Neuropsicologia da Memória - 2023-2024 PDF

Summary

Neuropsicologia da memória: bases neuropsicológicas dos distintos sistemas de memória. O documento explora os processos da memória, incluindo codificação, consolidação, armazenamento e recuperação, bem como modelos de memória de Atkinson & Shiffrin e Squire (1986). Além do mais, vários outros conceitos como a memória prospectiva e sistemas de memória, são tratados no texto.

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Neuropsicologia da memória Bases neuropsicológicas dos distintos sistemas de memória O que é a memória? Modo como a nova informação é atendida Codificação e associada à informação da memória. Memória Processo que c...

Neuropsicologia da memória Bases neuropsicológicas dos distintos sistemas de memória O que é a memória? Modo como a nova informação é atendida Codificação e associada à informação da memória. Memória Processo que conduz a que a informação Consolidação armazenada de um modo temporário e lábil se torne mais estável Armanezamento Mecanismos e locais onde a memória é retida ao longo do tempo Recuperação Processo de recuperar a informação armazenada (processo construtivo u criativo) Processos da Memória Aquisição corresponde à entrada de conteúdos na memória Codificação consiste na tradução de dados num código capacidade de reter e conservar as Armazenamento informações Recuperação da informação recordação e reconhecimento The multi-stored model of memory Atkinson & Shiffrin (1968, 1971) Memória Sensorial Memória a curto Memória a Longo Prazo Prazo Retém a informação Limitada( 30-60 Tem a capacidade de durante uma fracção de segundos) armazenar a Tempo de segundos(0,1-2 Contudo a retenção informação por longos armazenamento segundos); da memória períodos de tempo; Porém, se for aumenta se prestada atenção, a repetirmos informação passa mentalmente a para a Memória a informação; Curto Prazo; Atenção Nenhuma/Pouca Alguma Moderada/Muita Limitada( Entra em Limitação quantitativa 7 Ilimitada de ação logo que é +/- 2 unidades) armazenamento; activada por uma Todavia se a Capacidade estímulo sensorial; informação não for Memória ligada à recuperada, ela vai perceção- após a sendo perdida ao longo transdução existe a do tempo; passagem de sensação para perceção; Capacidades Memória Hábito Processual Memória (Implícita) de Longo Priming Termo Memória Memória Semântica Declarativa (Explícita) Memória Episódica Squire (1986) Algumas DEFINIÇÕES Memória Sensorial Armazenamento breve de informação numa modalidade específica Memória de curto-termo Retenção de pequenas quantidades de informação durante alguns segundos Memória de longo-termo Sistema ou sistemas que sustêm a capacidade de armazenar informação por longos períodos de tempo Memória Declarativa Memória que permite uma recuperação intencional explícita da informação, quer sejam acontecimentos pessoais (episódica) quer sejam factos (Semântica) Memória não- Recuperação de informação a partir da memória de Declarativa implícita longo-termo através do desempenho de uma acção em vez de uma evocação consciente ou um reconhecimento explícitos Memória prospectiva Permite recordar de Agenda mental A atenção exigida numa um compromisso num tarefa da memória determinado tempo prospectiva depende da sua futuro importância e da sua complexidade Sistemas de memória: Critérios (Schacter e Tulving, 1994) 1. Existir um conjunto de processos cerebrais que permite o armazenamento e a recuperação de um tipo específico de informação. 2. O funcionamento do sistema possuí um conjunto específico de propriedades que lhe são características e distintas de outros sistemas. 3. Demonstrar-se estar dissociado de outros sistemas com base em provas da Psicologia e outras provenientes de disciplinas que integram as neurociências. Esquema das vias dos três “sistemas da memória” Sistema do Lobo Frontal (função executiva)- opera a informação que recebe e envia para o lobo temporal médio, controla também os Sistema do lobo caminhos activados durante temporal (função a codificação e a evocação associativa) – nele está de informação. localizado o neocórtex temporal, sendo esta uma região potencialmente envolvida com memória a longo prazo. O conhecimento semântico é armazenado em córtices associativos distintos. O cérebro organiza o conhecimento de acordo com as primitivas concetuais Circuito neuronal para a memória declarativa (o fluxo de informação inicia-se com os estímulos do sistema sensorial e motor (informação adicional) Circuito proposto para a memória de procedimentos (informação adicional) Circuito neuronal para as memórias emocionais (informação adicional) Síndromes amnésicos - HM Défice “puro” da memória a seguir a excisão bilateral extensa do lobo temporal incluindo o Hipocampo para controlo da epilepsia (Scoville, 1953; Scoville e Milner, 1957). Caso H.M. neuropsicóloga: Brenda Milner Lesão do Hipocampo Remoção bilateral de uma porção de 8cm do lobo temporal medial, incluindo o córtex, a amígdala e os dois terços anteriores do hipocampo Amnésia retrógrada parcial Amnésia anteroretrógrada grave Perceção Inteligência Personalidade Caso H.M. neuropsicóloga: Brenda Milner Lesão do Hipocampo Retrógrada: amnésia para os eventos antes do evento que causou a amnésia. Anterógrada: amnésia para os eventos após o evento que causou a amnésia. Caso H.M. Lei de Ribot A perda de informações, na amnésia retrograda, dá-se da seguinte forma: 1) Do mais recente para o mais remoto 2) Do mais complexo para o mais simples 3) Do menos importante para o mais importante Gradiente temporal da amnésia retrógrada de acordo com a lei de Ribot – (lei da regressão – relação inversa entre o grau de défice da memória e o tempo decorrido entre o evento a ser recordado e a lesão) Hipocampo ou Sistema do Hipocampo. Rede neuronal que envolve regiões como Subiculum, Circunvolução Denteada, Circunvolução Parahipocampal, Córtex Perirrinal, Hipocampo (CA1 e CA2) Caso H.M. ✓ Memórias a longo prazo, formadas antes da cirurgia ✓ Capacidade de invocar acontecimentos passados. ✓ Memória a curto prazo Formar novas memórias declarativas Capacidade de consolidar a sua memória de curto prazo em memória de longo prazo Lesões nas regiões mediais dos lobos temporais (como HM) Défices de memória profundos CONTUDO Capazes de aprender certos tipos de tarefas e reter estes conhecimentos Caso HM Dissociação de sintomas entre as capacidades preservadas para aprender procedimentos motores ou cognitivos e emocionais e défice para recordar de um modo explícito (consciente, verbal) essas experiências (distinção memória declarativa e implícita) Dissociação de sintomas – exemplos de memórias preservadas de procedimentos motores (a), priming verbal (b), primming percetivo (c) procedimentos cognitivos (d) e ao mesmo tempo défice profundo da ,memória declarativa. C A D B D Outros estudos sobre as funções do Sistema do HIPOCAMPO com registos de imagiologia cerebral: Lesões nos lobos temporais mediais: Estudos de REED E SQUIRE 4 pacientes amnésicos 2 com lesões restritas á 2 pacientes com lesões que na formação formação hipocampal hipocampal, amígdala e córtex temporal Severa amnésia anterógrada Severa amnésia anterógrada, e uma amnésia retrógrada e uma amnésia retrógrada limitada acentuada Lesões nos lobos temporais mediais: conclusões Reed & Squire, 1998 e Stefanacci, Buffalo, Schmolck & Squire, 2000 O que é afetado? 1)Formação de novas memórias 2)Memória de trabalho e memória declarativa (episódica e semântica) O que permance intacto? 1)Perceção, linguagem, raciocínio, capacidade 3)Amnésia retrógrada em graus variados intelectual e habilidades sociais; 2)Capacidade de adquirir novas habilidades motoras cognitivas e percetivas 3)Priming 4)Memória Imediata Lesões do diencéfalo: SÍNDROME DE KORSAKOFF Síndrome de Karsakoff Subnutrição Défice de Tiamina Danos …mais grave do Amnésia estruturais que a observada antero- irreversíveis no nos casos N.A. ou -retrógrada encéfalo até mesmo H.M. … Os modelos da Memória evoluíram da consideração de diferentes tipos de armazém (de Atkinson e Shifrin) de acordo com a duração, codificação e armazenamento. para diferentes sistemas de memória (estudos de HM e de outros pacientes amnésicos) que operam sobre material diferente, diferentes processos de aquisição, codificação armazenamento e recuperação e usam redes neuronais distintas. Porém, o modelo de Atkinson e de Shiffrin até então aceite, foi posto em causa com os estudos seguintes: Caso de KF ▪Estudo de caso (com sintomas simétricos a HM) realizado por Tim Shallice e Elisabeth Warrington (1970); ▪ Acidente vascular cerebral , danificou a Oposto ao superfície do hemisfério cerebral esquerdo na superfície parieto-occipital (apresentava tb caso HM sintomas afásicos como dificuldades de repetição que são sintoma de afasia de condução) MCP é afetada MLP ficou intacta https://www.youtube.com/watch?v=105hFEIpql8 A capacidade para armazenar informação depende de uma forma de memória de curta duração – designada MEMÓRIA DE TRABALHO – que mantem uma representação ativa (e transitória) do conhecimento relevante. No Homem a memória de trabalho consiste em pelo menos dois subsistemas – um para a informação verbal e outro para a informação visuo espacial. O funcionamento destes dois sistemas é coordenado por um terceiro sistema, os processos de controlo executivo. O sistema de controlo executivo terá funções de alocar recursos atencionais aos subsistemas verbal ou visuo espacial para monitorizar, manipular e atualizar as representações armazenadas E ainda um buffer episódico que mantem os sistema em funcionamento. Registos da atividade de neurónios individuais do córtex prefrontal demonstraram que em primatas não humanos estas células mantem representações de objetos (Cortex Prefrontal Ventrolateral), outras representam a integração do conhecimento espacial (Cortex Prefrontal dorso lateral)e o do objeto Sistemas de classificação dos síndromes amnésicos: – Sistemas baseados em dados neuroanatómicos (criticados por serem excessivamente reducionistas) – Sistemas baseados no perfil neuropsicológico da amnésia (criticados por se basearem em dados por vezes inconsistentes) Como se formam memórias no SN? O contributo dos modelos animais (modelos de Kandel e colaboradores na Aplysia, lesma marinha). A perspetiva da NEUROPSICOGIA como uma integração das ambiente Genes abordagens da neurobiologia, da psicologia self cognitiva, da neurologia, da psicopatologia 1. Níveis ou camadas de observação níveis de complexidade crescente: molecular, interações sinápticas, microcircuitos sinápticos, integração neuronal, microcircuitos neuronais num local cerebral, integração entre microcircuitos de diferentes áreas, comportamento individual subjetivo, interações sociais. Cada um destas níveis constitui-se como objeto de estudo qualitativamente diferente. Podemos falar em integração multisistémica com sistemas com diferentes camadas ou níveis funcionais e de também com complexidade distinta. Pequeno nº de neurónios de gr dimensões 1 Abordagem Comportamental Identificação do circuito 2 neuronal que regula o comportamento No animal intacto ou em preparações identificar os 3 neuronios e analisar as modificações fisiológicas. PARADIGMA COMPORTAMENTAL DA HABITUAÇÃO Modificação sináptica na habituação: depressão (redução) da atividade nas sinapses “alvo” do circuito que comanda o comportamento. Modificação transiente e funcional e está na base da formação de memórias de curta duração. Habituação Modificações funcionais (transitórias) – depressão sinaptica Redução da libertação de neurotransmissor pelos neurónios sensoriais nas células alvo (neurónios motores e interneurónios). Modificações estruturais (duradouras) Redução do nº de sinapses Implicações para o entendimento dos sistemas e processos da memória Paradigma da Sensibilização Na sensibilização ocorre um aumento da atividade sináptica (facilitação pressinatica) O circuito que controla este comportamento é heterosinatico (envolve muitas sinapses algumas das quais com ações neuromoduladoras) A facilitação pressinaptica depende dos efeitos moduladores da neutrotransmissão mediada pelos sistemas de 2º mensageiro Para ir um pouco mais além na descrição do processo: Três vias bioquímicas da facilitação pressinóptica na sensibilização: 5-Ht liga-se a dois receptores 1. - G  adenilcíclase  AMPc  PKA  → canais K+ → mobiliz vesículas → canais Ca++ L 2. – Go  fosfolipase C  diacilglicerol  PKC Os processos até agora descritos são transientes e funcionais e estão na base da formação de memórias de curta duração. Fica por descrever como se formam memórias de longa duração – alterações estruturais no SN. Modificações da expressão genética (cascata genética). Informação complementar para perceber qual é a via através da qual eventos do ambiente agindo através da membrana neuronal podem alterar a estrutura do SN: PKA e MAP quinase translocam-se para o núcleo Activam o CREB 1 e libertam as acções inibidoras do repressor da transcrição CREB 2. Expressão dos genes: - Enzima ubiquitina hidrolase que activa os proteosomas e modificam a subunidade catalítica da PKA que se torna activa de um modo persistente. - Factor de transcrição C/EBP um dos elementos da cascata genética necessária ao crescimento de novas ligações sinápticas. Modificações funcionais transitórias (associadas a memórias transitóricas ou de curta duração) Facilitação pressinática pela cascata bioquímica do AMPc  aumento da intensidade da ação sináptica dos neurónios sensoriais nas células alvo. Modificações estruturais (alteração da expressão genética, associadas a memórias de longa duração –Modificações de elementos proteicos da cascata bioquímica; Aumento do nº de sinapses. Implicações para o entendimento dos sistemas e processos da memória Haverá continuidade entre os processos de curta e de longa duração? os processos bioquímicos da memória são qualitativamente diferentes nas formas de curta e de longa duração. E o que dizer em relação à existência de regiões do SN com funções especializadas na memória de procedimentos? Segundo estes estudos da Aplysia os circuitos neuronais ligados À formação da memória são os próprios circuitos com funções de commando e de execução do comportamento … Referências Siegelbaum, S. A. & Kandel, E. R. (2013): Prefrontal Cortex, Hippocampus and the biology of explicit memory. In Kandel et all, Principles of Neural Science fith Ed. (1487-1522). Kandel ER, Schwartz JH, Jessell (2000): Principles of Neural Science 4th Ed. Bear, Connors e Paradiso Squire LR, Kandel ER (2002): Da mente às moléculas (trad). Porto Ed. Squire LR (2008). Memory systems of the brain: A brief history and current perspective. Neurobiology of Learning and Memory 82 (171– 177)

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