Orientações aos Professores sobre Neurodivergências - CCAA PDF

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2024

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neurodivergências educação inclusiva transtornos de aprendizagem orientações pedagógicas

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Este documento apresenta orientações sobre neurodivergências para professores. Cobertura de tópicos como dificuldades de aprendizagem, transtornos de aprendizagem e neurodesenvolvimento, além de casos reais e orientações para cada profissional da educação.

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[Digite aqui] Neurodiverências Aprendizados e Desafios HISTÓRICO VERSÃO DATA DESCRIÇÃO 1.0 30/05/2024 Criação do documento. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO...................................

[Digite aqui] Neurodiverências Aprendizados e Desafios HISTÓRICO VERSÃO DATA DESCRIÇÃO 1.0 30/05/2024 Criação do documento. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1 1.1. Dificuldades de aprendizagem................................................................... 1 1.2. Transtornos de aprendizagem...................................................................... 1 1.3. Transtornos do neurodesenvolvimento........................................................ 1 2. TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO................................................... 2 3. TRANSTORNO DISRUPTIVO, DO CONTROLE DO IMPULSO E DA CONDUTA........ 3 4. CONDUÇÃO DAS AVALIAÇÕES........................................................................... 5 5. CERTIFICADOS....................................................................................................... 6 6. ORIENTAÇÕES PARA O FRANQUEADO................................................................ 6 7. ORIENTAÇÕES PARA O AGENTE DE ATENDIMENTO............................................ 9 8. ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR................................................................... 10 9. ORIENTAÇÕES PARA O COORDENADOR DE ENSINO....................................... 11 10. CASOS REAIS – ATOS DE PROFESSORES............................................................. 12 11. O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER.................................................................... 16 11.1. O que fazer................................................................................................ 16 11.2. O que não fazer......................................................................................... 16 12. GLOSSÁRIO.......................................................................................................... 17 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 18 Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 1. INTRODUÇÃO Desafios relacionados à sala de aula envolvem: (1) dificuldades de aprendizagem, (2) transtornos de aprendizagem e (3) transtornos do neurodesenvolvimento. E é fundamental saber a diferença entre cada um desses conceitos. 1.1. Dificuldades de aprendizagem Também chamadas de dificuldades de percurso, são interferências no processo de aquisição e automatização de informações. Elas estão associadas a questões como mudança de casa, problemas familiares, bullying (entre outros fatores socioculturais), podendo desaparecer espontaneamente, uma vez sanada a origem do problema, ou com apoio pedagógico/psicológico. Apesar de serem caracterizadas como uma condição em que existe um obstáculo específico para o aprendizado, as dificuldades de aprendizagem também podem estar relacionadas a condições mais graves, como os transtornos de aprendizagem. 1.2. Transtornos de aprendizagem São condições neurobiológicas que dificultam o processamento de informações, afetando diretamente o processo de aprendizagem e, consequentemente, o desempenho escolar. Trata-se de inabilidades específicas, como de leitura, escrita ou matemática, em que as crianças apresentam resultados abaixo dos esperados para o nível de desenvolvimento da escolaridade correspondente. Não significa que a criança seja incapaz, mas sim que tem um ritmo próprio e necessita de estratégias diferentes para aprender. 1.3. Transtornos do neurodesenvolvimento São condições que resultam da maturação deficiente do sistema nervoso central. Os sintomas provocam prejuízos ao desenvolvimento da pessoa nas áreas do aprendizado, emocionais e sociais e, também, nas funções sensoriais, motoras, cognitivas e executivas. Esses transtornos são mais frequentes em meninos, e os sintomas ocorrem nos primeiros anos de vida, persistindo ao longo de todo o desenvolvimento. Como exemplos dos transtornos do neurodesenvolvimento, temos o transtorno do espectro autista (TEA) e o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). No ambiente escolar, é comum a identificação do transtorno de oposição desafiante (TOD) como uma comorbidade do TDAH. No entanto, esse não é um transtorno do neurodesenvolvimento, mas um transtorno disruptivo, do controle do impulso e da conduta. Essa classificação inclui condições que envolvem problemas de autocontrole e de comportamentos. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 1/19 Esses conceitos provocam profundas transformações no ambiente escolar e, também, no fazer dos profissionais que atuam na área. Por isso, esse material deve auxiliar o profissional do CCAA a compreender as características e demandas dos alunos com necessidades educacionais especiais (NEE). A parceria com a família é um dos principais fatores para minimizar entraves no aprendizado. A franquia deve trabalhar para a conscientização dos responsáveis de que o compartilhamento de informações e o trabalho em conjunto beneficiam o desenvolvimento das potencialidades dos alunos. O olhar da franquia CCAA será sempre voltado para uma atitude genuinamente inclusiva, contribuindo para o estabelecimento de um ambiente educacional de acolhimento, sensibilidade, empatia e afetividade. Pois, como nos fala Paulo Freire (2005, p. 29), “não há educação sem amor” e “quem não ama não compreende o próximo”. 2. TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO Dentre os transtornos do neurodesenvolvimento mais frequentes no ambiente escolar, destacam-se o transtorno do espectro autista (TEA) e o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). O transtorno do espectro autista se caracteriza por dificuldade de interação social e comunicação, além de restrições de atividades e interesses. Dentre as características mais incidentes temos:  Compartilhamento reduzido de emoções, afeto e interesses;  Dificuldade em iniciar ou responder a interações sociais;  Déficits no contato visual, linguagem corporal e na compreensão e uso de gestos;  Dificuldade em participar de brincadeiras em que se faça uso da imaginação e em fazer amigos;  Ausência de interesse pelas pessoas;  Padrões repetitivos de comportamento;  Fala estereotipada e/ou repetitiva;  Insistência nas mesmas coisas e sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças;  Hipo ou hiper-reatividade a estímulos sensoriais do ambiente. Em crianças muito pequenas pode haver baixa tolerância à frustração acompanhada de acessos de raiva. O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) se caracteriza por um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 2/19 Além disso, a educação é um princípio constitucional, conforme dispõem os artigos 205 e 206 da Constituição Federal: DA EDUCAÇÃO Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; A interpretação extensiva da lei prevê a inclusão de pessoas neurodivergentes nas instituições de ensino, sejam elas de ensino regular ou não. Assim sendo, as franquias não podem se opor à matrícula do aluno que possuir qualquer neurodivergência. Contudo, é fundamental que sejam adotados alguns cuidados. São eles:  Verificar se, no ato do preenchimento da ficha do aluno, foi informada a existência de alguma neurodivergência;  Fazer a inserção de toda comunicação, de forma escrita, no Cadastro do Aluno/Interessado, na aba Observações do sistema operacional, ainda que antes tratado oralmente. O registro escrito pode ser feito por e-mail ou por WhatsApp e deve englobar tanto comportamentos atípicos quanto adequações para aplicação das avaliações;  Elaborar e compartilhar com o responsável um “Projeto Pedagógico Individualizado”. Esse documento deve ser confeccionado a cada período e conter toda adequação da franquia para atendimento do aluno. Por exemplo: aluno faz os exercícios escritos e de compreensão auditiva na franquia com auxílio de um professor; aluno faz as avaliações escritas em dia e horário separados, sem limite de tempo para execução e com acompanhamento de professor; professor lê as questões da prova para o aluno etc. É importante salientar que as adequações realizadas pela franquia não devem estar condicionadas à apresentação de laudo médico. As estratégias pedagógicas objetivam otimizar a experiência de participação e o aprendizado do aluno, o que é dever da instituição de ensino; Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 7/19  Aceitar a presença do acompanhante terapêutico durante as aulas sempre que solicitado. Nesse caso, a família do aluno será responsável pelo custo relacionado;  Orientar todos os colaboradores da franquia sobre como proceder no caso de uma situação atípica que envolva o aluno neurodivergente. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 8/19 7. ORIENTAÇÕES PARA O AGENTE DE ATENDIMENTO Os agentes de atendimento são responsáveis pelo primeiro contato do lead com o CCAA, e a correta condução do atendimento para aqueles com necessidades educacionais especiais é fundamental para a concretização da matrícula. É fundamental se certificar de que as seguintes instruções sejam seguidas:  No CCAA, não há qualquer tipo de restrição à matrícula;  O atendimento deve ser sempre realizado de forma amável e solícita. Uma aula demonstrativa deve ser oferecida para que o lead possa conhecer a experiência de uma aula CCAA e avaliar se o método de ensino atenderá as suas expectativas;  O responsável dos leads dos cursos Baby Class, Kids’ Course, Preteen Course e English Course 1 deve ser convidado para participar das aulas demonstrativas;  Se no momento do atendimento houver a percepção de comportamento atípico do lead, o agente de atendimento não deve fazer qualquer tipo de questionamento relacionado;  A Ficha de Informações Importantes, disponível em Documentos para Download, deve ser preenchida pelo responsável de todos os alunos dos cursos Baby Class, Kids’ Course, Preteen Course e English Course 1;  Se houver menção de algum transtorno por parte do responsável: solicitar, se possível, a presença do coordenador de ensino durante o atendimento. Se não for possível a participação do coordenador, informar que o coordenador de ensino entrará em contato para agendar uma reunião em que serão tratados pontos que reafirmem a parceria entre o CCAA e a família em prol do bem-estar e aprendizado do aluno; usar, preferencialmente, o termo empregado pelo próprio responsável para se referir ao transtorno; mencionar que o CCAA abraça as singularidades por acreditar em um mundo mais inclusivo. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 9/19 8. ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR É frequente o número de casos em que o aluno NEE não faz o acompanhamento necessário ou até mesmo situações em que a necessidade especial não é reconhecida pela família. As estratégias a serem utilizadas com o aluno com necessidades educacionais especiais (NEE) devem ser estabelecidas pelos profissionais que o acompanham e podem ser acessadas tanto por meio do laudo apresentado e/ou de visitas dos profissionais que conduzem o tratamento. Sempre que forem compartilhadas essas orientações, o professor deve aplicá-las durante as aulas. Em qualquer um dos casos, é preciso que o professor busque conhecimento sobre os transtornos para que possa entender melhor os comportamentos e as modalidades de aprendizado dos alunos. As recomendações relacionadas ao transtorno de oposição desafiante (TOD) estão descritas no capítulo correspondente. Para os alunos sem laudo/diagnóstico definido de TEA e/ou TDAH, o professor pode seguir as orientações abaixo:  Receber o aluno com empatia e afeto, assim como todos os outros que integram a turma. Ações básicas, como um sorriso, representam muito para o aluno NEE;  Posicionar o aluno perto do professor. A proximidade também gera intimidade, o que facilita a relação entre aluno e professor e torna mais fácil o acompanhamento das mudanças de comportamento. Se possível, manter o aluno sempre na mesma carteira, caso este demonstre inflexibilidade quanto a alterações da rotina. O aluno também deve ser posicionado de costas para qualquer ponto de distração, como janelas e portas;  Demonstrar percepção do progresso alcançado para que o aluno sinta que ele consegue atingir os objetivos;  Criar combinados. Combinados são produtos do diálogo entre alunos e professores sobre o que é ou não permitido ser feito e necessários para nortear o comportamento. O professor pode fazer uma lista de combinados nas turmas de alunos alfabetizados ou um cartaz com figuras para os não alfabetizados; Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 10/19  Estabelecer uma rotina clara e consistente. A organização dá segurança e conforto aos alunos com necessidades educacionais especiais. A rotina já é bem estabelecida nas turmas de Baby Class e podemos adaptá-la para as turmas de Kids’ Course e Preteen Course. Na rotina, devem estar incluídas a acomodação dos alunos na chegada, a revisão breve das regras, a programação do dia e as instruções para saída. Caso algum evento da rotina não tenha sido realizado como planejado, envolver o grupo para a avaliação da responsabilidade de cada um e das perdas e ganhos como parte integrante do grupo;  Usar recursos visuais. Eles ajudam os alunos a assimilarem a informação de forma eficaz;  Fragmentar perguntas longas em menores;  Evitar estímulos negativos em frases como: “Preste mais atenção”, “Comporte-se”, “Fique quieto”;  Elogiar comportamentos positivos com frases como: “Vamos lá”, “Você consegue”, “Parabéns”, “Que maravilhoso seu exercício”. O aluno NEE pode ser imprevisível e não reativo a intervenções regulares dos professores, por isso o reforço positivo é tão importante. O Gamefik deve ser utilizado para reforçar esses comportamentos;  Dar orientações breves, claras e precisas sobre as tarefas a serem realizadas;  Avisar ao aluno, preferencialmente com antecedência, sobre qualquer mudança relacionada à estrutura da sala, recepção de novos alunos, substituição do professor titular e eventuais aulas em dias/horários diferentes;  Orientar que o aluno fracione as atividades escritas para os níveis em que são feitas em casa. 9. ORIENTAÇÕES PARA O COORDENADOR DE ENSINO Quanto ao coordenador de ensino, é importante estabelecer uma parceria colaborativa entre escola, família e a equipe que acompanha o aluno NEE. O apoio unificado contribui para a confiança e para o bem-estar, o que beneficia o aprendizado e o processo de inclusão. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 11/19 O coordenador deve estar atento às seguintes recomendações:  Incentivar a participação e a cooperação da família, cuidadores e equipe profissional que acompanha o aluno. A escola deve ter acesso a informações como laudo, estratégias de aprendizagem/apaziguamento, uso/troca de medicação;  Passar informações trazidas pela família para o professor titular/assistente da turma;  Alocar, sempre que possível, turmas com alunos NEE em salas menores e com menor número de alunos;  Evitar ter mais de um aluno NEE em uma turma;  Convidar o aluno TEA para conhecer a sala de aula e o professor antecipadamente, já que ele pode apresentar adesão inflexível a rotinas;  Solicitar que o professor reporte qualquer comportamento interferente durante as aulas;  Manter um arquivo do aluno registrando as respostas a diferentes atividades e as características comportamentais. Assim, os próximos professores podem ter acesso às informações relacionadas aos estímulos ou situações que gerem ansiedade no aluno NEE;  Disponibilizar professor assistente em turmas em que o comportamento do aluno impactar o trabalho pedagógico;  Acompanhar o andamento das aulas com maior periodicidade;  Esclarecer, de forma breve, sobre os transtornos e sobre a importância da inclusão na reunião de pais e alunos novos e sobre o posicionamento do CCAA;  Promover campanhas de esclarecimento sobre os transtornos e inclusão. 10. CASOS REAIS – ATOS DE PROFESSORES O manejo dos comportamentos interferentes deve sempre ser direcionado pela equipe que acompanha a criança. No entanto, se não houver diagnóstico oficial, o professor pode atuar de forma a abrandar e/ou conter o comportamento inapropriado. Para fazer a diferença na condução dos casos atípicos em sala de aula é preciso conhecer os transtornos e aprender com cada criança. Quanto mais conhecer as características dos transtornos, melhor será para auxiliar os alunos e, consequentemente, a atmosfera em aula. Comportamentos são individuais e suas formas de controle também. Por isso, devemos observar o que causa situações disruptivas e as formas de acalmar as crianças. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 12/19 Sempre que for necessária a intervenção durante as aulas, o professor deve reportar a situação ao coordenador de ensino que fará contato com a família para sinalizar o ocorrido e discutir possibilidades de minimizar situações similares em aulas futuras. A informação também deve ser inserida na ficha individual do aluno tanto para formalização do registro quanto para ciência dos professores dos próximos níveis. Caso 1: Durante a aula, minha aluna de 7 anos aperta continuamente as mãos e outras partes do corpo, além de se mover repetidamente na carteira. Não para quieta. Levanta o tempo todo, interrompe as atividades e acaba atrapalhando a aula. Esse comportamento pode ser característico de ansiedade ou excesso de complexidade/atividade cerebral, o que causa desconforto na aluna. Proponha uma pausa e sugira uma atividade que seja interessante. É sempre importante observar o comportamento da aluna a fim de identificar as atividades que a motivam/desmotivam. Pode ser um jogo em que a turma precise se movimentar, uma canção com coreografia ou a utilização de plataformas digitais. Atividades atrativas em pausas estratégicas podem ser efetivas para equilibrar as emoções. No passo na Explicação, utilize recursos visuais/jogos para torná-lo mais interessante, quando possível. Uma outra estratégia pode ser ocupar a aluna. Peça que distribua ou recolha materiais, por exemplo. Caso 2: Tenho um aluno que resiste em atender quando chamo por ele. Parece não ouvir, estar desatento ou até não querer interagir. Se, ao chamar um aluno, ele não olhar, não pense que ele não está te ouvindo. Pode ser apenas uma dificuldade em estabelecer contato visual ou reter a atenção. Deve-se abaixar na altura do aluno, caso ele esteja presencialmente na sala, olhar nos olhos e falar seu nome. Continue falando em tom baixo, investindo na interação, mesmo que pareça que não está ouvindo. Caso 3: Meu aluno não faz nada que eu peço e se mostra muito inquieto durante as aulas. Algumas crianças podem ter traços de ansiedade, e adotar a rotina ajuda a reduzi-la. O professor deve relatar as atividades que vão ser feitas naquele dia. Sempre que for necessário alterar a rotina, as mudanças devem ser feitas aos poucos. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 13/19 Não é recomendado prometer o que talvez não possa ser cumprido. Por exemplo, não diga que vai ser divertido, pois o aluno pode criar expectativas e se frustrar caso não seja concretizado, gerando uma desorganização. Ao sugerir uma atividade, evite perguntas abertas e inclua opções. Por exemplo, em vez de “Vamos pintar?”, pergunte: “Você quer pintar com o lápis azul ou com o vermelho?”. Prêmios (reforçadores) podem ser usados quando o aluno se comportar bem. Mas o professor deve ficar atento para que não seja dada muita atenção a quem se comporta mal para que o comportamento disruptivo não seja reforçado. Caso 4: Meu aluno do Kids’ Course parece incomodado quando é tocado. O contato físico pode incomodar algumas crianças. Em situações como essas, é possível usar um cartaz similar ao do Baby Class para ajudar na forma como o aluno quer ser cumprimentado. Dentre as alternativas deve haver opções sem contato. Greeting Poster – Baby Class Esse material deve ser fixado na entrada da sala de aula (para uso dos alunos presenciais) ou compartilhado via Zoom (para os alunos on-line). Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 14/19 Caso 5: Meu aluno parece estar em crise. Ele tampa as orelhas e grita. Ele se balança, suas bochechas ficam vermelhas e os olhos arregalados. Esses parecem ser mecanismos de regulação. Então, é preciso ajudar a criança a se acalmar. Para isso, o professor pode usar uma postura calma e firme. Se o professor também se descontrola, os demais alunos da turma podem ficar ainda mais assustados. O hiperfoco do aluno pode ser utilizado para controlar a situação (músicas, atividades lúdicas com personagens ou objetos de interesse). O professor também pode solicitar que a criança feche os olhos, respire calmamente e nomeie ou pense em itens de que goste. Por exemplo, se o aluno gosta de dinossauros, peça que ele cite os seus preferidos. O contato visual deve ser feito à média distância (distância de um braço). Se a situação for recorrente na franquia, é recomendada a construção do “cantinho da calma”. Esse ambiente pode estar dentro ou fora da sala de aula e ser composto por uma pequena cabana com almofadas e figuras de interesse do aluno em seu interior. Nesses casos, o professor deve avaliar se não houve algum tipo de sobrecarga sensorial (como excesso de barulho e/ou luminosidade), emocional (excesso de alegria, tristeza ou frustração) ou de insegurança (eventos não previstos) para que a situação possa ser evitada futuramente. O episódio deve ser reportado ao coordenador de ensino que fará o registro apropriado do comportamento e comunicará à família sobre o ocorrido. Caso 6: Meu aluno tem dificuldade em responder às perguntas mais complexas ou executar atividade em que haja muitas instruções (por exemplo, circule, ligue e pinte). Em situações como essas o professor deve simplificar as perguntas. Quanto às atividades, as instruções devem ser particionadas para torná-las mais simples e concretas para o aluno. Caso 7: Meu aluno tem crises de choro e não diz o porquê. Quando o aluno não se comunica, é importante observar os sinais de comunicação não verbal para entender o que a criança está tentando expressar. Choro pode ser um sinal de dor ou desconforto. O professor deve tentar acalmar o aluno usando linguagem clara e direta, evitando ambiguidades. Se houver um “cantinho da calma” na sala na sala, ele deve ser utilizado. É importante lembrar que rotinas claras e previsíveis fazem com que o aluno se sinta mais confortável. O coordenador de ensino deve ser informado para que reporte à família e investigue se o desconforto pode ser físico. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 15/19 11. O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER 11.1. O que fazer  Usar as palavras “atípicos” ou “neurodivergentes” para se referir àqueles diagnosticados com deficiências psiquiátricas, intelectuais, do neurodesenvolvimento ou da aprendizagem;  Evitar estereótipos. Nem toda pessoa desatenta/hiperativa tem TDAH e nem toda pessoa que se comunica ou se relaciona com dificuldade tem TEA. As generalizações podem propagar suposições que não são verdadeiras e gerar problemas de ordem relacional ou até mesmo jurídica;  Ser gentil. Respeitar e compreender as dificuldades dos outros é fundamental. A empatia se reverte em benefícios não só para os neurodivergentes, mas para todos;  Observar. Prestar atenção às respostas a determinados estímulos e ao que pode causar situações de ansiedade é vital para evitar situações de crise;  Buscar conhecimento. Quanto mais se souber sobre as neurodivergências, mais entendimento haverá quanto aos diferentes comportamentos e às formas de propiciar ambientes mais acolhedores e inclusivos;  Perguntar o que não souber. Melhor verificar como proceder do que fazer algo que incomode a pessoa com deficiência. 11.2. O que não fazer  Usar a palavra “normal” ou “saudável” para se referir às pessoas que têm o funcionamento neurocognitivo tido como “padrão” pela sociedade. Em vez disso, utilizar a palavra “neurotípica”;  Forçar interações sociais. Ter respeito pela forma como neurodivergentes querem ser tratados e pelo tipo de interação que desejam desenvolver os faz sentir mais confortáveis;  Achar que todos os alunos vão responder às mesmas intervenções. Neurodivergentes têm comportamentos únicos e apresentam diferentes comprometimentos em diferentes níveis. Não existe fórmula mágica, mas deve haver empatia para fazer diferentes tentativas em prol do aprendizado e do bem-estar da pessoa;  Rir ou debochar das estereotipias. Pessoas com TEA não têm controle sobre os movimentos repetitivos; Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 16/19  Tocar pessoas TEA sem perguntar. Autistas podem ser hipersensíveis ao contato físico ou simplesmente não gostarem de ser tocados;  Ignorar as identificações. Neurodivergentes usam cordões de identificação para que a sociedade em geral os identifique e os acolha. O cordão de girassol é utilizado para identificar pessoas com deficiências ocultas, como por exemplo: surdez, autismo, diabetes, asma, limitações intelectuais, deficiências cognitivas, entre outras. O cordão de quebra-cabeça representa a complexidade do espectro autista. Já o cordão com o símbolo do infinito representa a neurodiversidade enquanto movimento social e político pela aceitação dos transtornos mentais e/ou do neurodesenvolvimento;  Utilizar as palavras “doença”, “patologia” ou “problema”. Neurodivergentes não são “doentes” nem “têm problemas”, mas apresentam uma forma de funcionamento cerebral distinta que deve ser respeitada;  Infantilizar a pessoa adulta. O tratamento infantilizado da pessoa com deficiência é considerado uma forma de capacitismo;  Usar figuras de linguagem ou frases abstratas quando interagindo com pessoas com TEA, como: “Vou derreter de calor”, “Quanto é o ônibus?”, “Tem alguém sentado aqui?”. 12. GLOSSÁRIO Ansiogênico: Que provoca ansiedade. Comorbidade: Ocorrência de duas ou mais doenças relacionadas na mesma pessoa. Disruptivo: Que é diferente do padrão. Estereotipia: São repetições e rituais verbais ou motores que acontecem sem motivo aparente. Ficha de informações importantes: Documento que deve ser preenchido por todos os responsáveis pelos alunos, novos ou não, com o objetivo de identificar possíveis neurodivergências no momento da matrícula. Funções cognitivas: Processos mentais que permitem receber, processar e elaborar informações. Funções executivas: Processos executados pelo cérebro, como: manejar as emoções, aprender, classificar, pensar, relacionar e resolver problemas. Hiperfoco: Interesse fixo característico pela intensidade e foco. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 17/19 Mecanismo de regulação: Comportamentos que objetivam o equilíbrio emocional. Multidisciplinar: Que envolve diferentes áreas do conhecimento em prol de um objetivo comum. NEE: Necessidades educacionais especiais. Neuroatípico: Termo utilizado para referência à pessoa que tenha algum transtorno do funcionamento psíquico. Neurobiológico: Referente às funções e estruturas do sistema nervoso. Neurodesenvolvimento: Relativo ao desenvolvimento do sistema nervoso, incluindo as esferas motoras, cognitivas, sensoriais, comportamentos, emoções e da linguagem. Neurodivergência: Condição neurológica referente a um funcionamento cerebral distinto. Neurodiversidade: Variações naturais no cérebro humano de cada indivíduo em relação a sociabilidade, aprendizagem, atenção, humor e outras funções cognitivas. Neurotípico: Termo utilizado para referência à pessoa que não tenha transtorno do funcionamento psíquico. PPI: Projeto Pedagógico Individualizado. Documento que lista as adequações que serão realizadas pela franquia, a cada semestre, para otimizar o aproveitamento e o bem-estar do aluno atípico. Reforçadores: Consequências de um comportamento que aumentam as chances de recorrência futura. Sistema nervoso central: Responsável por receber e processar informações. Sobrecarga sensorial: Estímulo intenso que afeta o autista. 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARLEY, RUSSELL. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): Guia completo e autorizado para os pais, professores e profissionais da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2002. Cartilha da inclusão escolar. Disponível em www.aprendercrianca.com.br CID-10. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento. Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Coord. Organização Mundial de Saúde. Porto Alegre: Artmed, 1993. Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 18/19 DSM-5-TR. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: Texto revisado. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2023. DUK, CYNTHIA. Educar na diversidade: material de formação docente. 3ª ed. Brasília: MEC, SEESP, 2006. FLETCHER, JACK; et al. Transtornos da aprendizagem: da identificação à intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2009. FONSECA. VITOR. Cognição, Neuropsicologia e Aprendizagem. 5ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2011. FREITAS, GIOVANA. O autismo e o direito à educação. Revista Direito & Consciência, v. 1, n. 1, julho, 2022. FREIRE, PAULO. Educação: o sonho possível. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). O educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Graal, 1982. ______. Educação e mudança. v. 1. 28. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. ROTTA, NEWRA; et al. Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. SAMPAIO, SIMAIA; et al. Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem: Entendendo melhor os alunos com necessidades educativas especiais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014. SMITH, CORINNE; STRICK LISA. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z: Um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: Artmed, 2007. https://autismoerealidade.org.br/ https://www.ee.usp.br/wp-content/uploads/2023/11/Cartilha-sobre-os-significados-dos- Cordoes-1.pdf https://tdah.org.br/ Neurodivergências – Aprendizados e Desafios – Versão 1.0 19/19

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