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Aula Problemas Cardiovasculares PDF

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This document is about cardiovascular diseases, including epidemiology and nursing assessments. It covers topics such as the cardiovascular system, risk factors, and related diseases in a classroom setting.

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Curso de Licenciatura em Enfermagem Enfermagem Médica - 2º ano 1º semestre - Prestação de cuidados de enfermagem à pessoa com patologia cardiovascular - Beja 2024 ...

Curso de Licenciatura em Enfermagem Enfermagem Médica - 2º ano 1º semestre - Prestação de cuidados de enfermagem à pessoa com patologia cardiovascular - Beja 2024 Objetivos Compreender o que se entende por sistema cardiovascular Conhecer dados epidemiológicos das doenças cardiovasculares Mencionar o programa nacional para as doenças cárdio-cerebrovasculares Explorar os fatores de risco não modificáveis e modificáveis das doenças cardiovasculares Salientar o papel do enfermeiro nos três níveis de prevenção das doenças cardiovasculares Descrever a anatomia do sistema cardiovascular Mencionar as patologias cardiovasculares mais frequentes Abordar com detalhe a avaliação de enfermagem da pessoa com problemas cardiovasculares Compreender como podem ser elaborados diagnósticos de enfermagem em pessoas com problemas cardiovasculares O Sistema Cardiovascular O que é? É um sistema do corpo humano essencial para a vida, também conhecido por sistema circulatório e é composto pelo coração e pelos vasos sanguíneos. É responsável pelo transporte de oxigénio e nutrientes para as células do corpo e pelo transporte de produtos do metabolismo celular até aos órgãos onde são eliminados. Tem ainda a função de proteção, já que o sangue contem glóbulos brancos e é através do sistema cardiovascular que o mesmo chega a todas as partes do corpo. O coração tem a função de bomba e permite a circulação do sangue das zonas de maior pressão para aquelas onde a pressão sanguínea é menor. O Sistema Cardiovascular O que é? As artérias são vasos sanguíneos resistentes, responsáveis pelo transporte do sangue que sai do coração em direção às restantes partes do corpo. As veias são os vasos sanguíneos responsáveis pelo retorno do sangue de todo o corpo até ao coração e possuem válvulas que impedem o refluxo sanguíneo. Os capilares são vasos sanguíneos de muito baixo calibre, que se situam na porção distal das artérias e que permitem a ramificação das mesmas até à totalidade dos tecidos do corpo, garantindo as trocas gasosas e de nutrientes entre o sistema cardiovascular e as células. O Sistema Cardiovascular Epidemiologia das Doenças do Sistema Cardiovascular Circulatory (or cardiovascular) diseases remain the main cause of mortality in nearly all EU member states, accounting for over 1.6 million deaths (or 35% of all deaths) in the EU in 2019. Heart attack remains the leading cause of cardiovascular death in many EU countries. 37% das mortes prematuras ocorridas no mundo devem-se a doenças cardiovasculares. (OMS, 2021) 169 mil milhões de euros por ano, é o impacto que as doenças cardiovasculares têm na economia europeia, para além das consequências para a qualidade de vida das pessoas. (OMS, 2021) Epidemiologia das Doenças do Sistema Cardiovascular As mortes causadas por doenças cardiovasculares são a principal causa de morte nos países com nível de desenvolvimento baixo ou médio (OMS, 2021) Epidemiologia das Doenças do Sistema Cardiovascular As doenças cérebro-cardiovasculares (DCV) são um importante problema de saúde pública a nível mundial, sendo responsáveis por uma elevada taxa de morbilidade e mortalidade. Em Portugal as DCV constituem a principal causa de morte, estando na origem de cerca de 31,9% dos óbitos. Epidemiologia das Doenças do Sistema Cardiovascular Em 2021, as doenças do aparelho circulatório continuaram a estar na origem do maior número de óbitos em Portugal (32 452), apesar da descida de 6,2% em relação ao ano anterior. Em termos relativos, representaram 25,9% do total de óbitos, menos 5,9 p.p. do que no ano anterior e menos 4,0 p.p. do que em 2019. Neste conjunto de doenças, continuaram a destacar-se as 9 613 mortes por acidentes vasculares cerebrais, ainda que este valor tenha representado uma descida de 16,0% em relação ao ano anterior. Registaram-se igualmente menos óbitos por doença isquémica do coração (6 683 óbitos) e por enfarte agudo miocárdio (3 977 óbitos), em ambos os casos menos 2,4% do que em 2020. Epidemiologia das Doenças do Sistema Cardiovascular Epidemiologia das Doenças do Sistema Cardiovascular Epidemiologia das Doenças do Sistema Cardiovascular Epidemiologia das Doenças do Sistema Cardiovascular Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares Através do Despacho n.º 6401/2016 de 16 de maio, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde determinou a criação do Programa de Saúde Prioritário na área das Doenças Cérebro-Cardiovasculares, que integra a Plataforma para a Prevenção e Gestão das Doenças Crónicas Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares MISSÃO Reduzir o risco cardiovascular através da prevenção e controlo dos fatores de risco modificáveis, nomeadamente colaborando com outros programas prioritários, assim como através da deteção e tratamento precoces de causas de acidentes vasculares, como doença arterial e cardíaca. Garantir a terapêutica adequada nos eventos críticos, de enfarte agudo do miocárdio (EAM) e de acidente vascular cerebral (AVC), através de um alinhamento interinstitucional que promova a utilização das Vias Verdes, nomeadamente otimizando o desempenho e a articulação entre o sistema de emergência pré-hospitalar (INEM) e os hospitais. Promover maior equidade nacional no acesso atempado a centros de tratamento agudo de EAM e de AVC. Promover o desenvolvimento da reabilitação após AVC e após EAM, para minimizar as sequelas crónicas decorrentes destas doenças. Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares O risco cardiovascular refere-se à probabilidade de uma pessoa desenvolver uma doença cardiovascular no futuro, e essa probabilidade é influenciada por vários fatores, conhecidos como fatores de risco, que têm diferentes níveis de importância e interagem entre si para determinar o risco global. É importante notar que duas pessoas com valores semelhantes de pressão arterial ou colesterol no sangue podem ter riscos muito diferentes de desenvolver doenças cardiovasculares. Isso significa que é necessário abordar cada caso de forma individualizada, tanto na prevenção quanto no tratamento. O cálculo do risco cardiovascular permite essa personalização, permitindo que cada pessoa tome as melhores decisões para a sua saúde, com base na sua situação específica. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Modificáveis Não modificáveis A melhor maneira de prevenir doenças cardiovasculares é através do controle dos fatores de risco. Um fator de risco é uma situação que eleva as possibilidades de desenvolver uma doença cardiovascular, ou seja, aumenta a probabilidade de ocorrência dessas doenças. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Não modificáveis Idade Sexo Hereditariedade/ genética História Pessoal de CDV Etnia Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Não modificáveis Idade O processo de ateroesclerose vai se desenvolvendo ao longo da vida das pessoas O envelhecimento propicia o desenvolvimento de outras doenças crónicas que potenciam a ocorrência de doenças cardiovasculares Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Não modificáveis Idade Nos homens, a probabilidade de desenvolver doença cardiovascular (DCV) aumenta gradualmente à medida que envelhecem, principalmente até os 60 anos. Já nas mulheres esse aumento de risco começa aos 50 anos, geralmente após a menopausa e continua a aumentar gradualmente com o tempo. Não modificáveis Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Não modificáveis Sexo É amplamente reconhecido que o sexo masculino é um fator que aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, o qual se intensifica com o avanço da idade. As mulheres, até atingirem a menopausa, desfrutam de uma certa proteção devido às hormonas femininas que as beneficiam nesse sentido. No entanto, é crucial que as mulheres também estejam atentas aos seus níveis de colesterol e a outros fatores de risco cardiovascular antes da menopausa. Especialmente, devem evitar o tabagismo e adotar uma alimentação saudável, pois tem sido observado um aumento nas taxas de doenças cardiovasculares entre as mulheres, mesmo em idades mais jovens. A partir dos 75 anos as taxas de doença cardiovasculares são iguais para os dois sexos. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Não modificáveis Hereditariedade/ genética Existe uma maior probabilidade de desenvolver uma doença cardiovascular prematura, em pessoas que têm familiares diretos que tenham sofrido uma doença cardiovascular em idade precoce, relativamente a pessoas que não possuam antecedentes familiares deste tipo de doença. São exemplo disso a hipercolesterolemia familiar, a diabetes tipo mody e as alterações em genes envolvidos na coagulação, que são importantes para o bom funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Não modificáveis Hereditariedade/ genética Existe evidência de que em pessoas com familiares em primeiro grau que sofreram doença cardiovascuclar prematura, isto é antes dos 55 anos no homem e dos 65 anos na mulher, têm um risco aumentado de desenvolver patologia cardiovascular. Para além de refletir as caraterísticas genéticas da doença, pode também traduzir a vivência compartilhada do ambiente familiar e de tudo o que ele representa, enquanto determinante dos restantes fatores de risco (modificáveis). Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Não modificáveis História pessoal de DCV Estudos revelam que pessoas que sofreram previamente um enfarte agudo do miocárdio (EAM), apresentam um risco de 10% de voltar a sofrer outro episódio agudo de isquémia cardíaca no espaço de um ano. Para além disso, existe também um risco aumentado de morte prematura pelo mesmo motivo. Significa que a ocorrência de um enfarte deixa consigo um lastro em pelo menos 10% dos casos, independentemente do controlo adequado dos outros fatores de risco. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Não modificáveis Etnia Pessoas provenientes de África Subsariana e do sul da Ásia apresentam um risco superior ao da restante população mundial de desenvolver doenças cardiovasculares. Pessoas provenientes da América do Sul e da China apresentam menor risco cardiovascular. Este facto pode ser explicado por fatores genéticos/ raciais, mas também por hábitos, doenças e estilos de vida prevalentes nessas zonas do globo. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Hipertensão arterial Dislipidemia Excesso de peso e Obesidade Diabetes Tabagismo Alcoolismo Sedentarismo Alimentação Fatores de risco psicossociais e económicos Alterações do sono Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares alimentação, modificáveis Hipertensão arterial tabagismo, stress, hereditário, HTA essencial Pressão arterial sistólica > 140 mmHg e/ou Pressão arterial diastólica > 90 mmHg Significa que o sangue circula através das artérias com uma pressão excessivamente alta, o que faz com que as paredes arteriais se estirem em demasia. Esse estiramento excessivo pode resultar em danos nas paredes das artérias, que o corpo tenta reparar. Contudo, o tecido reparado tende a atrair glóbulos brancos, colesterol e outras substâncias, levando ao endurecimento e perda de elasticidade das paredes arteriais. Este processo pode ainda resultar na formação de coágulos que bloqueiam parcial ou totalmente as artérias, prejudicando a circulação sanguínea. O aumento da pressão sanguínea também exige que o coração se contraia com mais intensamente para vencer a resistência, o que pode levar ao espessamento das paredes do coração, um fenômeno chamado de hipertrofia. Isso, por sua vez, pode resultar em problemas cardíacos graves no futuro. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Dislipidemia Alimentação, Sedentarismo O colesterol é um dos lipídios presentes na corrente sanguínea. Existem dois tipos de colesterol: o "bom", conhecido como HDL, que auxilia na remoção do colesterol prejudicial das paredes arteriais, e o "mau", chamado LDL, que se deposita no interior das artérias, desencadeando o processo de aterosclerose. Segundo a Sociedade Europeia de Cardiologia, são recomendados os seguintes valores: Colesterol total < 190 mg/dL Colesterol LDL < 115 mg/dL Colesterol HDL ≥ 40-45 mg/dL Além do colesterol, o sangue também contém outras gorduras chamadas triglicerídeos. Os níveis de triglicerídeos estão intimamente relacionados com a dieta e, geralmente, níveis elevados indicam uma alimentação rica em gorduras. Normalmente, as pessoas com altos níveis de triglicerídeos apresentam níveis reduzidos de HDL, o que é prejudicial para a saúde. Existe uma forte correlação entre níveis elevados de lipídios séricos e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Dislipidemia Alimentação, Sedentarismo Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Excesso de peso e Obesidade O excesso de peso e a obesidade são já considerados uma epidemia neste século. São um fator de risco não só para das doenças cardiovasculares, mas também para outras doenças, que elas próprias potenciam a ocorrência de doenças cardiovasculares (ex: diabetes e HTA) Na sua origem estão múltiplos fatores relacionados essencialmente com o estilo de vida (alimentação e exercício), fatores sociais, genéticos e algumas patologias. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Excesso de peso e Obesidade modificáveis Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Diabetes Alimentação, Sedentarismo A diabetes não apenas é uma patologia médica, mas também um fator que aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. O número de indivíduos com diabetes tem experimentado um aumento significativo nas últimas décadas, em grande parte devido a comportamentos pouco saudáveis, como o consumo excessivo de alimentos ricos em gordura e açúcar, bem como a falta de atividade física. A diabetes representa um risco 2 a 4 vezes superior para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, comparativamente com alguém que não tem diabetes. A própria insulino-resistência parece favorecer a formação de ateromas nas artérias. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Diabetes Alimentação, Sedentarismo Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Diabetes Alimentação, Sedentarismo Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Tabagismo O hábito de fumar ou estar exposto ao fumo do tabaco, representa um fator de risco cardiovascular importante. Os compostos químicos do tabaco contribuem para o endurecimento das paredes arteriais e para a diminuição da sua elasticidade, o que favorece o desenvolvimento da aterosclerose. As doenças cardiovasculares são 2 a 4 vezes mais frequentes nos fumadores (SPC, 2021) O tabaco é responsável por 20% da mortalidade por doença coronária. Em Portugal, o consumo de tabaco atinge cerca de 20 a 26% da população, com predomínio de três homens e meio para cada mulher. modificáveis Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Alcoolismo O aumento do consumo de álcool além de níveis adequados, está diretamente ligado ao aumento dos triglicerídeos e, ocasionalmente, ao aumento do colesterol, ambos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Sedentarismo A carência de atividade física regular é uma das principais causas de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Portugal encontra-se entre os países europeus com índices mais baixos de atividade física, o que coloca a população portuguesa em alto risco de desenvolver estas doenças. Para além deste benefício, a realização de atividade física também previne outras doenças como a obesidade, diabetes e dislipidemia, que são simultaneamente fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Alimentação A forma como nos alimentamos determina o desenvolvimento de inúmeras doenças. Muitas dessas doenças, como a diabetes, a obesidade, a HTA e a dislipidemia são elas próprias fatores de risco para o surgimento de doenças cardiovasculares. É essencial realizar uma dieta que siga as porções da roda dos alimentos e que tenha em conta as necessidades calorias de cada pessoa. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Fatores de risco psicossociais e económicos A presença de patologias do foro psiquiátrico, o stress, o desemprego, a solidão, a falta de enquadramento social, carência económica, entre outras situações passíveis de ser enquadradas nesta categoria, são muitas vezes um obstáculo à adoção de estilos de vida saudáveis. Estes contextos propiciam muitas vezes a adoção de comportamento aditivos, de uma má alimentação, de ausência de atividade física regular e de preocupação com o auto-cuidado, todos eles fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Significa que a saúde mental, a par da saúde física, tem um papel determinante nestas categoria de doenças, que afeta não só o seu surgimento como a própria resposta da pessoa na fase de recuperação. Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Fatores de risco psicossociais e económicos Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Fatores de risco psicossociais e económicos Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares modificáveis Alterações do sono Um sono de qualidade é importante para manter a homeostasia do corpo humano. Quando existem perturbações do sono, como por exemplo períodos curtos e irregulares, privação do sono ou patologias de etiologia respiratória com predomínio noturno, como a Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), que provoca períodos de apneia, hipoxia, hipercapnia e fragmentação do sono, verifica-se o agravamento de várias doenças cardiovasculares (HTA, EAM, arritmia e AVC). Risco Cardiovascular Global A avaliação do risco cardiovascular global é de extrema importância e implica a necessidade de monitorizar todos os fatores de risco de forma holística e não isolada. A abordagem mais eficaz na mitigação dos fatores de risco envolve endereçá-los de forma coordenada, visando o controlo simultâneo do maior número de fatores, visto que estes tendem a interagir e a agravar-se mutuamente. Um estudo desenvolvido no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge demonstrou que, numa população entre os 18 e os 79 anos, cerca de 55% das pessoas têm 2 ou mais fatores de risco cardiovasculares: Mais de metade tem excesso de peso ou obesidade; Cerca de 40% tem hipertensão arterial; 1/4 são fumadores; Cerca de 30% tem colesterol muito elevado; O número de pessoas com diabetes continua muito alto. Risco Cardiovascular Global Risco Cardiovascular Global Risco Cardiovascular Global O Papel Fundamental dos Enfermeiros no Controlo dos Fatores de Risco O Papel Fundamental dos Enfermeiros no Controlo dos Fatores de Risco O Papel Fundamental dos Enfermeiros no Controlo dos Fatores de Risco A avaliação do Risco Cardiovascular (RCV) pode ser realizada de duas maneiras: oportunista ou sistemática. A abordagem oportunista ocorre de forma espontânea quando a ocasião se apresenta, sem a necessidade de uma estratégia pré-definida. Já a abordagem sistemática é realizada de maneira planeada e pode ser aplicada à população em geral como parte de um programa de conscientização. Todas as diretrizes atuais para a prevenção de Doenças Cardiovasculares (DCV) na prática médica recomendam a avaliação do RCV. A prevenção das DCV em um indivíduo deve ser adaptada de acordo com seu RCV: quanto maior o risco, mais intensa deve ser a intervenção. O Papel Fundamental dos Enfermeiros no Controlo dos Fatores de Risco SCORE (Systematic Coronary Risk Evaluation - 2015) – é um método de previsão do risco de ocorrência de eventos cardíacos fatais nos próximos 10 anos e deve ser utilizado como parte da estratégia de prevenção primária, ou seja, em indivíduos que não apresentam sintomas de doenças cardiovasculares e não foram diagnosticados com nenhuma destas doenças. Essa abordagem é adequada para pessoas com idades entre 40 e 65 anos. A estimativa de RCV baseia-se nas variáveis género, idade, tabagismo, pressão arterial sistólica e colesterol total (mg/dl ou mmol/l). O Papel Fundamental dos Enfermeiros no Controlo dos Fatores de Risco Em pessoas com idade < 40 anos deve antes ser utilizada a tabela de risco relativo para identificar a necessidade de esforços preventivos. Em 2021 surgiu uma versão nova do score, denominado SCORE2, que classifica Portugal como um país de risco cardiovascular moderado e que para além de determina o risco de eventos cardiovasculares fatais, também identifica o risco de ocorrer eventos não fatais no espaço de 10 anos. O Papel Fundamental dos Enfermeiros no Controlo dos Fatores de Risco O envolvimento de familiares ou amigos no processo de educação para a modificação de estilos de vida, pode funcionar como uma grande ajuda no reforço de mensagens importantes e como facilitador de mudanças de estilos de vida. De modo a reduzir o risco de DCV, é importante que o enfermeiro exerça um papel ativo no favorecimento de mudança de estilos de vida, através de ensinos, consultas de enfermagem ou outras estratégias. Para prevenir doenças cardiovasculares, os adultos deverão: Praticar atividade física regular (pelo menos 30 minutos, 5 vezes por semana); Ter hábitos alimentares saudáveis (comer mais fruta, vegetais, fibras e peixe e reduzir o consumo de gorduras, açúcar e sal); Controlar o seu peso e a pressão arterial (Índice de Massa Corporal e PA < 140/90 mm Hg); Ter o colesterol total < 190 mg/dL e o colesterol LDL < 115 mg/dL; Apresentar uma glicemia normal; Cessar os hábitos tabágicos e diminuir a ingestão de álcool e cafeina; Manter equilíbrio emocional; Cumprir adequadamente o regime terapêutico prescrito. O Papel Fundamental dos Enfermeiros no Controlo dos Fatores de Risco Após o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, é essencial manter o controlo dos Fatores de Risco Cardiovascular e seguir rigorosamente o plano terapêutico (prevenção secundária). Isso ocorre porque é comum observar que os pacientes muitas vezes não seguem adequadamente o protocolo terapêutico e continuam a manter comportamentos de risco cardiovascular. Prevenção terciária Anatomia do Sistema Cardiovascular A circulação corporal pode ser dividida em duas: Circulação pulmonar, que permite voltar a oxigenar o sangue que retornou de todo o corpo e que se encontra desoxigenado e com dióxido de carbono Circulação sistémica, que visa distribuir o sangue oxigenado e os nutrientes por todos os tecidos do corpo e remover os produtos do metabolismo celular Anatomia do Sistema Cardiovascular Anatomia do Sistema Cardiovascular O sangue retorna ao coração pelas veias cava superior e inferior e entra na aurícula direita. Desta passa para o ventrículo direito, que bombeia o sangue para a circulação pulmonar através das artérias pulmonares. O sangue retorna ao coração vindo da circulação pulmonar pelas veias pulmonares e entra na aurícula esquerda, passa para o ventrículo esquerdo e deste é bombeado para todo o corpo através da artéria aorta. Anatomia do Sistema Cardiovascular Pericárdio – é uma membrana fibrosa composta por duas camadas, que envolvem o coração, o líquido pericárdico e as bases dos grandes vasos. Miocárdio – é o músculo cardíaco, que forma a parede do coração. A sua porção mais exterior tem o nome de epicárdio e a sua zona mais interna tem o nome de endocárdio Anatomia do Sistema Cardiovascular Anatomia do Sistema Cardiovascular Anatomia do Sistema Cardiovascular Anatomia do Sistema Cardiovascular Anatomia do Sistema Cardiovascular Doenças Cardiovasculares O que são? São doenças que afetam o sistema circulatório, compreendendo tanto o coração como os vasos sanguíneos, que incluem artérias, veias e capilares. As doenças cardiovasculares, muitas vezes abreviadas como DCV, englobam vários tipos, sendo as mais preocupantes a doença das artérias coronárias (que afeta as artérias do coração) e a doença das artérias cerebrais. A grande maioria dessas doenças é desencadeada pela aterosclerose, um processo caracterizado pelo acúmulo de placas de gordura e cálcio no interior das artérias, o que resulta na obstrução ou restrição do fluxo sanguíneo para os órgãos, podendo até mesmo bloqueá-lo por completo. Doenças Cardiovasculares Hipertensão arterial Cardiomiopatia dilatada Valvulopatia Pericardite, endocardite, miocardite Angina de peito Enfarte agudo do miocárdio Insuficiência cardíaca Tromboembolismo pulmonar Trombose venosa profunda Doença arterial periférica Aneurisma da Aorta Disseção da aorta Avaliação de Enfermagem da Pessoa com Problemas Cardíacos Para proceder a uma prestação de cuidados segura, dirigida às necessidades da pessoa e eficaz, numa primeira fase o enfermeiro tem de realizar uma avaliação completa da situação de saúde e doença, de modo a sustentar a formulação de diagnósticos de enfermagem. É com nestes diagnósticos que o enfermeiro irá planear e executar as intervenções de enfermagem. Para proceder a uma avaliação completa, o enfermeiro deve ter em conta as seguintes ferramentas: História de Enfermagem (entrevista sobre a História pregressa Regra situação atual) 80 / 20 Meios complementares Exame físico de diagnóstico Avaliação de Enfermagem da Pessoa com Problemas Cardíacos Seguindo os princípios da avaliação de enfermagem, é importante salientar que o modo como a mesma será realizada depende do contexto no qual a avaliação do doente surge, da finalidade da mesma e da estabilidade ou instabilidade da situação clínica (da severidade dos sinais e sintomas apresentados). Significa que posso ter os meios para fazer uma avaliação completa, exaustiva, sequencial e step-by-step – exemplo consulta de enfermagem nos Cuidados de Saúde Primários. Ou, por outro lado, posso ter uma pessoa com sinais de gravidade, que obrigam o enfermeiro a fazer o uso mais eficiente da sua experiência, dos seus conhecimentos e da sua capacidade de avaliação objetiva e subjetiva, de modo a colher apenas a informação necessária para rapidamente formular os seus diagnósticos, planear e realizar as suas intervenções, de modo a não atrasar a prestação de cuidados urgentes ao doente. Mais tarde, com as intervenções autónomas e interdependentes já realizadas, o enfermeiro deverá continuar e completar a sua avaliação. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a situação atual) A entrevista de enfermagem desempenha um papel fundamental na colheita de informações corretas e completas, essenciais à prestação dos cuidados de enfermagem. É imperativo que o enfermeiro estabeleça uma comunicação que demonstre empatia, respeito e sensibilidade para com as necessidades e preocupações do doente durante o processo de entrevista e que entenda quais as suas expetativas e anseios. A entrevista de enfermagem pretende ainda estabelecer uma relação de confiança com o doente, indispensável à prestação de cuidados. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a situação atual) 3 Queixa principal Outros sinais e sintomas Identificação de fatores de risco Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Queixa principal situação atual) Em contexto de doença cardiovascular aguda ou crónica agudizada/ descompensada, uma das queixas mais frequentes do doente é a dor torácica. A mnemónica "PQRST" é uma ferramenta útil, à qual os enfermeiros podem recorrer para caraterizar corretamente a dor. Cada letra representa um aspeto a ser considerado na avaliação: P – fatores precipitantes e de alívio Q – qualidade da dor/ caraterísticas da dor R – localização/ irradiação S – severidade da dor T – duração da dor Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Queixa principal situação atual) P – fatores precipitantes e de alívio: A dor de isquémia cardíaca está, na maioria das vezes, associada ao esforço físico, a situações de stress e impacto emocional, à exposição ao frio ou durante a digestão de refeições abastadas, tudo situações que requerem um aumento do trabalho cardíaco. Não se relaciona com a digitopressão nem com a mecânica respiratória. Em sentido contrário, a dor de isquémia cardíaca tende a aliviar com o repouso e com condições que diminuam o trabalho cardíaco. A dor de isquémia também alivia com a toma de vasodilatarores (nitratos), que permitem a dilatação das artérias coronárias e o correto aporte de sangue ao coração. É por isso importante questionar o doente sobre o que estava a fazer quando se iniciou a dor e se identifica algum fator que conduza ao agravamento ou ao alívio da mesma. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Queixa principal situação atual) Q – qualidade da dor/ caraterísticas da dor: A descrição das caraterísticas da dor é importante, pois diferentes patologias tendem a apresentar dor com caraterísticas diferentes. Ainda que o enfermeiro não realize diagnósticos médicos, a colheita desta informação é importante para detetar sinais e sintomas de gravidade que poderão orientar a atuação do enfermeiro. A dor pode ser tipo pontada, facada, aperto, peso, queimadura ou por vezes até sentida como um pequeno desconforto. Pode iniciar-se subitamente ou de modo insidioso. A dor de isquémia cardíaca tende a ser expressa como um aperto, peso ou queimadura no centro do tórax. A dor pleurítica é manifestada como uma dor tipo pontada ou facada. A dor da disseção da aorta é uma dor do tipo rasgante ou perfurante. A dor da pericardite é uma dor aguda e constante e tende a aliviar com a inclinação para a frente. A dor na pneumonia é uma dor tipo pontada. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Queixa principal situação atual) R – localização/ irradiação: A localização e a irradiação da dor são uma informação importante, para o enfermeiro poder identificar situações com potencial de risco de vida. A dor de isquémica cardíaca tende a assumir uma posição retroesternarl (centro do tórax) e uma irradiação preferencial para o o membro superior esquerdo, região cervical esquerda e mandíbula esquerda. Contudo, existem casos em que a dor da isquémia cardíaca assume uma localização epigástrica e a irradiação ocorre para o lado direito do tórax e/ ou para o dorso. Quando a etiologia não é isquémica, a dor tende a fixar-se no centro do tórax e a não irradiar. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Queixa principal situação atual) S – severidade da dor A vivência da dor é uma experiência individual e difícil de transmitir com objetividade a terceiros. No sentido de aumentar a objetividade da comunicação da dor, o enfermeiro pode recorrer a ferramentas que auxiliam nesse processo – as escalas de dor. Através das escalas de dor, o doente pode classificar a intensidade da dor enquanto experiência individual e subjetiva, numa unidade quantitativa. O doente deverá selecionar a intensidade da dor na escala, tendo em conta a sua experiência de dor anterior. Com recurso a esta ferramenta o enfermeiro pode fazer um registo adequado da dor e monitorizar a sua evolução e a resposta às intervenções e atitudes terapêuticas instituídas. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Queixa principal situação atual) S – severidade da dor Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Queixa principal situação atual) S – duração da dor Na colheita de informações sobre a dor, um dos principais pontos de que o enfermeiro deve tomar nota é a hora do início da dor e a sua duração. Esta informação pode ser não só importante para a identificação de fatores de gravidade associados à dor, como também para orientar o plano terapêutico da equipa de saúde. A dor de isquémia cardíaca tende a ser tão intensa e acompanhada de outros sinais e sintomas tão desconfortáveis, que levam a pessoa, na maioria das vezes, a recorrer nos primeiros minutos ou nas primeiras horas aos cuidados de saúde. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Sudorese Dispneia Ansiedade Náuseas e vómitos Cansaço Palpitações Lipotímia Síncope Edemas Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Sudorese A existência de sudorese sem outra justificação (após esforço físico ou após toma de antipirético), deve ser percebida como uma resposta neurovegetativa, originada pela atividade autónoma do sistema nervoso simpático, enquanto parte de um mecanismo de resposta sistémica do corpo na procura de reestabelecer o seu equilíbrio. Assim, a existência de sudorese associada a uma queixa, como a dor, deve ser entendida como um sinal de gravidade e de alerta para o enfermeiro. A sudorese não se mimetiza e os pacientes que apresentam dor torácica e sudorese tendem a estar numa situação de maior gravidade, comparativamente àqueles que não apresentam sudorese. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Dispneia A dispneia é um sintoma que com frequência acompanha algumas doenças cardiovasculares (cardiopatias isquémicas, insuficiência cardíaca, edema agudo do pulmão, tromboembolismo pulmonar). É importante que o enfermeiro despiste se a sensação de dispneia é ou não acompanhada de hipoxia através de um oxímetro. Por vezes a ansiedade associada aos outros sintomas da doença podem originar uma sensação de dispneia, que não é acompanhada de hipoxia. Contudo, este sintoma não deve nunca ser desvalorizado. O aporte de O2 deve ser apenas realizado quando a saturação periférica de oxigénio (SpO2) é ≦ a 95%. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Dispneia Uma primeira medida antes de iniciar a oxigenoterapia, é a realização de um posicionamento adequado do doente, na posição de fowler, pois promove o trabalho cardíaco e uma respiração mais eficaz. Nos doentes com patologia cardíaca, a disfunção do ventrículo esquerdo causa congestão pulmonar, levando ao desenvolvimento de ortopneia e de dispneia paroxística noturna e em casos mais graves de edema agudo do pulmão. Em situação aguda e grave de dispneia de contexto cardíaco, pode ser necessária a realização de ventilação mecânica (não invasiva ou invasiva), oxigenoterapia e administração de fármacos (diuréticos, vasodilatadores, inotrópicos e morfina). Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Ansiedade A presença de ansiedade é um sintoma comum nas patologias do foro cardíaco e é frequentemente expressa pela pessoa como uma sensação de morte eminente. A pessoa tende a apresentar polipneia, respiração irregular, agitação psico-motora, descoordenação, dificuldade em permanecer calma e em colaborar com os profissionais de saúde. Para além desta justificação de etiologia emocional, por vezes a ansiedade e a agitação psicomotora podem ter origem num quadro marcado de hipoxia e hipoperfusão cerebral. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Ansiedade O quadro de ansiedade tende a gerar um aumento do trabalho cardíaco e, consequentemente, do consumo de oxigénio, situação que pode agravar a isquémia cardíaca. O enfermeiro desempenha um papel determinante no controlo da ansiedade, quer através de medidas não farmacológicas e da relação terapêutica, quer através da administração de fármacos prescritos, como a morfina e ansiolíticos. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Náuseas e vómitos As náuseas e vómitos em contexto de doença aguda do foro cardíaco tendem a resultar do reflexo vasovagal (resposta autónoma do sistema nervoso parassimpático), como consequência de dor intensa, ansiedade ou stresse. O enfermeiro deve estar desperto para este quadro, pois habitualmente é acompanhado de uma manifestação sistémica que contempla bradicardia, tonturas, visão turva, hipotensão, sudorese e palidez. É por isso indispensável estar junto do doente, deitá-lo e baixar a cabeceira até que os sintomas aliviem. Monitorizar o doente, estar atento às alterações do ritmo cardíaco e avaliar os sinais vitais. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Cansaço A fadiga crónica pode advir do sono de má qualidade, resultante de dispneia paroxística noturna (pela insuficiência cardíaca). O cansaço a pequenos esforços no dia a dia e em crescendo, deve-se ao agravamento do quadro de insuficiência cardíaca e/ ou de isquémia cardíaca. O enfermeiro deve estar desperto para este sintoma e enquadrá-lo com a restante história de enfermagem. Trata-se de um doente que carece de um estudo da função e da irrigação cardíaca. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Palpitações São uma sensação de batimentos cardíacos anormais ou mais intensos que o normal, que podem ser percebidos como pulsações ou batidas fortes, rápidas ou irregulares na região precordial. Na maioria das vezes trata-se de extrassístoles. Algumas patologias cardíacas caraterizam-se primariamente por uma alteração do ritmo cardíaco (ex: fibrilação auricular) ou essa alteração do ritmo pode ser secundária a outra patologia cardíaca (ex: enfarte agudo do miocárdio). O enfermeiro deve valorizar esse sintoma, enquadrá-lo na história de enfermagem e monitorizar precocemente o doente, no sentido de verificar o ritmo cardíaco. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Lipotímia Poderá ser considerada uma pré-síncope, já que o quadro de mal-estar, sudorese, zumbidos, perda de forças, vertigens e palidez tem uma instalação rápida mas menos aguda que na síncope e a consciência e a função respiratória e cardíaca mantêm-se preservadas. A pessoa lembra-se do que aconteceu, não chegando a desmaiar. Pode ser causado por situações de impacto emocional, por modificações posturais rápidas ou por outras situações como doenças cardiovasculares, que condicionam períodos de baixo débito cardíaco e diminuição da perfusão cerebral. Este quadro habitualmente não é grave, mas a sua recorrência e/ou o facto de se manifestar em conjunto com outros sintomas relacionados com patologias do sistema cardiovascular, devem alertar o enfermeiro para a potencial gravidade da situação. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Lipotímia O enfermeiro deverá ajudar o doente a se deitar e a elevar os membros inferiores. Em poucos minutos a lipotímia tenderá a passar, mas o enfermeiro deverá manter o doente deitado até melhor esclarecimento da sua situação clínica. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Síncope É um quadro que se carateriza por uma alteração súbita do estado de consciência, ficando a pessoa inconsciente e com relaxamento de toda a musculatura (desmaio). É uma situação brusca e transitória, originada por uma deficiente irrigação cerebral, que pode ter na sua génese uma patologia do sistema cardiovascular. Tal como na lipotímia, o enfermeiro deve manter-se junto do doente, certificar-se que está a respirar, monitorizá-lo e avaliar os sinais vitais. Em contexto de doença cardiovascular aguda, representa um importante sinal de gravidade que deve ser valorizado. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Edemas Apesar da presença de edemas poder ter a sua origem noutras patologias, o edema, em particular dos membros inferiores (sinal de godet), é um sinal frequentemente presente nas pessoas com insuficiência cardíaca de predomínio direito. O retorno da circulação ao coração fica dificultado pela incompetência do ventrículo direito e os líquidos acabam por se acumular nos Mis, por efeito da força da gravidade. A presença de edemas no contexto de patologia cardiovascular, deve alertar o enfermeiro para a existência provável de má função cardíaca, que deve ser enquadrada na história de enfermagem. Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Outros sinais e sintomas situação atual) Edemas Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Identificação de fatores de risco situação atual) Doenças Cardiovasculares História de Enfermagem (entrevista sobre a Identificação de fatores de risco situação atual) Para identificar e caraterizar corretamente a presença de fatores de risco para doenças cardiovasculares, é fundamental que o enfermeiro: Saiba quais são os fatores de risco para as doenças cardiovasculares; Realize as questões adequadas para obter a informação necessária; Aplique os scores e as escalas de risco validadas para a população portuguesa e amplamente divulgados pela DGS, Ordem dos Enfermeiros, Sociedade Portuguesa de Cardiologia ou outras entidades idóneas. Doenças Cardiovasculares História pregressa Até este momento da avaliação de enfermagem, o enfermeiro procurou obter um vasto conjunto de informações sobre a situação de doença atual; Contudo, para realizar uma avaliação completa que sustente todo o processo de enfermagem, é indispensável recolher dados que explorem todo o histórico de saúde e doença da pessoa até ao momento atual; A esta avaliação dá-se o nome de história pregressa. Doenças Cardiovasculares História pregressa Da colheita de dados para formular a história pregressa devem fazer parte: Antecedentes pessoais de doença Antecedentes cirúrgicos Episódios de internamento Procedimentos invasivos realizados Exames realizados e resultados conhecidos Medicação habitual Alergias conhecidas Doenças Cardiovasculares Exame físico Ao seguir os passos sequencias da organização teórica da avaliação de enfermagem, após a colheita de informação que permite a elaboração da história de enfermagem e da história pregressa, surge o exame físico; Nesta etapa da avaliação, o enfermeiro procede a uma colheita de dados objetivos do corpo da pessoa, obtidos através da: Observação/ inspeção Auscultação Percussão Palpação Avaliação de sinais vitais, SpO2 e glicemia capilar Doenças Cardiovasculares Exame físico Existem várias possibilidades para proceder ao exame físico da pessoa; Contudo, para que se proceda a uma avaliação sistemática, sequencial, completa, lógica e com base em prioridades, o enfermeiro deverá utilizar a metodologia do exame primário e do exame secundário; O exame primário pretende identificar apenas os sinais e sintomas de maior gravidade (e prestar cuidados de imediato em virtude de situações de risco de vida), enquanto o exame secundário pretende que o enfermeiro realize uma avaliação céfalo-caudal e pormenorizada da pessoa, identificando todos os sinais e sintomas, mesmo os que não representam nenhum perigo imediato; Ambos os exames (primário e secundário) seguem uma sequência ordenada de passos. Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário O que avaliar Como avaliar O que a pessoa pode apresentar Observar se existem sólidos ou Via aérea permeável líquidos a impedir a passagem Alimentos ou vómito na boca A permeabilidade da do ar ou outro motivo de A Ruído normal da passagem de ar via aérea obstrução Ruído anormal da passagem de ar Verificar o som da passagem de Ausência de som de passagem de ar ar (sem estetoscópio) Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário O que avaliar Como avaliar O que a pessoa pode apresentar Eupneica Observar se existem movimentos respiratórios Pele rosada ou cianosada Despistar cianose central ou Polipneia, bradipneia ou apneia periférica Respiração ruidosa Verificar a frequência, amplitude e Respiração regular ou irregular ritmo da respiração Simetria ou assimetria na expansão Observar simetria ou assimetria da Utilização de músculos acessórios B Caraterísticas da Respiração expansão torácica, sinais de Respiração abdominal e tiragem traumatismo, utilização de músculo acessórios, tiragem Sinais de trauma Auscultar os campos pulmonares Timpanismo ou macicez na percussão Dor ou sem dor na palpação Percutir o tórax Com ou sem instabilidade na palpação Palpar a grelha costal Com ou sem crepitações Avaliar a SpO2 SpO2 ≧ 95% ou < 95% (hipóxia) Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário O que avaliar Como avaliar O que a pessoa pode apresentar Observar as caraterísticas da pele Pele seca ou com sudorese (humidade e cor) Pele rosada ou pálida Despistar presença de hemorragias Sem hemorragia visível Despistar distensão jugular Presença de hemorragia ligeira Palpar o abdómen Presença de hemorragia abundante Palpar o pulso bilateralmente e Veias jugulares distendidas ou sem verificar a sua frequência, alterações C Caraterísticas da Circulação amplitude e ritmo Com ou sem dor abdominal Questionar sobre a presença de FC e PA dentro dos valores normais ou palpitações alteradas Verificar o tempo de preenchimento Pulsos simétricos ou assimétricos capilar Presença ou ausência de palpitações Avaliar a pressão arterial Ritmo cardíaco sinusal ou com alteração Monitorizar a pessoa de ritmo Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário O que avaliar Como avaliar O que a pessoa pode apresentar Avaliar o nível de consciência Nível de consciência normal ou através da Escala de Coma de alterado Glasgow Com ou sem ansiedade Avaliar presença de ansiedade e/ ou agitação psicomotra Colaborante ou com agitação psicomotra Disfunção neurológica Avaliar a simetria e a resposta D pupilar Pupilas simétricas ou assimétricas (a consciência) Função sensitiva normal ou alterada Verificar a simetria da resposta sensitiva e motora Função motora normal ou alterada Avaliar e quantificar a presença Ausência ou presença de dor e suas de dor caraterísticas Glicemia capilar normal ou alterada Avaliar a glicemia capilar Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame primário O que avaliar Como avaliar O que a pessoa pode apresentar Observar o corpo da pessoa para procurar rapidamente apenas alterações significativas Alterações anatómicas significativas compatíveis com lesão traumática que representem sinais de Exposição (a generalidade gravidade E Sem sinais de gravidade do corpo da pessoa) Palpar para complementar a observação e ajudar na Normotermia, hipotermia ou identificação de alterações hipertermia Avaliar a temperatura corporal Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame secundário Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame secundário Na realização do exame secundário o enfermeiro deve avaliar a presença de: Edemas Coloração das escleróticas e conjuntivas Equimoses, tumefações, deformações, lesões Sinal de Kussmaul Dispositivos médicos implantados Sinais de alterações/ compromisso circulatório (arterial e venoso) Índice de pressão tornozelo-braço Cicatrizes cirúrgicas ou traumáticas Ascite Incontinência vesical e/ ou fecal Simetria dos membros Mobilidade articular Doenças Cardiovasculares Exame físico Exame secundário Na realização do exame secundário o enfermeiro deve ainda: Avaliar a face posterior do corpo (que represente 50% da área corporal, muitas vezes esquecida) Repetir a avaliação dos sinais vitais e da SpO2 Procurar complementar a informação proveniente do exame físico com questões dirigidas e que não tinham ainda sido colocadas no âmbito da entrevista Doenças Cardiovasculares Meios complementares de diagnóstico A realização de meios complementares de diagnóstico está dependente de prescrição médica e a atuação do enfermeiro deve estar relacionada com a preparação do doente para os exames e/ ou como parte ativa na realização dos mesmos. Enquanto o médico procura os resultados dos exames para confirmar ou negar a sua hipótese diagnóstica e, com isso, continuar ou alterar o plano terapêutico da pessoa, o enfermeiro não deve negar a existência dessa mesma informação, mas antes recolher os dados mais relevantes para complementar a colheita de dados proveniente da entrevista de enfermagem e do exame físico realizado. Portanto, não com o intuito de atribuir uma classificação biomédica ao doente, mas sim como complemento e enriquecimento da informação disponível, em muitos casos importante para contribuir para a formulação dos diagnósticos de enfermagem e das intervenções subsequentes. Doenças Cardiovasculares Meios complementares de diagnóstico Os MCDT mais frequentes para o estudo de pessoas com problemas do foro cardiovascular são os seguintes: Análises sanguíneas – hemograma, enzimas cardíacas, coagulação, iões, função hepática, função renal e glicemia Gasimetria arterial Doenças Cardiovasculares Meios complementares de diagnóstico Os MCDT mais frequentes para o estudo de pessoas com problemas do foro cardiovascular são os seguintes: Eletrocardiograma Holter ECG em contexto de esforço (prova de esforço) Doenças Cardiovasculares Meios complementares de diagnóstico Os MCDT mais frequentes para o estudo de pessoas com problemas do foro cardiovascular são os seguintes: Rx tórax Ecocardiograma Monitorização ambulatória da Pressão arterial Doenças Cardiovasculares Meios complementares de diagnóstico Os MCDT mais frequentes para o estudo de pessoas com problemas do foro cardiovascular são os seguintes: Angiogragia Cintigrafia de perfusão do miocárdio Cateter pico Doenças Cardiovasculares Meios complementares de diagnóstico Os MCDT mais frequentes para o estudo de pessoas com problemas do foro cardiovascular são os seguintes: Cateterismo cardíaco Formulação de Diagnósticos de Enfermagem na Pessoa com Problemas Cardiovasculares Linguagem CIPE Versão 2 Formulação de Diagnósticos de Enfermagem na Pessoa com Problemas Cardiovasculares Formulação de Diagnósticos de Enfermagem na Pessoa com Problemas Cardiovasculares Linguagem CIPE Versão 2 Formulação de Diagnósticos de Enfermagem na Pessoa com Problemas Cardiovasculares Exemplos de focos que podem estar presentes em pessoas com problemas cardiovasculares § Desequilíbrio de líquidos e eletrólitos §Perfusão tissular § Acidose metabólica §Desobstrução de vias aéreas §Posicionar §Acidose respiratória §Dor §Processo vascular §Ansiedade §Dispneia de repouso §Resposta à medicação §Arritmia §Dispneia funcional §Resposta à terapia de fluidos §Ascite §Fadiga §Resposta ao tratamento §Atividade psicomotora §Frequência cardíaca §Retenção hídrica §Autocuidado higiene §Frequência respiratória §Ritmo cardíaco §Autocuidado vestir §Hipertensão §Ritmo respiratório §Autocuidado alimentar §Hiperventilação §Sono §Choque cardiogénico §Hipoxia §Sudação §Intolerância a atividade §Tontura §Choque vasogénico §Mobilidade no leito §Tosse §Conhecimento §Náusea §Transferir §Deambular §Padrão de atividade física §Troca de gases §Débito cardíaco §Padrão de eliminação urinário §Ventilação §Desconforto torácico §Padrão respiratório §Volume de líquido Formulação de Diagnósticos de Enfermagem na Pessoa com Problemas Cardiovasculares Linguagem CIPE Versão 2 Formulação de Diagnósticos de Enfermagem na Pessoa com Problemas Cardiovasculares Exemplos de juizos que podem caraterizar os focos Formulação de Diagnósticos de Enfermagem na Pessoa com Problemas Cardiovasculares Exemplos de juizos que podem caraterizar os focos Exemplo de diagnóstico de enfermagem, intervenção e resultado de uma pessoa com problemas cardiovasculares Bibliografia Coelho, E., & Nunes, L. (2015). Evolução da mortalidade em Portugal desde 1950. Revista de estudos demográficos – INE. Consultado em: 2023, agosto 30. Disponível em: file:///Users/jorgepereira/Downloads/RED55_art1%20(1).pdf DGS. (2017). Programa nacional para as doenças cérebro-cardiovasculares. Consultado em: 2023, setembro 2. Disponível em: https://www.chlc.min-saude.pt/wp-content/uploads/sites/3/2017/10/DGS_PNDCCV_VF.pdf Fundação Portuguesa de Cardiologia. (2021). Homepage. Consultado em: 2023, setembro 10. Disponível em: https://www.fpcardiologia.pt/fundacao/ Homem, F., Caetano, A., Reveles, A., Martins, H., Sousa, J., Rodrigues, L., & Azevedo, T. (2022). Manual de apoio à consulta de enfermagem do utente com patologia cardiovascular. Consultado em 2023, agosto 10. Disponível em: https://www.ordemenfermeiros.pt/media/26447/manual-apoio-enfermagem-patologia-cardiovascular.pdf INEM. (2012). Abordagem à vítima. Lisboa: INEM Bibliografia Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. (2016). 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