Psicologia Aplicada à Nutrição - Transtorno Alimentar de Bulimia (PDF)
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Paula Alessandra de Souza Mantilla Giehl
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Summary
This presentation details the characteristics of bulimia nervosa, exploring its causes, predisposing factors, maintaining factors, and psychological aspects. It also discusses the multidisciplinary approach to treatment, including the role of nutritionists, psychologists, and other healthcare professionals. Focuses on the patient's emotional and psychological well-being.
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Psicologia Aplicada à Nutrição Prof. Paula Alessandra de Souza Mantilla Giehl Transtorno Alimentar de Bulimia Caracterização do transtorno alimentar de Bulimia A bulimia nervosa (BN) caracteriza-se por períodos de grande ingestão alimentar (episódios bulímicos),...
Psicologia Aplicada à Nutrição Prof. Paula Alessandra de Souza Mantilla Giehl Transtorno Alimentar de Bulimia Caracterização do transtorno alimentar de Bulimia A bulimia nervosa (BN) caracteriza-se por períodos de grande ingestão alimentar (episódios bulímicos), durante os quais são consumidos uma grande quantidade de alimentos, em um curto período de tempo associados ao sentimento de descontrole sobre o comportamento alimentar e preocupação excessiva com o controle do peso corporal. Tal preocupação faz com que o paciente adote medidas compensativas, a fim de evitar o ganho de peso. O vômito auto induzido ocorre em cerca de 90% dos casos, sendo o principal método compensatório utilizado. O efeito imediato provocado pelo vômito é o alívio do desconforto físico secundário à hiperalimentação e a redução do medo de ganhar peso. Outros mecanismos utilizados pelos bulímicos para controle do peso são o uso inadequado de laxantes, diuréticos, hormônios tireoidianos, agentes anorexígenos e enemas. Jejuns prolongados e exercícios físicos exagerados são também formas de controle do peso (CORDAS, 2004). A distorção da imagem corporal, quando existe é menos acentuada. As características de personalidade dos bulímicos são sociabilidade, comportamentos de risco e impulsividade, traços que são coerentes com o descontrole e a purgação. São considerados fatores predisponentes Impulsividade e instabilidade afetiva; dependência de substâncias; desorganização e falta de cuidados; além dos fatores socioculturais como por exemplo o ideal cultural de magreza. A baixa autoestima ou autoavaliação são fatores de risco importantes. A história pré-mórbida de transtorno psiquiátrico, especialmente depressão, também é um fator de risco para os transtornos alimentares (TA), particularmente para a bulimia nervosa; ocorre com frequência em indivíduos com dependências químicas. A dieta para emagrecer é o fator precipitante mais frequente nos TA. Indivíduos que fazem dieta têm um risco maior para o desenvolvimento de TA do que os que não fazem. Uma possível justificativa para ser considerada um fator precipitante é que a restrição alimentar favorece o aparecimento das compulsões alimentares, iniciando o ciclo compulsão/purgação da bulimia nervosa. Eventos estressores, envolvendo uma desorganização da vida ou uma ameaça à integridade física (doença, gravidez, abuso sexual e físico), alterações da dinâmica familiar e expectativas irreais podem ter um papel desencadeador do transtorno por reforçar sentimentos de insegurança e inadequação. Os fatores mantenedores da doença podem ser diferentes daqueles que a desencadearam. Os fatores mantenedores da doença incluem o papel das alterações fisiológicas e psicológicas produzidas pela desnutrição e pelos constantes episódios de compulsão alimentar e purgação, que tendem a perpetuar o transtorno. Episódios bulímicos têm um impacto adverso sobre o metabolismo de glicose e insulina: ocorre um aumento de glicemia de jejum no dia após um episodio e maior resposta da insulina durante um teste bulímico. Fatores psicológicos (distorção da imagem corporal, distorções cognitivas e pensamentos obsessivos sobre comida e maior necessidade de controle desencadeado pela privação alimentar), interpessoais e culturais (magreza vista como símbolo de sucesso) também atuam perpetuando o transtorno. Há também os aspectos reforçadores produzidos pelo sucesso em controlar o peso, tão valorizados culturalmente, em indivíduos que costumam vivenciar sentimentos de baixa autoestima e sensação de falta de controle sobre a própria vida. Bulimia nervosa – Aspectos psicológicos Pacientes com bulimia nervosa (BN) apresentam uma série de pensamentos e emoções desadaptativas a respeito de seus hábitos alimentares e seu peso corporal. De maneira geral, podemos afirmar que as pacientes com BN apresentam uma autoestima flutuante, fazendo-as acreditar que uma das maneiras de resolver os problemas de insegurança pessoal é através de um corpo bem delineado e, para alcançar seu objetivo, acabam por desenvolver dietas impossíveis de serem seguidas. Em outras palavras, procuram “sanar” um problema emocional através da adoção de estratégias imperativas de emagrecimento e, neste sentido, desenvolvem atitudes radicais baseadas na ideia de que estar magra é um dos caminhos mais curtos para se obter a felicidade. Creem, erroneamente, que ter o controle de suas medidas lhes proporcionará uma condição de segurança emocional. Imagina-se, portanto, que uma das possíveis causas envolvidas na etiologia deste quadro é a própria desorganização pessoal. Alguns clínicos chegam a suspeitar que a tentativa de regulação e controle da alimentação seja uma tentativa (ainda que fracassada) de ordenação e estabilidade. É por essa razão que muitas das intervenções de tratamento psicológico baseiam-se, dentre os vários aspectos, no oferecimento de estratégias “estruturadas” de resolução dos problemas, ou seja, transmitem a ideia de solo firme para mudança. As relações familiares também não ficam atrás ao exibir as mesmas premissas de relação, ou seja, as trocas parentais são, na maioria das vezes, marcadas por baixos níveis de cumplicidade e respeito interpessoal. As famílias das pacientes com BN são descritas como perturbadas, mal organizadas, com dificuldade de expressão de afeto e cuidado. No trabalho, as mesmas queixas são encontradas – muitas pacientes não sentem ter encontrado ainda “a atividade de suas vidas”, engajando-se em rotinas que muitas vezes as privam do interesse e do prazer. Fatores ligados à arquitetura emocional das pessoas com bulimia nervosa, alguns aspectos psicológicos são dignos de nota: a) autoestima flutuante; b) pensamento do tipo “tudo ou nada” (ou seja, funciona através dos valores opostos); c) ansiedade alta; e) incapacidade de encontrar formas de prazer e satisfação; f) busca de problemas nas coisas; g) exigência alta; e h) incapacidade de “ser feliz”. Tratamento O tratamento dos transtornos alimentares está baseado em abordagem multidisciplinar integrada, com participação de psiquiatras, psicólogos, clínico geral, nutricionistas, acompanhantes terapêuticos, enfermeiros e educadores físicos. Cada membro da equipe desempenha um papel pré-determinado nos vários momentos, e nas mais variadas áreas de deficiência e da necessidade do paciente. Este tratamento multidisciplinar é devido ao quadro de natureza bastante complexa, requerendo tratamento igualmente complexo, devido as alterações endócrinológicas, nutricionais, comportamentais e psicodinâmicas, ou seja, perturbações tanto do funcionamento psíquico quanto somático A melhora do paciente pode ser obtida por meio de um tratamento cujo objetivo seja a recuperação do peso corporal, sem provocar aumentos bruscos de peso, com a participação de um nutricionista capacitado, restituição de um hábito alimentar mais adequado a discussão sobre os fatores causadores e mantenedores do transtorno alimentar. Recuperação de peso (quando necessário) e hábitos alimentares adequados, estes são um dos objetivos iniciais do tratamento, tanto do ponto de vista clínico como psicológico Obrigado!