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HOMILÉTICA IBPM Apostila elaborada por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL Ministro do evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Direitos autorais reservados em conformidade com a Lei Sumário 1. INTRODUÇÃO 2 2. A HOMILÉTICA E A COMUNICAÇÃO O...

HOMILÉTICA IBPM Apostila elaborada por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL Ministro do evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Direitos autorais reservados em conformidade com a Lei Sumário 1. INTRODUÇÃO 2 2. A HOMILÉTICA E A COMUNICAÇÃO ORAL 3 3. BLOQUEIOS À COMUNICAÇÃO ORAL 4 4. A HOMILÉTICA E A HERMENÊUTICA 6 5. A HOMILÉTICA E A PSICOLOGIA 7 6. A HOMILÉTICA E A LÓGICA 8 7. A HOMILÉTICA E O PREGADOR 9 8. O PROPÓSITO DO SERMÃO 10 9. TIPOS DE SERMÃO 11 10. O TEXTO DO SERMÃO 12 11. O TEMA DO SERMÃO 13 12. A ESTRUTURA DO SERMÃO 13 IBPM 13. O SERMÃO CORPÓREO 16 14. ILUSTRAÇÕES 17 15. O SERMÃO E O CULTO 18 16. O PREGADOR E O SEU ARQUIVO 19 17. BIBLIOGRAFIA 20 Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 1 1. INTRODUÇÃO Esta apostila tem por objetivo apresentar a importância da Homilética no contexto eclesiástico, dada a necessidade de condensar alguns assuntos, relacionados à Homilética, em um só compêndio. Temos visto a carência do conhecimento homilético entre os pregadores leigos e até mesmo de obreiros. O vício de linguagem tem sido uma “tônica” nos púlpitos das Igrejas, sem falar nos sermões salada mista, sem “pé” e sem “cabeça” ou nos passeios pela Bíblia, sem dizer ao que veio. Outra coisa evidente é o apelo gritante que se faz ao emocional dos ouvintes, fazendo uso chavões e vãs repetições, manipulando e cansando os ouvintes como se fossem participantes de uma classe infantil. Esquecem-se, esses pregadores que a mensagem deve atingir em primeiro lugar a razão e não a emoção, que o sermão deve ter uma estrutura, uma ordem lógica e cronológica dos assuntos apresentados na sua temática, se é que apresentam o tema do IBPM sermão. Não sabem, esses pregadores que um bom sermão deve ser como uma boa refeição, cujo prato principal é anunciado, tendo um prato inicial e um prato final. Para “fechar” a refeição. Veremos, além desta introdução, quinze assuntos de grande relevância no campo homilético, que nos darão a condição de um melhor entendimento da posição da Homilética como a rainha das disciplinas teológicas. No decorrer deste estudo você mesmo chegará a esta grande conclusão. 1.1. Histórico - A retórica ensinada na Grécia antiga pelos sofistas, fundamentada em princípios disciplinares de conduta, teve origem na Sicília, no V século a.C., através do siracusano Córax e seu discípulo Tísias. A partir daí, a palavra retórica passou a ser usada no campo da comunicação para descrever o discurso persuasivo, quer escrito ou falado. Os oradores sofistas, entre eles, Górgias, Isócrates (436-338 a.C. implantou a disciplina da retórica no currículo escolar dos estudantes atenienses) e muitos outros, exigiam várias habilidades dos oradores. Tais como: memória, habilidade, inspiração, criatividade, entusiasmo, determinação, observação, teatralização, síntese, ritmo, voz, vocabulário, expressão corporal, naturalidade e conhecimento. Os gregos sofistas dividiam a retórica em três grupos: Política, Forense e Epidítica (demonstrativa). Filósofos destacados como Platão (430-347 a.C.), Aristóteles (382-322 a.C.) e Cícero (106-44 a.C.) deram muita atenção aos princípios a serem seguidos por quem desejasse levar os homens a crerem e agirem. Paulo certamente observou que estes princípios retóricos levaram alguns oradores cristãos aos extremos, firmando-se apenas em “... sublimidade de pala- vras ou de sabedoria...” (I Co 2.1). (“ORIGEM DA HOMILÉTICA E DA RETÓRICA”) Justa- Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 2 mente nesta época os gregos buscam sabedoria. 1.2. Conceitos a) Homilética é a ciência superior, da qual a retórica, a lógica e outras ciências humanas são tributárias (Karl Barth). b) É a ciência que ensina os princípios fundamentais do discurso em público (Hoppin). c) É a ciência e a arte de pregar sermões. d) Etimologia - HOMILÉTIKOS (gr) HOMILIA (gr) Nos primeiros séculos o termo passou a ser usado para deno- minar a “arte de pregar sermões” (“Manual Do Pregador (homilética).pdf [9n0k72we0k4v]”) SERMONIS (lt) e) Podemos concluir que Homilética "É falar elegantemente na oratória eclesiás- IBPM tica". (Quando se fala em público tem que dizer alguma coisa) 1.3. Aspectos que envolvem a homilética. - São três os aspectos que envolvem a homilética: a oratória, a retórica e a eloqüência. Esses aspectos se relacionam respectivamente com o dom natural, o conhecimento e a habilidade. a) Oratória - É a arte de falar em público de forma elegante, precisa, fluente e atrativa. Este aspecto se relaciona com o dom natural. b) Retórica - Estudo teórico e prático das regras que desenvolvem e aperfeiçoam a oratória (talento). Este aspecto se relaciona com o conhecimento. c) Eloqüência - É o dom natural que se desenvolve através da teoria e prática da oratória. Este aspecto se relaciona com a habilidade 2. A HOMILÉTICA E A COMUNICAÇÃO ORAL Comunicação oral é a principal ferramenta do pregador na palavra de Deus. Vejamos os dois fundamentos que são a voz e a fala e os seus aspectos principais. 2.1. Conceitos: a) Comunicação - É o processo pelo qual os homens se relacionam entre si, transmitindo idéias, impressões ou imagens. b) Etimologia - comunicare é um vocábulo latim que significa pôr em comum. c) Tipos de comunicação: Verbal (oral ou escrita) e Não verbal (sinais sonoros, luminosos etc.) 2.2. Fatores da comunicação oral a) A voz - Emissão de sons produzidos pela laringe (vibração das cordas vocais) Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 3 b) A fala - É a transmissão verbal do pensamento e se constitui no fator primordial da comunicação oral é articulação das palavras pelo aparelho fonador. 2.3. Aspectos da voz a) Tonalidade - freqüência da voz b) Timbre - É a qualidade que permite distinguir a voz de cada pessoa. Constitui-se na impressão digital da voz. c) Intensidade - É o grau de audibilidade, o volume de voz, ou a força com o som é produzido. d) Inflexão - Modulação da voz. Variação da intensidade no decorrer da fala. 2.4. Aspectos da fala a) Ritmo - Cadência com que se fala, velocidade na articulação das palavras (a média ideal é de 100 de palavras por minuto). b) Articulação – Está relacionada com a dicção, ou seja, pronúncia correta dos fonemas. IBPM c) Correção de linguagem - Observação das regras gramaticais. d) Fluência verbal - É a facilidade da expressão verbal adquirida através da leitura. O acúmulo de informações facilitará a verbalização do pensamento. 2.5. Elementos essenciais à comunicação a) Transmissor - Aquele que transmite a mensagem. O pregador b) Receptor - Aquele que recebe a mensagem. O ouvinte c) Mensagem - Conteúdo da transmissão. A pregação d) Código - sinais usados na comunicação. As palavras em português e) Meio ou canal - É o que separa o transmissor do receptor (Ex. meio elétrico). f) Feed back - Retorno ou realimentação, e o efeito da comunicação. Feed back imediato são: glórias, aleluias, améns. O posterior são as mudanças provocadas pela mensagem pregada. 2.6. Repertório de signos - O transmissor “T” deve usar um repertório de sig-nos que esteja contido no repertório do receptor “R”. Ex.: T R a) Aikaoténtes oin ek pisteus eksomen pros ton Theon diá toi kirioi hemon hiessoi kristoi. (Rm 5.1) T R b) Um homem macilento plantou alosna em uma charneca. 3. BLOQUEIOS À COMUNICAÇÃO ORAL Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 4 O pregador deve tomar alguns cuidados para que a sua mensagem não seja bloqueada pela sua linguagem ou personalidade. 3.1. Conceito: São ruídos ou obstáculos que dificultam o perfeito entendimento na recepção da mensagem. Existem dois tipos de bloqueios; os devido à personalidade e os devido à linguagem. 3.2. Bloqueios devido à personalidade – Aquilo que o pregador é a) Autossuficiência (Transmissor e Receptor) - Quando o indivíduo se coloca na condição de conhecedor absoluto do assunto, dificultando uma boa recepção por parte dos seus ouvintes ou rejeitando as informações na posição de receptor. b) Congelamento das avaliações (Receptor). Acontece quando alguém fez um mau juízo de alguém no passado e mesmo diante de mudanças visíveis esse juízo permanece intacto. c) Busca de aceitação (Transmissor). Às vezes o pregador tendo ou não preparo, coloca-se em uma posição de falsa modéstia para ter uma boa aceitação por IBPM parte dos seus interlocutores. Tais como: - Estou aqui pela misericórdia de Deus, pois eu sou pó e cinza. - Não sou pregador, mas fui chamado para pregar nesta hora. - E outros chavões comuns nos púlpitos das nossas igrejas. Lembre-se: Deus não aceitou as desculpas de Moisés e Jeremias. Cuidado com a falsa modéstia. d) Tendência à complicação (Transmissor) - Há uma infinidade de texto de fácil compreensão na Bíblia e o pregador deve escolher aqueles que já dominam com certa facilidade. Durante a pregação não cabem colocações do tipo: - Vocês estão entendendo? (será que o pregador não se perdeu?) - Se vocês estivessem entendendo dariam glorias a Deus. (ironia ou dúvida?) - Na próxima oportunidade eu explico melhor. (E haverá outra oportunidade?) - O tempo não me permite explicar melhor. (Então apresente um resumo). e) Estilo de vida apresentado (Transmissor) - Às vezes esse estilo pode impedir a recepção da mensagem quando o pregador não vive o que prega. Ex: - Cobrar o amor sem conseguir amar - Pregar sobre trabalho sem nunca ter trabalhado - Exigir perdão quando os outros lhe cobram perdão. Obs.: Esses obstáculos originam-se nos preconceitos, educação, experiência individual, estado psicofísico e capacidade de concentração. 3.3. Bloqueios devido à linguagem – Aquilo que o pregador fala a) Desencontro de signos - Acontecem quando a palavra usada pelo transmissor tem diferente significado para o receptor. Ex. Sl 32.10 (ARA) "Muito terá que curtir o ímpio" Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 5 Um gaúcho no Rio de Janeiro (Praça Cinelândia) "Vamos entrar na bicha para levar cacete para casa". (bicha é fila e cacete é pão). b) Discriminação - Tendência a rotular segundo preconceitos ou estereótipo. Ex.: Todo favelado é marginal Todo baixinho é enjoado c) Polarização - Colocação extremada Ex.: Todo católico vai para o inferno. d) Barreiras verbais - São bloqueios provocados por palavras ou expressões ◦ Expressões de dúvida à inteligência ou conhecimento de outrem. Ex.: Aqui ninguém sabe o que eu vou pregar hoje. ◦ Expressões ou palavras repetidas Ex.: Tá, Ne, Aleluia etc. ◦ Expressões de chocarrice. Ef 5.4 Ex.: Quantos ficarão alegres com a vinda de Jesus? Quem está firme com as muralhas de Jericó? ◦ Expressões depreciativas, de desdém ou pouco caso. Ex.: Aquela igrejinha, cultinho, aquele irmãozinho. ◦ Expressões vulgares ou gírias. Ex.: Aqui tem muito puxa saco. Manda ver, manda brasa irmão, vamos dar o pontapé inicial na obra. IBPM ◦ Expressões cacofônicas - sons produzidos de formas indesejáveis pela junção dos fonemas de duas palavras. Ex: O rei tinha uma mão de ferro; nunca ganhei nada em sorteio; ela tinha, a boca dela, cinco cada uma, por cada mil. 4. A HOMILÉTICA E A HERMENÊUTICA (ver apostila de hermenêutica) 4.1. Interpretação gramatical - No estudo do texto o pregador deve levar em consideração que a Bíblia foi escrita em linguagem humana. Assim sendo, a primeira interpretação deve ser a gramatical. Obs.: Se não entendermos a linguagem gramatical, como entenderemos a mensagem nela contida. a) O que se busca na interpretação gramatical: ◦ Identificação dos termos desconhecidos do texto ◦ Entendimento do texto do sermão em todos os seus aspectos gramaticais. ◦ Familiarização do texto. O pregador deve ter a capacidade de citar o texto bíblico (texto curto), principalmente nos sermões temáticos. Para isso é necessário lê-lo várias vezes. b) Meios auxiliares à interpretação e seus objetivos: ◦ Dicionário da língua portuguesa - significado das palavras desconhecidas ◦ Bíblias em outras versões - comparação do texto com outras versões ◦ Dicionário bíblico - significado dos nomes bíblicos de pessoas e localidades ◦ Enciclopédia bíblica - costumes bíblicos e informações complementares ◦ Concordância temática - busca das referências de acordo com um tema ◦ Concordância alfabética - busca das referências a partir de uma palavra- chave do versículo em questão. ◦ Literatura sobre o texto a ser estudado c) Etimologia da palavra - significado da palavra na língua original Ex.: Televisão = TELE + VISÃO - visão à distância Igreja = EKLESIA - tirar para fora Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 6 d) Uso de sinônimos - Os sinônimos sempre enriquecem a pregação, quando são empregados correta e adequadamente. 4.2. Interpretação histórica - Refere-se ao conteúdo material da Bíblia e mantém uma inter-relação com a interpretação gramatical, embora seja distinta desta. Na interpretação histórica devemos considerar os seguintes aspectos: a) Quem fala - É fundamental saber quem fala no texto; o homem, Satanás ou Deus. Deve-se ter o cuidado para não pregar uma mensagem anti bíblica fundamentada em texto bíblico. b) Características pessoais do escritor - personalidade, temperamento, cultura etc. O timbre de uma mesma nota musical depende do instrumento que a toca. c) Ambiente da escrita - circunstâncias sociais, geográficas, políticas, religiosas. 4.3. Interpretação teológica - Partindo do princípio de que a Bíblia é a infalível palavra de Deus, a aplicação da mesma à nossas vidas, só será possível a partir de uma interpretação teológica. Os seguintes aspectos são relevantes nesta interpretação: a) O autor "primarius" da Bíblia é Deus. b) O Espírito Santo é o seu fiel intérprete. c) O personagem central da Bíblia é Jesus Cristo. IBPM d) O tema principal é a salvação. e) A Bíblia se constitui em um todo orgânico e cada livro é parte integrante de si mesma. "Existe um fio invisível que liga o Gênesis ao Apocalipse". (Austragésilo de Ataíde - ex- presidente da Academia Brasileira de Letras) f) O Antigo e o Novo Testamento se relacionam como: ◦ Tipo e Antítipo - José um tipo de Jesus, Jesus o antítipo de José. ◦ Figura e realidade - Israel no deserto uma figura da Igreja, a Igreja é a realidade de Israel. ◦ Profecia e cumprimento – Em Is 53 há o relato do sofrimento de Jesus, enquanto Mt 27, o registro do seu cumprimento. 5. A HOMILÉTICA E A PSICOLOGIA A psicologia tem participação direta no ambiente homilético, pois ela é exercida com o objetivo de atingir a alma (psiquê) do ouvinte. Alma é um assunto pertinente à Bíblia Sagrada e o seu autor é especialista no assunto. 5.1. As faculdades do ouvinte - O pregador deve atingir as três faculdades do ouvinte na seguinte ordem: a) Razão - At 8.30, 31; Rm 12.1, 2 - A mensagem deve atingir em primeiro lugar a razão do ouvinte, para que este, com o seu intelecto, alcance a explicação e aplicação das verdades contidas no sermão. Obs. Conceito de inteligência: Capacidade para adaptar-se a nova circunstância, capacidade de aprender a lidar com material complexo e abstrato. A inteligência se manifesta de forma mecânica e mental. b) Emoção - A mensagem deve despertar no ouvinte a motivação para as coisas do reino de Deus (Gl 5.17; Rm 7.22, 23). Obs. Conceito de emoção - Reação intensa e breve do organismo, a um lance inesperado, que se faz acompanhar de um estado afetivo de constatação penosa ou agradável. Hoje há pregadores que estão se utilizando desse recurso para tirar proveito das ovelhas incautas e sem firmeza na palavra. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 7 c) Volição - O objetivo da mensagem é mudar a vontade do ouvinte, quando esta é contrária a vontade de Deus. Obs. Conceito de vontade - faculdade de representar mentalmente um ato que pode ou não ser praticado em obediência a um impulso ou a motivos ditados pela razão. (“Segundo o racionalismo, qual a origem das ideias mais...”) O pregador deve ter total dependência ao Espírito Santo para que ele mova o ouvinte nas três faculdades, atingindo assim os objetivos da mensagem. 5.2. Análise psicológica dos ouvintes. a) Faixa etária do grupo - Tanto a forma de culto, quanto à mensagem devem ser adequadas à idade dos ouvintes. Um culto para criança não deve ter o mesmo formato de um culto para adultos e um culto para jovens deve apresentar uma dinâmica adequada ao grupo. b) Grau de instrução - Adequar a mensagem a um grau mediano ao dos ouvintes. A pregação na zona rural não deve ser pregada em um tribunal com a mesma linguagem e vice-versa. c) Conhecimento bíblico - Não adianta usar termos essencialmente bíblicos quando os ouvintes não os conhecem. Ex. concupiscência, expiação, santidade etc. II Sm 3.7-8. Lembrem-se da linguagem de medicina para o leigo. d) Grau de abstração - O pregador deve apresentar um sermão dinâmico, principalmente IBPM quando identificar muita abstração (desinteresse, desatenção) 6. A HOMILÉTICA E A LÓGICA Sendo a lógica a ciência do raciocínio, torna imprescindível a sua aplicação no sermão eclesiástico. O sermão deve ter aspecto lógico. 6.1. Conceitos: a) Lógica - É a ciência que estabelece as regras do raciocínio. b) Raciocínio - É o processo empregado para justificar uma proposição através das regras da lógica. 6.2. Objetivos da lógica: Ensinar a conhecer a verdade. A lógica, portanto, repousa na distinção entre o falso e verdadeiro. 6.3. Tipos de raciocínio: a) Raciocínio indutivo - É a afirmação que parte de um caso particular para o geral. Ex.: Se Abraão venceu pela fé, nós venceremos também. b) Raciocínio dedutivo - É aquele que parte do geral para o particular, do universal para o singular. Também chamado de silogismo. c) O silogismo é constituído de três proposições: uma premissa maior, uma premissa menor e uma conclusão. Ex.: Premissa maior - Todos os homens pecaram. Premissa menor - João é homem. Conclusão - então João pecou. 6.4. Diferença entre intuição e raciocínio a) Intuição - Conhecimento imediato, independente de regras lógicas (Adão e Eva possuíam). b) Raciocínio - É o conhecimento progressivo conseguido através de conceitos e idéias fundamentadas na linguagem. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 8 6.5. Aplicação de uma ordem lógica no sermão. Em qualquer aspecto da vida a lógica deve responder a algumas indagações. Que? O objeto ou matéria - Onde? O lugar – Como? A maneira - Quando? O tempo - Por quê? A razão, motivo ou objetivo - Quais os resultados? O produto alcançado. 7. A HOMILÉTICA E O PREGADOR O pregador deve apresentar qualidades indispensáveis ao desempenho do ministério da palavra e atentar para certos cuidados que são acessórios à sua vida de pregador. 7.1. Cultivando a personalidade - Personalidade é o conjunto de características individual integrado por aspectos psíquicos, físicos e biológicos que identificam e distinguem uma pessoa. a) Caráter - Índole, feitio moral ou conduta moral. I Tm 4.12 Na palavra, trato, amor, Espírito, fé e pureza. b) Temperamento - É o conjunto de características orgânicas e psíquicas hereditárias que diferem os indivíduos e atuam sobre o caráter. É a maneira de reagir aos impulsos externos. Veja a classificação no quadro abaixo: IBPM Classificação do temperamento Tipos de temperamento: Características positivas Características negativas Habilidoso, minucioso, esteta, Egoísta, amuado, pessimista, Melancólico (Moisés) sensível, perfeccionista, teórico, confuso, antissocial, dedicado, leal e idealista. crítico, vingativo e inflexível. Calmo, tranqüilo, cumpridor, Calculista, temeroso, indeciso, Fleumático (Abraão) eficiente, prático, conservador, desconfiado, pretensioso, líder, diplomático, bem- desmotivado e introvertido. humorado, contemplativo. Enérgico, resoluto, Iracundo, sarcástico, Colérico (Paulo) independente, otimista, impaciente, prepotente, prático, eficiente, decidido, intolerante, vaidoso, líder e audacio- autossuficiente, insensível e so. astucioso. Comunicativo, destacado, pusilânime, (*) volúvel, Sangüíneo (Pedro) entusiasta, afável, simpático, indisciplinado, impulsivo, bom companheiro, inseguro, egocêntrico, compreensivo, crédulo. barulhento, exa- gerado e medroso. (*) fraqueza de ânimo, covardia, timidez 7.2. Cuidados com o físico - I Ts 5.23; I Tm 4.8. a) Alimentação adequada. Comer e nutrir-se são duas coisas bem diferentes. b) Exercícios físicos regulares. I Tm 4.8 O exercício físico tem o seu proveito c) Saúde preventiva. Diz o adágio: “é melhor prevenir do que remediar”. ◦ Visitas periódicas ao médico ◦ Exames bioquímicos do sangue, para verificação das taxas de colesterol, glicose, triglicerídeo, ureia etc. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 9 ◦ Higiene – a saúde começa pela boca tanto em termos da alimentação como da higiene. Micoses, frieiras, cáries e outras coisas surgem por falta de higiene corporal. Normalmente se dá mais atenção aos cabelos do que aos dentes. d) Descanso necessário - para evitar a fadiga muscular e o stress 7.3. Cultivo da intelectualidade - Adquirir conhecimento não é pecado, pecado é ser ocioso ou preguiçoso e dizer que no abrir da boca que Deus dá. a) Ser cheio do conhecimento da palavra - I Tm 2.15; 4.12-14. b) Ter cultura geral sólida - O obreiro deve ser bem informado dos assuntos da atualidade. Não necessita conhecer com profundidade todos os assuntos, mas não deve ser um alienado. Vivemos em um mundo tecnológico e globalizado. A informação está ao alcance de todos. 7.4. Cultivo da espiritualidade a) Convicção da chamada específica de Deus - Gl 1.1 - isso gera confiança nas provas, lutas e tribulações. b) Ter hábito de oração - I Ts 5.17 - O cristão é uma oração ambulante. c) Ser cheio do Espírito Santo - Ef 5.18 - fazer a obra sem o Espírito é uma abominação d) Buscar os dons espirituais - I Co 14.1 - Procurai com zelo os dons espirituais. e) Pregar no poder do Espírito Santo - I Co 2.4. A unção é imprescindível na vida de IBPM qualquer pregador. cultivam 8. O PROPÓSITO DO SERMÃO A pregação da palavra de Deus atinge dois propósitos básicos: a evangelização dos pecadores perdidos e a edificação dos pecadores redimidos. Porém de forma abrangente temos cinco propósitos, a saber: 8.1. Evangelístico - Persuadir os perdidos a confessarem Jesus Cristo como salvador pessoal, deixando bem claro a constituição das boas novas, da intervenção de Deus no curso da história para redimir a raça humana e restaurar a comunhão com ele. O sermão evangelístico apresenta quatro objetivos fundamentais: a) Declarar o fato da condição perdida do homem, Rm 3.23. b) Proclamar os feitos verídicos da obra redentora de Cristo e interpretá-los. c) Anunciar as condições de acordo com as quais o pecador pode obter os benefícios perfeitos do sacrifício de Jesus Cristo na Cruz do Calvário. d) Usar de insistência para que o pecado entenda a importância da salvação e seja persuadido a tomar uma decisão pública de confessar a Jesus como salvador. 8.2. Doutrinário - Instruir a respeito das doutrinas bíblicas para ensino, nutrição e edificação espiritual da Igreja. 8.2.1. Funções - O ensino da doutrina desempenha quatro funções importantes: a) Responde ao desejo de aprender que existe no coração de cada servo. É satisfazer o anelo da alma por Deus. b) Previne a Igreja contra os estragos das doutrinas falsas. Muitas heresias nascem dentro da Igreja. c) Anima a Igreja para as suas atividades e responsabilidades diante da obra. A Igreja doutrinada sabe da necessidade de cumprir o seu dever diante do Mestre. d) Contribui para o crescimento intelectual e espiritual da Igreja e do pregador. Para ensinar a doutrina é necessário conhecê-la e para conhecê-la é necessário estudá-la. 8.2.2. Cuidados no ensino doutrinário a) O ensino deve ser simples na sua elaboração, vocabulário e aplicação. b) O ensino deve ser positivo, fundamentado na verdade e não no erro. c) O ensinador deve alcançar as necessidades espirituais da Igreja. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 10 d) Nunca confundir doutrina com costumes. A doutrina muda de dentro para fora e a aplicação dos costumes tenta mudar de fora para dentro. e) Entender as diferenças entre exortação e repreensão, para não ter que mudar o dia do culto de doutrina, porque a Igreja não comparece ao mesmo. 8.3. Devoção - Despertar no cristão o desejo de amar a Deus acima de todas as coisas. É comum ouvir de algumas pessoas a sua devoção por algum “santo”. O Cris- tão deve ser devoto de Jesus Cristo. Neste aspecto o sermão devocional deve: a) Conduzir o cristão ao conhecimento de Deus e ao reconhecimento dos seus feitos grandiosos. b) Intensificar no coração do cristão o sentimento de perfeita adoração a Deus pelo reconhecimento de que ele é digno de toda adoração. c) Persuadir o cristão a cumprir o que disse Jesus em Lc 10.27: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. d) Condicionar o cristão, através da palavra de Deus, a afastar-se do pecado mantendo e intensificando o seu amor ao Senhor. e) A devoção exige adoração, quietude, reverência, meditação na palavra, louvor sincero, ações de graças, confissão e intercessão pelos demais. 8.4. Consagração - Conduzir o servo de Deus a consagrar-lhe tempo, talento e IBPM influência, entendendo que ele é apenas mordomo de tudo que possui e que Deus sendo Senhor é soberano. a) Estimular o cristão a dedicar ao Senhor seu tempo, talentos, bens e influência. b) Despertar a sua consciência para estar sempre à disposição do Senhor. c) Incentivar o cristão a cumprir os seus deveres básicos, tais como: ◦ Entregar os dízimos e dedicar-lhe ofertas ◦ Pregar as boas novas aos perdidos ◦ Dar bom testemunho como cristão d) Buscar os ideais materiais e espirituais para o crescimento da Igreja. 8.5. Ético ou moral - Ajudar o cristão a pautar a sua vida em uma conduta exemplar, diante da sociedade em que vive. Não dando escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja, fazendo-o lembrar que ele é a luz do mundo e sal da terra. 8.5.1. Os temas morais são classificados em dois grupos: a) Os que estão explícitos nas páginas da bíblia. b) Os que a bíblia não fala deles com clareza. 8.5.2. Os perigos que rondam este propósito: a) Divorciar a moral da doutrina. Vida decente sem a regeneração não tem finalidade espiritual b) Diminuir a dignidade do púlpito. Discutir assuntos sem a busca da edificação espiritual pode corromper a congregação. 9. TIPOS DE SERMÃO 9.1. Sermão temático (a passagem) - É o sermão derivado de um tema, também chamado de tópico ou por assunto, cuja divisão depende exclusivamente da temática principal. 9.1.1. Vantagens de um sermão temático: a) Dar maior unidade ao sermão, tornando-o compacto em seu assunto principal. b) Proporciona ao pregador maior criatividade na elaboração do sermão. c) Dá maior campo de ação para desenvolver o tema. d) Adestrar a mente do pregador na análise lógica. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 11 9.1.2. Desvantagens: a) Requer um amplo conhecimento do assunto proposto. b) Exige maior habilidade na elaboração e no desenvolvimento. c) Exige o poder de concisão para determinados assuntos ricos em referências. 9.2. Sermão expositivo (a porção) - a palavra expor deriva do latim “ex” e “pono”, e tem sentido de pôr para fora. No sentido homilético significa colocar uma verdade bíblica para fora, fazendo uma exegese do texto. Regras a serem seguidas: a) Estudar plenamente o texto. Cada versículo, cada frase, cada palavra, cada pensamento. b) Evitar a monotonia, buscando a criatividade e a inspiração. c) Não fugir do texto e explicá-lo nos seus detalhes. 9.3. Sermão textual (o texto) - O plano do sermão é tirado do próprio texto. A divisão dos tópicos deve ser extraída dos pontos em destaque do texto em questão. Alguns autores dão três classificações para o sermão textual de acordo com a sua divisão. a) Divisão natural - quando se segue a divisão do próprio texto. b) Divisão analítica - baseia-se nas perguntas: quem? Que? Quando? Por quê? Como? E onde? IBPM c) Divisão sintética - o pregador tem a liberdade de organizar o seu esboço, fora da ordem apresentada no texto. 10. O TEXTO DO SERMÃO Todo sermão deve ter por base um texto bíblico para fundamentá-lo. O vocábulo deriva-se do latim texere, que significa tecer e, figuradamente, quer dizer reunir, construir, compor expressar o pensamento em contínuo discurso ou escrita. 10.1. Objetivos: 10.1.1 Dar base escriturística ao sermão. Um sermão é caracterizado por um texto bíblico. 10.1.2. Proporcionar um tema ao sermão, principalmente no sermão temático. 10.2. Vantagens no uso do texto bíblico 10.2.1. Dá ao sermão autoridade da palavra. 10.2.2. Leva o auditório a conhecer a palavra de Deus. 10.2.3. Ajuda a reter as idéias principais do sermão. d) Limita e unifica o sermão, evitando o passeio na Bíblia sem objetivo. 10.3. A escolha do texto 10.3.1. Modo de escolha - O texto deve falar primeiramente ao pregador e este deve buscar inspiração para a escolha. 10.3.2. Objetividade - O texto deve ser objetivo para os propósitos do sermão. 10.3.3. Imaginação - Usar texto que apele à imaginação, criando uma boa expectativa no auditório ao ouvi-lo - II Sm 12.1-7. 10.3.4. Tamanho do texto - Evitar o uso de textos múltiplos ou longos. No máximo duas referências que se completem. Os demais textos devem ser apresentados durante a exposição do sermão. 10.3.5. Loteria bíblica – É inaceitável a forma de escolha por loteria, tipo: “vamos ver o que Deus tem para nós hoje”. Isto não é direção, e sim descaso com a palavra. 10.4. Características do texto. 10.4.1. Apropriado ao tema proposto, objetivo abrangente e específico. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 12 10.4.2. Não deve ser extenso. O texto precisa conter a idéia central do sermão 10.4.3. Deve ser claro e fácil interpretação. Evitar textos complexos 10.4.4. Deve ser completo. O pregador não deve mutilar os textos a fim de forçar uma idéia que ele não contenha. Ex. Tema proposto: “Nas mãos do Deus vivo”. Texto básico: Hb 10.31 Objetivo do sermão: consolar as famílias enlutadas pela II guerra. 11. O TEMA DO SERMÃO 11.1. Conceito: É a ideia central do sermão, a matéria que se vai falar. Assunto ou proposição de que se vai tratar num discurso ou pregação. 11.2. Formas de tema a) Título - nome que se dá ao sermão; é o seu cabeçalho (ausência de verbo) b) Proposição - é uma declaração na forma mais concisa possível ou a oração chave do sermão. O resumo, em uma frase, do assunto a ser pregado. Ex: Jo 8.32 Título - A verdade Proposição - Cristo a verdade que liberta. 11.3. Qualidade de um tema a) Objetivo - deve apresentar um pensamento em forma resumida. IBPM b) Vital - deve ser dinâmico sobre assuntos bíblicos. (evitar temas tipo: os sete passos para o inferno, os três estágios da queda, Deus não perdoa o pecador etc.) c) Pertinente - O assunto apresentado deve ser consoante com o propósito abrangente, texto e corpo do sermão. 11.4. A escolha do tema - O tema deve ser extraído do texto bíblico, das seguintes formas: a) Por referência direta - Lc 19.10 - Jesus o salvador dos perdidos b) Por inferência: Rm 12.2 - A santidade exigida por Deus Dedutiva - caso geral tema particular. Mt 14.17-19 - O que te alimenta é Jesus Indutiva - caso particular tema geral. Jo 8 1-11 - Jesus perdoa os nossos pe- cados Analógica - singular ou particular para o singular ou particular afim. Ex 12.1-7 - Jesus o nosso cordeiro pascoal 11.5. Tipos de tema a) Interrogativo - Uma frase que indaga alguma coisa ◦ Ex.: Jo 6.68 - Para quem iremos nós? b) Declarativo - Uma declaração concisa ◦ Ex.: de alguém: Deus é fiel De alguma coisa: A porta é estreita c) Imperativo - Uma frase cujo verbo esteja na voz imperativa ◦ Ex.: Levantai-vos diante do Senhor d) Histórico - Apresenta um aspecto da história bíblica ◦ Ex.: Deus dá testemunho de Jó Exercício - Elaborar dois temas de cada tipo fundamentados a partir de um versículo bíblico de livre escolha. 12. A ESTRUTURA DO SERMÃO É fundamental que o sermão tenha uma estrutura para que se possa dar movimento ao mesmo. Lembrando-se que além de movimento ele deve ter progresso. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 13 (Ex: bicicleta ergométrica. Tem movimento, mas não progride, não sai do lugar). A estrutura do sermão é composta de introdução ou exórdio, desenvolvimento ou plano e conclusão ou perforação. (comparar o sermão com uma refeição e uma corrida de carro). Porém a estrutura do sermão estará apresentada através de um esboço. 12.1 – Esboço do sermão – É a distribuição ordenada da idéia principal do sermão em pontos e subpontos de forma prática e didática. Constitui-se no seu esqueleto. 12.1.1. Estruturas paralelas a) Corpo físico – esqueleto b) Edificação – colunas e vigas c) Veículo – chassis 12.1.2. Vantagens do esboço: a) Evitar o sermão salada de frutas ou o “passeio” na bíblia. b) Dá ordem visual do sermão o pregador c) Oferece melhor oportunidade de controle do tempo d) Torna a seqüência da idéias mais lógica 12.1.3. Desvantagens do esboço: a) A sua elaboração é trabalhosa e demorada b) Pode conduzir o pregador a perder a sua dinâmica. IBPM c) Pode prender os inexperientes fazendo-os perder o contato visual 12.2. Introdução ou exórdio - É o ponto de contato entre o pregador e o seu auditório, é o momento em que o pregador torna os seus ouvintes "dóceis", benévolos e atentos à sua mensagem. 12.2.1. Características da introdução a) Apropriada - deve conduzir o ouvinte para dentro do sermão. b) Interessante - o ouvinte deve ser atraído para o sermão a partir da introdução. c) Breve - "não se deve levar muito tempo pondo a mesa". d) Simples - sendo os minutos iniciais os mais críticos do sermão, o pregador deve apresentar uma introdução simples. (pregação sobre Lúcifer). e) Pertinente - O assunto apresentado na introdução deve ter uma ligação direta com o sermão. 12.2.2. Origem da introdução – Ela pode ser elaborada a partir do texto básico, contexto, aspecto geográfico, histórico ou assunto da atualidade (em forma de ilustração). 12.2.3. Aspectos a serem evitados na introdução a) Desculpas - Nem sempre as desculpas impressionam bem os ouvintes. Diante de um pregador o objetivo é ouvir uma mensagem, não desculpas como: ◦ Falta de tempo - Não tive tempo de preparar a mensagem. ◦ Enfermidade própria ou de outrem ◦ Incapacidade, tipo: não sou pregador (JSK-32). ◦ Cansaço apresentado por qualquer motivo b) Promessas - Não se deve prometer além do que o sermão oferecerá, nem fazer da introdução o alicerce de um grande edifício, quando vai construir apenas uma pequena casa. c) Argumentos e idéias - deve-se evitar o uso de argumentos e idéias que aparecerão mais tarde no corpo do sermão. (materiais usados na entrada da casa poderão faltar no interior). Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 14 d) Piadas e gracejos - a introdução do sermão deve introduzir o ouvinte ao sermão e consequentemente à graça de Deus e não aos gracejos de um pregador despreparado. 12.3. O Plano do sermão - É a parte principal do sermão, também chamada de corpo do sermão, descrição, narração, dissertação, exposição, discussão, oração, explanação, argumentação, tese, prédica, conteúdo da mensagem e muitos outros nomes. 2.3.1. A ordem do sermão – são as ordens apresentadas no sermão: a) Ordem natural, de pontos e subpontos. Os pontos ou tópicos devem ser numerados, porém deve-se evitar um número excessivo, tanto de pontos como de subpontos. b) Ordem ascendente - O sermão deve apresentar uma ordem ascendente em relação à importância dos assuntos discutidos. Ex.: Jesus A Verdade Que Liberta 1. No pecado não há liberdade 2. A ânsia por liberdade 3. Jesus veio para libertar c) Ordem cronológica - Os assuntos devem seguir a cronologia bíblica. Ex: O IBPM Ministério de Paulo (exemplo negativo) 1. Suas viagens missionárias 2. Seu zelo religioso 3. Sua conversão 2.3.2. Digressões - São parênteses que se abrem no meio do discurso (veja o capítulo Ilustração) Devem-se eliminar os desvios desnecessários de assuntos. 2.3.3. Requisitos para a elaboração – O pregador deve levar em consideração quatro aspectos para a elaboração e execução do sermão: a) Uniformidade – Um sermão tem de ser invariável em suas divisões. Cada parte deve apresentar uma relação direta entre si e o tema principal. b) Simetria – As divisões do sermão podem ser distintas e opostas, porém devem apresentar uma simetria harmônica, com relação ao propósito e tema. Ex: falta de simetria Tema: Jesus o rei do universo 1. Criou todas as coisas 2. Apareceu a Abraão 3. Curou a sogra de Pedro c) transição de pensamento - O final do tópico anterior serve de introdução ao tópico seguinte. A mudança de tópico ou subtópico não deve ser motivo para a perda do assunto principal. Essa mudança deve ser suave como a mudança de marcha em um veículo. d) Pertinência – O sermão deve apresentar um assunto do começo ao final. Para que o sermão tenha unidade é necessário que todas as partes sejam pertinentes, a saber: propósito abrangente, propósito específico, tema, introdução, divisões, subdivisões, ilustrações, aplicação, conclusão e apelo. 12.4. Conclusão ou peroração - Como o próprio nome sugere, é a última parte do sermão. Do ponto de vista homilista, é uma síntese dos principais pontos e verdades expressos no sermão. Seguindo a ideia analógica é a sobremesa da refeição ou a bandeirada final da corrida. Deve ser apresentada em alto estilo. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 15 12.4.1. Características da conclusão: a) Dinâmica - deve ter o mesmo dinamismo do corpo do sermão b) Clara - O pregador deve entender que está fazendo o fechamento do sermão e que não deve deixar brechas para o ouvinte fugir dos argumentos por ele apresentados. c) Positiva - O sermão não deve encerrar com pontos negativos apresentados no sermão, pois a última palavra é a que ficará latente na mente do ouvinte. A conclusão deve ser enfática nas idéias positivas. d) Breve - Deve ser conclusiva. O tempo da sobremesa é bem menor que o da refeição principal. Pode-se levar certo tempo arrumando-se para sair, porém o ato de fechar a porta é rápido. 12.4.2. O que deve ser evitado na conclusão: a) Introduzir novos pensamentos, criando um novo sermão. b) Usar expressões: por último, finalizando, em conclusão, estou terminando, vou acabar. Esta prática gera no ouvinte uma expectativa desagradável quando o pregador prolonga a conclusão. Conclua sem informar que está fazendo. c) Pedir desculpas. O pregador que usa deste expediente é porque não tem convicção de ter sido usado por Deus. João Batista nunca pediu desculpas a Herodes pelas palavras que lhe proferiu quanto ao seu adultério. IBPM 12.4.3. Elementos da conclusão a) Recapitulação - De um só lance e em breve palavras, deve ser anunciado os pontos principais do sermão, dentro das suas divisões principais. b) Aplicação - Ocorre durante todo o sermão, porém de forma mais direta na conclusão da mensagem. Aplicação é a relação prática entre o sermão e a vida diária do ouvinte. É o que ele deve fazer à luz da mensagem pregada. É a contextualização da mensagem c) Demonstração - É a maneira pela qual o ouvinte alcançará os objetivos propostos e demonstrados durante a pregação. d) Persuasão - É produzir convicção no ouvinte, despertando o desejo de mudança de comportamento proposto no sermão. e) Convite - Todo sermão deve encerrar com um convite ou apelo. Porém a decisão, necessariamente será pública, poderá ocorrer no interior. O convite deve ser claro, objetivo e sempre positivo, apresentando uma oportunidade entre dois pontos de contraste. Ex. Céu e inferno; vida e morte; felicidade e infelicidade; luz e trevas. 13. O SERMÃO CORPÓREO O pregador deve explorar todo potencial do seu corpo, para que a mensagem flua de forma livre, alcançando os ouvintes mediante os objetivos estabelecidos. O sermão corporis é a expressão do corpo, a fala do corpo. 13.1. A postura - O pregador deve assumir uma postura natural e elegante, evitando debruçar-se sobre o púlpito ou assumir postura e hábitos prejudiciais ao desenvolvimento do sermão. Todos os olhares estão voltados para ele. 13.2. A expressão facial - A face expressa aquilo que está no coração do mensageiro. Pv 15.13 “O coração alegre aformoseia o rosto, mas, pela dor do coração o espírito se abate”. 13.2.1. Os olhos - Estes representam o ponto mais energético para influenciar a outrem - At 3.4b. Sentimentos transmitidos pelos olhos: Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 16 a) Piscar os olhos - malícia, esperteza, conquista. b) Olhos semicerrados - pouco caso, desconfiança. c) Olhos arregalados, boca aberta, testa franzida; espanto ou surpresa. d) Olhar fixo no infinito - preocupação, devaneio. 13.2.2. O rosto - O semblante se constitui na parte mais expressiva do nosso corpo. A expressão do rosto deve demonstrar as idéias e sentimentos transmitidos pelas palavras. Pv 15.13 13.3. A gesticulação - O uso das mãos, durante a mensagem, poderá ser positivo ou negativo para o pregador, dependendo da sua desenvoltura na gesticulação. 13.3.1. Posição e movimentação das mãos - Por estarem nas extremidades dos membros superiores, chamam atenção. Como as mãos do maestro a reger a orquestra o pregador não de fazer movimento em falso. 13.3.2. Cuidados a serem tomados e evitados: a) Mãos nos bolsos, do paletó ou calça. Mãos ocultas ou presas. b) Uso demasiado do lenço para enxugar a boca ou tirar o suor da testa. c) Mãos o tempo todo para trás. Alguns não sabendo o que fazer e escondem as mãos. Parece que elas atrapalham quando falam em público. d) Bater palmas para enfatizar algo importante. e) Bater violentamente no púlpito. Alguns esmurram tanto o púlpito a ponto de IBPM quebrá-lo. f) Esmurrar a bíblia. Há os que pensam que a bíblia é saco de pancada. g) Segurar as mãos à frente do corpo. Entrelaçar os dedos, girando os polegares é um jeito patético de se portar diante do público. 13.3.3. Direção correta - As mãos devem apontar na direção que se fala. a) Se a idéia é de passado a mão volta-se para trás b) Na idéia de futuro a mão indica a direção da frente c) Da mesma forma na indicação de algo em cima ou embaixo 13.4. A movimentação - O pregador pode movimentar-se, desde que tenha o cuidado de não se embaraçar com o fio do microfone. O uso do microfone sem fio seria mais adequado para aqueles que gostam de se movimentar. 13.5. A voz - Esta se constitui no principal instrumento do pregador, por isto deve apresentar as seguintes qualidades: 13.5.1. A voz deve ter força - A voz forte não significar gritaria 13.5.2. Deve ter pureza de tom - evitar a aspereza de voz 13.5.3. Naturalidade - O pregador não deve perder a sua naturalidade na impostação da sua voz. Deve manter o seu timbre natural. 13.5.4. Articulação da voz - Mau emprego nos seguintes tipos de pregador: a) Resmungador - Fala com os lábios semicerrados b) Gritador - Não controla o volume de voz e termina o sermão rouco e o auditório surdo. c) Cantarolador - Fala como se estivesse cantando d) Monótono - Mantém uma só tonalidade de voz, enfadando o auditório. e) Repetidor - O que repete a mesma frase ou palavra várias vezes f) Pigarreador - É aquele tique nervoso, que faz com que o pregador limpe a garganta a todo instante. 14. ILUSTRAÇÕES Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 17 (Ilustrare do latim) São fatos bíblicos ou extras bíblicos usados pelo expositor da palavra para lançar luz à mensagem. 14.1. Objetivos da ilustração 14.1.1. Elucidar – Trazer à tona verdades contidas na mensagem, aumentando assim a sua compreensão. 14.1.2. Realçar – Colocar em destaque detalhes da mensagem, iluminando-a. 14.1.3. Adornar – Tornar a mensagem mais bela e interessante. 14.2. Características da ilustração a) Simples e sem muitos detalhes, para não perder a linha do sermão. b) Concordante com o tema principal da mensagem c) Em unidade de pensamento com o sermão. d) Interessante, apresentando fatos que sejam de real aplicação no desenvolvimento. 14.3. Formas de ilustração a) Uma parábola – Natã se utilizou de uma para pregar um sermão a Davi. b) Uma analogia – Bem elaborada pode ser bíblica ou extrabíblica. c) Uma história – Pode ser real ou fictícia, desde que haja aplicabilidade. d) Relato de uma experiência pessoal – Evitar a banalização. e) Um acontecimento notável – A atualidade apresenta muitos fatos ilustráveis. IBPM f) Um incidente – Desde que seja aplicável ao teor da mensagem 14.4. Fontes de ilustração a) A Bíblia sagrada – É rica em ilustrações, basta saber aplicá-las. b) Jornais, revistas, livros, hinos, internet. c) Acontecimentos do dia a dia. Fique atento. Anote-os d) Experiência pessoal - Com reservas, para evitar a exaltação. 15. O SERMÃO E O CULTO Este capítulo apresenta uma visão panorâmica da liturgia do culto ao Senhor e a posição do Sermão. 15.1. O culto coletivo e seus objetivos: a) Adorar ao Senhor em espírito e em verdade, seguindo a direção e inspiração do Espírito Santo. Para tanto é necessário que o dirigente do culto tenha sensibilidade a Ele. b) Testificar e anunciar as virtudes e maravilhas do Senhor. c) Pregar a sua palavra para salvação e edificação espiritual. 15.2. Preparação do ambiente do culto a) Preparação física daquele que vai prestar louvor e adoração ao Senhor. b) Preparação do ambiente, no que diz respeito à limpeza e arrumação do salão do culto, afinação dos instrumentos musicais, preparação dos equipamentos de som e todos nos seus devidos lugares para o início do culto. c) Preparação espiritual - atitudes imprescindíveis para o culto ao Senhor nosso Deus. ◦ Reverência - Ec 5.1 ◦ Adoração - Fp 2.10, 11 - Temor - At 5.11, 12 15.3. Oração pública - Inicial ou invocatória, intercessória e final. a) Do ponto de vista coletivo - At 4.24-31 ◦ Unanimidade - Significa todos concordarem com o que está sendo pedido ◦ Objetividade - Definição daquilo que se pretende pedir e receber. Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 18 b) Do ponto de vista espiritual - Jo 11.42 ◦ Glorifica ao Pai - Toda oração deve iniciar glorificando a Deus ◦ Conduz o povo à fé - à medida que a oração é respondida, a fé é aumentada. c) Do ponto de vista didático - Jo 17 ◦ Informação - Nessa oração Jesus informava aos discípulos a sua intimidade com o Pai ◦ Ensino - Orando Jesus ensinava como devemos orar a Deus d) Do ponto de vista do tempo - I Rs 18. 36, 37 ◦ Equilíbrio no tempo de oração 15.4. O louvor no culto - O senhor habita no meio dos louvores a) Cântico e louvor são distintos b) Direção do louvor - Pessoa habilitada para conduzir o povo a louvar a Deus. c) Os cânticos devem ser escolhidos de acordo com o caráter do culto. d) O tempo do louvor deve ser equilibrado com o tempo da pregação. 15.5. Texto bíblico para a leitura devocional a) A escolha do texto - deve ser de acordo com o caráter do culto b) Objetivos da leitura ◦ Inspiração e devoção IBPM ◦ Piedade ◦ Santidade - Jo 17.17 c) Formas de leitura ◦ Individual - O dirigente do culto faz a leitura para o auditório ◦ Alternada - A leitura é feita alternadamente com um auxiliar do culto. Nesse tipo de leitura a Igreja deve possuir uma só versão da Bíblia. ◦ Uníssona - O dirigente lê em uma só voz com o auditório. 15.6. A oferta - Em sentido amplo oferta abrange a tudo quanto é dedicado a Deus. (tempo, talento, influência e bens materiais) Ez 23.15b. a) Dar oferta, a dignidade que merece - Fp 4.18. b) A oferta constitui-se em um momento do próprio culto c) A atividade deve realizada por pessoas devidamente instruídas d) O momento deve ser acompanhado de oração, gratidão e consagração. e) O ato deve ser acompanhado por louvor (solo ou congregacional). 15.7. O sermão - (apresentado no capítulo 12) 15.8. Considerações finais e anúncios - Os anúncios rotineiros devem constar no boletim semanal ou na agenda de atividades, os não rotineiros devem ser apresentados preferencialmente no tempo médio do culto. O final da reunião não é o melhor momento para os anúncios, rotineiro ou não. Pois essa prática tira o “sabor” da mensagem, pois a concentração já não será a mesma. 15.9. Encerramento - Oração de encerramento da reunião e bênção apostólica, mencionando textualmente II Co 13.13 (se não lembrar leia o texto). 15.10. Poslúdio - Música suave após o culto, que possibilita às pessoas a oportunidade de se confraternizarem e despedirem-se. 16. O PREGADOR E O SEU ARQUIVO 16.1. Qualidades de um bom arquivo: Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 19 a) Simplicidade – Livre de procedimentos complexos para consultá-lo. b) Flexibilidade - Facilidade de inclusão e exclusão de informações. c) Economia - Possibilidade de iniciar e manter o arquivo com pouco gasto. 16.2. Tipos de arquivo a) De folhas soltas b) Fichário tipo escolar para folhas pautadas c) Fichário tipo box para cartões ou fichas d) Informatizado – o computador oferece várias opções de arquivo ◦ Planilha - Excel ◦ Editor de texto (Word) ◦ Agendas (Organize) ◦ Fichário (Windows) 17. BIBLIOGRAFIA 1 - BARCELOS, Daniel Fidélis. Publicação didática. CI-1301 - Guia do Instrutor. Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo - CFN. 1992. 2 - CABRAL, Elienai. O Pregador Eficaz. Rio de Janeiro. Ed. CPAD, 1981. IBPM 3 - CRANE, James D. O Sermão Eficaz. Tradução de João Soares da Fonseca. Rio de Janeiro, Ed. JUERP, 1990. 4 - KEY, Jerry Stanly. José da Silva Um pregador leigo. 8ª ed. Rio de Janeiro. Ed. JUERP, 1990. 5 - DANTAS, Anísio Batista. O Pregador e o Ministério da Palavra. Rio de Janeiro. Ed. CPAD, 1982. 6 - HAWKINS, Thomás. Homilética Prática. Rio de Janeiro. Ed. JUERP. 7 - KIRST, Nelson. Rudimentos de Homilética. São Paulo. Ed. Sinodal, 1985. 8 - PORTUGAL, Fernando Henrique Portugal. Apostila de Hermenêutica. Rio de Janei- ro, 1996. 9 - SILVA, Severino Pedro. Homilética o Pregador & o Sermão. 3ª ed. Rio de Janeiro. Ed. CPAD, 10 - MARINHO, Robson Moura A arte de pregar. 1ª ed. São Paulo. Edições Vida Nova, 1999. 11 - SILVA, Plínio Moreira da. Homilética a eloqüência da pregação. 5ª ed. Curitiba. A. D. Santos Editora, 1999. Lembrete: Um bom pregado é aquele que possui um largo conhecimento bíblico, emprega bem as re- gras da homilética, porém depende extremamente da direção do Espírito Santo, para pregar com graça, poder, sabedoria e unção. Elaborado por: FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL Ministro do Evangelho de Jesus Cristo CGADB - 14.327 Contato: (21) 99510-3191 [email protected] Elaborado por FERNANDO HENRIQUE PORTUGAL 20

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