Ações de Fisioterapia, Políticas e Programas de Saúde PDF
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Este documento descreve políticas e programas de saúde no Brasil, focando no Sistema Único de Saúde (SUS). Aborda o papel do fisioterapeuta na comunidade e em programas como Atenção Domiciliar e Práticas Integrativas e Complementares. O texto inclui informações sobre os determinantes sociais de saúde e a participação da comunidade no sistema de saúde.
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DESCRIÇÃO Políticas e programas de saúde, Programa Melhor em Casa – Serviço de Atenção Domiciliar, teleatendimento de Fisioterapia com cuidadores na Atenção Domiciliar, Fisioterapia e Práticas Integrativas e Complementares (PICs). PROPÓSITO Compreender o conceito e a origem de algumas políticas e p...
DESCRIÇÃO Políticas e programas de saúde, Programa Melhor em Casa – Serviço de Atenção Domiciliar, teleatendimento de Fisioterapia com cuidadores na Atenção Domiciliar, Fisioterapia e Práticas Integrativas e Complementares (PICs). PROPÓSITO Compreender o conceito e a origem de algumas políticas e programas de saúde pública e sua relação com as intervenções da Fisioterapia. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o estudo deste tema, acesse: O site do Sistema Único de Saúde (SUS) O PDF de Memórias da Saúde da Família no Brasil A Política Nacional de Atenção Básica OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar políticas e programas de saúde pública MÓDULO 2 Reconhecer o papel da Fisioterapia junto à comunidade no programa Melhor em Casa – Serviço de Atenção Domiciliar MÓDULO 3 Descrever o teleatendimento de Fisioterapia junto à família e aos cuidadores na Atenção Domiciliar MÓDULO 4 Formular estratégias de intervenção fisioterapêutica com base nas Práticas Integrativas e Complementares (PICs) na saúde pública e privada INTRODUÇÃO Neste tema, teremos a oportunidade de conhecer algumas políticas e programas de saúde pública que estão relacionadas ao exercício profissional pleno de intervenção fisioterapêutica dentro da equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF). VOCÊ SABIA O fisioterapeuta atua junto ao Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e isso o possibilita criar e executar intervenções junto a vários Programas de Saúde Pública do governo. Abordaremos a atuação do fisioterapeuta, de formas presencial ou remota (teleatendimento), no Programa Melhor em Casa – no serviço de Atenção Domiciliar. Com isso, temos o objetivo de prestar suporte ao paciente e a sua família com orientações e intervenções em todos os níveis de complexidade de atenção à saúde. Além disso, teremos a oportunidade de conhecer as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) aplicadas na saúde pública e privada. Vale salientar que muitas dessas práticas são contempladas nas intervenções fisioterapêuticas em sua atuação profissional, de forma individual e/ou coletiva. MÓDULO 1 Identificar políticas e programas de saúde pública SUS E DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE Vamos conhecer as políticas e os programas de saúde? Para isso, temos de entender conceitos importantes. Fonte: Shutterstock.com No Brasil, o direto à saúde é viabilizado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) que deve ser universal, integral e gratuito. O SUS é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso para toda a população do país. E como isso é organizado? Algum tempo atrás, a saúde era encarada apenas como a ausência de doenças. Isso nos trouxe um legado de desigualdade, insatisfação dos usuários, exclusão, baixa qualidade e falta de comprometimento profissional. No entanto, este conceito de saúde foi ampliado. Podemos definir como elementos condicionantes da saúde: MEIO FÍSICO Condições geográficas, água, alimentação, habitação, entre outros MEIO SOCIOECONÔMICO E CULTURAL Emprego, renda, educação, hábitos, entre outros Garantia de acesso aos serviços de saúde responsáveis pela promoção, proteção e recuperação da saúde Vemos que, de acordo com a nova concepção de saúde, os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país. Vejam na figura que traz os Determinantes Sociais de Saúde: Fonte: Adaptado de DAHLGREN, WHITEHEAD, 2006 Determinantes Sociais de Saúde. Juntamente com o conceito ampliado de saúde, o SUS traz consigo dois outros conceitos fundamentais: o de sistema e a ideia de unicidade. ATENÇÃO A ideia de sistema significa um conjunto de várias instituições, dos três níveis de governo – federal, estadual e municipal - e do setor privado contratado e conveniado, que interagem para um fim comum. Já na lógica de sistema público, os serviços contratados e conveniados seguem os mesmos princípios e as mesmas normas do serviço público. Todos os elementos que integram o sistema referem-se ao mesmo tempo às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. Em todo o país, o SUS deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de organização, pois assim foi definido como único na Constituição. Estamos falando de um conjunto de elementos doutrinários e de organização do sistema de saúde, os princípios da universalização, da equidade, da integralidade, da descentralização e da participação popular. Vejamos com atenção a Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990, que trata no capítulo II, os Princípios e Diretrizes do SUS: ART. 7º AS AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE E OS SERVIÇOS PRIVADOS CONTRATADOS OU CONVENIADOS QUE INTEGRAM O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) SÃO DESENVOLVIDOS DE ACORDO COM AS DIRETRIZES PREVISTAS NO ART. 198 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, OBEDECENDO AINDA AOS SEGUINTES PRINCÍPIOS: I - UNIVERSALIDADE ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM TODOS OS NÍVEIS DE ASSISTÊNCIA; II – INTEGRALIDADE ASSISTÊNCIA, ENTENDIDA COMO CONJUNTO ARTICULADO E CONTÍNUO DAS AÇÕES E SERVIÇOS PREVENTIVOS E CURATIVOS, INDIVIDUAIS E COLETIVOS, EXIGIDOS PARA CADA CASO EM TODOS OS NÍVEIS DE COMPLEXIDADE DO SISTEMA; III - PRESERVAÇÃO DA AUTONOMIA DAS PESSOAS NA DEFESA DE SUA INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL; IV - IGUALDADE DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE, SEM PRECONCEITOS OU PRIVILÉGIOS DE QUALQUER ESPÉCIE; V - DIREITO À INFORMAÇÃO, ÀS PESSOAS ASSISTIDAS, SOBRE SUA SAÚDE; VI - DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES QUANTO AO POTENCIAL DOS SERVIÇOS DE SAÚDE E A SUA UTILIZAÇÃO PELO USUÁRIO; VII - UTILIZAÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA PARA O ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES, A ALOCAÇÃO DE RECURSOS E A ORIENTAÇÃO PROGRAMÁTICA; VIII - PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE; IX - DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, COM DIREÇÃO ÚNICA EM CADA ESFERA DE GOVERNO: A) ÊNFASE NA DESCENTRALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PARA OS MUNICÍPIOS; B) REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DA REDE DE SERVIÇOS DE SAÚDE; X - INTEGRAÇÃO EM NÍVEL EXECUTIVO DAS AÇÕES DE SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SANEAMENTO BÁSICO; XI - CONJUGAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS, TECNOLÓGICOS, MATERIAIS E HUMANOS DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA POPULAÇÃO; XII - CAPACIDADE DE RESOLUÇÃO DOS SERVIÇOS EM TODOS OS NÍVEIS DE ASSISTÊNCIA; E XIII - ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE MODO A EVITAR DUPLICIDADE DE MEIOS PARA FINS IDÊNTICOS. (BRASIL, 1990) VOCÊ SABIA O SUS atende gratuitamente pessoas de baixa, média e alta renda, caso procurem os serviços. O SUS também atende estrangeiros que estejam residindo ou de passagem no Brasil sem qualquer cobrança de tarifas. Uma das principais propriedades do SUS é a união dos Poderes Executivos - Federal, Estadual e Municipal - pela direção e gerência do sistema, de modo que temos serviços oferecidos pelos três níveis em todo o Brasil. Assim, cria-se uma organização centralizada para a gestão do sistema, gerida pelo Ministério da Saúde, mas há uma descentralização dessa gestão nas pontas do sistema, que ficam sob a gestão das secretarias estaduais e municipais de saúde. Fonte: Shutterstock.com COMENTÁRIO O sistema em si e todas as leis e diretrizes que o regem são excelentes. O SUS é necessário, deve sempre existir e deve ser considerado uma referência em gestão da saúde. Fonte: Shutterstock.com Igualdade e equidade. Assim como os outros serviços públicos essenciais em nosso país (educação, saneamento e segurança), o Sistema Único de Saúde enfrenta diversos problemas. Os problemas que o circundam são principalmente de ordem financeira e de má gestão e, com isso, fazem com que o serviço prestado seja insuficiente. Há falta de profissionais de saúde atuando no Brasil pelo SUS, em especial, nas regiões periféricas das grandes cidades ou em pequenas cidades, em geral, de população mais pobre. O conceito ampliado de saúde, já apresentado, garantido na Constituição Federal de 1988, nos trouxe a necessidade de criar políticas públicas para promovê-la. É através delas que o direito à saúde é colocado em prática. Vejamos, inicialmente, o conceito ampliado de saúde, na Constituição Brasileira de 1988, seção II, nos artigos 196, 197, 198 e 199. Na verdade, abordam o conceito de saúde na perspectiva política, econômica e social: A SAÚDE É UM DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO, GARANTIDO MEDIANTE MEDIDAS POLÍTICAS, SOCIAIS E ECONÔMICAS QUE VISEM À REDUÇÃO DO RISCO DE DOENÇA E DE AGRAVOS E AO ACESSO UNIVERSAL E IGUALITÁRIO ÀS AÇÕES E SERVIÇOS PARA A SUA PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO. (BRASIL, 1988) POLÍTICAS E PROGRAMAS DE SAÚDE DO SUS As políticas públicas de saúde são programas e ações feitas pelo governo com a função de colocar em prática os serviços de saúde previstos na lei. De forma mais didática, as políticas públicas, por definição, são conjuntos de programas, ações e decisões que devem ser efetuadas pelos governos nacional, estadual ou municipal e que afetam todos os cidadãos, de todas as escolaridades, independente de sexo, cor, religião ou classe social. ATENÇÃO Há um conjunto de etapas para que uma política pública seja colocada em prática. Esse processo se chama ciclo de políticas públicas. Temos que salientar que essa construção das políticas públicas de saúde deverá ser uma construção com a participação de todos. A participação social na construção desse sistema e das políticas de saúde é muito importante para garantir ações saudáveis para a população. Essa participação direta ou indireta da sociedade visa assegurar um direto a determinado serviço, ação ou programa. DICA Participem e busquem informações em seu município! Procurem estar presentes nos espaços que discutem saúde! É fundamental a participação dos cidadãos para que as necessidades da sociedade sejam supridas e, para isso, existem as políticas públicas. Eles devem se fazer presentes no processo de escolha, dando a sua opinião. Essa participação pode ser de diversas maneiras, dependendo da esfera de governo. Uma sugestão: Procurem saber quando se encontram os conselheiros do Conselho Municipal de Saúde e participem de uma reunião. Essas reuniões são abertas ao público. Sua participação é fundamental para mudanças na saúde de sua comunidade. O Brasil possui várias políticas públicas para a saúde da população. A criação do SUS foi a mais importante delas. Na verdade, é o maior projeto de política pública de saúde do país. O SUS tem muitas divisões internas, e isso possibilita o importante objetivo de atender situações específicas de saúde. Veja alguns exemplos: Atenção à saúde indígena Atendimento e internação domiciliar Acompanhamento durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato Bancos de sangue Rede de atenção psicossocial Programa saúde na escola Programa de saúde da família Política nacional de saúde bucal Programa nacional de imunizações Programa farmácia popular Além desses, o SUS tem outros programas. Podemos citar alguns específicos de atendimento de saúde para os idosos, os diabéticos, atendimento de nutrição, hipertensão, saúde da mulher, combate ao fumo e saúde dos presos, entre vários outros. Como o fisioterapeuta pode estar presente? Reflita sobre os programas e se enxergue como futuro profissional nesse contexto. POLÍTICAS E PROGRAMAS DE SAÚDE DO SUS VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ENADE, 2007) DE ACORDO COM A DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA, PROMULGADA EM 1978, NO ENCERRAMENTO DA CONFERÊNCIA DE ALMA-ATA (OMS), AS AÇÕES PRIMÁRIAS DE SAÚDE PRESSUPÕEM A PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO EM SEU PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, EXECUÇÃO E CONTROLE. UMA DAS DIRETRIZES DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, EM CONCORDÂNCIA COM ESTE PRINCÍPIO, É A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE, OU SEJA, O EXERCÍCIO DO CONTROLE SOCIAL SOBRE AS ATIVIDADES E OS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE. COM BASE NO TEXTO ACIMA, NAS DIRETRIZES DO SUS E NO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO, PODE-SE AFIRMAR QUE: A) Embora seja uma diretriz constitucional, a participação da comunidade no Sistema de Saúde ainda não foi implantada no Brasil devido à dificuldade de acesso à saúde. B) Embora seja uma diretriz constitucional, a participação da comunidade no Sistema de Saúde ainda não foi implantada no Brasil, devido às dificuldades de financiamento. C) A participação da comunidade no Sistema de Saúde ocorre de fato, e é feita através das estratégias do Programa de Saúde da Família. D) A participação da comunidade no Sistema de Saúde ocorre de fato, e suas atividades de organização, execução e controle são direcionadas apenas para as ações de promoção da saúde. E) A participação da comunidade ocorre de fato, e é feita por meio das Conferências e Conselhos de Saúde, nos níveis nacional, estadual, municipal e distrital. 2. UM PROGRAMA DE SAÚDE É UM CONJUNTO DE AÇÕES IMPLEMENTADAS POR UM GOVERNO COM O OBJETIVO DE MELHORAR AS CONDIÇÕES DE SAÚDE DA POPULAÇÃO. É ATRAVÉS DO PROGRAMA QUE AS AUTORIDADES PROMOVEM CAMPANHAS DE PREVENÇÃO E GARANTEM O ACESSO DEMOCRÁTICO ÀS UNIDADES DE SAÚDE. LEIA AS AFIRMATIVAS A SEGUIR: I. O PROGRAMA DE SAÚDE É UM INSTRUMENTO PARA PÔR EM PRÁTICA AS POLÍTICAS DE SAÚDE. II. O PROGRAMA DE SAÚDE SE ORGANIZA PELO PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DE AÇÕES DE PROMOÇÃO, PREVENÇÃO, TRATAMENTO (CUIDADOS) E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE. III. OS PROGRAMAS DE SAÚDE SÃO ESPAÇOS FÍSICOS PODEROSOS E ESTÃO RELACIONADOS A TODAS AS ESFERAS DE PODER E A UMA DIVERSIDADE DE TEMÁTICAS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE. ESTÃO CORRETAS AS AFIRMATIVAS: A) I e III B) I e II C) Somente II D) Somente I E) I, II e III GABARITO 1. (ENADE, 2007) De acordo com a Declaração de Alma-Ata, promulgada em 1978, no encerramento da Conferência de Alma-Ata (OMS), as ações primárias de saúde pressupõem a participação da população em seu planejamento, organização, execução e controle. Uma das Diretrizes do Sistema Único de Saúde, em concordância com este princípio, é a participação da comunidade, ou seja, o exercício do controle social sobre as atividades e os serviços públicos de saúde. Com base no texto acima, nas Diretrizes do SUS e no funcionamento do Sistema de Saúde brasileiro, pode-se afirmar que: A alternativa "E " está correta. O SUS afirma em suas diretrizes que a participação popular existe por meio das Conferências e Conselhos de Saúde, nos níveis nacional, estadual, municipal e distrital, e não pelo Programa de Saúde da Família. 2. Um programa de saúde é um conjunto de ações implementadas por um governo com o objetivo de melhorar as condições de saúde da população. É através do programa que as autoridades promovem campanhas de prevenção e garantem o acesso democrático às unidades de saúde. Leia as afirmativas a seguir: I. O programa de saúde é um instrumento para pôr em prática as políticas de saúde. II. O programa de saúde se organiza pelo planejamento, execução e avaliação de ações de promoção, prevenção, tratamento (cuidados) e recuperação da saúde. III. Os programas de saúde são espaços físicos poderosos e estão relacionados a todas as esferas de poder e a uma diversidade de temáticas na área de educação e saúde. Estão corretas as afirmativas: A alternativa "B " está correta. Um programa de saúde consta de diversas partes. Primeiramente, é preparada uma introdução, com os antecedentes e a missão que será cumprida pelo programa. Depois, é realizado um diagnóstico da situação atual, o qual pode incluir uma síntese de avaliação de planos similares que tenham sido anteriormente implementados. Não se restringem a espaços físicos. MÓDULO 2 Reconhecer o papel da Fisioterapia junto à comunidade no programa Melhor em Casa – Serviço de Atenção Domiciliar PROGRAMA MELHOR EM CASA Inicialmente, vale lembrar que o SUS fez 30 anos de existência em 2020 e, ao longo desses anos, muitas mudanças ocorreram. Mudanças essas em decorrência de várias necessidades de saúde, com um olhar cada vez mais apurado para os grupos etários diversos da população brasileira. Pensemos nas diversas regiões que têm o nosso país e suas particularidades. ATIVIDADE DE REFLEXÃO DISCURSIVA A DEMANDA DE ATENDIMENTOS VEM CRESCENDO. UMA POPULAÇÃO CADA VEZ MAIS IDOSA NO BRASIL E O CRESCIMENTO DO NÚMERO DE PESSOAS COM DOENÇAS CRÔNICAS DEGENERATIVAS OU PORTADORAS DE INCAPACIDADES FUNCIONAIS EM DECORRÊNCIA DE DOENÇAS OU ACIDENTES, LEVOU À CRIAÇÃO DO PROGRAMA MELHOR EM CASA – SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR (AD). VOCÊ CONHECE ESSE PROGRAMA? RESPOSTA Esse programa surgiu para resolver as questões acima citadas, assim como a dificuldade de acesso aos serviços de saúde em vários municípios do país. O Programa Melhor em Casa é um serviço indicado para pessoas que apresentam dificuldades temporárias ou definitivas para sair de casa e chegar a uma unidade de saúde para atendimento. Ele foi criado para atendimento de pessoas onde a Atenção Domiciliar (AD) é a mais indicada para o seu tratamento. A Atenção Domiciliar (AD) visa levar ao paciente um cuidado próximo da rotina de sua família, evitando, com isso, hospitalizações desnecessárias. Como resultado, temos a diminuição do risco de infecções, além de o paciente estar em sua casa na presença de seus familiares, o que contribui para sua saúde geral - biopsicossocial. Sobre a Atenção Domiciliar do Programa Melhor em Casa, a Portaria nº 963, de 27 de maio de 2013, destaca: Fonte: Site da Prefeitura de Marília (SP) Programa Melhor em Casa. ATENÇÃO DOMICILIAR COMO UMA NOVA MODALIDADE DE ATENÇÃO À SAÚDE, SUBSTITUTIVA OU COMPLEMENTAR ÀS JÁ EXISTENTES, CARACTERIZADA POR UM CONJUNTO DE AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS E REABILITAÇÃO PRESTADAS EM DOMICÍLIO, COM GARANTIA DE CONTINUIDADE DE CUIDADOS E INTEGRADA ÀS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE. (BRASIL, 2013) Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013), define-se Atenção Domiciliar (AD) como modalidade de atenção à saúde prestada em domicílio. Ela é caracterizada por um conjunto de ações, desde a promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças, até a reabilitação e cuidados paliativos. O atendimento é realizado por equipes de profissionais de forma multidisciplinar. Essas equipes são formadas prioritariamente por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta e/ou assistente social. Fonte: Shutterstock.com Outros profissionais poderão compor as equipes de apoio - fonoaudiólogo, nutricionista, odontólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional e farmacêutico. VOCÊ SABIA Cada equipe poderá atender, em média, 60 pacientes, simultaneamente. Alguns são atendidos somente uma vez na semana, outros mais de uma vez na semana, chegando a ser atendido diariamente. Tudo isso depende da necessidade de suporte para o paciente e sua família. MODALIDADES DA ATENÇÃO DOMICILIAR NO MELHOR EM CASA Vejamos então, as modalidades do atendimento de Atenção Domiciliar: MODALIDADES AD1 Atenção Básica - pacientes que possuam problemas de saúde controlados/compensados, com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde; que necessitem de cuidados de menor intensidade, incluídos os de recuperação nutricional, de menor frequência de visitas, com menor necessidade de recursos de saúde e dentro da capacidade de atendimento de todos os tipos de equipes que compõem a Atenção Básica. MODALIDADE AD2 Melhor em Casa (SAD) – atendimentos a usuários que possuam problemas de saúde e dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde, que necessitem de maior frequência de cuidado, recursos de saúde e acompanhamento contínuo, podendo ser oriundos de diferentes serviços da rede de atenção, com necessidade de frequência e intensidade de cuidados maior que a capacidade da rede básica. MODALIDADE AD3 Usuários semelhantes aos da AD2, mas que façam uso de equipamentos específicos, como, por exemplo, pacientes renais crônicos em diálise peritoneal ou pacientes que necessitem do uso de oxigenioterapia. São pacientes de maior complexidade que, dificilmente, terão alta dos cuidados domiciliares. Verifica-se que é uma atividade que se constrói fora do espaço hospitalar e dos ambulatórios de especialidades, promovendo, um atendimento mais humanizado e personalizado. Assim, é possível maior rapidez na recuperação dos pacientes, maior autonomia e otimização dos leitos hospitalares. Com isso, temos a possibilidade de liberação de leitos e recursos hospitalares. O serviço de AD a usuários acamados ou domiciliados foi uma solução para a sobrecarga das internações e atendimentos nas portas de urgência. Outro motivo para enfatizarmos o Programa Melhor em Casa é de ser um novo paradigma que discute e busca a humanização do cuidado, a ampliação da qualidade e a resolutividade produzidas por esse tipo de abordagem em saúde. A Atenção Domiciliar potencializa o resgate dos princípios doutrinários do SUS (integralidade – universalidade – equidade), que vimos no início dessa apresentação. Deve ser assumida como prática centrada na pessoa enquanto sujeito do seu processo de saúde-doença. ATENÇÃO A humanização é a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no processo de produção de saúde. Valorizar a todos é fundamental. É oportunizar uma maior autonomia e a ampliação da capacidade de transformar a realidade em que vivem. Com isso, criam-se vínculos solidários, com maior participação coletiva nos processos da gestão e produção de saúde. Faz-se necessária uma responsabilidade compartilhada, pois todos terão voz e direitos e deveres. FUNDAMENTOS DA ATENÇÃO DOMICILIAR Para nortear a Atenção Domiciliar, vale a pena conhecer seus fundamentos: ABORDAGEM INTEGRAL À FAMÍLIA Ter uma visão ética compromissada com o respeito e a individualidade. Abordar de forma integral a pessoa em seu contexto socioeconômico e cultural e conceber o indivíduo como sujeito social capaz de traçar projetos próprios, de forma dinâmica nos rumos de sua vida cotidiana. Ao profissional de saúde que se insere na dinâmica da vida familiar, cabe uma atitude de respeito e valorização das características próprias daquele convívio humano junto a sua família em seu espaço social privado e doméstico. CONSENTIMENTO DA FAMÍLIA, PARTICIPAÇÃO DO USUÁRIO E EXISTÊNCIA DO CUIDADOR A primeira condição para que ocorra a AD é o consentimento da família para a existência de um cuidador. Recomenda-se que toda família esteja ciente do processo de cuidar da pessoa assistida, comprometendo-se junto com a equipe na realização das atividades orientadas pelos profissionais. TRABALHO EM EQUIPE E INTERDISCIPLINARIDADE Para impactar sobre os diversos fatores que interferem no processo saúde-doença, é importante que a AD esteja pautada em uma equipe multiprofissional e com prática de ações interdisciplinares. ESTÍMULO A REDES DE SOLIDARIEDADE Deve haver um estímulo à estruturação de redes de solidariedade em defesa da vida. Importante articular a participação local da sociedade civil organizada (ONGs, movimentos sociais, grupos de voluntários, associações, igrejas etc.) (SAVASSI, 2016). O usuário, sua família e comunidade devem participar ativamente, junto à equipe de profissionais de saúde, em seu processo saúde–doença. Isso faz parte da conquista da saúde como direito de cidadania. É fundamental investir no empoderamento de sujeitos sociais, pois com isso, se reordena as relações de poder, tornam as relações mais democráticas e inclusivas. Uma peça importante na Atenção Domiciliar é o cuidador, uma pessoa que presta os cuidados diretamente, de maneira contínua, podendo ser alguém da família ou não. Caso o indivíduo more sozinho, a equipe de Atenção Básica deve tentar resgatar a família dele. RECOMENDAÇÃO Na ausência da família, deverá localizar pessoas na comunidade para a realização do cuidado, formando uma rede participativa no processo de cuidar. O cuidador deve ser orientado pela equipe de profissionais de saúde nos procedimentos a serem realizados diariamente no próprio domicílio. As atribuições diárias de cuidado devem ser organizadas de forma coletiva com a equipe, a família e o cuidador, distribuindo, saberes, poderes, tarefas e responsabilidades. Fonte: Shutterstock.com Ao cuidador compete as seguintes atribuições: Ajudar no cuidado corporal: cabelo, unhas, pele, barba, banho parcial ou completo, higiene oral e íntima. Estimular e ajudar na alimentação. Ajudar a sair e retornar da cama, mesa, cadeira. Ajudar na locomoção e atividades físicas apoiadas (andar, tomar sol, movimentar as articulações). Participar do tratamento através da observação e das orientações. Fazer mudança de decúbito e massagem de conforto. Servir de elo entre o usuário, a família e a equipe de profissionais de saúde. Administrar medicamentos, exceto em vias parenterais, conforme prescrição. Comunicar à equipe de saúde as intercorrências. Encaminhar solução quando do agravamento do quadro, conforme orientação da equipe. Dar suporte psicológico aos pacientes em Atenção Domiciliar. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA A GESTÃO DO CUIDADO NA AD O vínculo afetivo que se estabelece no ato de cuidar é o mais valoroso. Deve ser aprimorado durante todo o cuidado realizado no domicílio. A pessoa cuidada deve participar ativamente de todo seu processo de saúde–doença como um sujeito ativo, e não apenas como objeto do cuidar. Vejamos os elementos fundamentais para a gestão do cuidado na Atenção Domiciliar: Shutterstock.com ACOLHIMENTO Situações complexas no cotidiano das equipes de saúde são comuns. Podemos citar as características clínicas dos pacientes e, dentre elas, salientar as patologias variadas, a polifarmácia, dentre outras. Ou, também, pelas condições socioeconômicas em que se encontram. O acolhimento expressa uma ação de aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão, de estar verdadeiramente com algo ou alguém. Trata-se de uma diretriz ética, estética e ligada à Política Nacional de Humanização do SUS (BRASIL, 2009b). Implica na realidade, no compromisso coletivo de se envolver com as pessoas, nesse “estar com”, potencializando protagonismos e vida nos diferentes encontros. CLÍNICA AMPLIADA A clínica precisa ser muito mais do que um médico prescrevendo um remédio ou solicitando um exame para comprovar ou não a hipótese de o paciente ter uma determinada doença. As pessoas não são somente as expressões das doenças que trazem consigo. A Clínica Ampliada representa compromisso intenso com o sujeito doente, visto de modo singular, isto é, cada um com sua história e suas características. Uma escuta qualificada e atenciosa ajuda à pessoa e à família a entender a doença, relacioná-la com a vida e, com isso, evitar atitudes passivas. Lembrando que todos devem participar do processo saúde-doença do indivíduo. Shutterstock.com Shutterstock.com APOIO MATRICIAL A troca de informações facilita as ações de todos e, com isso, garante a integralidade da atenção na saúde. Em vez das pessoas se responsabilizarem por atividades e procedimentos (geralmente, uma responsabilidade quantitativa), o que se busca é construir a responsabilidade de pessoas por pessoas. O “profissional ou equipe de referência” é aquele profissional com a responsabilidade pela condução do caso individual, familiar ou comunitário, a exemplo do arranjo adotado na Estratégia Saúde da Família (ESF). É muito comum que o paciente peregrine em busca de assistência em toda a rede quando não existe equipe de referência. Na verdade, isso ocorre porque a responsabilidade acaba sendo de todos os profissionais e, ao mesmo tempo, de nenhum. Isso traz sérios problemas. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR O nome Projeto Terapêutico Singular, ou Projeto Terapêutico Individual, como também é conhecido, busca a singularidade – a diferença – como elemento central de articulação junto à saúde, embora, não se esquecendo dos diagnósticos que tendem a igualar os sujeitos e minimizar as diferenças: hipertensos, diabéticos, dentre outros. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR O PTS se desenvolve em quatro momentos: Diagnóstico: Deverá conter uma avaliação física, psicológica e social. Deve tentar entender o que o sujeito faz e o que fizeram dele. Definição de metas: Uma vez que a equipe fez os diagnósticos, cria-se propostas de metas de curto, médio e longo prazo, que serão sempre discutidas e negociadas com o sujeito doente, compartilhando com sua família pelo membro da equipe que tiver o vínculo melhor. Divisão de responsabilidades: É importante definir as tarefas de cada um com clareza. “O combinado nunca sai caro”, como se diz. Reavaliação: Momento em que se discutirá a evolução e se farão as devidas correções de rumo (BRASIL, 2009a). Shutterstock.com FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO DOMICILIAR Acredito que você tenha enxergado o fisioterapeuta em todas essas ações com orientações ao paciente e à família, com os exercícios terapêuticos atuando na recuperação da saúde funcional e, principalmente, junto à equipe de saúde de forma interdisciplinar, organizando e promovendo saúde. O fisioterapeuta, junto com a Atenção Domiciliar, tem contribuído para gerar uma assistência humanizada e com maior sucesso. Além disso, participa ativamente da diminuição dos custos hospitalares e das internações desnecessárias. Vale salientar que, apesar da grande contribuição da Atenção Domiciliar, ainda temos evidências de muitos problemas na sua operacionalização. Podemos citar como exemplo: reconhecer os diferentes pontos de atenção relacionados aos leitos hospitalares, aos ambulatórios de especialidades e em como realizar encaminhamentos, quando necessário. Para que a equipe de saúde possa planejar e organizar a Atenção Domiciliar no contexto da Atenção Primária de Saúde, é necessário realizar o mapa do território com o diagnóstico local de sua população, além de conhecer os pontos de tensionamento e de convivência da região. O diagnóstico das pessoas que vivem neste “território vivo” deve ter suas características atualizadas regularmente em reunião de equipe para avaliação e planejamento territorial. Fonte: Shutterstock.com RECOMENDAÇÃO Toda a equipe, incluindo o fisioterapeuta, deverá ser reunida para apresentação dos dados e do mapeamento, visando o reconhecimento de sua população a ser visitada e a priorização por grau de dependência, necessidade e vulnerabilidade. MELHOR EM CASA VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ENADE - 2007) UM FISIOTERAPEUTA DA EQUIPE DO PSF DE UMA CIDADE DE PORTE MÉDIO DO INTERIOR IDENTIFICOU, EM UMA VISITA DOMICILIAR, UMA PACIENTE DE 78 ANOS COM HISTÓRIA DE QUEDA NA SEMANA ANTERIOR, ACAMADA, COM SINAIS E SINTOMAS DE FRATURA DO QUADRIL DIREITO, QUEIXA DE DOR LOCAL À PALPAÇÃO E À MOVIMENTAÇÃO PASSIVA. APESAR DE UM QUADRO DE FRAGILIDADE FÍSICA, CARACTERIZADO POR PERDA DE PESO NÃO INTENCIONAL, FADIGA AUTORRELATADA E DIMINUIÇÃO DA FORÇA DE PREENSÃO DA MÃO DOMINANTE, A PACIENTE APRESENTAVA CONDIÇÕES COGNITIVAS PRESERVADAS. DADAS AS CONDIÇÕES APRESENTADAS PELA PACIENTE, QUAIS AS CONDUTAS DO FISIOTERAPEUTA MAIS PLAUSÍVEIS E RECOMENDADAS? A) Orientar os familiares da paciente sobre posicionamento no leito, colocação de compressas úmidas quentes no local da dor e exercícios passivos nos membros inferiores. B) Incentivar a compra de uma cadeira de rodas enquanto espera o resultado da aplicação do programa de exercícios terapêuticos. C) Encaminhar o caso para o serviço de assistência social do município, uma vez que se trata de um caso de negligência por parte da família. D) Estabelecer um protocolo de exercícios terapêuticos baseado em movimentos passivos e ativo-assistidos para ser realizado diariamente durante 30 dias. E) Solicitar uma avaliação do paciente por parte dos outros profissionais da equipe para a tomada de decisão sobre os procedimentos do caso clínico da paciente. 2. O FISIOTERAPEUTA JUNTO À ATENÇÃO DOMICILIAR TEM CONTRIBUÍDO PARA GERAR ASSISTÊNCIA MAIS HUMANIZADA, ATENDIMENTOS A USUÁRIOS QUE POSSUAM PROBLEMAS DE SAÚDE E DIFICULDADE OU IMPOSSIBILIDADE FÍSICA DE LOCOMOÇÃO ATÉ UMA UNIDADE DE SAÚDE, QUE NECESSITEM DE MAIOR FREQUÊNCIA DE CUIDADO, RECURSOS DE SAÚDE E ACOMPANHAMENTO CONTÍNUO, COM NECESSIDADE DE FREQUÊNCIA E INTENSIDADE DE CUIDADOS MAIOR QUE A CAPACIDADE DA REDE BÁSICA. QUAL MODALIDADE DE ATENDIMENTO, CUJOS PACIENTES TÊM ESSA CARACTERÍSTICA DE ATENÇÃO? A) AD3 B) AD1 C) AD2 D) AD5 E) AD4 GABARITO 1. (ENADE - 2007) Um Fisioterapeuta da equipe do PSF de uma cidade de porte médio do interior identificou, em uma visita domiciliar, uma paciente de 78 anos com história de queda na semana anterior, acamada, com sinais e sintomas de fratura do quadril direito, queixa de dor local à palpação e à movimentação passiva. Apesar de um quadro de fragilidade física, caracterizado por perda de peso não intencional, fadiga autorrelatada e diminuição da força de preensão da mão dominante, a paciente apresentava condições cognitivas preservadas. Dadas as condições apresentadas pela paciente, quais as condutas do fisioterapeuta mais plausíveis e recomendadas? A alternativa "E " está correta. O fisioterapeuta realiza todas as ações do AD com orientações ao paciente e à família, com exercícios terapêuticos atuando na recuperação da saúde funcional, mas, principalmente, junto à equipe de saúde de forma interdisciplinar, organizando e promovendo saúde. A atuação se dá em equipe, e indicar profissionais para fechamento de um diagnóstico mais fidedigno é fundamental para resgatar a saúde funcional. 2. O fisioterapeuta junto à Atenção Domiciliar tem contribuído para gerar assistência mais humanizada, atendimentos a usuários que possuam problemas de saúde e dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde, que necessitem de maior frequência de cuidado, recursos de saúde e acompanhamento contínuo, com necessidade de frequência e intensidade de cuidados maior que a capacidade da rede básica. Qual modalidade de atendimento, cujos pacientes têm essa característica de atenção? A alternativa "C " está correta. Uma visão ética compromissada com o respeito à individualidade, o Programa Melhor em Casa é um novo paradigma que discute e busca a humanização do cuidado, a ampliação da qualidade e a resolutividade, produzido por esse tipo de abordagem em saúde. A modalidade AD2 – Melhor em Casa (SAD) é onde você tem essa característica de paciente em acompanhamento, com necessidade de frequência e intensidade de cuidados maior que a capacidade da rede básica. MÓDULO 3 Descrever o teleatendimento de Fisioterapia junto à família e aos cuidadores na Atenção Domiciliar O FISIOTERAPEUTA E A ATENÇÃO DOMICILIAR A Fisioterapia quando em Atendimento Domiciliar (AD) é uma aliada para que o paciente possa realizar sua recuperação funcional no conforto de sua casa e junto aos seus familiares. Importante ressaltar que esse tipo de atendimento pode ser feito de forma particular, por convênios (chamado home care) ou de forma gratuita pelo SUS (Programa Melhor em Casa), como exposto anteriormente. Ela possibilita ao paciente gozar de um tratamento fisioterapêutico em um ambiente que ele se sinta confortável. Como vantagem para o paciente, temos maior segurança. O fisioterapeuta consegue promover um tratamento, evitando a reintegração hospitalar, situação que pode ser estressante para muitos pacientes e que aumenta a possibilidade de contrair infecções hospitalares, prejudicando sua recuperação. Fonte: Shutterstock.com SAIBA MAIS Vale salientar que, com o aparecimento do novo coronavírus no ano de 2020, evitar o acesso aos hospitais e aglomerações públicas, que podem ser focos de contágio, torna-se essencial. Ainda, vale lembrar que a maioria dos pacientes que fazem Fisioterapia com atendimento domiciliar está em uma faixa etária mais alta, ou tem doenças crônicas, sendo o atendimento domiciliar uma opção mais segura para a população mais vulnerável. Além disso, podemos citar outros benefícios: CONFIANÇA DO PACIENTE O fisioterapeuta, ao fazer o atendimento domiciliar, tem mais oportunidades para conquistar a confiança dos pacientes, desenvolvendo uma relação mais sólida com a família, conhecendo de forma presencial o contexto familiar. OTIMIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA O objetivo da Fisioterapia no atendimento domiciliar surge para viabilizar e dar continuidade para os tratamentos que podem ter sido iniciados em um ambiente hospitalar. Sendo assim, mesmo após a alta hospitalar, o paciente tem acesso a um tratamento de saúde eficiente e acolhedor, e o hospital pode se encarregar de casos mais específicos, podendo economizar recursos para focar nos casos mais críticos. PROXIMIDADE DA FAMÍLIA O acompanhamento e o suporte da família do paciente é uma etapa importante para o sucesso de um tratamento fisioterapêutico. O apoio familiar pode ser mais íntimo e profundo se a Fisioterapia em atendimento domiciliar é uma alternativa. Sendo assim, os familiares podem se envolver no tratamento, tirar suas dúvidas, cuidar do paciente, além de entender os objetivos do trabalho do profissional de saúde. VOCÊ SABIA Outro ponto positivo é que o fisioterapeuta tem a oportunidade de indicar e orientar exercícios e acessórios da residência que podem ser utilizados no dia a dia, como suporte para o tratamento fisioterapêutico, além de orientações à família, para contribuírem no tratamento, potencializando assim, os resultados. A PANDEMIA DE COVID-19 E O TELEATENDIMENTO Tudo caminhava da melhor forma até o ano de 2020... A Fisioterapia, que tem sua atuação fundamentalmente baseada no toque e exercícios terapêuticos, devido à pandemia da covid-19, no ano de 2020, precisou se reinventar e inovar. Os fisioterapeutas necessitaram se adaptar para manter a atenção e assistência na preservação e recuperação da saúde funcional e bem-estar dos seus pacientes. Isso tudo sem deixar de considerar e respeitar as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) de isolamento e distanciamento social, devido à covid-19. Dessa forma, os atendimentos presenciais ficaram restritos apenas aos casos em que a Fisioterapia fosse essencial à manutenção da vida do paciente. Surge, então, um protagonismo do teleatendimento pela Fisioterapia durante o período de pandemia, seguindo passos iniciados pela medicina. Fonte: Shutterstock.com VOCÊ SABIA A Portaria nº 467/2020, do Ministério da Saúde, ampliou os serviços de telemedicina, contemplando o atendimento pré-clínico de suporte assistencial, consulta, monitoramento e diagnóstico realizado à distância por profissionais da saúde. Ainda de acordo com a portaria, durante o atendimento, os médicos poderão emitir atestados ou receitas médicas em meio eletrônico e a emissão dos documentos a distância será válida, mediante uso de assinatura eletrônica por meio de certificados e chaves emitidos pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), em caráter emergencial, seguindo normas da Portaria citada acima, a partir do dia 23 de março de 2020, autorizou as teleconsultas, as teleconsultorias e o telemonitoramento para a realização das intervenções fisioterapêuticas, devido à pandemia de coronavírus. O atendimento pode ser de forma remota, com usos de tecnologias de informação e conhecimento. O COFFITO, em atenção às recomendações da OMS, e visando levar atendimento de Fisioterapia e Terapia Ocupacional à população e, ao mesmo tempo, assegurar o bem-estar do profissional e do paciente e sua família, autorizou por meio da Resolução nº 516, publicada no Diário Oficial da União no dia 23 de março, o serviço de teleconsulta, teleconsultoria e telemonitoramento. Fonte: Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) Tele atendimento. Veja como funciona: TELECONSULTA - É A CONSULTA CLÍNICA REGISTRADA E REALIZADA PELO FISIOTERAPEUTA OU TERAPEUTA OCUPACIONAL À DISTÂNCIA. TELEMONITORAMENTO – É O ACOMPANHAMENTO À DISTÂNCIA POR MEIO DE DISPOSITIVOS TECNOLÓGICOS DE PACIENTES QUE TENHAM SIDO PREVIAMENTE ATENDIDOS PRESENCIALMENTE. NESTA MODALIDADE, OS PROFISSIONAIS PODERÃO UTILIZAR MÉTODOS SÍNCRONOS E ASSÍNCRONOS, ALÉM DE TEREM AUTONOMIA PARA DECIDIR SOBRE A NECESSIDADE DE ENCONTROS PRESENCIAIS PARA REAVALIAÇÃO E POSSIBILIDADE DE ENCAMINHAMENTO PARA OUTRO PROFISSIONAL. TELECONSULTORIA - É A COMUNICAÇÃO REGISTRADA E REALIZADA ENTRE PROFISSIONAIS, GESTORES E OUTROS INTERESSADOS DA ÁREA DA SAÚDE, FUNDAMENTADA EM EVIDÊNCIAS CLÍNICO-CIENTÍFICAS E EM PROTOCOLOS DISPONIBILIZADOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE E PELAS SECRETARIAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE SAÚDE, VISANDO ESCLARECER DÚVIDAS SOBRE PROCEDIMENTOS CLÍNICOS, AÇÕES DE SAÚDE E QUESTÕES RELATIVAS AO PROCESSO DE TRABALHO (BRASIL, 2020). (BRASIL, 2020) COMENTÁRIO Não há como negar algumas desvantagens do teleatendimento. O exame físico, por exemplo, faz falta. Uma consulta fisioterapêutica, pelo Código de Ética, é considerada quando há a anamnese (entrevista) e exame físico para a conclusão do diagnóstico cinesiológico funcional. Por vídeo, podemos analisar sinais inflamatórios como edema e rubor, mas teremos que questionar sobre temperatura das lesões e dores. Não é o ideal, mas é uma solução para mantermos o isolamento e afastamento social, determinado pela OMS. A principal barreira que o fisioterapeuta enfrenta para prosseguir com os tratamentos é a falta de contato pessoal, importante por conta dos procedimentos fisioterapêuticos manuais. Quanto ao diagnóstico é importante destacar que o fisioterapeuta não apresenta diagnóstico médico, mas sim elabora o diagnóstico fisioterapêutico, denominado diagnóstico cinesiológico funcional. Para isso, é necessário coletar todos os dados possíveis do paciente, que deve incluir sinais vitais verificados, sozinho ou pelo cuidador. Os profissionais da Fisioterapia também utilizam várias escalas para verificação de nível de dor, cansaço, entre outras análises. Vale relembrar que o “fisioterapeuta possui base científica e legal para elaboração do diagnóstico fisioterapêutico e respectivas prescrições, assegurando qualidade assistencial, ética e responsável; sendo garantidas a dignidade e a autonomia plena à profissão, em prol da saúde da população brasileira”. Além disso, temos idosos não familiarizados com as tecnologias de informação, o que dificulta a coleta de informações relevantes na avaliação e orientações de tratamento. Outro desafio do teleatendimento é a questão da remuneração. Como alinhar o Referencial Nacional de Honorários Fisioterapêuticos a essa nova realidade? Fonte: Shutterstock.com Podemos também identificar como ponto positivo a maior possibilidade de entrega do atendimento fisioterapêutico à distância para locais desassistidos e/ou indivíduos em regiões mais remotas. Olhando sob outro ângulo, há uma evolução da tecnologia de informação neste setor. Crescemos em robótica, ampliamos o uso de games educacionais, mas, proporcionalmente, andamos pouco em relação às ferramentas de entrega de serviço fisioterapêutico. O objetivo é conciliar a necessidade da população de isolamento e afastamento social com a prevenção da contaminação da covid-19. Pode ser vista também como uma ferramenta utilizada para suporte de seus pacientes antigos. O atendimento virtual ou teleatendimento pode ser realizado para pacientes independentes ou parcialmente dependentes, que contam com o auxílio de algum cuidador/familiar e que não necessitem de terapias que exijam a presença física do profissional ou de algum recurso específico, no caso da hidroterapia, da terapia manual e da acupuntura, por exemplo. RECOMENDAÇÃO Há a necessidade de cuidados profissionais e éticos em relação ao prontuário de avaliação onde podem constar fotos, imagens e exames complementares desses pacientes. A confidencialidade e sigilo profissional são fundamentais nesse caso, sendo os dados e imagens coletados para possível diagnóstico cinesiológico-funcional, determinação de metas e objetivos a serem alcançadas, prescrição e orientação de tratamento fisioterapêutico. A comunicação eficiente e o domínio de uso de ferramentas digitais são extremamente necessários nessa abordagem. Trazer uma linguagem acessível ao paciente e à família leva ao sucesso na intervenção. Além disso, buscar recursos audiovisuais conhecidos pelos familiares para monitoramento constante do paciente favorece a eficácia na preservação e/ou recuperação funcional. Podemos citar alguns benefícios com os atendimentos remotos: Fonte: Shutterstock.com OTIMIZAÇÃO DO TEMPO O atendimento remoto dispensa deslocamentos físicos, além de o atendimento ter maior foco. Fonte: Shutterstock.com MAIS SEGURANÇA Com o aumento dos casos de covid-19, quanto mais as pessoas mantiverem o distanciamento social, melhor será para a saúde de todos. Em relação à segurança dos dados do paciente, é interessante que o fisioterapeuta invista em plataformas seguras de teleatendimento que garantam que as informações não sejam compartilhadas com terceiros. Fonte: Shutterstock.com REDUÇÃO DE CUSTOS O profissional poderá economizar com diversas despesas, conseguindo otimizar seu fluxo de caixa e direcionar esses recursos para investimentos que visem a capacitação profissional e novas tecnologias. ATIVIDADE DE REFLEXÃO DISCURSIVA PARA QUE TUDO ISSO SEJA POSSÍVEL, TEREMOS QUE LIDAR COM UM INDIVÍDUO APTO A SEGUIR AS ORIENTAÇÕES DADAS. E QUANDO ISSO NÃO ACONTECE? RESPOSTA Precisamos de um suporte do cuidado, já citado anteriormente. Pode ser algum membro da família ou alguém contratado para isso. Assim, surge a importância do papel do cuidador. A RELAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA COM O CUIDADOR O fisioterapeuta tem como um grande aliado o cuidador, que é uma pessoa capacitada e comprometida em auxiliar o paciente que apresenta limitações para realizar as Atividades da Vida Diária (AVDs). As AVDs estão relacionadas ao autocuidado e, no caso de limitação de desempenho, normalmente, requerem a presença de um cuidador para auxiliar o paciente a desempenhá-las, realizando ações que são orientadas, em maior parte, pelo fisioterapeuta, já que esse profissional tem passagens pontuais, sejam diárias ou em frequências semanais, mas que não estão junto aos pacientes domiciliares o tempo todo, para terem a certeza de que os familiares cumpram com as orientações de cuidados com esses pacientes. RECOMENDAÇÃO A equipe de saúde deve proporcionar espaço de diálogo para os cuidadores, onde haja a possibilidade de trazerem suas angústias, medos e dificuldades. Cuidadores sentem-se, ao longo do tempo, sobrecarregados e, nesse grupo de diálogo de cuidadores, pode haver a oportunidade de troca de saberes. Com isso, é possível compartilhar tecnologias desenvolvidas pelos cuidadores para seu dia a dia, enriquecendo o processo de trabalho de ambos - equipe de saúde e cuidador. O significado de cuidado é: Atenção Precaução Cautela Dedicação Carinho Encargo Responsabilidade Cuidar é oferecer ao outro, em forma de serviço, o resultado de seus talentos, preparo e escolhas; é praticar o cuidado. Este deve ir além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento físico decorrente de uma doença ou limitação, deve-se considerar as questões emocionais, a história de vida, os sentimentos e as emoções da pessoa a ser cuidada. Por outro lado, autocuidado significa cuidar de si próprio, são as atitudes, os comportamentos que a pessoa tem em seu próprio benefício, com a finalidade de promover a saúde, preservar, assegurar e manter a vida. Nesse sentido, o cuidar do outro representa a essência da cidadania, do desprendimento, da doação e do amor. O autocuidado ou cuidar de si representa a essência da existência humana. A pessoa acamada ou com limitações, mesmo necessitando da ajuda do cuidador, pode e deve realizar atividades de autocuidado sempre que possível. O bom cuidador é aquele que observa e identifica o que a pessoa pode fazer por si, avalia as condições e ajuda a pessoa a fazer as atividades. Fonte: Shutterstock.com ATENÇÃO Cuidar não é fazer pelo outro, mas ajudar o outro quando ele necessita, estimulando a conquistar sua autonomia, mesmo que em pequenas tarefas. Isso requer paciência e tempo. Cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço de amor à humanidade, de solidariedade e de doação. A ocupação de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO sob o código 5162, que define o cuidador como alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”. É a pessoa, da família ou da comunidade, que presta cuidados à outra pessoa de qualquer idade, que esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas ou mentais, com ou sem remuneração. Nessa perspectiva mais ampla do cuidado, o papel do cuidador ultrapassa o simples acompanhamento das atividades diárias dos indivíduos, sejam eles saudáveis, enfermos e/ou acamados, em situação de risco ou fragilidade, seja nos domicílios e/ou em qualquer tipo de instituição na qual necessite de atenção ou cuidado diário. COMENTÁRIO Nem sempre se pode escolher ser cuidador, principalmente, quando a pessoa cuidada é um familiar ou amigo. É fundamental termos a compreensão de que se trata de tarefa nobre, porém, complexa, permeada por sentimentos diversos e contraditórios. A seguir, algumas tarefas que fazem parte da rotina do cuidador: Shutterstock.com Atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde. Shutterstock.com Escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada. Shutterstock.com Ajudar nos cuidados de higiene. Shutterstock.com Estimular e ajudar na alimentação. Shutterstock.com Ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e praticar exercícios físicos. Shutterstock.com Estimular atividades de lazer e ocupacionais. Shutterstock.com Realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto. Shutterstock.com Administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde. Shutterstock.com Comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa Shutterstock.com Outras situações necessárias para a melhoria da qualidade de vida e recuperação da saúde dessa pessoa. Os cuidadores familiares são conhecidos como cuidadores informais, o que também abrange a assistência fornecida por vizinhos, amigos, entre outros. Sabe-se que o cuidado informal prevalece em muitas regiões do Brasil, e essa tarefa na maioria das vezes é executada de forma voluntária e sem remuneração, fato que pode ser atribuído à cultura e aos preceitos religiosos que, geralmente, pregam “honrar pai e mãe”. CUIDADORES FAMILIARES Já é evidenciado que cada família possui sua própria cultura, história, crença, rotinas específicas, o que permite que o impacto causado pela doença no contexto familiar seja vivenciado de maneira específica. Cuidar de um indivíduo doente requer atenção integral e, quando isso é feito por uma única pessoa, existe uma grande probabilidade de ocorrer esgotamento físico e psíquico daquele que presta o cuidado, já que se trata de um trabalho repetitivo e sem descanso, afetando a qualidade da assistência prestada. Dessa forma, os cuidadores precisam de atenção tanto quanto os enfermos, para que possam ter saúde e exercer sua tarefa, proporcionando melhor qualidade de vida para si mesmo e para o paciente dependente. É importante que o cuidador tenha seu espaço e mantenha suas atividades significativas, sejam elas exercícios físicos, práticas artísticas ou até eventos sociais. Iniciativas como essas ajudam a aliviar a tensão da rotina, tornando o cuidador menos agressivo e irritadiço. Caso isso não ocorra e se chegue a um nível de estresse alto, não é só a relação entre paciente e cuidador que é afetada, mas também os laços de família. RECOMENDAÇÃO Como a atividade de um cuidador é complexa e extenuante, talvez ele precise ser acompanhado por profissionais como psicólogos e terapeutas e até mesmo participar de rodas de conversa com outros cuidadores. Para se tornar um cuidador formal, de acordo com a CBO, é preciso ter dois anos de experiência ou participar de cursos e treinamentos básicos de formação. Não é preciso ser necessariamente um técnico ou auxiliar de enfermagem, mas, de acordo com a norma, em casos de atendimento a pessoas com elevado grau de dependência, exige-se formação nessa área da saúde. É importante trazer para a discussão um assunto relevante quanto ao cuidado: maus-tratos. MAUS-TRATOS Maus-tratos são atos ou omissões que causem dano, prejuízo, aflição ou ameaça à saúde e bem- estar da pessoa. Maus-tratos podem ocorrer uma única vez ou se tornar repetitivos, podem variar de uma reação brusca, impensada, até uma ação planejada e contínua e causar sofrimento físico ou psicológico à pessoa cuidada. Os maus-tratos tanto podem ser praticados pelo cuidador, por familiares, amigos, vizinhos, como por um profissional de saúde. Os maus-tratos podem estar relacionados a diversas causas, tais como: conflitos familiares, incapacidade técnica do cuidador em desempenhar as atividades adequadamente, problemas de saúde física ou mental da pessoa cuidada ou do cuidador, desgaste físico e emocional devido à tarefa de cuidar, a problemas econômicos etc. MAUS-TRATOS A violência e os maus-tratos podem ser físicos, psicológicos, sexuais, abandono, negligências, abusos econômico-financeiros, omissão, violação de direitos e autonegligência. VOCÊ SABIA Quanto mais dependente for a pessoa, maior seu risco de ser vítima de violência. O cuidador, os familiares e os profissionais de saúde devem estar atentos à detecção de sinais e sintomas que possam denunciar situações de violência. Todo caso suspeito ou confirmado de violência deve ser notificado, segundo a rotina estabelecida em cada município; os encaminhamentos devem ser feitos para os órgãos e instituições descritos a seguir, de acordo com a organização da rede de serviços local: Delegacia Especializada da Mulher e Centros de Referência da Mulher Delegacias Policiais Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente e Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Ministério Público MINISTÉRIO PÚBLICO O Ministério Público é um dos principais órgãos de proteção, que, para tanto, poderá utilizar medidas administrativas e judiciais com a finalidade de garantir o exercício pleno dos direitos das pessoas vítimas de violência. Portanto, a sociedade civil, conselhos estaduais e municipais e demais órgãos de defesa dos direitos, devem procurar o Ministério Público local toda vez que tiver conhecimento de discriminação e violência. IML e outros TELEATENDIMENTO E FISIOTERAPIA VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. 1. A FISIOTERAPIA, QUANDO EM ATENDIMENTO DOMICILIAR, APRESENTA VÁRIOS BENEFÍCIOS. PODEMOS CITAR: I. OPÇÃO DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO MAIS SEGURO PARA A POPULAÇÃO MAIS VULNERÁVEL, CONFIANÇA DO PACIENTE, RELAÇÃO MAIS SÓLIDA COM A FAMÍLIA, MAIOR CONHECIMENTO DO CONTEXTO FAMILIAR. II. MAIOR POSSIBILIDADE DE CONTINUIDADE PARA TRATAMENTOS INICIADOS EM UM AMBIENTE HOSPITALAR, TRATAMENTO DE SAÚDE MAIS EFICIENTE E ACOLHEDOR, ECONOMIA DE RECURSOS PARA O TERAPEUTA. III. POSSIBILIDADE DE MAIOR APOIO FAMILIAR, ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS E MAIOR COMPREENSÃO DOS OBJETIVOS DE TRABALHO. ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA. A) I e II B) II e III C) I e III D) Somente I E) I, II e III 2. EM ÉPOCA DE COVID-19, A MODALIDADE DA TELEFISIOTERAPIA POSSIBILITA ATENDIMENTO PRÉ-CLÍNICO, SUPORTE ASSISTENCIAL, DE CONSULTA, MONITORAMENTO E DIAGNÓSTICO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) OU NA REDE PRIVADA. ALGUMAS DESVANTAGENS DO TELEATENDIMENTO PODEM SER EVIDENCIADAS COMO: A) A impossibilidade do exame físico para a conclusão do diagnóstico cinesiológico-funcional, o isolamento e afastamento social e a falta de contato pessoal. B) O tratamento fisioterapêutico por conta dos procedimentos terapêuticos manuais e a entrega do atendimento fisioterapêutico para locais desassistidos ou indivíduos em regiões mais remotas. C) A impossibilidade do exame físico para a conclusão do diagnóstico cinesiológico-funcional, a falta de contato pessoal e o prejuízo para uso de terapêutica manual utilizada pelo fisioterapeuta. D) Idosos não familiarizados com as tecnologias de informação, dificuldade na coleta de informações relevantes na avaliação e impossibilidade de orientações para autotratamento de exercícios ativos. E) A impossibilidade do exame físico para a conclusão do diagnóstico cinesiológico-funcional, idosos familiarizados com as tecnologias de informação e a questão da remuneração. GABARITO 1. 1. A Fisioterapia, quando em atendimento domiciliar, apresenta vários benefícios. Podemos citar: I. Opção de tratamento fisioterapêutico mais seguro para a população mais vulnerável, confiança do paciente, relação mais sólida com a família, maior conhecimento do contexto familiar. II. Maior possibilidade de continuidade para tratamentos iniciados em um ambiente hospitalar, tratamento de saúde mais eficiente e acolhedor, economia de recursos para o terapeuta. III. Possibilidade de maior apoio familiar, esclarecimento de dúvidas e maior compreensão dos objetivos de trabalho. Assinale a afirmativa correta. A alternativa "E " está correta. Como vantagem para o paciente, temos maior segurança. O fisioterapeuta consegue promover um tratamento, evitando a reintegração hospitalar, situação que pode ser estressante para muitos pacientes e que aumenta a possibilidade de contrair infecções hospitalares, prejudicando sua recuperação. É recomendado ter uma relação mais próxima com os familiares, levando as informações para que possam entender melhor todo processo. 2. Em época de covid-19, a modalidade da telefisioterapia possibilita atendimento pré-clínico, suporte assistencial, de consulta, monitoramento e diagnóstico no Sistema Único de Saúde (SUS) ou na rede privada. Algumas desvantagens do teleatendimento podem ser evidenciadas como: A alternativa "C " está correta. Nas questões listadas, temos alguns dados que são vantagens. Podemos citar: o isolamento e o afastamento social em período de covid-19; a entrega do atendimento fisioterapêutico para locais desassistidos ou indivíduos em regiões mais remotas; a impossibilidade de orientações para autotratamento de exercícios ativos e idosos familiarizados com as tecnologias de informação. MÓDULO 4 Formular estratégias de intervenção fisioterapêutica com base nas Práticas Integrativas e Complementares (PICs) na saúde pública e privada PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES (PICS) A prática de cuidados pode ser considerada como a mais antiga prática da história do mundo. Se formos pesquisar, verificaremos que, durante milhares de anos, os cuidados não eram dependentes de um sistema, menos ainda pertenciam a uma só profissão. Era tarefa de muitos: médicos, enfermeiras, religiosos, benzedeiras, parteiras, dentre outros. Na verdade, dizia respeito a qualquer pessoa que ajudava outra a continuar a vida em relação ao grupo, e eram orientados a partir de duas situações: assegurar a vida e recuar a morte. Com todas as mudanças que estamos vendo - tecnológicas, socioeconômicas e culturais da sociedade - as práticas de cuidados podem ser divididas em uma série de tarefas e atividades diversas. O próprio objeto dos cuidados também foi aos poucos isolado, parcelado, fissurado e separando as dimensões do corpo das sociais e coletivas. Essa estratificação do cuidado influenciou muito todo o processo de trabalho em saúde. Caracterizou-se pelo olhar biológico, o tecnicismo e, principalmente, o valor maior da doença em relação ao doente. Todavia, essas características são atualmente criticadas e problematizadas. Cada vez mais se busca um cuidado com olhar holístico, sistêmico e interdisciplinar. Cuidado estratificado e tecnicista Cuidado holístico, sistêmico e interdisciplinar Fonte: Shutterstock.com O retorno das “medicinas alternativas” pode ser compreendido como um evento social decorrente desse movimento. A medicina alternativa pode ser compreendida e entendida como práticas que partilham de uma perspectiva humanista, holística e sistêmica. Ela é centrada na experiência de vida do paciente, sempre com ênfase no doente e não na doença; e mais integradora, de caráter não intervencionista. VOCÊ SABIA A Organização Mundial da Saúde (OMS) denomina o campo das Práticas Integrativas e Complementares como medicina tradicional e complementar/alternativa (MT/MCA). Desde a década de 70, a OMS incentiva seus estados-membros a formularem e implementarem políticas públicas para a utilização racional e integrada de MT/MCA na Atenção Primária em Saúde. Com isso, cada vez mais tem crescido o uso das PICs de uma forma global, e isso vem ocorrendo mesmo em países desenvolvidos onde a medicina convencional ou alopática já está estabelecida nos sistemas de saúde, como os Estados Unidos e muitos países europeus. Os dois sistemas de cuidado, a medicina tradicional e complementar e a medicina ocidental, não precisam se confrontar. Esses sistemas podem se complementar em uma harmonia, usando os melhores recursos que cada um oferece. Na literatura, há diferentes denominações para essas práticas terapêuticas, entretanto, no Brasil, usa-se a expressão práticas integrativas e complementares (PICs). Essa designação foi difundida desde a aprovação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), em 2006, na qual estão incluídas, em seu escopo inicial: a medicina tradicional chinesa (sobretudo, a acupuntura), a homeopática e a antroposófica, as plantas medicinais (fitoterapia) e o termalismo social (crenoterapia) (SCHVEITZER; ESPER; SILVA, 2012). Fonte: Adaptado de Grupo Consciência (UFRJ) Práticas Integrativas e Complementares. Verifica-se que o entrelace de saberes técnicos e populares e a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados, possibilita novos olhares para o enfrentamento e resolução no processo saúde-doença e de seus determinantes. As PICs priorizam a qualidade de vida e são utilizadas tanto para tratar doenças (Especialmente doenças crônicas ) , bem como atuam na prevenção de doenças, promoção e manutenção da saúde, e se alinham com as diretrizes de saúde da OMS. SAIBA MAIS Em virtude do crescente interesse e necessidade da população brasileira por políticas integrando sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos da chamada medicina tradicional e complementar/alternativa ou Práticas Integrativas e Complementares, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS em 2006. Foi aprovada por meio da Portaria MS/GM nº 971, que contempla diretrizes e responsabilidades institucionais para implantação/adequação dessas ações e serviços, há muito ofertados no Sistema Único de Saúde. Isso se deu após discussões nas Conferências Nacionais de Saúde, recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) aos Estados e da necessidade de normatização das experiências já existentes no SUS. Essas políticas contemplaram, inicialmente, as áreas de: MEDICINA TRADICIONAL CHINESA – ACUPUNTURA Sistema médico integral, originado há milhares de anos na China. Utiliza linguagem que retrata simbolicamente as leis da natureza e que valoriza a inter-relação harmônica entre as partes visando à integridade. Como fundamento, aponta a teoria do Ying-Yang e a dos cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal, água). ELEMENTOS Utiliza como elementos a anamnese, palpação do pulso, observação da face e língua em suas várias modalidades de tratamento (acupuntura, plantas medicinais, dietoterapia, práticas corporais e mentais). A acupuntura compreende um conjunto de procedimentos que permitem o estímulo preciso de locais anatômicos definidos por meio da inserção de agulhas filiformes metálicas para promoção, manutenção e recuperação da saúde, bem como para prevenção de agravos e doenças. HOMEOPATIA Sistema médico complexo de caráter holístico, baseado no princípio vitalista e no uso da lei dos semelhantes enunciada por Hipócrates no século IV a.C. Foi desenvolvida por Samuel Hahnemann no século XVIII. Fundamentada na Lei dos semelhantes (similia similibus curantur): uma substância capaz de causar efeitos em um organismo pode também curar efeitos semelhantes a estes em um organismo doente. Utiliza medicamentos homeopáticos. PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA Terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. O uso de plantas medicinais na arte de curar é uma forma de tratamento de origem muito antiga, relacionada aos primórdios da sociedade. TERMALISMO – CRENOTERAPIA O uso das águas minerais para tratamento de saúde é um procedimento dos mais antigos, utilizado desde a época do Império Grego. Foi descrito por Heródoto (450a.C.), autor da primeira publicação científica termal. O termalismo compreende as diferentes maneiras de utilização da água mineral e sua aplicação em tratamentos de saúde, seja para recuperar ou tratar a saúde, assim como preservá-la. A crenoterapia consiste na indicação e uso de águas minerais com finalidade terapêutica atuando de maneira complementar aos demais tratamentos de saúde. MEDICINA ANTROPOSÓFICA Abordagem médico-terapêutica complementar, de base vitalista, cujo modelo de atenção está organizado de maneira transdisciplinar, buscando a integralidade do cuidado em saúde. Dentre os recursos que acompanham a abordagem médica, destaca-se o uso de medicamentos baseados na homeopatia, na fitoterapia e outros específicos da medicina antroposófica. SAIBA MAIS Em 2017, PNPIC foi ampliada em 14 novas PICS a partir da publicação da Portaria nº 849. Também em 2017, foram publicadas as Portarias Nº 633 e 145, que atualizam o serviço especializado das PICS na tabela de serviços do Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES). Já em 2018, com a Portaria nº 702, mais 10 recursos terapêuticos integraram o rol de PICS do Ministério da Saúde (figura abaixo). Fonte: Adaptado da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Serviços oferecidos como PICs. VOCÊ SABIA Os serviços são oferecidos por iniciativa local, mas recebem financiamento do Ministério da Saúde por meio do Piso de Atenção Básica (PAB) de cada município. Em 2016, segundo os dados coletados a partir do sistema informatizado e-SUS e do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), foram registrados mais de dois milhões de atendimentos das PICs nas UBS. Mais de 770 mil foram de medicina tradicional chinesa que inclui acupuntura, 85 mil foram de fitoterapia, 13 mil de homeopatia. Já mais de 926 mil atendimentos são de outras práticas integrativas que não possuíam código próprio para registro, que, com a publicação da portaria nº145/2017, passam a ter. No ano de 2017, 1.708 municípios oferecem práticas integrativas e complementares e a distribuição dos serviços está concentrada em 78% na Atenção Básica, principal porta de entrada do SUS, 18% na atenção especializada e 4% na atenção hospitalar. Mais de 7.700 estabelecimentos de saúde ofertam alguma prática integrativa e complementar, o que representa cerca de 30% das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), as terapias estão presentes em 9.350 estabelecimentos em 3.173 municípios, sendo que 88% são oferecidas na Atenção Básica. Foram registrados 1,4 milhão de atendimentos individuais em PICs. Somando as atividades coletivas, a estimativa é que cerca de 5 milhões de pessoas por ano participem dessas práticas no SUS. E nós podemos colaborar! Fonte: Shutterstock.com Ainda existem dificuldades para a implantação das práticas no SUS, sobretudo, em decorrência da insuficiência de dados de produção e de pesquisas e das limitações no controle dessas práticas. Precisamos de mais comunicação e controle de tudo isso! O desenvolvimento dessas práticas na rede pública de saúde brasileira está em lento processo de expansão, pois ainda há pouco saber acumulado sobre as formas de organizar, adaptar e incluir as PICs no SUS, tanto na Atenção Primária à Saúde (APS), quanto em serviços do Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF e serviços especializados. Vale salientar que essa política é transversal em suas ações no SUS, que são muitas, e está presente em todos os níveis de atenção, prioritariamente, na Atenção Básica, e com grande potencial de atuação em rede. A FISIOTERAPIA APLICADA NA POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares tem como objetivos: 1. INCORPORAR E IMPLEMENTAR AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SUS, NA PERSPECTIVA DA PREVENÇÃO DE AGRAVOS E DA PROMOÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE, COM ÊNFASE NA ATENÇÃO BÁSICA, VOLTADA AO CUIDADO CONTINUADO, HUMANIZADO E INTEGRAL EM SAÚDE; 2. CONTRIBUIR AO AUMENTO DA RESOLUBILIDADE DO SISTEMA E AMPLIAÇÃO DO ACESSO À PNPIC, GARANTINDO QUALIDADE, EFICÁCIA, EFICIÊNCIA E SEGURANÇA NO USO; 3. PROMOVER A RACIONALIZAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE, ESTIMULANDO ALTERNATIVAS INOVADORAS E SOCIALMENTE CONTRIBUTIVAS AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE COMUNIDADES; 4. ESTIMULAR AS AÇÕES REFERENTES AO CONTROLE/PARTICIPAÇÃO SOCIAL, PROMOVENDO O ENVOLVIMENTO RESPONSÁVEL E CONTINUADO DOS USUÁRIOS, GESTORES E TRABALHADORES NAS DIFERENTES INSTÂNCIAS DE EFETIVAÇÃO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE. (BRASIL, 2015) Fonte: Portal da Secretaria de Atenção Primária à Saúde Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Entre suas diretrizes, destacam-se: 1. ESTRUTURAÇÃO E FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO EM PIC NO SUS; 2. DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE QUALIFICAÇÃO EM PIC PARA PROFISSIONAIS NO SUS, EM CONFORMIDADE COM OS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESTABELECIDOS PARA EDUCAÇÃO PERMANENTE; 3. DIVULGAÇÃO E INFORMAÇÃO DOS CONHECIMENTOS BÁSICOS DA PIC PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE, GESTORES E USUÁRIOS DO SUS, CONSIDERANDO AS METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS E O SABER POPULAR E TRADICIONAL; 4. ESTÍMULO ÀS AÇÕES INTERSETORIAIS, BUSCANDO PARCERIAS QUE PROPICIEM O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DAS AÇÕES; 5. FORTALECIMENTO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL; 6. PROVIMENTO DO ACESSO A MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS E FITOTERÁPICOS NA PERSPECTIVA DA AMPLIAÇÃO DA PRODUÇÃO PÚBLICA, ASSEGURANDO AS ESPECIFICIDADES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NESTES ÂMBITOS NA REGULAMENTAÇÃO SANITÁRIA; 7. GARANTIA DO ACESSO AOS DEMAIS INSUMOS ESTRATÉGICOS DA PNPIC, COM QUALIDADE E SEGURANÇA DAS AÇÕES; 8. INCENTIVO À PESQUISA EM PIC COM VISTAS AO APRIMORAMENTO DA ATENÇÃO À SAÚDE, AVALIANDO EFICIÊNCIA, EFICÁCIA, EFETIVIDADE E SEGURANÇA DOS CUIDADOS PRESTADOS; 9. DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA PIC, PARA INSTRUMENTALIZAÇÃO DE PROCESSOS DE GESTÃO; 10. PROMOÇÃO DE COOPERAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL DAS EXPERIÊNCIAS DA PIC NOS CAMPOS DA ATENÇÃO, DA EDUCAÇÃO PERMANENTE E DA PESQUISA EM SAÚDE; 11. GARANTIA DO MONITORAMENTO DA QUALIDADE DOS FITOTERÁPICOS PELO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. (BRASIL, 2015) Essas práticas têm o objetivo de buscar e estimular as estruturas naturais de prevenção de doenças e promoção da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase sempre na escuta acolhedora e no desenvolvimento do vínculo terapêutico, assim como na integração do ser humano com o seu meio e a sociedade. ATIVIDADE DE REFLEXÃO DISCURSIVA E A FISIOTERAPIA? VOCÊ ENXERGA ESSA CIÊNCIA JUNTO ÀS PICS? RESPOSTA A Fisioterapia, junto a outras áreas, auxilia na inserção de práticas integrativas e complementares na Atenção Primária em Saúde, contribuindo para a implementação do SUS, na medida em que favorece princípios fundamentais como: “universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, integralidade da atenção, responsabilização, humanização, equidade e participação social”. Dessa forma, entende-se que o fisioterapeuta, através de práticas integrativas e complementares associadas à humanização na Atenção Básica favorecem uma revisão do processo de trabalho. É necessário repensar, por exemplo, o tempo dos atendimentos, a forma de abordagem dos profissionais com os usuários e a relação com a equipe de trabalho. AS PICS E A FISIOTERAPIA Atualmente, muitos dos serviços disponibilizados no SUS por meio das Práticas Integrativas e Complementares já integram o campo de atuação dos fisioterapeutas e dos terapeutas ocupacionais, alguns, inclusive, com normativas específicas. Em 2010, o COFFITO publicou a Resolução nº 380, que trata da utilização das PICS pelo fisioterapeuta. VOCÊ SABIA Cada profissão conta com resoluções destinadas às especialidades profissionais, e a Fisioterapia tem uma grande relação com a medicina tradicional chinesa, quiropraxia e osteopatia. O COFFITO regulamentou as PICs para a Fisioterapia por meio da resolução nº 380/2010. Pode-se observar que algumas PICs são consideradas milenares e são utilizadas como recursos terapêuticos por fisioterapeutas, seja em sistemas públicos e privados de saúde. Muitos benefícios têm sido evidenciados para a promoção, o tratamento e a recuperação da saúde. Eles são legitimados socialmente e comprovados por pesquisas científicas. As PICs vêm promovendo uma nova cultura de cuidado, fortalecendo, com isso, um vínculo terapeuta-paciente, com maior empoderamento do indivíduo e se criando um protagonismo no processo de cura, possuindo também uma grande importância desmedicalizadora. ATENÇÃO As PICs não concorrem com os tratamentos convencionais, apenas complementam e possibilitam um olhar integrativo na saúde. Essa política teve impacto na nova Classificação Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-11), que passou a considerar os modelos de diagnóstico energético das medicinas tradicionais, aliado à taxonomia utilizada nos diagnósticos da medicina tradicional chinesa, japonesa e coreana. A partir dessa mudança, houve necessidade da criação de padrões e códigos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), permitindo aos profissionais o registro de suas avaliações como, por exemplo, “Padrão de estagnação do Qí do Fígado (SF57)”. Isso possibilitou a inserção destes em pesquisas científicas que investigam recursos terapêuticos como acupuntura, práticas mente e corpo e fitoterapia. Atualmente, temos vários fisioterapeutas utilizando as práticas já citadas. Dentre elas, podemos citar: acupuntura, termalismo, biodança, meditação, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, shantala, aromaterapia, ozonioterapia e terapia de florais, dentre outras. Fonte: Shutterstock.com Quanto à acupuntura, a Resolução COFFITO 219, de dezembro de 2000, já a reconhece como especialidade do fisioterapeuta e, em 2011, a Resolução COFFITO 393, disciplina a especialidade profissional do Fisioterapeuta no exercício da especialidade profissional em acupuntura/MTC (medicina tradicional chinesa). Fonte: Shutterstock.com A shantala é uma técnica milenar composta por uma série de movimentos por todo o corpo do bebê, que exigem atenção e domínio. É muito utilizada na Índia e passada verbalmente de mãe para filha, geração após geração, além de ser fortemente influenciada pelas tradições do yoga e da medicina ayurvédica. Ela atua diretamente nos sistemas musculoesquelético, nervoso, circulatório e nos processos bioquímicos e fisiológicos regulados por esses sistemas. A massagem shantala promove fortalecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho, em uma relação pura e calorosa, e auxilia a criança no desenvolvimento da sua própria imagem. Fonte: Shutterstock.com A Resolução COFFITO 399, em agosto de 2011, disciplina a especialidade profissional de Fisioterapia em quiropraxia. É uma prática fisioterapêutica que se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção das disfunções mecânicas no sistema neuro musculoesquelético. Contribui também sobre os efeitos dessas disfunções na função do sistema nervoso e na saúde em geral do indivíduo. O tratamento de quiropraxia é dividido fundamentalmente em três etapas: a primeira visa suprimir ou reduzir os sintomas do desalinhamento da coluna; a segunda tem objetivo de levar a uma estabilização; a terceira tem o papel de promover a manutenção com progressão para o bem-estar. Fonte: Shutterstock.com O termalismo é um método natural de tratamento que recorre às águas minerais e/ou termais para fazer as curas. A variedade de componentes químicos e propriedades físicas da água e o seu equilíbrio permite obter propriedades que ajudam a recuperação da saúde. O termalismo engloba também todo um conjunto de tratamentos à base de produtos naturais retirados da nascente, como vapores, gases e lamas. O recurso da água como agente terapêutico foi iniciado pelos povos que habitavam nas cavernas e é muito utilizado na Fisioterapia. É possível oferecer serviços de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional à população por meio da utilização dessas portarias de saúde. Ao disponibilizar as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs), você está promovendo saúde, prevenindo doenças e, consequentemente, reduzindo gastos financeiros com medicamentos e futuras internações hospitalares. Invista em boas práticas! FISIOTERAPIA NO HIPERDIA VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES TEM COMO OBJETIVOS: A) Incorporar e implementar as Práticas Integrativas e Complementares no SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, sem ênfase na Atenção Básica, já que o paciente terá sua doença instalada. B) Ampliar o acesso às Práticas Integrativas e Complementares junto ao PNPIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso. C) Incorporar e implementar as Práticas Integrativas e Complementares no SUS, estimulando alternativas já utilizadas no SUS, desde sua criação, contribuindo para o desenvolvimento sustentável de comunidades. D) Ampliar o acesso às Práticas Integrativas e Complementares com ações restritas somente à participação da equipe de saúde, promovendo o cuidado na saúde desses profissionais. E) Ampliar o acesso às Práticas Integrativas e Complementares nos cuidados a serem realizados diariamente no próprio domicílio. 2. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) RECONHECE O CAMPO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES INCENTIVANDO SEU DESENVOLVIMENTO DESDE A DÉCADA DE 1970 NA UTILIZAÇÃO RACIONAL E INTEGRADA À ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE. ENTRE AS OPÇÕES A SEGUIR, QUAL NÃO ESTÁ LISTADA NO ESCOPO DESSAS PRÁTICAS? A) Acupuntura B) Homeopatia C) Hidroterapia D) Crenoterapia E) Fitoterapia GABARITO 1. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares tem como objetivos: A alternativa "B " está correta. Os objetivos da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares: incorporar e implementar as Práticas Integrativas e Complementares no SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, com ênfase na Atenção Básica, voltada ao cuidado continuado, humanizado e integral em saúde; contribuir ao aumento da resolubilidade do Sistema e ampliação do acesso à PNPIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso; promover a racionalização das ações de saúde, estimulando alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades; estimular as ações referentes ao controle/participação social, promovendo o envolvimento responsável e continuado dos usuários, gestores e trabalhadores nas diferentes instâncias de efetivação das políticas de saúde. 2. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o campo das Práticas Integrativas e Complementares incentivando seu desenvolvimento desde a década de 1970 na utilização racional e integrada à Atenção Primária em Saúde. Entre as opções a seguir, qual não está listada no escopo dessas práticas? A alternativa "C " está correta. A hidroterapia consiste na realização de exercícios dentro da água, utilizando seus princípios e propriedades físicas. Não é listada como uma prática integrativa. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, visitamos conceitos importantes para seu conhecimento: conceito ampliado de saúde, determinantes sociais de saúde, políticas e programas de saúde pública de nosso país. Como vimos, o fisioterapeuta se faz presente por meio de diversos programas de forma plena junto à equipe. Ele tem a importante função de promover e recuperar saúde funcional, atuando nos três níveis de complexidade de atenção à saúde – atenção básica, de média complexidade e de alta complexidade. Além disso, identificamos o fisioterapeuta se reinventando e inovando, com ações de teleatendimento de forma atuante no programa de atendimento domiciliar e de práticas integrativas e complementares do SUS. Vislumbrar o fisioterapeuta atuando em todos os níveis de complexidade de saúde se faz necessário, pois, em decorrência de seu surgimento ter se dado no pós-guerra, sempre identificam esse profissional nos atendimentos de média e alta complexidade, depois da instalação da doença - um erro que precisa ser corrigido na sociedade. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BRASIL. COFFITO. RESOLUÇÃO Nº 516, DE 20 DE MARÇO DE 2020. Estabelece outras providências durante o enfrentamento da crise provocada pela Pandemia da covid-19. In: Imprensa Nacional. Consultado em meio eletrônico em: 25 nov. 2020. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. In: Planalto. Consultado em meio eletrônico em: 26 out. 2020. BRASIL. LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. In: Planalto. Consultado em meio eletrônico em: 26 out. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 963, DE 27 DE MAIO DE 2013. In: Ministério da Saúde. Consultado em meio eletrônico em: 25 nov. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Caderno da Atenção Básica: Diretrizes do NASF. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Programa HunanizaSUS – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. DAHLGREN, G. WHITEHEAD, M. Policies and Strategies to promote social equity in health. Stockholm: Institute for Future Studies, 2006. SAVASSI, L. C. M. Os atuais desafios da Atenção Domiciliar na Atenção Primária à Saúde: uma análise na perspectiva do Sistema Único de Saúde. v. 11, n. 38. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 2016. SCHVEITZER, M. C.; ESPER, M. V.; SILVA, M. J. P. da. Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária em Saúde: em busca da humanização do cuidado. São Paulo: O Mundo da Saúde, 2012. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos abordados neste tema, pesquise na internet e acesse o site do Governo Federal – Governo do Brasil, em que você pode consultar as políticas públicas do país. Além disso, sugerimos as seguintes leituras: BRASIL. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. COFFITO autoriza teleconsultas, teleconsultoria e telemonitoramento devido à pandemia de Coronavírus. Brasília, DF: COFFITO, 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Grupo Hospitalar Conceição. Manual de assistência domiciliar na Atenção Primária à Saúde: experiência do serviço de saúde comunitária do Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre: Grupo Hospitalar Conceição, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Orientações para o cuidado com o paciente no ambiente familiar. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Guia prático do cuidador. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2008. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência. Atenção Domiciliar na Atenção Primária à Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2020. CONTEUDISTA Fátima Figueiredo da Conceição CURRÍCULO LATTES