Geografia Política Após a 1ª Guerra Mundial PDF
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Este documento analisa a geografia política pós-Primeira Guerra Mundial, a criação da Liga das Nações e as consequências económicas e sociais na Europa, incluindo a Grande Depressão. O texto aborda os desafios da reconstrução e a ascensão dos Estados Unidos durante os anos 1920 e início dos 1930.
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https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt/8926.html A geografia política após a 1ª. Guerra Mundial As ambições territoriais dos impérios e o seu desrespeito para com as nacionalidades conduziram a um clima de antagonismos, responsável pela I Guerra Mundial: a França não perdoava a perda da Alsácia-Lore...
https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt/8926.html A geografia política após a 1ª. Guerra Mundial As ambições territoriais dos impérios e o seu desrespeito para com as nacionalidades conduziram a um clima de antagonismos, responsável pela I Guerra Mundial: a França não perdoava a perda da Alsácia-Lorena para a Alemanha e a Rússia necessitava de uma saída para o Mediterrâneo na Península Balcânica, só possível pela protecção dos eslavos oprimidos pelo Imperador Austro-húngaro. Logo, os Balcãs eram dinamite pronto a explodir, o que aconteceu de facto, com o assassinato de Serajevo, em 28 de Junho de 1914, que vitimou, pela mão de um nacionalista sérvio da Bósnia-Herzegovina, anexada em 1908, Francisco Fernando e sua esposa, herdeiros do trono da Áustria-Hungria. E, assim, começa a I Guerra Mundial: de um lado a Tríplice Aliança (Alemanha e Áustria-Hungria) e de outro a Tríplice Entente (França, Rússia e Grã-Bretanha). Quando o conflito terminou, em Novembro de 1918, os impérios europeus estavam condenados ao desmembramento: um ano antes, na Rússia, o czar tinha sido deposto, com a Revolução de Fevereiro; no mesmo ano, a Revolução de Outubro do movimento bolchevique fez a paz separada com a Alemanha, abdicando da Finlândia, da Polónia, da Ucrânia e das províncias bálticas (Estónia, Letónia e Lituânia), e proclamou o direito à autonomia das nacionalidades do ex-Império russo; na Alemanha e na Áustria, aquando da assinatura do armistício, levantamentos políticos levaram à abdicação dos respectivos imperadores e proclamaram-se repúblicas democráticas, sendo o destino dos povos subjugados traçado de imediato na Conferência da Paz e nos tratados impostos aos vencidos, entre 1919 e 1920. Deste modo, uma nova ordem internacional nascia, assente no direito dos povos a disporem de si próprios e no respeito pelos seus Estados soberanos, nas autonomias, e na democracia que progressivamente evoluía. A Sociedade das Nações A Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações, foi uma organização internacional, a princípio idealizada em Janeiro de 1919, em Versalhes. Inicialmente, as potências vencedoras do conflito da Primeira Guerra Mundial reuniram-se nesta data, para negociar um acordo de paz. Um dos pontos do amplo tratado referiu-se à criação de uma Assembleia Internacional, cujo papel seria o de assegurar a paz. A 28 de Julho de 1919 foi assinado o tratado de Versalhes, cuja sede passou a ser na cidade de Genebra, na Suíça. No entanto, passou a existir oficialmente no dia 10 de Janeiro de 1920, quando a Alemanha, um dos países vencidos da Primeira Guerra, passou a constar na sede. Porém, a paz seria temporária e instável, pois em Setembro de 1939, Adolf Hitler desencadeou a Segunda Guerra Mundial. A Liga das Nações, tendo fracassado em manter a paz no mundo, foi dissolvida. Estava extinta por volta de 1942. No entanto, a 18 de Abril de 1946, o organismo passou as responsabilidades à recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU. A sua criação foi baseada na proposta de paz conhecida como Catorze Pontos, já publicada no Diário Universal, feita pelo Presidente norte-americano Woodrow Wilson, numa mensagem enviada ao Congresso dos Estados Unidos a 8 de Janeiro de 1918. Os Catorze Pontos propunham as bases para a paz e a reorganização das relações internacionais no fim da Primeira Guerra Mundial, e o pacto para a criação da Sociedade das Nações constituíram os 30 primeiros artigos do Tratado de Versalhes. Um dos problemas que levou ao fracasso da Sociedade foi o facto de o Congresso dos EUA não ter ratificado o Tratado de Versalhes, logo, por conseguinte, não terem entrado na Liga das Nações. Durante as negociações na Conferência de Paz de Paris, foi incluída na primeira parte do Tratado de Versalhes a criação da Liga. Os países integrantes originais eram 32 membros do anexo ao Pacto e 113 dos estados convidados para participar, ficando aberto o futuro ingresso aos outros países do mundo. As excepções foram Alemanha, Turquia e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. As crises do pós-guerra A democracia triunfara na I Guerra Mundial, mas, em 1920, a situação económica da Europa era muito má: arruinada e endividada, viu a Áustria a declarar a falência, ficando sob o controlo financeiro da SDN, devido à inflação monetária, e viu o dinheiro transformar- se em brinquedo na Alemanha, com a forte desvalorização da moeda. Entretanto, duas fortes crises se fizeram sentir: · crise de 1920-21: na sequência da diminuição da procura interna (devido à alta dos preços) e europeia (em consequência das restrições do crédito à Europa), os stocks acumularam-se, os preços baixaram, fazendo-se sentir uma enorme inflação. A partir de 1922, iniciou-se um período de recuperação, impulsionado pelo esforço na aplicação dos métodos de racionalização do trabalho, para diminuir os custos de produção, o que permitiu, juntamente com a concentração de empresas, que muitas empresas continuassem viáveis. Deste modo, foi o capitalismo liberal e a sua produção em massa para um consumo em massa que trouxeram “os loucos anos 20”, os anos da prosperity americana, que foi, no entanto, breve e ilusória, dada a crise que se seguiu. · crise de 1929: o crash de Wall Street, a grande crise do capitalismo, accionada pela especulação bolsista e pela superprodução, que levou à acumulação de enormes stocks, o que trouxe o desemprego, crescendo vertiginosamente a deflação, prosseguindo-se então, à destruição de stocks, diminuindo assim, a procura, levando à falência de bancos e empresas. Tendo sido os EUA fortemente atingidos por ambas as crises, a Europa não pôde resistir, dado estar a receber todos os investimentos dos EUA. Logo, ambas as crises tiveram um cariz mundial e também global, pois não só atingiram a nível financeiro e económico, como também a nível político e social: com o desemprego a subir em flecha, instalou-se o descrédito no modelo político e económico capitalista, sucedendo-se as convulsões económicas e políticas; e do Leste europeu, surgem o comunismo e o fascismo como aparente soluções para o momento de crise vivido na Europa capitalista devastada pela guerra, baseando-se no corporativismo, no intervencionismo do Estado e no conservadorismo e com promessas de uma estabilização. Daí a adesão em massa a estas novas ideologias. A difícil recuperação da Europa e a dependência em relação aos Estados Unidos Com o final da guerra, à Europa colocou-se o problema da reconversão da sua economia. Na realidade, a guerra, além da hecatombe humana, tinha provocado devastações nos campos e nas fábricas e fizera orientar o aparelho produtivo predominantemente para a economia de guerra. Era necessário reorientar a actividade económica para a produção de alimentos, a reinstalação das indústrias ou a aquisição de maquinaria. De momento, estas necessidades foram satisfeitas com recurso a importações maciças dos EUA, tendo a reconversão económica sido suportada também com base em empréstimos americanos. Estes factores contribuíram para desequilibrar as balanças de pagamento dos países europeus. A solução encontrada para este desequilíbrio consistiu na desvinculação das moedas europeias em relação ao padrão-ouro de modo a possibilitar a emissão do papel- moeda necessário ao pagamento das importações ou das indemnizações de guerra. Em consequência, a inflação disparou para valores nunca antes verificados, facto que teve profundas repercussões políticas e sociais. Só em 1925, com base em investimentos americanos, a economia europeia começou a apresentar sinais de recuperação, auxiliada pela contenção na emissão de papel-moeda, depois de, novamente, se ter acordado o regresso ao padrão-ouro, permitindo então reequilibrar as balanças de pagamentos. A difícil recuperação económica da Europa estimulou a ascensão dos EUA. Afastados do teatro de operações no decurso da guerra, os americanos continuaram a exportar bens, serviços e capitais para a Europa, o que contribuiu para a forte entrada de moeda e para uma balança comercial largamente positiva. A saúde da economia americana, além do crescimento das exportações, residiu ainda no forte incremento da procura interna propiciada, em simultâneo, pela elevação dos salários e pela descida dos preços. Esta última resultou do desenvolvimento dos princípios tayloristas da racionalização do trabalho, efectuado por Henry Ford. Ford introduziu a linha de montagem na fábrica de acordo com os princípios tayloristas: o trabalho dividido em operações simples, a progressão do produto era contínua e sequencial, o ritmo fixado pela velocidade do tapete rolante que levava o trabalho ao operário, em vez de ser este a procurá-lo. Estas inovações traduziram-se no abaixamento do tempo de produção do carro e na redução do seu preço, tornando-o um produto de consumo cada vez mais acessível. A implantação do marxismo-leninismo na Rússia O imenso Império Russo, com 22 milhões de km2 e 174 milhões de habitantes, governado autocraticamente pelo czar Nicolau II, estava à beira do abismo. As tensões sociais aumentavam de intensidade de dia para dia com os camponeses, que constituíam 85% da população, clamando por terras, concentradas nas mãos dos grandes senhores e latifundiários, seus antigos patrões, no sistema de servidão; com o operariado, que embora escasso era extremamente reivindicativo, exigindo maiores salários e melhores condições de vida e trabalho; e com a nobreza liberal e a burguesia, desejando a abertura política, assim como a modernização do país. Por outro lado, a contestação política era muita e gerava um estado de confusão, pois era protagonizada pelos socialistas-revolucionários, que reclamavam a partilha de terras; pelos socialistas-democratas, divididos em bolcheviques e mencheviques*; e pelos constitucionais -democratas. A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, desde o seu início, como parte da Entente, contribuiu para que se gerasse um sentimento anticzarista, já que as derrotas na frente – onde os soldados desertavam ou se auto-mutilavam para não combaterem – eram constantes, agravando as fraquezas do regime de Nicolau II, que ainda teve que contar com a desorganização económica, com a falta de géneros, que levava a grandes manifestações populares devido à fome, e com as denúncias da sua incompetência e a dos seus ministros, por parte dos liberais e dos socialistas. O mal-estar político e social na Rússia era muito grave e em breve a situação estaria para rebentar. As revoluções (de Fevereiro e de Outubro) suceder-se-iam no ano de 1917. * Bolcheviques – facção maioritária do Partido Social-Democrata Russo, aquando da sua cisão no Congresso de Bruxelas, em 1903. Dirigidos por Lenine, os bolcheviques mantiveram-se intransigentes na defesa da luta de classes e da ditadura do proletariado, enquanto que os * mencheviques (facção minoritária) se mostraram adeptos do reformismo. Em 1912, os bolcheviques tornaram-se num partido único, e em 1918 adoptam o nome de Partido Comunista. A Revolução Socialista Soviética – as revoluções de 1917 No ano de 1917 deram-se as mais famosas revoluções da História Russa: a Revolução de Fevereiro e a Revolução de Outubro. A primeira dá-se em consequência de uma grande manifestação liderada, inicialmente, por mulheres, em Petrogrado, que protestavam contra o aumento do preço do pão. A este protesto juntaram-se operários, camponeses e mesmo o exército, que quando lhe foi ordenado que controlasse a manifestação, acabou por aderir à causa. Na sequência deste último acto, da tomada do Palácio de Inverno e do apelo do Soviete* de Petrogrado, o movimento popular ganhou um carácter político, tendo levado o czar Nicolau II, agora desprovido de qualquer apoio, a abdicar do trono, a 2 de Março. A Rússia tornou-se numa República através do fim do czarismo, mas os problemas da nação não se resolveram: criou-se um Governo Provisório, que, escolhido pela Duma, apoiado pelo Partido Constitucional-Democrata e empenhado na instauração de uma democracia parlamentar, tinha prometido ao povo a retirada da Rússia da guerra com a Alemanha. No entanto, isto não foi cumprido, o que foi causa directa da forte oposição dos Sovietes de todo país. Como os Sovietes tinham a massa popular do seu lado (opondo-se à guerra, reivindicando a distribuição das terras pelos camponeses, exigindo aumentos nos salários e o dia de trabalho de 8 horas), mas também havia um governo no poder, diz-se que a Rússia viveu num período de dualidade de poderes. No entanto, o Governo Provisório foi desacreditado progressivamente e abalado por três factores-chave: o regresso do bolchevique Lenine, cujas Teses de Abril apelavam à retirada da guerra, ao derrube do Governo, à confiscação da grande propriedade e à entrega do poder aos Sovietes, dando aos bolcheviques maior protagonismo, que se foram impondo nos Sovietes; a inflação galopante; e as continuadas derrotas sofridas nas frentes de guerra. Tudo isto tornou o Governo fraco, incapaz de impor alguma ordem, pois os Sovietes apoderavam-se quase livremente de fábricas nas cidades e terras nas províncias. Esta situação de dualidade de poderes termina em Outubro de 1917, quando os Guardas Vermelhos (milícia formada pelos bolcheviques entre a Rev. de Fevereiro e a Rev. Outubro) tomaram pontos estratégicos em Petrogrado (correios, pontes, gares ferroviárias), assaltaram o Palácio de Inverno e derrubaram o Governo Provisório. A 26 de Outubro, o II Congresso dos Sovietes ratificou o golpe bolchevista e elegeu um novo Governo – o Concelho dos Comissários do Povo, composto exclusivamente por bolcheviques, com Lenine na presidência, Trotsky na Pasta da Guerra e Estaline na das Nacionalidades – a primeira revolução socialista do séc. XX estava em marcha. * Sovietes – concelhos de camponeses, operários, soldados e marinheiros da Rússia que, teoricamente, exprimem colectivamente a vontade do povo. Os primeiros, constituídos exclusivamente por operários, remontam à Revolução de 1905, e foram instalados nas fábricas como focos de ligação e dinamização dos grevistas. Contidos pelo fracasso do movimento, reapareceram em Fevereiro de 1917. A Revolução bolchevista de Outubro buscou nos Sovietes a legitimação popular e deles fez a base da futura organização do Estado da URSS. O modelo soviético de Lenine – a coletivização Lenine desejava que a ditadura do proletariado, fundamento do marxismo, fosse implementada imediatamente, tendo em consideração as estruturas arcaicas e rurais da Rússia, não negligenciando o papel dos camponeses na revolução operária – um dos aspectos do marxismo-leninismo*. No entanto, a sua implementação na Rússia não foi só um produto da ideologia marxista; foi também um produto das circunstâncias em que se vivia, desde que os bolcheviques tomaram posse da chefia da nação russa: - Fortes oposições às negociações em Brest-Litovsk, quando a Rússia assinou a paz separada com a Alemanha, abdicando das suas províncias, que eram boas fontes de riqueza; - Fortes resistências por parte de proprietários (Kulaks) e empresários (Nepmen) à aplicação dos decretos relativos à terra e ao controlo operário (inicia-se a conspiração das antigas classes possidentes); - Desorganização da economia provocada pelo estado de guerra vivido e agravado pela privação de matérias-primas, pela persistência da carestia e da inflação, pelo regresso de sete milhões de soldados sem hipótese imediata de reintegração na vida civil, pelos actos de pilhagem e de banditismo que se seguiram; - Guerra civil, iniciada em Março de 1918, arrastando-se até 1920, que vitimou mais de 10 milhões de pessoas, entre brancos (todos os que se opunham aos bolcheviques, apoiados pela Inglaterra, França, EUA e Japão, não interessados na expansão do bolchevismo) e vermelhos (os bolcheviques), que acabaram por vencer, através do seu coeso e disciplinado Exército Vermelho, organizado por Trotsky, desde 1918. Tendo em conta a situação, Lenine implantou medidas enérgicas, conhecidas pelo nome de comunismo de guerra. * Marxismo-leninismo – desenvolvimento teórico e aplicação prática das ideias de Marx e Engels na Rússia por Lenine. Caracterizou-se por enfatizar o papel do proletariado, rural e urbano, na conquista do poder, pela via revolucionária e jamais pela evolução política; pela identificação do Estado com o Partido Comunista, considerado a vanguarda do proletariado; e pelo recurso à força e à violência na concretização da ditadura do proletariado. O modelo soviético de Lenine – O comunismo de guerra. O comunismo de guerra consistiu nas seguintes medidas: - Toda a economia foi nacionalizada, segundo a proposta de Marx de “centralização dos meios de produção nas mãos do Estado”, para destruição do capitalismo; os camponeses foram obrigados a entregar as colheitas; os bancos, o comércio interno e externo, a frota mercante e as empresas com mais de 5 trabalhadores e um motor foram estatizadas, competindo ao Estado a distribuição de bens de acordo com os novos critérios de justiça social: para o Exército Vermelho, guardião da revolução proletária, cabia o essencial, o restante para operários e camponeses e, no fim, os burgueses; - Apelando ao heroísmo revolucionário para desenvolver a produção, instaurou-se o trabalho obrigatório dos 16 aos 50 anos, prolongou-se o tempo de trabalho, reprimiu-se a indisciplina, atribuiu-se o salário conforme o rendimento; - Proibição dos jornais burgueses e de todos os partidos políticos, excepto o Partido Comunista, quem liderou realmente esta ditadura; dissolveu-se a Assembleia Constituinte; retiraram-se dos Sovietes os membros não-comunistas; constituição da Tcheca, a polícia política, que tinha amplos poderes, fazendo desaparecer qualquer suspeito de conspiração, recorrendo aos campos de concentração e às execuções sumárias muito frequentemente. O conjunto de medidas económicas e sociais de emergência, que ficaram conhecidas pelo nome “comunismo de guerra”, foram as seguintes: · Destruição do sistema capitalista e colectivização de toda a economia; · Abolição da grande propriedade; · Apropriação da produção agrícola dos camponeses (entrega dos campos aos sovietes para que estes depois os redistribuíssem), para posterior distribuição pelo Estado, que a faria de forma mais igualitária, abolindo-se assim, o comércio livre; · Nacionalização das empresas, da banca e do comércio; · Proibição dos partidos políticos, à excepção do Partido Comunista, criando-se um sistema de partido único; · Criação da polícia política; · Incentivo à reunião da III Internacional, a Internacional Comunista; · Formação da URSS. O modelo soviético de Lenine – a NEP, Nova Política Económica A guerra civil termina com a vitória dos bolcheviques, mas a economia russa, no entanto, estava arruinada, sendo que Lenine reconhece o carácter excessivo destas medidas, que, apesar de terem em conta o programa socialista, vai, igualmente, contra o mesmo, dado o contexto de guerra civil. Lenine temeu que o caos levasse à revolta do povo, e toma medidas para relançar a economia – a Nova Política Económica: o Estado mantém o controlo da banca, do comércio externo e dos principais sectores da indústria, mas volta a ser possível: · a exploração privada da terra e a venda de excedentes nos mercados, pelos camponeses; · liberdade de produção industrial e venda dos seus produtos; · abertura ao investimento estrangeiro. Com isto, a recuperação da Rússia foi inegável: melhorou a produção, o comércio e as condições de vida; os kulaks (proprietários agrícolas) e os nepmen (homens de negócios, comerciantes e industriais) enriqueceram, o que colocou em perigo o ideal da sociedade sem classes, fazendo com que os objectivos da construção de um Estado socialista saiam, em parte, fracassados. Lenine morre em 1924, dá-se um período intermédio de consolidação do poder, e Estaline assume o poder em 1928. As repercussões no resto da Europa da Revolução Socialista Soviética Face ao aumento da conflitualidade social (ocupação de fábricas e de terras, greves em diversos sectores), decorrente do aprofundamento da crise, associada às actividades do Komintern, órgão criado com o objectivo de coordenar a acção dos partidos comunistas que contribuiu para a propagação dos ideais da revolução bolchevista, instalou-se o temor no seio da burguesia e das classes médias. Estas, afectadas pela inflação, pela quebra do poder de compra e pela ameaça de proletarização, desejosas de estabilidade social e política, constituíram o alvo preferencial dos apelos da direita que, perante o espantalho do perigo comunista, preconizava o estabelecimento de soluções autoritárias. Como consequência, em vários países da Europa (Inglaterra, França, Alemanha, Itália), e mesmo nos EUA, assistiu-se a uma reacção conservadora, nacionalista e autoritária que se concretizou pela viragem à direita por parte de muitos governos, na progressão dos movimentos racistas e nas limitações à imigração. Se o termo da I Guerra Mundial significara o relançamento das democracias parlamentares, no final dos anos 20 e 30 a democracia parecia em nítida regressão.