode passar muitos anos sofrendo da doença de forma despercebida, até que o aparecimento de complicações secundárias (ceratopatia em banda, deficit visual, catarata, leucocoria) leve ao diagnóstico. 3.2. UVEITE INTERMEDIÁRIA Em geral, os pacientes com uveíte intermediária não descrevem claramente o início dos sintomas. Os sintomas iniciais são muito inespecífico, geralmente com diminuição da acuidade visual ou visão de moscas volantes sem dor ou fotofobia. Na maioria dos casos, a parte externa do olho é branca e sem sinais de inflamação. O segmento anterior é normal ou tem um Tyndall de baixa intensidade. Os sinais mais importantes de uveíte intermediária aparecem no vítreo, no qual um infiltrado celular proeminente e agregados de células se desenvolvem na parte inferior, chamados de bolas de neve vítreas. O curso é variável, desde formas autolimitadas até exacerbações e remissões periódicas. Apresenta um amplo espectro de gravidade, desde formas banais até processos devastadores. A complicação mais séria e frequente é o edema macular, que causa perda visual e pode ser irreversível. 3,3. UVEITE POSTERIOR O paciente com uveíte posterior pode se apresentar sem envolvimento do segmento anterior. Geralmente queixam-se de diminuição da acuidade visual que varia de acordo com a localização do foco inflamatório e das miodesopsias. No exame de fundo de olho, pode-se observar maior ou menor turbidez vítrea, exsudatos focais na coroide e / ou retina, vasculite ou descolamento exsudativo da retina. Na maioria dos casos, o resultado final é a destruição da retina e / ou coroide com cicatrizes residuais. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 4. DIAGNÓSTICO DE UVEITE PATOLOGIA UVEAL 4.1. METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO Para o estudo das uveítes, a maioria dos autores recomenda um sistema de tipagem diagnóstica direcionado baseado no exame ocular, na história clínica detalhada e no exame físico geral e cujo objetivo é obter ao final da mesma, três ou quatro entidades ordenadas por probabilidades. diagnóstico. As etapas ou seções a seguir são basicamente as seguintes: 1. - Breve história clínica. 2. - Exame oftalmológico. 3. - Diagnóstico de suspeita. 4. - Digitação de diagnóstico. 5. - Diagnóstico. Na primeira etapa, trata-se de fazer um primeiro contato com o paciente, sem entrar em detalhes minuciosos e, posteriormente, na terceira seção, expandir a história de forma direcionada. Nesta primeira seção, serão coletados dados como idade, sexo, crises anteriores, lateralidade, forma de início e duração (aguda ou crônica). A segunda etapa, o exame ocular, é fundamental para determinar a localização anatômica, o aspeto clínico ou morfológico, o grau de inflamação e avaliar o dano visual. Essa etapa será fundamental na orientação diagnóstica, pois apesar da crescente oferta de exames e técnicas disponíveis, o diagnóstico continua sendo basicamente clínico. Com dados tão importantes quanto a localização anatômica ou as características do surto, é hora de expandir a história médica geral (agora já administrada) e de fazer um exame físico geral. Do correto cruzamento dos dados obtidos nas seções anteriores, devem surgir os contornos dos quadros ou perfis clínicos. Com o perfil clínico detalhado do paciente, é gerada uma lista de possibilidades diagnósticas (de mais para menos) de acordo com o quadro clínico em questão, de forma que a lista não ultrapasse três ou quatro entidades. A seguir, e com a lista resumida obtida com o sistema de digitação direcionada, é quando devem ser considerados exames complementares e interconsultas que servirão para reforçar ou modificar a impressão diagnóstica. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 4.2. PROVAS DE LABORATÓRIO Como mencionado anteriormente, nem toda uveíte exige a solicitação de exames complementares e interconsultas com outros especialistas. Pode-se diferenciar entre uveíte transcendente e não transcendente. A uveíte não transcendente é toda irite aguda, não granulomatosa, unilateral e leve a moderadamente ativa, que tem um curso autolimitado e sem risco de sequelas visuais. Eles também incluem alguns tipos de uveíte intermediária aguda leve. Em geral, a uveíte posterior e a panuveíte são sempre consideradas significativas. Por outro lado, em algumas formas de uveíte, a informação fornecida pelos exames complementares não aumenta significativamente o rendimento diagnóstico / etiológico; Estes incluem a uveíte não transcendente acima mencionada, síndromes uveíticos específicas ou típicas e algumas síndromes uveíticos complexas bem definidas. 4.2.1. PROVAS NÃO ESPECÍFICAS A maioria dos estudos realizados em nosso meio chega à conclusão de que basta um estudo que inclua uma análise básica com taxa de hemossedimentação, Mantoux, sorologia (herpes, lues) e radiografia de tórax. Os demais exames complementares devem ser direcionados pelos padrões de apresentação das uveítes, pelo exame oftalmológico e pelo exame físico geral. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 4.2.2. HLA TYPE A capacidade de resposta imunológica de cada indivíduo é determinada geneticamente. Cada pessoa possui um código que está localizado na superfície celular e que lhes confere uma identidade genética (antígenos de superfície do sistema de histocompatibilidade principal ou HLA). Na Oftalmologia também há associação entre antígenos HLA e determinados processos oculares. O caso do antígeno HLA-B27 e sua associação com uveíte anterior aguda (AAU) merece consideração especial. A uveite HLA-B27 + anterior pode se apresentar como entidade clínica isolada ou associada a um grupo de doenças reumáticas como a espondilite anquilosante em que mais de 90% dos pacientes afetados pela doença são HLA-B27 positivos, síndrome de Reiter (cerca de 60% ) ou uveíte anterior aguda idiopática, em que até 60% dos pacientes apresentam este fenótipo HLA. Outras associações conhecidas de HLA / síndromes uveíticos são: HLA-A29 / coriorretinopatia injetável (90%); HLA B5 (B51) / doença de Behçet (31%) e; Síndrome HLA DR4 / Vogt-Koyanagi-Harada (90%). Portanto, a título de resumo, a investigação do haplótipo HLA-B27 está indicada nos pacientes com uveíte anterior aguda e recorrente e nos restantes haplótipos quando se suspeita das entidades anteriormente mencionadas. 4.2.3. TESTES SEROLÓGICOS EM UVEITE Concluir que determinada doença é a causa direta da inflamação ocular com base em um teste sorológico é um bom grau de presunção. No entanto, a positividade de alguns desses testes no contexto clínico apropriado fornece informações valiosas. Certos testes sorológicos como os do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e lues são de grande valor, enquanto outros (Toxocara, Toxoplasmose, Herpes, Rickettsia, etc.) têm um valor relativo. Em geral, duas determinações sorológicas separadas devem ser realizadas em 2-3 semanas e a seroconversão é considerada quando o título de anticorpos da segunda amostra é igual ou superior a quatro vezes o primeiro. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 4.3. TESTES DE DIAGNÓSTICO INTRAOCULAR 4.3.1. SEROLOGIA INTRAOCULAR A determinação sérica de anticorpos contra certos agentes infeciosos pouco auxilia no diagnóstico da uveíte infeciosa, sendo a produção intraocular local desses anticorpos de maior interesse. Essa produção local é calculada com base no índice Goldmann-Witmer. Para isso, é necessária a aspiração do humor aquoso e ter equipe e laboratório com experiência nesta técnica, por isso atualmente é um método diagnóstico pouco utilizado. 4,4. REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR) O maior desenvolvimento desta técnica encontra-se atualmente no campo do diagnóstico microbiológico, visto que aumenta a sensibilidade dos testes convencionais de deteção de microrganismos que os métodos tradicionais e acessíveis aos laboratórios não permitem, sendo também capaz de detetar microrganismos em estado latente. É muito útil para detetar infeções em indivíduos cujo sistema imunológico está comprometido (pacientes com AIDS, pacientes tratados com citos táticos) ou no período de incubação de certas infeções, onde ainda não foram produzidos anticorpos suficientes para serem detetados pelas técnicas usuais. As principais indicações da técnica de PCR em uveíte são:  Pacientes imunossuprimidos nos quais há suspeita de uveíte infeciosa.  Pacientes imunocompetentes com uveíte de possível causa infeciosa, de curso atípico ou com má resposta terapêutica.  Realizar pesquisas básicas sobre novos agentes infeciosos e sobre doenças de etiologia duvidosa. 4.5. BIOPSIAS ENDOOCULARES E UVEITE A biópsia vítrea pode ser realizada por punção com agulha fina ou, melhor ainda, durante uma vitrectomia diagnóstica. É muito útil no diagnóstico de linfoma intraocular (sarcoma de células reticulares) que deve ser suspeitado em pacientes com panuveíte com mais de 60 anos de idade que não respondem ao tratamento com corticosteroides. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 5. TRATAMENTO DA UVEITE Antes de iniciar ou tratar um paciente como uveíte, uma avaliação oftalmológica detalhada deve ser realizada para identificar o tipo de uveíte, a extensão do envolvimento ocular e a presença de complicações como catarata, glaucoma, neovascularização e luxação retiniana. Além disso, e importante conhecer a história natural da doença. Além disso, na maioria das vezes, veias anteriores agudas e autolimitadas, na maioria das vezes, visto que a vasculite pode levar anos para inativar a necrose retiniana aguda de origem herpética que evoluiu para descola ação retiniana total em poucas semanas. Mesmas entidades, como o ciclite heterocrômica de Fuchs ou baixo nível crônico de atividade, não requerem tratamento, pois ou efeito colateral do tratamento e são superiores ou beneficiam ao traço. Apesar dessas considerações, ou o tratamento da maioria dos dois casos de uveíte costuma ser inespecífico, em alguns casos (coriorretinite toxoplasmática, endoftalmite por cândida e vasculite retiniana por citomegalovírus na AIDS) responde a um tratamento específico. Dentro desse tratamento inespecífico, os corticosteroides (tópicos, peri oculares e sistêmicos) continuam a ser baseados no tratamento na maioria das vezes. A mesma pessoa tratada especificamente necessita da administração de corticosteroides para reduzir o dano intraocular, muitas vezes irreversível, que causa a própria inflamação. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 5.1. CORTICÓIDES A via de administração dos corticosteroides varia de acordo com a localização da uveíte. Assim, a uveíte anterior geralmente responde à via tópica, enquanto a uveíte intermediária e posterior requerem administração sistêmica ou peri ocular, uma vez que os corticosteroides tópicos não atingem esses segmentos do globo ocular. Outros aspetos importantes são sua introdução precoce (em doses de ataque) e sua retirada lenta, pois as recaídas são frequentes quando o tratamento é suspenso. A frequência da instilação de corticosteroides depende da gravidade da inflamação. Deve ser iniciado com alta frequência, diminuindo quando a inflamação diminuir. No caso de uveíte anterior aguda, geralmente é iniciada com instilação de hora em hora para posteriormente aumentar os intervalos e finalmente suspendê-la após 5-6 semanas. No caso da uveíte anterior crônica, é muito mais difícil, pois a corticoterapia pode ser necessária por meses, com os efeitos colaterais que isso acarreta. É aconselhável controlar a pressão intraocular durante a instilação de corticosteroides, uma vez que 35% dos pacientes responderão com hipertensão ocular, principalmente se forem corticosteroides potentes como dexametasona, betametasona e prednisolona. Outra complicação relativamente frequente da corticoterapia é o aparecimento de catarata subcapsular posterior, especialmente após administração sistêmica. As principais indicações para administração sistêmica de corticosteroides são: 1. Uveíte anterior com má resposta ao tratamento tópico ou peri ocular. 2. Uveíte intermediária com deficiência visual e má resposta ao tratamento tópico e/ou peri ocular. 3. Uveíte posterior grave e panuveíte. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 5,2 CICLOPLÉJICOS-MIDRIÁTICOS São fármacos essenciais para prevenir alterações estruturais irreversíveis no segmento anterior do globo ocular, prevenir a formação de sinequias e aliviar a dor pelo relaxamento do músculo ciliar. Portanto, são indicados nas uveítes em que há envolvimento do segmento anterior. 5.3. IMUNOSUPPRESSORES Vários imunossupressores (ciclosporina, metotrexato, azatioprina...) podem ser usados ​para algumas entidades que não respondem ao tratamento com corticosteroides. É essencial manter um controle estrito da resposta ao tratamento, bem como das complicações potenciais desses medicamentos. A doença de Behçet e a oftalmia simpática são as duas entidades nas quais esses medicamentos são usados ​com mais frequência. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6. SÍNDROMES DE UVEITE 6.1. UVEITE ASSOCIADA A DOENÇAS SISTÊMICAS 6.1.1. ARTROPATIAS DE ESPONDILA  ESPONDILITE ANQUILOSANTE. É uma espondiloartropatia que acomete predominantemente o esqueleto axial, ocorre em homens entre 20-40 anos de idade com antígeno HLA-B27 e fator reumatoide negativo (seronegativo). A manifestação ocular mais frequente é a iridociclite aguda, unilateral e recorrente que pode preceder em anos a sacro ileíte bilateral típica da doença. Embora a atividade da inflamação ocular possa ser intensa, o prognóstico visual a longo prazo é bom. Um paciente jovem do sexo masculino com uveíte HLA-B27 (+) anterior e uma história de dor lombar ou uma história familiar de sacro ileíte deve ser suspeitado em primeiro lugar. Corticosteroides tópicos em conjunto com cicloplégicos / midriáticos e anti-inflamatórios não esteroides (para manifestações articulares) são geralmente suficientes.  SÍNDROME DE REITER. É uma síndrome caracterizada pela presença de oligoartrite assimétrica seronegativa para HLA-B27 (+), inflamação ocular (conjuntivite, iridociclite) e uretrite não gonocócica ou cervicite. Uma origem infeciosa é postulada devido à frequência de infeções por Salmonela, Yersiniana, Chlamydia ou Ureaplasma. Como a espondilite anquilosante, geralmente responde a corticosteroides tópicos e cicloplégicos-midriáticos.  ARTRITE CRÔNICA JUVENIL (ACJ). Compreende um grupo heterogêneo de artrite idiopática que ocorre em crianças menores de 16 anos e que, de acordo com o Grupo de Trabalho da Liga Internacional de Doenças Reumáticas, são classificados como: JCA de predominância sistêmica (com febre, erupção maculopapular, linfadenopatía, hepatoesplenomegalia, serosite e poucos sintomas articulares); ACJ poliarticular seropositivo e seronegativo (comprometimento de pelo menos cinco articulações); oligoartrite (envolvimento de quatro ou menos articulações) que pode ser persistente (afeta meninas, geralmente apresenta ANA positivo, é a mais associada à uveíte e a uveíte responde bem aos corticosteroides tópicos) ou estendida; artrite-entesite (é aquela que geralmente apresenta iridociclite positiva para HLA-B27 aguda, possivelmente é a espondilite anquilosante equivalente infantil); Artrite psoriática e não classificado. Vários regimes terapêuticos têm sido usados ​nesses grupos de doenças (AINEs, sulfazalazina, corticosteroides sistêmicos, metotrexato) com resultados díspares. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL ESPONDILOARTRITIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL ESPONDILOARTRITIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL ESPONDILOARTRITE PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6.1.2. SARCOIDOSE A sarcoidose é uma doença granulomatosa de origem desconhecida, que ocorre na forma de surtos e cuja expressão clínica é variável. Inclui envolvimento pulmonar com adenopatia hilar, hepatoesplenomegalia, envolvimento da pele (eritema nodoso), articulação, glândulas lacrimais e salivares e sistema nervoso central. O envolvimento ocular (conjuntivite, episclerite, uveíte) ocorre em 20-40% dos pacientes, aparece acompanhando as manifestações sistêmicas ou isoladamente. A manifestação mais frequente é a iridociclite crônica (granulomatosa e bilateral) seguida por iridociclite aguda (não granulomatosa e unilateral) que pode ou não ser acompanhada por envolvimento do segmento posterior (coroidite, coriorretinite, periflebite retiniana). O diagnóstico é estabelecido por radiografia de tórax (adenopatia hilar e / ou padrão intersticial), varredura pulmonar 67Ga (Hipe captação do tecido afetado), elevação da enzima de conversão da angiotensina, teste de Kveim e / ou biópsia dos tecidos afetados (demonstração de granulomas epitelioides não caseosos). O tratamento com corticosteroides quando administrados no início do evento é eficaz, embora as recorrências sejam frequentes e o prognóstico visual em longo prazo seja ruim. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL INFILTRADOS PULMONARES DIFUSOS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL GRANULOMAS CONJUNTIVALES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL GRANULOMAS CONJUNTIVALES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL GRANULOMAS CONJUNTIVALES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL GRANULOMAS CONJUNTIVALES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL BOLAS DE NIEVE PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PERIFLEBITIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL INFILTRADOS COIDEOS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL COROIDITIS MULTIFOCAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6.1.3. DOENÇA DE BEHÇET É um distúrbio inflamatório de causa desconhecida, relacionado à presença do alelo HLA-B51 e caracterizado por episódios recorrentes de aftas orais dolorosa, úlceras genitais, lesões oculares (uveíte anterior, uveíte posterior, panuveíte, vasculite retiniana) e lesões cutâneas ( eritema nodoso)., pseudofoliculite, nódulos acneiformes, hipersensibilidade cutânea, tromboflebite superficial). Outros menos frequentes incluem a afetação do trato gastrointestinal, sistema nervoso central e dos grandes vasos. Em geral, as manifestações da doença são autolimitadas, com exceção do quadro ocular que pode levar à cegueira e, portanto, condicionar o prognóstico da doença. As manifestações oculares geralmente bilaterais e recorrentes ocorrem em até 70% dos pacientes e geralmente aparecem após lesões orais, embora em 10% dos casos possa ser a primeira manifestação. As manifestações do segmento posterior da úvea predominam na forma de visão turva com edema de retina ou macular com dano visual subsequente seguido de vasculite retiniana ou periflebite e em menor extensão iridociclite que pode associar hipópio, episclerite, conjuntivite ou ceratite. O diagnóstico é estabelecido de acordo com os critérios desenvolvidos pelo International Study Group for Behçet's Disease (1990), que requer a presença de candidíase oral recorrente e pelo menos dois dos seguintes: úlceras genitais recorrentes, lesões oculares, lesões cutâneas e teste de patergia positivo. Apesar dos diferentes esquemas terapêuticos utilizados (corticosteroides, colchicina, azatioprina, ciclofosfamida), a ciclosporina é o tratamento de escolha, principalmente quando há envolvimento do segmento posterior, mas sua eficácia diminui gradativamente. Estudos recentes relataram resultados promissores com interferon-2a e uveíte em alguns pacientes, plasmaférese ou gamaglobulina intravenosa foram tentados, mas a experiência com estes é muito limitada. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL UVEITIS ANTERIOR RECURRENTE. HIPOPION PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PERIFLEBITIS RETINIANA, BEHÇET PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PERIFLEBITIS RETINIANA, BEHÇET PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PERIFLEBITES RETINIANA OCLUSIVA E HEMORRAGIA INTRA-RETINIANA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL ATROFIA OTICA, BEHÇET PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6.1.4. VOGT-KOYANAGI-HARADA É um processo multe sistémico idiopático caracterizado pela presença de doença cutânea (alopecia, vitiligo, poliose), neurológica (meningite, encefalite, sintomas auditivos) e ocular. O envolvimento ocular consiste em uma panuveíte bilateral com envolvimento do segmento anterior na forma de iridociclite granulomatosa crônica, que frequentemente leva a sinequias posteriores, glaucoma ou catarata; subsequentemente, o segmento vítreo e posterior são afetados com coroidite multifocal que produz descolamento retiniano exsudativo. O diagnóstico é estabelecido pela tríade, previamente descrita, de acometimento cutâneo, neurológico e ocular e o tratamento consiste em corticosteroides tópicos e/ou sistêmicos. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS E AUDITIVAS J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL ALOPECIA, POLIOSE E VITILIGO PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL UVEITE ANTERIOR GRANULOMATOSA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL DESPRENDIMIENTOS MULTIFOCALES CON PLIEGUES MACULARES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL DR EXSUDATIVO AMPOLHO-O PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6,2 UVEITE ASSOCIADA A INFECÇÕES 6.2.1. TOXOPLASMOSE É uma infestação pelo Toxoplasma gondii que em nosso meio pode ser adquirida pela ingestão de carne crua ou pela via transplacentária, que ao nível ocular dá origem a uma coriorretinite granulomatosa multifocal que quase sempre se localiza na área macular. A retina é caracteristicamente necrótica e, em estágios avançados, desenvolve-se uma lesão coriorretiniana perfurada, pigmentada, que cicatriza e é acompanhada por vitrite densa. A forma congênita costuma ser mais grave e nem sempre é acompanhada pelas manifestações sistêmicas da doença (encefalite). O tratamento específico inclui pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico, sendo a associação clindamicina-pirimetamina ou atovaquona as alternativas disponíveis. 6.2.2. TUBERCULOSE Embora a tuberculose como causa de uveíte tenha diminuído consideravelmente nos últimos anos, essa entidade pode ser a causa de até 3% de todas as uveítes. As manifestações oculares mais comuns incluem irite granulomatosa ou não granulomatosa e tubérculos na coroide (manchas amareladas parcialmente obscurecidas por vítreo turvo) que geralmente se apresentam no contexto da tuberculose miliar. O diagnóstico é estabelecido pelo aparecimento das lesões juntamente com a prova tuberculínica positiva e o isolamento da micobactéria em focos não oculares. O tratamento é igual ao das outras formas da doença e inclui isoniazida, rifampicina e pirazinamida por seis meses. 6.2.4. VÍRUS DE HERPES Vírus do herpes simples. Geralmente causa queratite dendrítica associada à uveíte anterior (queratouveíte) e se manifesta com congestão, dor, fotofobia e diminuição da acuidade visual. Menos comumente, o segmento posterior é afetado com coriorretinite e necrose retiniana aguda. A uveíte anterior responde bem ao Aciclovir tópico com cicloplégicos-midriáticos, mas a uveíte posterior, que geralmente requer Aciclovir sistêmico e em altas doses, não. Vírus herpes zóster. O herpes zóster oftálmico (envolvimento do primeiro ramo do trigêmeo) pode se apresentar com vários comprometimentos oculares e geralmente aparece duas semanas após o início da lesão cutânea. A iridociclite, não granulomatosa, geralmente aparece rapidamente, causa dor e aumento da pressão intraocular e responde ao tratamento com corticosteroides tópicos com cicloplégicos. O envolvimento do segmento posterior é mais raro e casos de retinite, hemorragia retiniana e infiltrado perivascular foram descritos. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL TOXOPLASMOSIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL TOXOPLASMOSIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL TOXOPLASMOSIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL TOXOPLASMOSIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL TOXOPLASMOSIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL TOXOPLASMOSIS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6.2.5. UVEITE E USUÁRIOS DE DROGAS PARENTERAIS OU AIDS  Endoftalmite por candidíase. O uso de medicamentos parenterais constitui um fator de risco muito importante para o desenvolvimento desta doença, que se deteta como infiltrado coroide branco focal com envolvimento vítreo. O tratamento é feito com anfotericina B e, nos casos de acometimento do vítreo, pode ser necessária a vitrectomia.  Citomegalovírus. É a infeção mais comum em pacientes com AIDS (até 25%) e geralmente ocorre quando o estado de imunossupressão do paciente é muito grave (geralmente com níveis de CD4 abaixo de 100). Apresenta-se sob a forma de necrose hemorrágica retiniana. As opções de tratamento incluem: ganciclovir intravenoso, foscarnet ou cidofovir. A decisão por um ou outro é determinada pela extensão da inflamação e pelos efeitos colaterais dos medicamentos. Outras alternativas são os implantes de ganciclovir intravítrea e as injeções intravítrea de ganciclovir associadas ao ganciclovir oral. No entanto, os resultados não são muito encorajadores e, possivelmente, o tratamento antirretroviral ativo para atingir níveis de CD4 acima de 100 (a infeção por CMV em pacientes com CD4 acima de 100 é rara) é a melhor opção terapêutica. 6.2.6. Outros Vários agentes infeciosos associados à uveíte foram descritos: Toxocara canis, Onchocerca volvulus, Taenia solium, Acanthomoeba sp, Entamoeba sp, Giardia lamblia, Esquistossomose, lúes, lepra, brucelose, leptospirose, mononucleose infeciosa, sarampo e rubéola, entre outros. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL COROIDITE FOCAL PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL RETINITE MULTIFOCAL E ESFERAS DE ALGODÃO PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL RETINITE MULTIFOCAL E ESFERAS DE ALGODÃO PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL ENDOFTALMITE COM INFILTRAÇÃO VITREA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR SARCOMA DE KAPOSI (VIH) J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR RETINITE COM OPACIFICAÇÃO GRANULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL VASCULITE E NECROSE RETINIANA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL RETINITE COM EDEMA PAPILAR E ESTRELA MACULAR PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6.3. UVEITE OFTALMOLÓGICA ESPECÍFICA 6.3.1. CICLITE HETEROCROMICA DE FUCHS É uma uveíte anterior não granulomatosa que se estabelece insidiosamente de forma que a maioria dos pacientes fica assintomática ou pouco sintomática até desenvolver uma catarata secundária ou ser detetada acidentalmente. É caracterizada pela presença de precipitados queráticos pequenos, redondos, branco- acinzentados que não convergem, atrofia da íris, heterocromia (olho afetado hipocrómico) e neovascularização fina na superfície da íris. Geralmente não requer tratamento, embora sejam necessários controles frequentes para detetar o glaucoma. 6.3.2. RETINOCOROIDOPATIA EM PERDIGONADO DE BIRDSHOT É uma coroidopatía e vasculopatía rara, idiopática, bilateral, crônica e multifocal, que afeta mais mulheres e está associada ao holótipo HLA-A29. Os pacientes geralmente têm visão flutuante e visão central turva com menos frequência. Os sinais mais comuns são manchas amareladas devido à hipo pigmentação da coroide e do epitélio pigmentar da retina. Embora a mácula geralmente não seja afetada inicialmente, geralmente ocorre mais tarde. As principais complicações são: edema macular cistoide crônico, descolamento seroso da retina, catarata e, ocasionalmente, neovascularização retiniana. A resposta ao tratamento com corticosteroides é geralmente insatisfatória, e a ciclosporina foi tentada com resultados mistos. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL CICLITIS HETEROCROMICA DE FUCHS PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL ATROFIA IRIS Y NODULOS DE KOEPPE PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL CICLITIS HETEROCROMICA DE FUCHS SINEQUIAS ANTERIORES PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL RETINCOROIDOPATIA EN PERDIGONADA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL RETINCOROIDOPATIA EN PERDIGONADA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL RETINCOROIDOPATIA EN PERDIGONADA. HIPOFLUORESCENCIA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL RETINCOROIDOPATIA EN PERDIGONADA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6.3.3. OFTALMIA SIMPATICA É uma panuveíte granulomatosa e bilateral em geral pós-traumática (o olho traumático é denominado olho excitado enquanto o olho contra lateral que também desenvolve uveíte é denominado olho simpático). A inflamação pode persistir por anos, levando a catarata, glaucoma, atrofia ótica e um aumento da predisposição para o desenvolvimento de melanoma maligno. Apesar da enucleação do olho excitado juntamente com o uso de corticosteroides, cicloplégicos-midriáticos ou agentes citotóxicos, o prognóstico é ruim. 6.3.4. COROIDOPATIA SERPIGINOSA É uma doença recorrente, idiopática e bilateral do epitélio pigmentado da retina, que deve seu nome ao aspeto geográfico e em forma de cobra das opacidades creme do polo posterior que, quando inativadas, deixam áreas recortadas e atrofia coroide. Sua principal complicação é o envolvimento da UVEITE foveal com alteração permanente da visão. Apesar dos diferentes esquemas terapêuticos utilizados, nenhum deles modifica o curso da doença. PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL OFTALMIA SIMPATICA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL OFTALMIA SIMPATICA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL PATOLOGIA OCULAR OFTALMIA SIMPATICA J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL COROIDOPATIA SERPIGINOSA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL COROIDOPATIA SERPIGINOSA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL COROIDOPATIA SERPIGINOSA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL COROIDOPATIA SERPIGINOSA PATOLOGIA OCULAR J.A. TEMA 7 PATOLOGIA UVEAL 6.3.5. DOENÇA DE EALES É uma periflebite periférica idiopática que geralmente se apresenta de forma abrupta com visão turva em decorrência de hemorragia vítrea com neovascularização retiniana periférica e que geralmente não responde ao tratamento médico, necessitando de fotocoagulação e até vitrectomia. 6.3.6. SÍNDROME POSNER-SCHLOSSMAN É caracterizada por episódios recorrentes de glaucoma secundário de ângulo aberto e uveíte anterior (crise glaucomatocíclica) associados ao antígeno HLA-Bw 54. Geralmente responde ao tratamento com corticosteroides tópicos e hipotensores oculares. 6.3.7. EPITELIOPATIA PIGMENTAR MULTIFOCAL POSTERIOR Doença idiopática que tem sido associada a processos semelhantes aos da gripe e eritema nodoso em que o epitélio pigmentar da retina é a fonte de inflamação e que começa com distúrbio da visão central. As lesões típicas são áreas branco-acinzentadas em formas de placas profundas que afetam o segmento posterior e a retina e têm bom prognóstico visual e, portanto, geralmente não requerem tratamento. PATOLOGIA OCULAR J.A.

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