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ContrastySpinel9248

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Francisco Paulo Mendes

2021

Caixa Econômica Federal

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banking public examination financial system economics

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S OS P R Ú CONCU BL I COS A PROVA A APOSTILA PREPARATÓRIA ELABORADA ANTES DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO...

S OS P R Ú CONCU BL I COS A PROVA A APOSTILA PREPARATÓRIA ELABORADA ANTES DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS. CARGO: TÉCNICO BANCÁRIO. COM BASE NO EDITAL Nº 1/2021/NM - DE 09 DE SETEMBRO DE 2021 ÍNDICE Língua Portuguesa 1. Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual.................................................................................................... 7 2. Ortografia oficial.................................................................................................................................................................... 16 3. Acentuação gráfica.................................................................................................................................................................. 17 4. Emprego das classes de palavras............................................................................................................................................ 17 5. Emprego do sinal indicativo de crase..................................................................................................................................... 25 6. Sintaxe da oração e do período............................................................................................................................................... 25 7. Pontuação............................................................................................................................................................................... 28 8. Concordância nominal e verbal............................................................................................................................................... 29 9. Regência nominal e verbal...................................................................................................................................................... 30 10. Significação das palavras......................................................................................................................................................... 31 11. Redação Oficial: Manual de Redação da Presidência da República (disponível no sítio do Planalto na internet).................. 32 12. Colocação do pronome átono................................................................................................................................................. 40 Matemática 1. Conceitos gerais - o conceito do valor do dinheiro no tempo; Fluxos de caixa e diagramas de fluxo de caixa; Equivalência financeira...................................................................................................................................................................................... 51 2. Sequências – lei de formação de sequências e determinação de seus elementos; progressões aritméticas e progressões ge- ométricas...................................................................................................................................................................................... 63 3. Juros Simples – cálculo do montante, dos juros, da taxa de juros, do principal e do prazo da operação financeira. Juros Com- postos - cálculo do montante, dos juros, da taxa de juros, do principal e do prazo da operação financeira. Descontos – cálculo do valor atual, do valor nominal e da taxa de desconto. Sistemas de Amortização - sistema PRICE (método das prestações constantes); sistema SAC (método das amortizações constantes)............................................................................................... 67 Conhecimentos Bancários 1. Sistema Financeiro Nacional: Estrutura do Sistema Financeiro Nacional; Órgãos normativos e instituições superviso- ras, executoras e operadoras............................................................................................................................................. 81 2. Mercado financeiro e seus desdobramentos (mercados monetário, de crédito, de capitais e cambial)........................... 85 3. Os bancos na Era Digital: Atualidade, tendências e desafios. Internet banking. Mobile banking. Open banking. Novos mo- delos de negócios. Fintechs, startups e big techs. Sistema de bancos-sombra (Shadow banking). O dinheiro na era digital: blockchain, bitcoin e demais criptomoedas.Transformação digital no Sistema Financeiro......................................................... 85 4. Correspondentes bancários......................................................................................................................................................... 89 5. Sistema de pagamentos instantâneos (PIX)................................................................................................................................. 89 6. Moeda e política monetária: Políticas monetárias convencionais e não-convencionais (Quantitative Easing); Taxa SELIC e operações compromissadas; O debate sobre os depósitos remunerados dos bancos comerciais no Banco Central do Brasil................................................................................................................................................................................... 90 7. Orçamento público, títulos do Tesouro Nacional e dívida pública..................................................................................... 91 8. Produtos Bancários: Noções de cartões de crédito e débito, crédito direto ao consumidor, crédito rural, poupança, capitalização, previdência, consórcio, investimentos e seguros......................................................................................... 92 9. Noções de Mercado de capitais......................................................................................................................................... 97 10. Noções de Mercado de Câmbio: Instituições autorizadas a operar e operações básicas.................................................. 97 11. Taxas de câmbio nominais e reais...................................................................................................................................... 98 12. Taxas de câmbio nominais e reais...................................................................................................................................... 98 ÍNDICE 13. Impactos das taxas de câmbio sobre as exportações e importações................................................................................. 99 14. Diferencial de juros interno e externo, prêmios de risco, fluxo de capitais e seus impactos sobre as taxas de câmbio.... 99 15. Dinâmica do Mercado: Operações no mercado interbancário.......................................................................................... 99 16. Mercado bancário: Operações de tesouraria, varejo bancário e recuperação de crédito................................................. 99 17. Taxas de juros de curto prazo e a curva de juros; taxas de juros nominais e reais............................................................. 100 18. Garantias do Sistema Financeiro Nacional: aval; fiança; penhor mercantil; alienação fiduciária; hipoteca; fianças ban- cárias.................................................................................................................................................................................. 100 19. Crime de lavagem de dinheiro: conceito e etapas; Prevenção e combate ao crime de lavagem de dinheiro: Lei nº 9.613/98 e suas alterações................................................................................................................................................. 102 20. Circular nº 3.978, de 23 de janeiro de 2020....................................................................................................................... 105 21. Carta Circular nº 4.001, de 29 de janeiro de 2020 e suas alterações................................................................................. 115 22. Autorregulação bancária.................................................................................................................................................... 117 23. Sigilo Bancário: Lei Complementar nº 105/2001 e suas alterações................................................................................... 118 24. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 e suas alterações................................. 120 25. Legislação anticorrupção: Lei nº 12.846/2013................................................................................................................... 132 26. Decreto nº 8.420/2015 e suas alterações.......................................................................................................................... 136 27. Ética aplicada: ética, moral, valores e virtudes.................................................................................................................. 145 28. noções de ética empresarial e profissional........................................................................................................................ 145 29. A gestão da ética nas empresas públicas e privadas.......................................................................................................... 146 30. Código de Ética da Caixa Econômica Federal (disponível no sítio da CEF na internet)....................................................... 147 31. Código de Conduta da Caixa Econômica Federal (disponível no sítio da CEF na internet)................................................. 149 32. Política de Responsabilidade Socioambiental da Caixa Econômica Federal (disponível no sítio da CEF na internet)........ 160 33. Lei nº 7.998/1990 (Programa Desemprego e Abono Salarial - beneficiários e critérios para saque)................................. 162 34. Artigo 37 da Constituição Federal (Princípios constitucionais da Administração Pública: Princípios da legalidade, im- pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência).......................................................................................................... 167 35. Lei Complementar nº 7/1970 (PIS)..................................................................................................................................... 169 36. Lei nº 8.036/1990 (FGTS): possibilidades e condições de utilização/saque; Certificado de Regularidade do FGTS; Guia de Recolhimento (GRF)...................................................................................................................................................... 170 37. Produtos: Abertura e movimentação de contas: documentos básicos.............................................................................. 182 38. Pessoa física e pessoa jurídica: capacidade e incapacidade civil, representação e domicílio...................................................... 185 39. Sistema de pagamentos brasileiro..................................................................................................................................... 188 40. Produtos Bancários: Programas sociais e Benefícios do trabalhador................................................................................. 190 Noções de Probabilidade e Estatística 1. Representação tabular e gráfica................................................................................................................................................... 197 2. Medidas de tendência central (média, mediana, moda, medidas de posição, mínimo e máximo) e de dispersão (amplitude, amplitude interquartil, variância, desvio padrão e coeficiente de variação)................................................................................ 200 3. Cálculo de probabilidade. Probabilidade condicional................................................................................................................... 203 4. Teorema de Bayes......................................................................................................................................................................... 211 5. População e amostra.................................................................................................................................................................... 211 6. Correlação linear simples.............................................................................................................................................................. 213 ÍNDICE Conhecimentos de Informática 1. Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office – Word, Excel e PowerPoint - versão O365)............. 221 2. Segurança da informação: fundamentos, conceitos e mecanismos de segurança....................................................................... 226 3. Segurança cibernética: Resolução CMN nº 4893, de 26 de fevereiro de 2021............................................................................. 228 4. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas.................................................. 232 5. Redes de computadores: Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. Navegador Web (Microsoft Edge versão 91 e Mozilla Firefox versão 78 ESR), busca e pesquisa na Web...................................................... 235 6. Correio eletrônico......................................................................................................................................................................... 242 7. grupos de discussão...................................................................................................................................................................... 245 8. fóruns e wikis............................................................................................................................................................................... 246 9. Redes Sociais (Twitter, Facebook, Linkedin, WhatsApp, YouTube, Instagram e Telegram)........................................................... 247 10. Visão geral sobre sistemas de suporte à decisão e inteligência de negócio................................................................................. 249 11. Conceitos de tecnologias e ferramentas multimídia, de reprodução de áudio e vídeo................................................................ 250 12. Ferramentas de produtividade e trabalho a distância (Microsoft Teams, Cisco Webex, Google Hangout, Google Drive e Skype)........................................................................................................................................................................................... 258 Atendimento Bancário 1. Noções de estratégia empresarial: análise de mercado, forças competitivas, imagem institucional, identidade e posiciona- mento.......................................................................................................................................................................................... 273 2. Segmentação de mercado........................................................................................................................................................... 275 3. Ações para aumentar o valor percebido pelo cliente......................................................................................................... 276 4. Gestão da experiência do cliente....................................................................................................................................... 278 5. Aprendizagem e sustentabilidade organizacional.............................................................................................................. 278 6. Características dos serviços: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade........................................ 281 7. Gestão da qualidade em serviços................................................................................................................................................ 282 8. Técnicas de vendas: da pré-abordagem ao pós-vendas..................................................................................................... 284 9. Noções de marketing digital: geração de leads; técnica de copywriting; gatilhos mentais; Inbound marketing......................... 286 10. Ética e conduta profissional em vendas....................................................................................................................................... 292 11. Padrões de qualidade no atendimento aos clientes.......................................................................................................... 293 12. Utilização de canais remotos para vendas. Telemarketing................................................................................................. 295 13. Comportamento do consumidor e sua relação com vendas e negociação........................................................................ 296 14. Política de Relacionamento com o Cliente: Resolução n°. 4.539 de 24 de novembro de 2016................................................... 298 15. Resolução CMN nº 4.860, de 23 de outubro de 2020 que dispõe sobre a constituição e o funcionamento de componente organizacional de ouvidoria pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil....................................................................................................................................................................................... 300 16. Resolução CMN nº 3.694/2009 e alterações...................................................................................................................... 303 17. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência): Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015.............................................................................................................................................................................. 305 18. Código de Proteção e Defesa do Consumidor: Lei nº 8.078/1990 (versão atualizada)................................................................ 323 LÍNGUA PORTUGUESA Tipos textuais COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali- TIPOLOGIA TEXTUAL dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação. tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi- importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o cas: texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido completo. Apresenta um enredo, com ações e A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e relações entre personagens, que ocorre de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- em determinados espaço e tempo. É ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua TEXTO NARRATIVO contado por um narrador, e se estrutura interpretação. da seguinte maneira: apresentação > A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do desenvolvimento > clímax > desfecho conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender determinado ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a tório do leitor. DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos. Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução > é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- desenvolvimento > conclusão. suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido Procura expor ideias, sem a necessidade de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar de defender algum ponto de vista. Para expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. isso, usa-se comparações, informações, TEXTO EXPOSITIVO definições, conceitualizações etc. A Dicas práticas estrutura segue a do texto dissertativo- 1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- argumentativo. ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- Expõe acontecimentos, lugares, pessoas, rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, de modo que sua finalidade é descrever, adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. 2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca Com isso, é um texto rico em adjetivos e por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- em verbos de ligação. cidas. 3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- Oferece instruções, com o objetivo de te de referências e datas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica 4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de são os verbos no modo imperativo. opiniões. 5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- Gêneros textuais tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe- acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, quando afirma que... podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as- Tipologia Textual sim como a própria língua e a comunicação, no geral. A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- Alguns exemplos de gêneros textuais: dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele Artigo pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas Bilhete classificações. Bula Carta Conto Crônica E-mail 7 LÍNGUA PORTUGUESA Lista Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: Manual A é igual a B. Notícia A é igual a C. Poema Então: C é igual a B. Propaganda Receita culinária Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, Resenha que C é igual a A. Seminário Outro exemplo: Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Todo ruminante é um mamífero. determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- A vaca é um ruminante. to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, Logo, a vaca é um mamífero. por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- dade e à função social de cada texto analisado. Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão também será verdadeira. ARGUMENTAÇÃO No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve- informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo- ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo- convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido texto diz e faça o que ele propõe. e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos. tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase vista defendidos. impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a entender bem como eles funcionam. veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer de linguagem. um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas Para compreender claramente o que é um argumento, é bom que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos escolher entre duas ou mais coisas”. Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito, Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher valorizado ou desvalorizado numa dada cultura. entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. Tipos de Argumento O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor argumento. Exemplo: crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. Argumento de Autoridade O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, enunciador está propondo. para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não verdadeira. Exemplo: dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” apenas do encadeamento de premissas e conclusões. 8 LÍNGUA PORTUGUESA Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade conhecimento. Nunca o inverso. provável. Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente Alex José Periscinoto. aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. indevidas. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que é verdade. Argumento do Atributo É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas Argumento de Quantidade daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior que é mais grosseiro, etc. duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de largo uso do argumento de quantidade. beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos Argumento do Consenso da celebridade. É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se Uma variante do argumento de atributo é o argumento da em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como competência linguística. A utilização da variante culta e formal verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do frases carentes de qualquer base científica. médico: - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em Argumento de Existência conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar por bem determinar o internamento do governador pelo período aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no mão do que dois voando”. hospital por três dias. Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas Como dissemos antes, todo texto tem uma função concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa. ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um navios, etc., ganhava credibilidade. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. Argumento quase lógico O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios não outras, etc. Veja: lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, trocavam abraços afetuosos.” plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. 9 LÍNGUA PORTUGUESA Além dos defeitos de argumentação mencionados quando a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, vista. pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. meio ambiente, injustiça, corrupção). Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, o argumento. essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e desenvolver as seguintes habilidades: atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, totalmente contrária; uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os outros à sua dependência política e econômica”. argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria contra a argumentação proposta; A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação - refutação: argumentos e razões contra a argumentação concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos oposta. na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o assunto, etc). A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, Convém ainda alertar que não se convence ninguém com argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo válidas, como se procede no método dialético. O método dialético mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros sociedade. termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar, a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os um processo de convencimento, por meio da argumentação, no seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu dedução. pensamento e seu comportamento. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não da verdade: válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, - evidência; chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a - divisão ou análise; inflexão de voz, a mímica e até o choro. - ordem ou dedução; Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, - enumeração. expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, A forma de argumentação mais empregada na redação ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, 10 LÍNGUA PORTUGUESA que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores; alguns não caracteriza a universalidade. nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete- Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A (silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se sentimentos não ditados pela razão. em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa existem outros métodos particulares de algumas ciências, que para o efeito. Exemplo: adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A Fulano é homem (premissa menor = particular) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos Logo, Fulano é mortal (conclusão) sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a pesquisa. A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, O calor dilata o ferro (particular) que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém O calor dilata o bronze (particular) reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu O calor dilata o cobre (particular) o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria O ferro, o bronze, o cobre são metais todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, Logo, o calor dilata metais (geral, universal) seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria reconstruído. Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe ser assim relacionadas: má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de - Lógico, concordo. abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha - Você perdeu um brilhante de 40 quilates? dos elementos que farão parte do texto. - Claro que não! Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou - Então você possui um brilhante de 40 quilates... informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e Exemplos de sofismas: experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos Dedução constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou Todo professor tem um diploma (geral, universal) fenômeno. Fulano tem um diploma (particular) A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se Indução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. análise é decomposição e classificação é hierarquisação. (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores – conclusão falsa) são empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, 11 LÍNGUA PORTUGUESA gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, características comuns e diferenciadoras. A classificação dos p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: artificial. - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, ou instalação”; sabiá, torradeira. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui Os elementos desta lista foram classificados por ordem definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou expandida;d decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as classificação. A elaboração do plano compreende a classificação diferenças). das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) As definições dos dicionários de língua são feitas por meio Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara palavra e seus significados. e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada os pontos de vista sobre ele. com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias fundamentação coerente e adequada. de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar - o termo a ser definido; se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e - o gênero ou espécie; adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso - a diferença específica. é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que O que distingue o termo definido de outros elementos da o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e mesma espécie. Exemplo: a conclusão. Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Elemento especiediferença de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns a ser definidoespecífica nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, É muito comum formular definições de maneira defeituosa, acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. 12 LÍNGUA PORTUGUESA Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, argumentação: segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o assim, desse ponto de vista. cordeiro”; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são verdadeira; frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, universalidade da afirmação; respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no autoridade que contrariam a afirmação apresentada; interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois menos que, melhor que, pior que. baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao para a elaboração de um Plano de Redação. fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tecnológica tem mais caráter confirmatório que comprobatório. - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido resposta, justificar, criando um argumento básico; por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e Nesse caso, incluem-se construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la mortal, aspira à imortalidade); (rever tipos de argumentação); - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias postulados e axiomas); que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria consequência); razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda argumento básico; que parece absurdo). - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados argumento básico; concretos, estatísticos ou documentais. - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. menos a seguinte: Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, 13 LÍNGUA PORTUGUESA Introdução expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que - função social da ciência e da tecnologia; já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los - definições de ciência e tecnologia; ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido Desenvolvimento ou lido. - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvolvimento tecnológico; Tipos de Intertextualidade - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as A intertextualidade acontece quando há uma referência condições de vida no mundo atual; explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a países subdesenvolvidos; intertextualidade. - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um passado; apontar semelhanças e diferenças; diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. urbanos; Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, mais a sociedade. reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Conclusão - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros consequências maléficas; textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. apresentados. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com redação: é um dos possíveis. esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela é inserida. A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 textos caracterizada por um citar o outro. a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação diferentes. Assim, como você constatou, uma história em sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como termo “citação” (citare) significa convocar. um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode mencionar um provérbio conhecido. A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao Pastiche é uma recorrência a um gênero. ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, a recriação de um texto. desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos 14 LÍNGUA PORTUGUESA Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história comum ao produtor e ao receptor de textos. é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de acompanhando a leitura não fique confuso. remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função estrutura e organização do texto e dos parágrafos daquela citação ou alusão em questão. São três os elementos essenciais para a composição de um tex- to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita cada uma de forma isolada a seguir: A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, Introdução ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial. A intertextualidade explícita: – é facilmente identificada pelos leitores; Desenvolvimento – estabelece uma relação direta com o texto fonte; Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O – apresenta elementos que identificam o texto fonte; desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a – não exige que haja dedução por parte do leitor; conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio- – apenas apela à compreensão do conteúdos. namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina- lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. A intertextualidade implícita: Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap- – não é facilmente identificada pelos leitores; tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão. – não estabelece uma relação direta com o texto fonte; – não apresenta elementos que identificam o texto fonte; São três principais erros que podem ser cometidos na elabora- – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por ção do desenvolvimento: parte dos leitores; - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial. – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros. a compreensão do conteúdo. - Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las, dificultando a linha de compreensão do leitor. PONTO DE VISTA O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes Conclusão sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen- de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen- compreende a perspectiva através da qual se conta a história. tos levantados pelo autor. Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma “Concluindo...”, “Em conclusão,...”, “Como já dissemos antes...”. narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-observador e o narrador-personagem. Parágrafo Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem Primeira pessoa esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto conter introdução, desenvolvimento e conclusão. de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo sintética de acordo com os objetivos do autor. também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili- vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e dade na discussão. só descobrimos ao decorrer da história. - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos- tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los. Segunda pessoa O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução, diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se desenvolvimento e conclusão): sinta quase como outro personagem que participa da história. “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Terceira pessoa Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico- observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem caos. ” disse. (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações) 15 LÍNGUA PORTUGUESA Elemento relacionador: Nesse contexto. Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha. Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Conclusão: Enfim, viveremos o caos. ORTOGRAFIA OFICIAL. A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana- lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também faz aumentar o vocabulário do leitor. Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento! Alfabeto O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras). Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional. Uso do “X” Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH: Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar) Depois de ditongos (ex: caixa) Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá) Uso do “S” ou “Z” Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas: Depois de ditongos (ex: coisa) Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha) Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa) Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso) Uso do “S”, “SS”, “Ç” “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão) “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo) “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela) Os diferentes porquês POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo” PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois” O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação, POR QUÊ exclamação, ponto final) PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome Parônimos e homônimos As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos. Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). 16 LÍNGUA PORTUGUESA ACENTUAÇÃO GRÁFICA. A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~). Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações (ex: Müller, mülleriano). Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi- dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante. A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica, como mostrado abaixo: OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café) PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel) PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada) As demais sílabas, pronunciadas de maneira ma

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