Prática Neurológica, Trauma e Cardio-respiratória PDF
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Profa. Andrea Garcia
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Este documento apresenta um conteúdo sobre Prática Neurológica, Trauma e Cardio-respiratória, fornecendo informações sobre a assistência de enfermagem a pacientes críticos com disfunções neurológicas, traumáticas e cardiorrespiratórias. Inclui uma introdução, módulos e objetivos específicos relacionados ao tema, além de informações detalhadas sobre a identificação de pacientes com disfunções neurológicas.
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# Prática neurológica, trauma e cardiorrespiratória ## Descrição Você vai entender como funciona a assistência da enfermagem a pacientes críticos com disfunções neurológicas, traumáticas e cardiorrespiratórias. ## Propósito Entender como a enfermagem deve atuar na assistência a pacientes com d...
# Prática neurológica, trauma e cardiorrespiratória ## Descrição Você vai entender como funciona a assistência da enfermagem a pacientes críticos com disfunções neurológicas, traumáticas e cardiorrespiratórias. ## Propósito Entender como a enfermagem deve atuar na assistência a pacientes com disfunções neurológicas, traumáticas e cardiorrespiratórias, algo crucial para a segurança e o tratamento eficaz da saúde, e na coordenação da equipe durante situações críticas. ## Objetivos ### Módulo 1 Assistência a paciente crítico com disfunção neurológica ### Módulo 2 Assistência de enfermagem em emergências traumáticas Identificar como se elabora uma avaliação rápida e sistemática de pacientes traumatizados, com lesões potencialmente fatais ou graves. ### Módulo 3 Assistência ao paciente com disfunção cardiovascular e respiratória Reconhecer respostas eficazes e coordenadas a emergências cardiorrespiratórias, com maiores chances de sobrevivência e recuperação de pacientes. ## Introdução O papel da enfermagem é identificar prontamente sinais e sintomas, aplicar procedimentos de emergência e acompanhamento, além de entender como funciona a coordenação das equipes. Esse profissional se capacita para oferecer respostas ágeis, precisas e eficazes a pacientes críticos. É essencial nessas situações, agindo como um elo entre paciente, equipe médica e procedimentos necessários para garantir uma resposta de qualidade durante o cuidado. Considere, por exemplo, um ambiente de unidade de terapia intensiva, no qual se enfrenta uma situação de parada cardíaca. Exige-se uma resposta rápida, eficiente e coordenada de toda a equipe para preservar essa vida. A capacidade de responder a emergências cardiorrespiratórias pode fazer uma diferença significativa. Por isso, é preciso saber identificar os sinais de parada cardiorrespiratória e aplicar a manobra de recuperação cardiorrespiratória (RCP) e o desfibrilador. Dessa forma, quanto mais preparo você tiver para gerenciar essas situações, maior será a probabilidade de oferecer ajuda eficaz. Aqui você aprenderá como agir no atendimento de situações reais de disfunções neurológicas, traumáticas e cardiorrespiratórias. ## 1 - Assistência a paciente crítico com disfunção neurológica Ao final deste módulo, você será capaz de descrever habilidades em uma avaliação abrangente das disfunções neurológicas do paciente. ### Como identificar pacientes com disfunções neurológicas? Neste vídeo, você verá os métodos fundamentais para a identificação de pacientes com disfunções neurológicas. Destaca-se a importância da observação clínica, da coleta de histórico de saúde e o instrumento de avaliação neurológica mais utilizado em emergências. ### Identificação de pacientes com disfunções neurológicas Precisamos compreender todos os elementos envolvidos na avaliação desses casos. Dessa forma, de acordo com Holanda e Meira (2021), é fundamental englobar múltiplos aspectos durante essa avaliação, como veremos a seguir. #### Histórico clínico do paciente A enfermagem precisa coletar informações detalhadas sobre o histórico médico, como: * Condições prévias. * Medicamentos em uso. * Modo de instalação (agudo ou crônico). * Hábitos de vida (exemplo: paciente com crise convulsiva, etilista, estava há dois dias sem ingerir bebida alcoólica). * Eventos que possam ter desencadeado a disfunção neurológica (exemplo: paciente com neuropatia realizando quimioterapia). #### Avaliação neurológica focada Durante a avaliação neurológica do paciente, alguns pontos importantes precisam ser analisados pela enfermagem. Confira! * **Consciência e estado mental**: Avaliam-se a orientação temporal e a espacial, o nível de consciência e a resposta a estímulos. * **Função motora**: Verificam-se a força, a simetria dos movimentos e a presença de paralisia ou fraqueza. * **Sensibilidade**: Testam-se as sensações dolorosas, as térmicas e as táteis em diferentes áreas do corpo. * **Reflexos**: Avaliam-se os reflexos profundos e os superficiais, para identificar possíveis anormalidades. * **Monitoramento dos sinais vitais**: Para identificar mudanças que agravem a condição neurológica, são verificadas continuamente a frequência cardíaca, a pressão arterial, a respiração e a temperatura. * **Avaliação da glicemia capilar (hemoglucoteste - HGT)**: Os níveis de glicemia precisam ser verificados por várias razões. Conheça-as! #### Impacto no funcionamento cerebral A hipoglicemia e a hiperglicemia podem desencadear uma variedade de sintomas neurológicos adversos, agravando as disfunções já existentes ou, em certos casos, tornando-se a causa subjacente de condições neurológicas. #### Risco de danos neurológicos Níveis persistentemente altos ou baixos de glicose podem contribuir para danos cerebrais irreversíveis em alguns casos. A hipoglicemia pode causar convulsões, coma e lesões cerebrais, enquanto a hiperglicemia pode levar ao coma ou complicações vasculares e neuropatias, por exemplo. #### Avaliação de comportamento e comunicação Pacientes devem ser observados, durante a consulta de enfermagem, em seus comportamentos, sua capacidade de se comunicar e sua compreensão do ambiente, para avaliar possíveis alterações cognitivas. Após a avaliação desses aspectos, todas as observações devem ser registradas de forma sistemática. Isso ajuda a identificação, o monitoramento e a execução de cuidados individualizados. #### Prática de enfermagem nas disfunções neurológicas Agora que você já sabe que os variados aspectos relacionados à identificação de pacientes com disfunção neurológica são fundamentais para oferecer cuidados eficazes e especializados, torna-se mais fácil compreender atividades práticas e estratégias adotadas pela equipe de enfermagem durante o atendimento a pacientes críticos. O exame neurológico deve ser iniciado desde o momento da entrada para realizar o atendimento. Em uma emergência, isso pode ocorrer na classificação de risco ou quando o profissional se aproxima do leito, com o paciente já internado. Observar a marcha, o comportamento e a expressão facial oferece informações iniciais valiosas sobre possíveis disfunções neurológicas. Sendo assim, as atividades práticas da enfermagem aplicadas a pacientes com disfunções neurológicas são variadas e incluem diversas etapas. Confira a seguir! #### Monitoramento Observe e registre os sinais vitais do paciente regularmente, incluindo temperatura, pulso, pressão arterial, frequência respiratória e, em alguns casos, glicemia capilar. #### Avaliação neurológica Realize avaliações frequentes do estado neurológico do paciente, verificando consciência, resposta a estímulos, função motora, sensibilidade e reflexos. Nessa etapa, a enfermagem utiliza escalas padronizadas que auxiliam a avaliação neurológica, como a escala de coma de Glasgow. #### Administração de medicamentos Siga rigorosamente as recomendações médicas e administre medicamentos prescritos a fim de controlar sintomas, prevenir convulsões ou tratar condições subjacentes. #### Posicionamento e cuidados com a mobilidade Auxilie a movimentação do paciente, posicionando-o adequadamente no leito, para evitar úlceras de pressão e garantir conforto. #### Assistência na alimentação e na hidratação Garanta que o paciente receba alimentação adequada e administre líquidos, conforme prescrito, incluindo alimentação por sonda, se necessário. #### Prevenção de complicações Implemente medidas preventivas a fim de prevenir complicações, como pneumonia associada à ventilação mecânica, trombose venosa profunda (TVP) e infecções. #### Suporte ao paciente e à família Ofereça suporte emocional a paciente e familiares, fornecendo informações claras sobre estado de saúde, prognóstico e tratamento. #### Colaboração com a equipe multidisciplinar Trabalhe em conjunto com médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e outros profissionais de saúde, para planejar e executar o cuidado integral ao paciente. Essas atividades variam de acordo com a condição específica do paciente e podem ser adaptadas para necessidades individuais, sempre visando à segurança, ao conforto e à recuperação do paciente com disfunção neurológica. ### Instrumento de avaliação neurológica aplicado na prática da enfermagem Uma das ocorrências neurológicas mais frequentes com pacientes críticos é a mudança no nível de consciência. Deve-se realizar uma avaliação diária e regular desse aspecto, que pode variar desde sonolência até estado de coma. Na avaliação do estado neurológico em emergências, empregamos a **escala de coma de Glasgow (ECG)**. Conforme Sousa e Santos (2021), essa ferramenta é aplicada em alguns casos. Veja! * Traumas cranianos. * Acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e outras condições neurológicas. * Avaliação da resposta ocular. * Avaliação verbal e motora (para determinar o nível de consciência do paciente por meio de uma pontuação específica). Inicialmente, para aplicar essa escala de coma de Glasgow, na prática, você precisa saber que cada etapa tem uma pontuação máxima, ou seja: **Abertura ocular: 4** **Resposta verbal: 5** **Resposta motora: 6** Ao usar a escala, você avaliará esses três aspectos da seguinte forma: #### Checar a comunicação do indivíduo Procure fazer perguntas simples e breves ao paciente, como “Qual é o seu nome?” e “Onde você está?”. #### Observar a abertura dos olhos e os movimentos motores Avalie por estímulo sonoro, por ordem em tom de voz alto e, se necessário, por estímulos de pressão. Se fizer uso desses estímulos, faça pressão na extremidade dos dedos, no trapézio ou na incisura supraorbitária. Uma resposta normal é um reflexo de afastamento do estímulo doloroso. Porém, pacientes com comprometimento neurológico grave podem apresentar posturas anormais diante da dor. A ausência de resposta indica falta de tônus muscular nos membros e possíveis lesões cerebrais graves. Ao final da avaliação, pontue e some os itens avaliados na escala. Os estímulos que obtiveram a melhor resposta do paciente devem ser marcados em cada um dos três tópicos da escala. Se algum fator impede o paciente de realizar a tarefa, é marcado como **não testável (NT)**. Além disso, é importante você saber que a ECG foi **atualizada em 2018,** segundo Brennan, Murray e Teasdale (2018), com a prescrição da **análise da reatividade pupilar**, apresentando as seguintes pontuações: * **Nenhuma (-2).** * **Apenas uma reage ao estímulo luminoso (-1).** * **As duas pupilas ficaram fotorreagentes (0).** Para essa avaliação, suspendem-se cuidadosamente as pálpebras do paciente, direcionando um foco de luz para seus olhos. A nota correspondente à reação desse estímulo é registrada, e o valor subtraído da nota anterior, gerando um resultado mais preciso. Agora, familiarize-se com a escala, pratique sua aplicação e considere cenários clínicos diversos para compreender melhor como ela pode ser útil em diferentes situações. ### Estudo de caso: atendendo o paciente com disfunção neurológica Para entendermos melhor como funciona a assistência ao paciente com disfunção neurológica, veremos, a seguir, um caso clínico de um atendimento de enfermagem. #### Caso clínico Este estudo de caso ilustra como a ECG foi utilizada para avaliar o estado inicial de consciência de Maria após um trauma craniano. Isso orientou o tratamento inicial, permitindo o monitoramento e as intervenções adequadas para cuidados posteriores. ##### Paciente Maria, sexo feminino, 45 anos, levada ao pronto-socorro após um acidente de carro. ##### Cenário inicial Maria estava inconsciente ao dar entrada, com suspeita de lesão cerebral traumática. A equipe de saúde rapidamente iniciou os cuidados de emergência. ##### Uso da ECG | Abertura / Resposta | Descrição | Pontuação | |---|---|---| | Abertura ocular | Não abria os olhos quando chegou ao hospital. | 1 | | Resposta verbal | Não respondia verbalmente a estímulos. | 1 | | Resposta motora | Não respondia a estímulos motores, como comandos para apertar as mãos. | 1 | | Resposta pupilar | Pupilas fotorreativas à luz. | 0 | | Total na ECG | 3 | *Tabela: Uso da ECG. Adaptado de Andrea Garcia, 2023.* #### Avaliação e intervenção Com uma pontuação tão baixa na ECG, indicando um grave comprometimento neurológico, Maria foi imediatamente encaminhada para a sala de estabilização, na qual foram realizados intubação de via aérea, monitoramento dos sinais vitais e exames de imagem. ## Atendendo paciente com suspeita de acidente vascular encefálico (AVE) Neste vídeo, você verá o papel da enfermagem no atendimento imediato a indivíduos com suspeita de AVE. Na primeira parte, serão explorados os sinais e os sintomas do AVE, destacando a necessidade de rápida identificação. O segundo segmento aborda os procedimentos iniciais e a crítica importância do tempo para o tratamento do AVE. ### Acidente vascular encefálico (AVE) É considerado uma emergência médica tempo-dependente. Isso significa que o tempo é um fator crítico na resposta ao tratamento e na recuperação do paciente. O AVE é um evento súbito que se revela por meio de sinais clínicos neurológicos distintos. Esse incidente pode ser categorizado em dois principais tipos. Conheça-os! #### AVC isquêmico (AVEi) Resultante do bloqueio de um vaso sanguíneo. #### AVC hemorrágico (AVEh) Originário do rompimento de um vaso cerebral. Essas diferentes classificações influenciam diretamente as estratégias de tratamento e prognóstico do paciente (Brasil, 2021). Devido à natureza crítica do AVE em relação ao tempo, é essencial que a enfermagem identifique prontamente essa condição e acione imediatamente toda a rede de cuidados do ambiente hospitalar. Com isso em mente, é importante ressaltar as principais atividades da enfermagem ao atender pacientes com suspeita de AVE. Confira! * Realizar avaliação neurológica rápida e precisa usando a escala de Cincinnati para verificar se o paciente apresenta uma destas características: assimetria fácil, fraqueza nos braços e fala anormal. * Verificar o horário de início dos sintomas, sabendo que, para o paciente ser classificado como AVE hiperagudo, os sintomas precisam ter se iniciado pelo menos há 4,5 horas. * Acionar a equipe médica e encaminhar o paciente para a sala de internação, a fim de receber os cuidados indicados até a realização da tomografia computadorizada (TC), o mais breve possível. A TC de crânio é o exame de imagem mais indicado para o diagnóstico de AVE e a definição de conduta. Falando nisso, é importante você saber que a conduta e o tratamento medicamentoso para o AVEi e AVEh diferem. Veja! #### AVC isquêmico * Avaliar indicações e contraindicações para trombólise. * Administrar tratamento trombolítico, quando não houver contraindicações, em pacientes com sintomas iniciados há pelo menos há 4,5 horas. Esse tratamento é eficaz para restabelecer o fluxo sanguíneo no cérebro. * Submeter o paciente à trombólise por meio de dois acessos venosos periféricos, de preferência no membro sem paresia. Um desses acessos deve ser exclusivamente para a administração do trombolítico. * Administrar anticoagulantes e antiagregantes plaquetários, conforme prescrição médica. * Controlar fatores de risco, como diabetes e hipertensão arterial. Note que a administração do trombolítico não deve ser realizada por pessoas que sejam técnicas de enfermagem. #### AVE hemorrágico * Controlar a pressão arterial. * Administrar os medicamentos prescritos. * Avaliar o paciente, para definir se o tratamento cirúrgico é recomendado. Note que essa avaliação é feita pelo neurocirurgião. É fundamental saber reconhecer os sintomas do AVE e estar ciente das ações imediatas necessárias. A expressão "Tempo é cérebro" enfatiza a urgência em agir prontamente, aumentando as oportunidades de uma recuperação eficaz e reduzindo os impactos causados pelo AVE. ### Estudo de caso: atendendo um paciente com AVE Para entendermos melhor como funciona a assistência a pacientes com disfunção neurológica, descreveremos a seguir um caso clínico, com um exemplo de um atendimento de enfermagem. #### Caso clínico Este estudo de caso destaca a importância dos cuidados de enfermagem em todas as etapas do tratamento de João, desde a emergência até a internação e a alta hospitalar. ##### Paciente João, sexo masculino, 55 anos, admitido na unidade de emergência após um possível AVE. ##### Cenário inicial João chegou à emergência apresentando fraqueza súbita no lado direito do corpo, dificuldade de fala e confusão. Rapidamente avaliado, o exame de imagem (TC) confirmou um AVEi hiperagudo. ##### Avaliação rápida A equipe de enfermagem realizou uma avaliação neurológica completa, verificando sinais vitais, HGT, nível de consciência, aplicação da escala de Cincinnati e horário de início dos sintomas. A partir dessa avaliação inicial, a enfermagem abriu o protocolo de AVE e o paciente foi encaminhado prontamente para a internação. ##### Monitoramento contínuo Dois acessos venosos periféricos foram puncionados no membro superior esquerdo. O paciente recebeu monitorização contínua. Após esses cuidados iniciais, houve encaminhamento para TC. ##### Administração de trombolítico Após analisar os critérios para inclusão e exclusão, decidiu-se aplicar a trombólise. A dose de alteplase foi então calculada de acordo com a fórmula padrão, com base no peso real do paciente, e administrada pela enfermagem. ##### Cuidados durante a internação * João foi posicionado com cuidado para prevenir úlceras de pressão, e sua posição foi alterada de duas em duas horas e sempre que necessário. * Medicamentos foram prescritos, e a monitorização do paciente foi contínua. * Controle da glicemia foi feito regularmente, e os níveis foram mantidos na faixa adequada para evitar complicações metabólicas. Estratégias de educação e apoio à equipe de enfermagem forneceram informações detalhadas sobre a condição de João, orientando sobre os cuidados em casa, sinais de alerta e acompanhamento necessário após a alta hospitalar. ## Atendendo o paciente com trauma cranioencefálico (TCE) Aprenda neste vídeo como lidar com pacientes com traumatismo cranioencefálico (TCE), conhecendo os procedimentos iniciais e as avaliações secundárias para uma resposta eficaz. ### Traumatismo cranioencefálico (TCE) Segundo Silva, Nogueira e Sousa (2021), pode ser causado por diversos fatores. Confira! * Acidentes automobilísticos * Quedas * Agressões * Esportes de contato * Lesões relacionadas ao trabalho Diante desses possíveis cenários, cabe destacar que o atendimento a pacientes com TCE envolve uma série de etapas para garantir avaliação e intervenção adequadas, desde o atendimento pré-hospitalar até a chegada ao hospital.. ### Atendimento pré-hospitalar Você vai ver, a seguir, as etapas de atendimento da pré-hospitalização do paciente. #### Avaliação inicial Equipes de resgate e serviços de emergência avaliam a cena do acidente e iniciam o atendimento ao paciente, priorizando a estabilização do quadro. #### Sistematização do atendimento É feito o mnemônico **ABCDE do Advanced Trauma Life Support, **que consiste em: * **A (airways):** vias aéreas e controle da coluna cervical. * **B (breathing):** respiração e ventilação. * **C (circulation):** circulação e controle de hemorragias. * **D (disability):** avaliação neurológica. * **E (exposure):** exposição e controle da temperatura. ### Atendimento hospitalar Passado o pronto atendimento, é chegada a hora da hospitalização em si. Veja como isso acontece! #### Recepção na emergência É realizada a recepção do paciente pela equipe de saúde, que inicia uma avaliação detalhada, priorizando a via aérea, a respiração e a circulação (A-B-C). #### Avaliação secundária É realizado o exame neurológico por meio da escala de coma de Glasgow, das assimetrias de resposta e das pupilas. É realizada uma inspeção por meio da palpação do crânio e da face para a verificação de fraturas, deformidades e lacerações. #### Exames e avaliação inicial São realizados exames como TC, radiografias e exames neurológicos para avaliar a extensão do dano. #### Estabilização São realizados o controle de pressão intracraniana, o manejo de líquidos e o suporte ventilatório, caso haja necessidade. #### Monitoramento É realizado o monitoramento do paciente de perto, para detectar quaisquer alterações neurológicas ou complicações decorrentes do TCE. #### Cirurgia São realizadas intervenções cirúrgicas, para aliviar hematomas, reduzir a pressão intracraniana ou tratar lesões específicas, quando necessário, em casos graves. #### Cuidados intensivos São realizados cuidados intensivos em pacientes com TCE grave, para monitoramento contínuo e tratamento específico, em clínicas especializadas, em UTIs, quando necessário. #### Reabilitação É realizado o encaminhamento do paciente, após a estabilização, para programas de reabilitação a fim de aumentar a recuperação funcional. Todo o processo de atendimento a pacientes com traumatismo cranioencefálico visa à estabilização, ao diagnóstico preciso e à intervenção rápida para minimizar danos e otimizar as chances de recuperação. ### TCE e hipertensão craniana (HIC) Quando um paciente sofre um TCE, é essencial monitorar sinais que possam indicar o aumento da pressão intracraniana (PIC), como parte da avaliação contínua do estado neurológico. A avaliação de determinados sintomas serve para a identificação de possível ocorrência de hipertensão intracraniana (HIC) após um traumatismo craniano. Conheça, a seguir, alguns sinais e sintomas de hipertensão intracraniana.. * **Alterações no nível de consciência**: Sonolência até perda de consciência. * **Dilatação das pupilas:** Pupilas não reagem à luz ou uma maior que a outra. * **Dor de cabeça intensa e persistente: ** Dor de cabeça que não alivia especialmente com analgésicos comuns. * **Vômitos frequentes:** Vômitos que não estão relacionados a náuseas ou à alimentação. * **Alterações no estado mental:** Confusão, irritabilidade ou alterações de comportamento. O acompanhamento contínuo dos sinais vitais, o estado neurológico e a resposta do paciente são parte integrante do cuidado para detectar e gerenciar possíveis complicações, incluindo a HIC, que pode ocorrer como resultado do TCE. #### Como prestar assistência ao paciente com HIC Deve-se priorizar a detecção precoce da HIC com o monitoramento invasivo por meio do monitor de PIC, além da tecnologia dura, alguns sinais clínicos e sintomas específicos que podem levantar suspeitas de HIC antes mesmo do monitoramento. Veja! * Cefaleia * Náuseas e vômitos * Alterações pupilares e/ou do estado mental * Tríade de Cushing (hipertensão, bradicardia e respiração irregular ou apneia) A assistência de enfermagem é essencial para monitorar e gerenciar a pressão dentro do crânio, a fim de prevenir danos cerebrais adicionais. Confira algumas ações fundamentais. #### Monitoramento e avaliação constantes * **Monitoramento neurológico**: avaliar continuamente os sinais vitais, o nível de consciência, a resposta a estímulos, o tamanho e a reatividade das pupilas. * **Monitoramento da PIC**: monitorar a PIC para identificar mudanças que indiquem agravamento da hipertensão intracraniana. * **Controle hídrico**: gerenciar cuidadosamente os líquidos administrados para evitar sobrecarga e ajudar a controlar a pressão intracraniana. #### Posicionamento e cuidados gerais * **Posicionamento**: manter o paciente em uma posição que ajude a reduzir a pressão intracraniana, como elevar a cabeceira da cama entre 30-45 graus. * **Evitar fatores agravantes**: reduzir estímulos que aumentem a pressão intracraniana, como manuseio excessivo, tosse, esforço e estresse. * **Monitoramento de drenos e cateteres**: observar e registrar o volume e a aparência do fluido drenado, se houver drenagem de líquido cefalorraquidiano, cateteres ventriculares ou dispositivos semelhantes.. #### Intervenções de enfermagem * **Administração de medicamentos**: administrar medicamentos prescritos, como diuréticos, agentes osmóticos ou sedativos, para ajudar a reduzir a pressão intracraniana, seguindo as orientações médicas. * **Cuidados de suporte**: prover cuidados gerais, incluindo higiene, controle da temperatura corporal e prevenção de complicações decorrentes da imobilidade, como úlceras de pressão. A assistência de enfermagem, no caso de hipertensão intracraniana, é multidisciplinar e requer monitoramento contínuo, intervenções precisas e uma abordagem integrada para maximizar o cuidado e prevenir complicações. ## Como atender um paciente com crise convulsiva? Neste vídeo, você verá o atendimento imediato a pacientes durante uma crise convulsiva. Inicialmente, serão discutidos os sinais precursores e a importância de uma identificação rápida. O vídeo fornecerá orientações claras sobre os procedimentos iniciais a serem adotados pela equipe de saúde, incluindo medidas de segurança para prevenir lesões durante a crise. ### Crise convulsiva Trata-se de um distúrbio neurológico caracterizado por atividade cerebral anormal, desencadeando mudanças abruptas na função cerebral. Segundo Santos, Farias e Santos (2021), suas origens podem ser diversas. Veja: * Epilepsia * Lesões traumáticas na cabeça * Desequilíbrios metabólicos * Infecções cerebrais e tumores * AVCS * Abstinência de substâncias Dependendo dos neurônios que emitem descargas, as convulsões variam de um episódio simples de olhar fixo (ausência de convulsão) a movimentos convulsivos prolongados, com perda da consciência. No ambiente hospitalar, a assistência de enfermagem requer, durante e após uma crise convulsiva, uma abordagem específica para garantir o cuidado adequado ao paciente. Veja, a seguir, os passos fundamentais antes e após a crise convulsiva. #### Durante a crise convulsiva Agora, entenda o que a enfermagem deve realizar durante a crise. ##### Não restrinja os movimentos * Evite segurar ou restringir os movimentos da pessoa, pois pode aumentar o risco de lesões. * Deixe o equipamento de aspiração sempre disponível. * Realize o monitoramento constante dos sinais vitais. * Obtenha o acesso venoso periférico em extremidade superior. * Evite forçar a abertura da boca ou inserir objetos nela durante ou após a convulsão, pois isso aumenta o risco de broncoaspiração. ##### Administre medicamentos (se aplicável) * Siga o protocolo estabelecido para a administração dos medicamentos conforme prescrição médica. * Administre, caso necessário, ventilação com máscara, mantendo a saturação acima de 92%. #### Após a crise convulsiva A seguir, observe as etapas a serem seguidas sobre a assistência de enfermagem após a crise. #### Avaliação e estabilização Avalie o estado do paciente, verificando a consciência, os sinais vitais, a respiração e possíveis lesões após a convulsão. Estabilize-o adequadamente. #### Posicionamento e monitoramento Coloque o paciente em posição lateral de segurança para evitar aspiração de fluidos e continue monitorando os sinais vitais, incluindo a oxigenação. #### Exames diagnósticos Encaminhe o paciente para exames complementares, como eletroencefalograma (EEG) ou outros testes neurológicos, para investigar possíveis causas ou avaliar a atividade cerebral, se necessário. #### Administração de medicamentos (se necessário) Siga as orientações médicas se houver necessidade de medicação adicional para controlar convulsões recorrentes. #### Registro de eventos Mantenha um registro dos eventos relacionados à crise convulsiva, incluindo duração, características observadas, medicamentos administrados e resposta do paciente. #### Vigilância constante do paciente Observe quaisquer sinais de retorno da crise convulsiva ou mudanças no estado clínico. #### Compartilhamento de informações Relate todos os detalhes da crise convulsiva à equipe médica, compartilhando informações relevantes para o plano de cuidados subsequente. Durante uma crise convulsiva, a assistência de enfermagem visa estabilizar o paciente, garantir sua segurança, monitorá-lo de perto e seguir as diretrizes médicas para prevenir recorrências e complicações. ### Estudo de caso: abordagem à pessoa com crise convulsiva Diante de uma crise convulsiva, deve-se manter a calma e seguir os passos previamente mencionados para prestar a melhor assistência. Confira, agora, um estudo de caso para aprofundar a compreensão dessas abordagens na prática. #### Paciente Joana, sexo feminino, 35 anos, diagnosticada com epilepsia. #### Cenário inicial Joana está internada para investigação e controle de sua condição. Ela apresenta crise convulsiva enquanto está sob os cuidados da equipe de enfermagem. Com isso, a equipe imediatamente realiza alguns procedimentos. Confira! #### Posicionamento adequado Com a identificação da crise, a equipe posiciona o paciente lateralmente. O material de aspiração de vias aéreas está preparado para o caso de acúmulo de secreções ou risco de aspiração. A aspiração de vias aéreas é realizada de forma cuidadosa e com os devidos equipamentos. #### Administração de medicação antiepiléptica, por meio de administração rápida Muitas vezes, a prescrição ocorre de maneira verbal. Com base em prescrição médica e histórico, a enfermagem administra a medicação antiepiléptica prescrita para controlar a crise. #### Monitorização pós-crise Deve-se manter a vigilância estendida, monitorando continuamente os sinais vitais e avaliando a recuperação. #### Comunicação eficiente É feito um relato detalhado da crise, suas intervenções e a resposta à equipe médica, assegurando uma comunicação eficiente. Este estudo de caso destaca a importância da preparação, da monitorização contínua, das intervenções rápidas e da comunicação eficaz da equipe de enfermagem ao atender pacientes com crise convulsiva intra-hospitalar. ## 2 - Assistência de enfermagem em emergências traumáticas Ao final deste módulo, você será capaz de identificar como se elabora uma avaliação rápida e sistemática de pacientes traumatizados, com lesões potencialmente fatais ou graves. ### Cinemática do trauma: avaliação e intervenção profissional Neste vídeo, você verá a complexidade da cinemática do trauma, destacando a importância da identificação de eventos antes, durante e após acidentes. O vídeo detalhará também os passos cruciais na assistência de enfermagem, incluindo a coleta de informações detalhadas e a realização do mnemônico ABCDE #### Cinemática do trauma Dedica-se ao estudo dos mecanismos físicos e das forças implicadas nas lesões decorrentes de eventos traumáticos, como: * Acidentes de trânsito * Quedas * Impactos * Lesões esportivas Examina a interação do corpo humano com forças externas e como essas interações resultam em lesões específicas. Essa cinemática incorpora três fases. Confira! * Pré-colisão * Colisão * Pós-colisão ##### Pós-colisão O profissional de saúde deve identificar os eventos ocorridos antes, durante e depois de um acidente. Esses detalhes ajudam a compreender melhor a mecânica do trauma e a identificar possíveis lesões. Confira, a seguir, algumas informações cruciais para realizar uma avaliação mais eficiente. * Obter relatos precisos de testemunhas ou de quem esteve envolvido no acidente para compreender as circunstâncias e a mecânica da colisão. * Examinar evidências físicas e saber mais sobre o local do acidente e os veículos envolvidos para determinar pontos de impacto e danos nos veículos, por exemplo. * Considerar variáveis importantes, como possível consumo de álcool ou de outras substâncias; se os ocupantes estavam usando dispositivos de segurança, como cintos; se alguém foi ejetado; e, a direção e a velocidade do impacto. #### Avaliação das vítimas de trauma O período crítico e vital após uma lesão grave é chamado de **hora de ouro**. Esse é um conceito fundamental na emergência e no trauma, pois, em um curto intervalo de tempo, as intervenções de saúde imediatas podem ter um impacto significativo na sobrevida e no resultado funcional do paciente (IGESDF, 2019). Não é por acaso que o mnemônico **ABCDE** corresponde diretamente às situações críticas que podem levar a vítima rapidamente ao óbito se não forem identificadas e tratadas prontamente (Moura et. al., 2021). Note que, no caso de hemorragia ativa, o tratamento do paciente deve ser prioritário, pois esse trauma apresenta ameaça imediata à vida. O atendimento inicial da vítima de trauma é realizado na sala de emergência. Sabendo disso, explore, com exemplos, cada etapa do mnemônico ABCDE. * **A. Via aérea (airway) e coluna cervical**: verificar e manter a permeabilidade da via aérea e colocar o colar cervical corretamente. * **Exemplo**: verificar se há obstrução das vias respiratórias devido a uma língua caída ou à presença de corpos estranhos, e realizar manobras para abrir a via aérea. * **B. Respiração (breathing) e coluna cervical**: avaliar a função respiratória por meio de ausculta, inspeção, palpação e percussão do tórax. * **Exemplo**: verificar a presença de respiração adequada, ritmo respiratório, expansão do tórax e possíveis lesões que comprometam a respiração, como fraturas costais. * **C. Circulação (circulation) e coluna cervical**: avaliar a circulação e controlar hemorragias. * **Exemplo**: verificar a presença de pulso, cor, temperatura e umidade da pele, assim como controlar ativamente qualquer hemorragia significativa. * **D. Déficit neurológico (disability)**: avaliar o estado neurológico do paciente. * **Exemplo**: avaliar a consciência, a reatividade pupilar, os movimentos e as sensações nas extremidades, procurando sinais de lesões neurológicas. * **E. Exposição (exposure)**: examinar completamente o paciente. * **Exemplo**: expor completamente o paciente para identificar lesões que possam estar escondidas, realizar exames físicos detalhados e buscar lesões adicionais. O ABCDE guia os profissionais de saúde na avaliação inicial, permitindo uma abordagem rápida e abrangente para identificar e tratar condições críticas em pacientes traumatizados. ### Traumas raquimedular, de tórax, de abdome e de extremidades #### Avaliação inicial em traumas Quando abordamos esses e os demais traumas, como os de extremidades, devemos lembrar que, no geral, há prioridades no atendimento pré-hospitalar e hospitalar, seguindo os princípios fundamentais do ABCDE do trauma. Uma avaliação inicial minuciosa, que inclui exame físico e exames complementares, colabora na detecção precoce de lesões e na orientação do tratamento adequado para pacientes traumatizados. ##### Trauma raquimedular A avaliação inicial inclui verificar a integridade da coluna cervical, procurando sinais de deformidades, dor, sensibilidade, perda de sensação ou movimento. Note que o colar cervical só deve ser retirado após avaliação clínica ou radiológica. ##### Trauma de tórax Durante a avaliação do trauma torácico, é essencial observar a respiração, buscando sinais como dificuldade respiratória, dor torácica e presença de frêmito torácico; e, auscultar os pulmões em busca de crepitações ou sons de fricção. Além disso, é importante verificar se há distensão das veias jugulares, avaliar a posição da traqueia e observar a movimentação da parede torácica. Entre as complicações do trauma torácico, algumas se destacam. Confira! * **Pneumotórax aberto**: Resultado de grandes ferimentos na parede torácica, provocando dor, dificuldade respiratória, taquipneia, redução dos sons respiratórios e movimento audível do ar através da parede afetada. O tratamento inicial recomendado é um curativo estéril aplicado em três lados do ferimento, produzindo um efeito de válvula unidirecional. * **Pneumotórax hipertensivo**: Gerado pela entrada de ar no espaço pleural, por meio de uma válvula unidirecional no pulmão ou na parede torácica, pode apresentar sinais como percussão hipersonora, desvio da traqueia, distensão das veias do pescoço e ausência de sons respiratórios associados à instabilidade hemodinâmica. * **Tórax instável**: Gerado pela presença de duas ou mais fraturas contíguas em dois ou mais lugares na mesma costela. Ocorrem dificuldade