Summary

Este documento discute a Síndrome do Respirador Oral, abordando as causas e consequências da respiração bucal no desenvolvimento craniofacial. São analisadas as relações entre a respiração bucal e problemas de crescimento, como mordida aberta, e o tratamento multidisciplinar para o paciente com respiração bucal, incluindo a correção de hábitos e a prevenção de danos a longo prazo. O documento apresenta fotos e exames, ilustra exemplos clínicos e uma discussão detalhada do assunto.

Full Transcript

Síndrome do respirador oral Respirador oral A respiração quando realizada pelo nariz propicia crescimento e desenvolvimento favorável do complexo craniofacial, agindo conjuntamente com a mastigação e a deglutição. Toda alteração de comportamento respiratório nasal para bucal, ve...

Síndrome do respirador oral Respirador oral A respiração quando realizada pelo nariz propicia crescimento e desenvolvimento favorável do complexo craniofacial, agindo conjuntamente com a mastigação e a deglutição. Toda alteração de comportamento respiratório nasal para bucal, vem acompanhada por uma série de transformações funcionais que afetam a postura da língua e da mandíbula, bem como o equilíbrio dos músculos orais e periorais. Essas transformações influenciam o desenvolvimento da face, essencialmente a nível de diâmetro transverso da arcada superior e a nível de inclinação dos incisivos (GASPAR, 2001). Respirador oral O respirador bucal também e dividido através dos padrões de respiração, em respiradores exclusivamente bucais e mistos; Os pacientes que apresentam respiração mista, manifestam uma respiração nasal e bucal simultaneamente, são casos mais comuns; Os pacientes que possuem respiração exclusivamente bucal, são menos comuns. Face adenoide Aleitamento materno As crianças respiradoras orais apresentam um menor período de aleitamento materno e um histórico de hábitos orais presentes comparadas às crianças respiradoras nasais. Obstruções nasais Hipertrofia das Tumores tonsilas faríngea Rinite Conchas Nasais Alérgica Hipertróficas Desvio de Pólipos Septo nasais Hipertrofia de Adenoide A adenoide aumentada causa uma obstrução na região posterior do nariz, ou seja, obstrução nasal. Prejudica a respiração; Obstrução da abertura da tuba auditiva, gerando uma maior chance de otites. Roncos, apneias e sono agitado. Toda criança tem adenoide, entretanto nem todas necessitam de cirurgia, a indicação ocorre somente quando a criança apresenta alguns sintomas clínicos. Causas Inorgânicas Interposição Lingual Sucção não nutritiva Interposição Labial Contração do músculo orbicular Pouca contração do músculos masseter classificação dos respiradores bucais Orgânicos: podendo ser chamados também de genuínos, esses possuem uma obstrução nasal causada de forma mecânica. Puramente funcionais: em sua maioria apresentam a respiração bucal por hábito. Imponentes funcionais: apresentam disfunção neurológica Respiração bucal e suas relações com o crescimento craniofacial Diminuição ou obstrução das fossas nasais a hipertrofia das adenoides e/ou amígdalas e rinites são as maiores responsáveis. O palato estreito que pode ter sido ocasionado por diversos fatores, ocupa uma parte da fossa nasal, também podendo causar uma obstrução mecânica à passagem do ar Atresia do terço médio da face no sentido anteroposterior: essa atresia ocorre no desenvolvimento do seio maxilar estão relacionados a falhas no centro de crescimento da maxila ou falha na demanda por produção de medula Respiração bucal e suas relações com o crescimento craniofacial Atresia transversa de maxila: a maxila costuma ser atrésica, em formato de V, com dentes protruídos e um crescimento vertical da face evidenciado, palato ogival e mordida cruzada posterior, o equilíbrio muscular na maioria das vezes realizado pela língua e bucinador, está alterado, face à posição mais baixa e anterior da língua, na tentativa de liberar espaço. A tresia da mandíbula na mandíbula uma probabilidade maior de rotação no sentido horário no crescimento, diminuindo a altura facial posterior e aumentando a altura anterior da face. Mandíbula retrognática e mordida aberta geralmente estão relacionadas a esse aumento da altura anterior da face o paciente em sua maioria será dolico encefálico pois o crescimento lateral depende do fluxo aeronasal, que promove a reabsorção óssea do lado nasal e a deposição no palato. Respiração bucal e suas relações com o crescimento craniofacial Mento retruído côndilo crescer em uma direção estável, a fim de conservar uma oclusão satisfatória, dessa maneira a mandíbula distancia-se da fossa. Maxila e a mandíbula retrognáticas A altura total posterior da face é reduzida e exerce influência direta no crescimento vertical o ângulo goniaco apresenta-se mais aberto. Respiração bucal e suas relações com o crescimento craniofacial Interposição lingual A língua é um órgão de grande influência no desenvolvimento das conformações bucais Lábio superior hipoativo O lábio superior é curto e hipoativo devido a hipofunção do músculo orbicular da boca, e quase não altera a posição dos incisivos superiores Lábio inferior hipertrófico O lábio inferior é hipertrófico, evertido e sobressaliente apresentando-se entreaberto Respiração bucal e suas relações com o crescimento craniofacial Deglutição atípica definida como uma deglutição com arcos divergentes, a contração muscular labial e mímica, falta de contração dos músculos elevadores da mandíbula e a interposição da língua entre a maxila e a mandíbula no ato da deglutição RESPIRAÇÃO BUCAL E SUA CORRELAÇÃO COM AS ALTERAÇÕES DENTÁRIAS Mordida aberta anterior: A língua em repouso no assoalho bucal, estimula o crescimento mandibular, promovendo o prognatismo, e a interposição lingual entre os dentes, facilita a abertura entre as arcadas. A falta de pressão do lábio superior sobre os incisivos, faz com que os dentes de abram para facilitar a respiração bucal. RESPIRAÇÃO BUCAL E SUA CORRELAÇÃO COM AS ALTERAÇÕES DENTÁRIAS Mordida Cruzada: Estreitamento encontrado na maxila pela redução do suporte palatal devido ao posicionamento baixo da língua. RESPIRAÇÃO BUCAL E SUA CORRELAÇÃO COM AS ALTERAÇÕES DENTÁRIAS Alto risco de lesões de cárie, gengivite e periodontites. A síndrome reduz a quantidade de saliva, pela falta de selamento labial, diminui o efeito tampão salivar e a desorganização do biofilme, facilitando a ação dos microrganismos carcinogênicos. RESPIRAÇÃO BUCAL E SUAS RELAÇÕES POSTURAIS: Alterações posturais O respirador bucal sofre mudanças de tensão no músculo e diante disso surgiram movimentos adaptativos, em busca de uma postura mais confortável. Para melhorara a passagem de ar, há uma inclinação do pescoço para frente e tórax deprimido. os ombros ficam encurvados e peito afundado Diagnóstico e tratamento do paciente respirador bucal Diagnosticar e orientar o paciente respirador bucal sobre os malefícios dos hábitos bucais e encaminhar para outras especialidades. Atenção a discrepância de tamanhos e formas das arcadas dentárias, e sobre a necessidade de intervenções interceptativas ou corretivas. Eliminar todos os hábitos nocivos do paciente. Diagnóstico e tratamento do paciente respirador bucal Expansão rápida da maxila em pacientes que possuem deficiência da largura maxilar associado a palato ogival, através da Expansão ocorre um aumento do espaço para a língua, o que alinha a disposição dos dentes mudando a forma e consequentemente melhorando as funções. Diagnóstico e tratamento do paciente respirador bucal Vantagem da Expansão rápida da maxila repercutem nas estruturas craniofaciais. O procedimento amplia a eficácia da respiração nasal. Resistência óssea e a idade do paciente que determinam a expansão rápida da maxila. Diagnóstico e tratamento do paciente respirador bucal A equipe médica deve estar atenta aos sinais clínicos - manifestados que podem revelar distúrbios respiratórios, dentre eles se encontram as olheiras, olhar triste, sialorréia, halitose, queda do olfato e paladar, dores de ouvidos constantes, dor nas costas, ronco, sono agitado, sonolência durante o dia, boca seca ao acordar, queda no rendimento escolar e físico. A inportância da abordagem multidisciplinar O tratamento do paciente respirador bucal deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar : Otorrinolaringologia Fonoaudiologia Fisioterapia Cirurgião-dentista caso clinico A paciente A.V.S.C, gênero feminino, 6 anos de idade, compareceu a clínica odontológica da Especialização de Ortodontia da Associação Brasileira de Odontologia Tocantins, acompanhada de sua mãe e responsável, solicitando o início do seu tratamento. Após avaliação clínica e análise e estudo de documentação ortodôntica juntamente com as docentes do curso, a paciente obteve o diagnóstico de respiradora bucal. Apresentando evidências clínicas como: falta de selamento labial e selamento labial por vezes forçado, presença de olheiras e olhar com aspecto cansado, interposição lingual frequente, vias aéreas diminuídas, má postura e presença de mordida aberta anterior, além de flacidez dos músculos periorais e posição baixa e anteriorizada de língua. A respiração bucal da paciente foi classificada do tipo mista e puramente funcional. IMAGENS INICIAIS DA PACIENTE As fotos intraorais iniciais confirmam a presença de mordida aberta anterior como demostrado nas figuras FIGURA 04, 05 e 06 A terradiografia lateral, apresentada na FIGURA 07, nos permite verificar a relação maxilo-mandibular da paciente e sua relação com os tecidos moles. Podemos verificar a presença do selamento labial forçado durante a realização do exame, realizando força no músculo mentual. discursão Em relação as análises cefalométricas, verificamos em Ricketts medidas como: convexidade do ponto A e profundidade da maxila aumentadas, determinando uma Classe II esquelética, devido a maxila. Trespasse vertical bastante diminuído, e Altura maxilar também diminuída, confirmando a mordida aberta anterior. Além disso, observamos que todos os incisivos superiores e inferiores se encontravam bastante protruídos e inclinados, devido a pressão constante da língua anteriorizada da paciente. Outro achado que confirma essa vestibularização é a medida do Ângulo Interincisal que se apresentava bastante diminuído. O lábio inferior da paciente também estava protruído uma informação importante para o diagnóstico foi o relato da mãe da paciente, que nos informou sobre o uso prolongado de bicos artificiais, como chupeta e mamadeira e sua preocupação com a constante falta de selamento labial da filha. Além disso, foi relatada a dificuldade de amamentação exclusiva no seio materno, que ocorreu por apenas 02 meses de vida, sendo posteriormente substituída pela mamadeira. Todos os fatos corroboraram para o diagnóstico de Síndrome do Respirador Bucal, e consequentemente flacidez dos músculos periorais e posição de língua baixa e anteriorizada, com ausência de selamento labial. Com isso, iniciou-se o tratamento da paciente com a utilização do Sistema Myobrace, com o objetivo principal de corrigir a respiração bucal e os hábitos miofuncionais incorretos da paciente, tratando incialmente a causa da sua má oclusão (mordida aberta). O protocolo de utilização do aparelho foi prescrito da seguinte forma: utilização por 02 horas durante o dia, sendo 01 hora pela manhã e 01 hora pela tarde; utilização do aparelho durante toda a noite e realização dos exercícios miofuncionais durante 20 minutos todos os dias. Além disso, mãe e paciente foram instruídas a respeito do uso correto do aparelho, com língua posicionada no batente lingual, lábios devidamente unidos, respiração constante pelo nariz e também a possível necessidade da utilização de fita para uso noturno, permitindo o selamento labial. Ao longo do tratamento com o Sistema Myobrace e o avanço dos exercícios miofuncionais, decidimos realizar também Pista Direta de Planas na região do dente 63, que se apresentava cruzado. Garantindo um destravamento e reabilitação neuromuscular que determinará um crescimento e desenvolvimento adequados, como descrito por Planas. Durante a etapa de utilização do Myobrace, obtivemos um fechamento parcial da mordida aberta anterior, mas principalmente o sucesso com a evolução da realização dos exercícios miofuncionais pela paciente, que era avaliada a cada consulta de retorno. A segunda etapa do tratamento, consistiu na correção da consequência da interposição lingual constante: a má oclusão de mordida aberta anterior. Foi feita a escolha da utilização do aparelho grade palatina, juntamente do acessório esporão lingual, como coadjuvantes ao tratamento miofuncional, onde obtivemos um fechamento rápido e efetivo da mordida aberta anterior. Vale informar, a escolha do aparelho ter sido removível para que o uso do aparelho myobrace e realização dos exercícios miofuncionais continuassem em conjunto com a utilização da grade palatina A paciente obteve alta, com evidente melhora da respiração bucal, do selamento labial e da interposição lingual, além de sua perceptível evolução em relação aos exercícios miofuncionais durante os atendimentos. O fechamento da mordida aberta anterior também foi alcançado. Na telerradiografia lateral final, apresentada na FIGURA 13, podemos observar a melhora da inclinação dos incisivos anteriores, a suavização do músculo mentual durante o selamento e a posição de língua da paciente em palato. Obrigada!

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