Neuropsicologia da Emoção PDF
Document Details
Uploaded by SelfSatisfactionFriendship
Universidade de Lisboa
Tags
Summary
Estas notas de aula fornecem uma visão geral da neuropsicologia das emoções. Apresentam diferentes abordagens teóricas, focando em conceitos, componentes e modelos explicativos relacionados com as emoções, incluindo a dimensão fisiológica, os aspectos comportamentais e a interacção entre processamento cognitivo e a experiência emocional. Discute as teorias de James-Lange, Cannon-Bard, Schachter-Singer, e Lazarus, com ilustrações e exemplos para uma melhor compreensão dos mecanismos neuropsicológicos das emoções.
Full Transcript
Neuropsicologia da emoção Sistema Nervoso Autónomo Sistema Límbico EMOÇÃO “Ruído” que interfere com o pensamento racional? “Part of the complexity in studying emotion is defining it: there are almost as many definitions as there are investigators”. Bradley and Lang, 20...
Neuropsicologia da emoção Sistema Nervoso Autónomo Sistema Límbico EMOÇÃO “Ruído” que interfere com o pensamento racional? “Part of the complexity in studying emotion is defining it: there are almost as many definitions as there are investigators”. Bradley and Lang, 2007 EMOÇÃO – CONCEITOS GERAIS EMOÇÃO Episódio breve de modificações coordenadas a nível cerebral, autonómico e comportamental, que facilitam a resposta do organismo a eventos significativos, externos ou internos (Davidson, Scherer, Goldsmith,2003) Conjuntos consistentes de respostas fisiológicas desencadeadas por sistemas cerebrais quando o organismo atribui uma representação a objetos e/ou situações (Damásio, in Lane & Nadel, 2000). SENTIMENTO/AFECTO Representação subjetiva da emoção. HUMOR Estado afetivo difuso, de baixa intensidade e longa duração. EMOÇÃO – CONCEITOS GERAIS ▪ Um processo fisiológico (ativação neuroendócrina e do SNA) ▪ Um processo motor e comportamental / expressivo (expressão facial, corporal e verbal/prosódia) ▪ Um sistema cognitivo-experiencial (representação subjetiva e verbal dos estados emocionais) COMPONENTES DE UM ESTADO EMOCIONAL ◼ Subjetivo - Sentimentos; experiência mental - Dimensão vivencial ◼ Fisiológico - Conceito de “arousal” - Estado de ativação do organismo ◼ Comportamental - Expressão das emoções A EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES Expressão facial Inata; Universal Expressão verbal – Prosódia Expressão corporal Mímica; Movimento Comportamento emocional Respostas expressivas Respostas instrumentais OS PERCURSOS TEÓRICOS DA EMOÇÃO… Finais do séc. XIX... James –Lange (J-L) Emoção como consciência das mudanças corporais (reações viscerais / esqueléticas). Perceção da resposta fisiológica Padrão de alterações Estímulo fisiológicas Experiência emocional OS PERCURSOS TEÓRICOS DA EMOÇÃO… ◼ Cannon e Bard (1927/28) Teoria Central – Tálamo. Noção de Homeostasia Argumentos contra a teoria de J-L: Reações vegetativas idênticas para emoções diferentes; reações viscerais não são condição suficiente para a experiência emocional. Hipotálamo Estímulos Tálamo Alterações Experiência fisiológicas emocional (córtex) ◼ Cannon e Bard e a contribuição do Tálamo e do Hipotálamo: ◼ Raiva aparente – sham rage – desaparecia quando o Hipotálamo era incluído na ablação. ◼ Ranson (1932) e mais tarde Hess evocaram respostas de medo e de raiva ( e ainda respostas homeostáticas) por estimulação de diferentes regiões do Hipotálamo. ◼ O hipotálamo não é apenas um núcleo motor para o SNA, mas um centro coordenador que integra múltiplas aferências por forma a desencadear respostas somáticas e autonómicas integradas e coordenadas. ◼ Experiências de Flynn (1967) mostraram que a agressão afetiva e a agressão predatória (silenciosa) eram desencadeadas pela estimulação de diferentes regiões do Hipotalamo (respetivamente medial e lateral). ◼ Outros estudos sobre a agressão, http://www.youtube.com/watch?v=8yu9TPRDX Mw ◼ https://www.youtube.com/watch?v=oXnY2L_ th9E 9’ 20’.. ◼ Contributo de Olds & Olds , Milner – experiências de autoestimulação elécrica cerebral - electrodos implantados no Hipotálamo Lateral, Estriado Ventral incluindo o Núcleo Acumbente (Nucleos da Base) – via da dopamina ◼ https://www.youtube.com/watch?v=uofQPLu LV9A ◼ www.youtube.com/watch?v=de_b7k9kQp0 OS PERCURSOS TEÓRICOS DA EMOÇÃO… ◼ Schachter e Singer (1960…) Teoria da Ativação Cognitiva : A experiência emocional depende da atribuição de um significado a um estado de activação fisiológica e o significado decorre do contexto em que o sujeito se encontra. Arousal Estímulos Autonómico Percepção/ Estímulos Interpretaçao Contexto Experiência emocional Feedback OS PERCURSOS TEÓRICOS DA EMOÇÃO… R. Lazarus (1960…) Teoria da Avaliação Cognitiva : Emoção decorre da cognição In: L. M. Sdorow. Psychology-4th Ed. McGraw-Hill, 1998 OS PERCURSOS TEÓRICOS DA EMOÇÃO… - Relação Emoção/Cognição R. Zajonc (1980…) A experiência emocional pode ocorrer sem avaliação cognitiva consciente (Vias diretas Tálamo/S. Límbico). Cognição e emoção como processos independentes; primazia da emoção. Estímulos Afetos Experiência inconscientes emocional J. LeDoux (1990/2000…) Emoção e cognição como processos separados mas interativos… A controvérsia persiste… NEUROPSICOLOGIA DA EMOÇÃO ◼ O Componente periférico - S N Autónomo - S Músculo-esquelético - Preparar o organismo para a acção - Comunicar estados emocionais ◼ Processamento Emocional - Estruturas sub-corticais (S. Límbico) - Estruturas Corticais ◼ Experiência Emocional (subjectiva) - Córtex Cerebral Sistema Nervoso Autónomo: Simpático e Parassimpático PROCESSAMENTO DA EMOÇÃO Córtex Hipotálamo AMIGDALA (Frontal, Cingulado T. Cerebral Parahipocâmpico) Expressão Somática Sentimentos da Emoção Conscientes ◼ A experiência emocional (medo, raiva, prazer, contentamento) reflete a interação entre centros cerebrais e regiões subcorticais, como o hipotálamo e a amígdala (integração das respostas do neuroeixo vertical) EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-SUPRARRENAL Hipocampo Hipotálamo - - + Hipocampo - Amígdala Pituitária CRF ACTH Glucocorticóides Dexametasona Córtex supra-renal 21. Nestler EJ, et al. Neurobiology of depression. Neuron. 2002;34(1):13-25. HIPOTÁLAMO e STRESS - Cannon, 1929 “ Reação de emergência que permite ao organismo mobilizar energia para respostas de luta/fuga, em situações de risco” - Seley,1936 Stress, Síndrome Geral de Adaptação: “Situações ameaçadores que rompem o equilíbrio homeostático do organismo” - Lazarus e Folkman, 89 “Uma relação particular entre o indivíduo e o meio, avaliado por ele como ameaçador, ultrapassando os seus recursos e pondo em risco o seu bem estar” NEUROPSICOLOGIA DA EMOÇÃO ◼ Hipotálamo - Coordenação da R. fisiológica ◼ Amígdala - Respostas emocionais; C.RE Memórias emocionais (implícitas) Coordenação estados emocionais/sentimentos ◼ Córtex Órbitofrontal Arousal Geral - R. Autonómicas ◼ Córtex Frontal ventro-mediano Controlo cognitivo RE ◼ LESÕES L. Frontal/Amígdala Dissociação R autonómica/Av. Cognitiva Est. Emoção SISTEMA LÍMBICO Primeira proposta do Sistema Límbico nas emoções (conceito de sistema límbico incompleto) ◼ 1937 James Papez propôs que o sistema límbico contribuía para a emoção – circuito de Papez (Hipocampo implicado na emoção após observação das respostas emocionais intensas depois da sua destruição pelo vírus da raiva) MODIFICAÇÃO DO CONCEITO DE SISTEMA LÍMBICO, CONCEITO MODERNO ◼ O conceito de sistema límbico expandido por Paul MacLean incluindo Hipotálamo, Área Septal, Núcleo Acumbente, a Amígdala e o Córtex Frontal ◼ Esta modificação foi crucial para a manutenção do conceito de Sistema Límbico no estudo da emoção Lobo Límbico: circunvolução do cíngulo, formação hipocâmpica (hipocampo e córtex parahipocampal), Amígdala e córtex pré- frontal frontal (MacLean, 1946), tracto mamilo talâmico, tálamo anterior CONCEPÇÃO MODERNA DE SISTEMA LÍMBICO (+ AMÍGDALA E CÓRTEX PREFRONTAL, MACLEAN). DEMONSTRAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA AMIGDALA NAS EMOÇÕES ◼ 1939 Kluver e Bucy - Alterações do comportamento de macacos após remoção bilateral dos lobos temporais ◼ perda do medo e da agressividade devida a lesão da amígdala; ◼ “cegueira psíquica” por lesão das áreas de associação visual. ◼ Primeiros dados que sugerem a contribuição da amígdala para a emoção medo e agressividade SÍNDROME DE KLUVER-BUCY, 1939 Alterações comportamentais: - Perda da experiência e expressão de medo e cólera - Hiperoralidade - Alt. comportamento alimentar - Alt. comportamento sexual - Défice no reconhecimento visual ◼ Modelos animais (emoção medo) condicionamento (LeDoux 1994) Circuito neuronal envolvido na resposta de medo Investigação moderna da emoção medo (paradigma de condicionamento emoção medo; LeDoux) Circuito neuronal envolvido na resposta de medo condicionado. ◼ Secção transversal da Amígdala Funções da Amígdala no humano no reconhecimento de expressões faciais de medo (pacientes com lesões na Amígdala não reconhecem o medo nem geram respostas autonómicas ◼ Imagiologia cerebral (fluxo sanguíneo cerebral médio rCBF) demonstra a contribuição da amígdala para as respostas emocionais (perceção de expressões faciais de medo) ◼ Outros dados: Doença de Urbach-Wiethe – condição degenerativa associada à deposição de cálcio na Amígdala ◼ Paciente SM com lesão bilateral completa da Amígdala e com défice no reconhecimento de medo - resultados que sugerem que a Amigdala modela a avaliação social de medo e não os processos pre- atencionais (Tsuchiya, Moradi, Felsen, Yamazaki, Adolphs, 2009) ◼ Paciente SM com lesão bilateral completa da Amígdala e com défice no reconhecimento de medo – estudo das funções da Amigdala na emoção e na cognição social – alteração da regulação do espaço interpessoal ◼ (Kennedy, Glascher, Tyszka, Adolphs, 2009). Funções da Amígdala no homem ◼ Pacientes com lesões da Amígdala não apresentam o condicionamento aversivo (quando um estímulo neutro CS é associado a um estimulo aversivo). ◼ Nos saudáveis regista-se aumento da atividade da Amígdala (MRIf) quando da associação do EC-EI do condicionamento. Funções da Amígdala no homem – estudos com pacientes com lesão bilateral da Amígdala ◼ observa-se dissociação das reações de medo a estímulos interoceptivos e exterocetivos. ◼ Em relação aos estímulos exterocetivos (CS e IS) os pacientes não apresentam as reações autonómicas do medo, nem as respostas comportamentais, subjetivas (autorrelato). ◼ E ao mesmo tempo apresentam reações de medo intenso (pânico) quando se induz a sensação de sufocação (estímulo interoceptivo de medo pela inalação de dióxido de carbono que baixa o pH sanguíneo). Funções da Amígdala no homem ◼ Esta dissociação das reações de medo a estímulos interoceptivos e exterocetivos sugere que existem múltiplos sistemas de medo e que a Amígdala não é a estrutura única no cérebro a mediar reações de medo. Funções da Amígdala nas emoções positivas. ◼ Processamento da associação de estímulos neutros com estímulos recompensadores (condicionamento Pavloviano apetitivo). ◼ Localização próxima, na Amígdala existem grupos de neurónios que respondem a estímulos aversivos e outros que respondem a estímulos reforço. NEUROPSICOLOGIA DA EMOÇÃO STIMULUS Figure 50-1 Model of the basic neural systems that control emotions. Emotions are typically elicited by a specific stimulus. The stimulus affects both neocortical and subcortical structures, such as the amygdala. In turn, cortical structures and the amygdala and other subcortical structures regulate the systems that mediate the peripheral manifestations of emotional behaviors. The particular emotion experienced is a function of cross-talk between neocortical and subcortical structures, as well as feedback from peripheral receptors. (Iversen, Kupfermann and Kandel, 2000) PROCESSOS DE REGULAÇÃO TOP – DOWN Avaliação cognitiva e atribuições influenciam a emoção, modulando padrões de ativação autonómica, endócrina e comportamental (Derryberry e Tucker,1992) A EMOÇÃO ENVOLVE O CORPO; PODE SER PERCEBIDA PELOS OUTROS BOTTOM – UP Diferentes estados emocionais influenciam aprendizagem e cognição, têm efeitos na atenção e memória (Derryberry e Tucker,1992) INFORMAÇÃO INTEROCEPTIVA, ASCENDENTE, INFLUENCIA A EXPERIÊNCIA EMOCIONAL OS PERCURSOS TEÓRICOS DA EMOÇÃO… As neurociências: (Iversen, Kupfermann and Kandel, 2000) ◼ Os estímulos agradáveis ou desagradáveis têm um efeito duplo – primeiro desencadeiam respostas autonómicas e endócrinas, integradas a nível subcortical, alterando o estado interno e preparando o organismo para a ação, sem ser necessário um controlo consciente. Um segundo conjunto de mecanismos envolve o córtex cerebral. OS PERCURSOS TEÓRICOS DA EMOÇÃO… As neurociências: (Iversen, Kupfermann and Kandel, 2000) ◼ É do processamento cortical que resulta a experiência consciente da emoção (sentimentos), bem como sinais para os centros subcorticais, que podem suprimir ou aumentar as manifestações somáticas da emoção. ◼ Muitos aspetos das respostas emocionais primárias são aprendidos e o feedback visceral provavelmente desempenha um papel muito importante. Mas com a experiência dependemos progressivamente mais da cognição para avaliar o meio que nos rodeia e o papel das sensações viscerais é menos importante. OS PERCURSOS TEÓRICOS DA EMOÇÃO… As neurociências : (Iversen, Kupfermann and Kandel, 2000) ◼ As conexões anatómicas entre a amígdala, o córtex temporal e o córtex pré-frontal (associativos) permitem entender como é que as sensações viscerais desencadeiam uma variedade de associações e narrativas, ou seja, a interpretação cognitiva dos estados emocionais. ◼ Damásio sugere que quando pensamos sobre as consequências potenciais dos comportamentos, a memória (visceral) dos estados emocionais, em circunstâncias semelhantes, pode fornecer informações úteis para avaliar os comportamentos. Esta memória pode ativar vias ascendentes, de projeção cortical, que replicam a sensação consciente de um estado emocional, sem o feedback autonómico. In: “O sentimento de si”. A. Damásio, 2000 Nada Receiem …Há uma dezena de anos, uma mulher ainda jovem, a quem me irei referir por S, chamou a minha atenção devido às imagens que a sua TC (tomografia computarizada) mostrava. Inesperadamente, a TC revelava que ambas as amígdalas, a do lobo temporal esquerdo e a do direito, se encontravam quase inteiramente calcificadas. …As zonas que rodeiam as duas amígdalas do cérebro da doente S eram perfeitamente normais. Porém, o depósito de cálcio nas amígdalas era tão intenso que era fácil concluir que teria sobrevivido a esta lesão. Cada uma das amígdalas é uma espécie de entroncamento onde terminam vias oriundas de numerosas regiões corticais e subcorticais e de onde emanam vias para outras tantas regiões. As funções normalmente executadas por estas encruzilhadas de vias não podiam de modo algum ter lugar nos hemisférios cerebrais de S. Este estado não era recente. A deposição de um mineral nos tecidos cerebrais é um processo demorado e a deposição selectiva e completa visível no cérebro de S deveria ter tido início nos primeiros anos da sua vida. …S sofre da doença de Urbach-Wiethe, uma condição autosómica recessiva muito rara, na qual os depósitos de cálcio atingem frequentemente as amígdalas. Estes doentes têm, muitas vezes, crises epilépticas, felizmente não muito graves, e foi uma dessas crises que trouxe S aos nossos cuidados. Conseguimos resolver o problema e, desde então, não voltou a ter crises. In: “O sentimento de si”. A. Damásio, 2000 Nada Receiem In: “O sentimento de si”. A. Damásio, 2000 Nada Receiem …Recordo a minha primeira impressão de S – uma mulher alta, esguia e extremamente agradável – e a minha especial curiosidade acerca da sua memória e da sua conduta social. Ao tempo, havia uma considerável controvérsia acerca da contribuição da amígdala para a aprendizagem de novos factos, uma vez que alguns investidores acreditavam que a amígdala era um parceiro vital do hipocampo na aquisição de novas memórias factuais, enquanto outros achavam que a sua contribuição nesse campo era mínima. A minha curiosidade acerca da conduta social de S baseava-se no facto de, a partir dos estudos realizados com primatas não humanos, se saber que a amígdala tem um papel nos comportamentos sociais. In: “O sentimento de si”. A. Damásio, 2000 Nada Receiem …Por outro lado, a sua história social era fora do comum. S abordava pessoas e situações com uma atitude predominantemente positiva. Havia quem dissesse que a sua atitude era excessiva e desapropriadamente disponível. S não só era agradável e alegre, como também parecia desejosa de estabelecer contacto com quase todas as pessoas que a ela se dirigiam. Vários membros das equipas clínica e de pesquisa notavam que seriam de esperar, da parte de S, uma certa reserva e reticência que, simplesmente, não existiam. Por exemplo, pouco tempo depois de ter sido apresentada a uma pessoa, S não se coibia de a abraçar e de lhe tocar. Não havia nada de incómodo neste seu comportamento, mas era invariavelmente visto como estando muito afastado do comportamento habitual de um doente nas mesmas circunstâncias … …ela não tinha qualquer problema na aprendizagem de factos. As suas percepções sensoriais, os seus movimentos, a sua linguagem e a sua inteligência básica não eram de todo diferentes, em termos de competência de base, dos de um indivíduo normal e completamente saudável. Por outro lado, o seu comportamento social demonstrava uma consistente distorção em relação ao tom emocional. In: “O sentimento de si”. A. Damásio, 2000 Nada Receiem …Era como se as emoções negativas, tais como o medo e a zanga, tivessem sido retiradas do seu vocabulário afectivo, permitindo que as emoções positivas dominassem a sua vida, pelo menos devido à sua maior frequência, se não até devido à sua maior intensidade. …Era razoável colocar a hipótese de esta distorção afectiva estar relacionada com a destruição da amígdala. In: “O sentimento de si”. A. Damásio, 2000 Nada Receiem …Quando se lhe pede que imite expressões faciais de emoções, ela consegue fazê-lo perfeitamente em relação às emoções primárias, mas não no caso do medo. As suas tentativas de fazer uma “cara de medo” geram alterações mínimas na sua expressão facial e, logo a seguir, a confissão de que não está à altura da tarefa. S não sente medo da mesma maneira que o leitor ou eu próprio sentiríamos numa situação que normalmente o induziria. A um nível puramente intelectual, S sabe o que o medo deve ser, o que poderá causá-lo, e até o que se deve fazer em situações de medo, mas pouco ou nada dessa sua bagagem intelectual, por assim dizer, tem qualquer utilidade para ela no mundo real. O carácter destemido da sua natureza, resultante da lesão bilateral das suas amígdalas, impossibilitou-a de aprender, ao longo de toda a sua jovem vida, o significado das situações desagradáveis que atravessou. Consequentemente, não conseguiu aprender os sinais que anunciam um perigo provável ou uma possível situação desagradável, especialmente quando estes surgem na face de uma outra pessoa. Este facto ficou provado de modo bem claro num estudo recente baseado num juízo sobre a integridade de carácter e a afabilidade expressos em faces humanas. ◼ Funções do Lobo Frontal nas emoções: Lesões do Lobo Frontal associam-se a défices no reconhecimento emocional, integração do contexto, modelação da tomadas de decisão, raciocínio social, motivação, défices das funções executivas, etc. ◼ Paciente Phineas Gage – 25 anos – (Esquerda Harlow, 1868; direita Damásio et al, 1994, reconstrução do trajeto da barra e lesão extensa dos lobos frontais de ambos os hemisférios). ◼ https://www.youtube.com/watch?v=vHrmiy4W9 C0 (3.41) ◼ Subdivisões macroscópicas do Lobo Frontal (regiões motora, premotora e prefrontal). ◼ Região prefrontal (prefrontal dorsolateral e inferior e orbitofrontal inferior). ◼ Ligações do Córtex Prefrontal Sindrome “des – Síndrome Síndrome executivo” desinibido amotivacional (dorsolateral) (orbitofrontal) (apático), mediofrontal Diminuição do Comportamento Diminuição: julgamento, dependente dos Espontaneidade planeamento, insight st (st driven) Output verbal e organização (incluindo mutismo) temporal Insight social Prosódia espontânea redução da diminuído Latência das respostas persistência cognitiva Motórica (acinesias) Distractibilidade Incontinência urinária Défices de planeamento motor Fraqueza das incluindo afasias e Labilidade extremidades inferiores apraxias) emocional e perdas sensoriais Desleixo consigo próprio. Consulta dos textos ◼ Bear, Connors e Paradiso, ◼ Kandel et al (2013) Principles of Neural Science 5th Ed. ◼ Salzman, C. D., Adopphs, R.(2021). 42 Emotion. In Kandel et al. Principles of Neural Science 6 th Ed. pp1045-1064.