Sociologia do Desporto. Perspectivas de Análise dos fenómenos Sociais PDF

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Instituto Superior de Ciências Educativas

2010

Maria Teresa Espeçada

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sociology of sport social phenomenons functionalism sociology

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This document is a presentation on the sociology of sport, providing perspectives on the analysis of social phenomena. It discusses different sociological theories, such as functionalism, and their application to the field of sport. The document is part of a learning materials from the Instituto Superior de Ciências Educativas.

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Sociologia do Desporto Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Maria Teresa Espeçada [email protected] Outubro/2010 Ficha do Projecto Título: Sociologia do Desporto - Perspec'vas de Análise dos Fenómenos Sociais Área Científica: Educação Física e Desporto Resumo:. Não se pode faz...

Sociologia do Desporto Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Maria Teresa Espeçada [email protected] Outubro/2010 Ficha do Projecto Título: Sociologia do Desporto - Perspec'vas de Análise dos Fenómenos Sociais Área Científica: Educação Física e Desporto Resumo:. Não se pode fazer uma aproximação à sociedade, ou aos factos sociais, como se faz a qualquer objecto ou acontecimento no mundo natural, porque as sociedades somente existem na medida em que são criadas e recriadas através das nossas próprias acções como seres humanos Palavras-chave: Funcionalismo, Interaccionismo simbólico, Sociologia dramatúrgica, Estrutural-construtivismo Bibliografia/Webgrafia: Coakley, J. e Dunning, E. (2002) Handbook of Sport Studies. London: Thousand Oaks and New Delhi. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Objec'vos: Pretende-se que no final do circuito de aprendizagem inerente à exploração deste Objecto de Aprendizagem, o utilizador seja capaz de: ü Compreender a relevância da estruturação da naturalização dos fenómenos sociais. ü Desenvolver a capacidade de distinção e de articulação de algumas dimensões do campo desportivo com algumas das perspectivas apresentadas. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Estrutura e Desenvolvimento Programático: 1. Introdução 2. A Perspectiva Funcionalista 3. Perspectivas Interpretativas 3.1 O Interaccionismo Simbólico 3.2 A Dramaturgia de Goffman 4. A Perspectiva Estrutural-construtivista Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais 1. INTRODUÇÃO O desporto moderno emerge do contexto dos processos civilizacionais que ocorreram nos sécs. XVIII e XIX. O seu desenvolvimento está intimamente ligado aos processos de uma democratização crescente, industrialização, racionalização, padrões crescentes de controlo social, emancipação e liberdade. A sua emergência envolveu formas formais e informais de participação de atletas e apoiantes em actividades desportivas, dando ênfase a competências motoras especiais, à competição e ao lazer. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Assim que o desporto se tornou um fenómeno cultural visível e global começou socialmente a diferenciar-se, a expandir-se e a criar ligações com outras áreas da sociedade. Actualmente, o desporto é um fenómeno global cujo desenvolvimento está interrelacionado com as fases culturais, políticas e económicas do desenvolvimento social em todo o mundo. Em finais do séc. XIX e princípios do séc. XX já os sociólogos tentavam observar, descrever e analisar as funções sociais, estruturas e inovações do processo de desportivização. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais 2. A Perspectiva Funcionalista O funcionalismo representa uma aproximação holística ao estudo da sociedade em particular como um todo e aos sistemas sociais em geral. Apesar das aproximações holísticas ao estudo da sociedade datarem do tempo da Grécia clássica, as versões modernas desta aproximação em antropologia e em sociologia apareceram com Spencer e Durkheim. Elegeram modelos orgânicos da sociedade e analisaram a estrutura e funcionamento das sociedades de forma análoga ao estudo da estrutura e funcionamento de organismos biológicos. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais O funcionalismo apresenta uma tipologia tripartida entre formas individualistas, interpessoais e societais. O funcionalismo individualista afirma que as instituições sociais e os valores culturais são respostas funcionais às necessidades individuais sejam elas psicológicas (amor, identidade), ou biológicas (fome, sexo). Todas as sociedades devem estar vocacionadas para atenderem às necessidades individuais. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais O funcionalismo interpessoal refere-se a práticas interpessoais tais como gracejar, oferecer presentes e o ostracismo que são vistas como mecanismos de constrangimento acomodativo. Estes mecanismos são vistos como soluções para minimizar constrangimentos sociais inerentes e funcionam como forças que ligam os indivíduos num todo integrado. O funcionalismo societal (Durkheim foi o primeiro a referi-lo) utiliza o termo função para se referir às práticas que satisfazem as necessidades do sistema social. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Parsons, como principal mentor do funcionalismo, definiu que todos os sistemas de acção humana são constituídos por quatro subsistemas de acção primários: o organismo comportamental, a personalidade, o sistema social e a cultura. Além disso, definiu que todos os sistemas de acção devem lidar com quatro problemas funcionais: a adaptação, definição de objectivos, integração e latência (manutenção de padrões), ou seja, cada sistema deve adaptar-se ao seu meio ambiente; cada sistema deve ter meios para mobilizar os seus recursos de modo a atingir os seus objectivos e obter gratificação; cada sistema deve manter coordenação interna das suas partes e desenvolver formas de lidar com o desvio; Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais e cada sistema deve manter-se o mais possível próximo de um estado de equilíbrio. No sistema social, esferas institucionais específicas servem funções particulares: a economia está primeiro relacionada com a adaptação; a política à definição de objectivos; as instituições socializadoras à integração; e a comunidade à manutenção de padrões. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Merton, na sua teoria da anomia, utiliza uma parte da teoria funcionalista, identificando dois elementos-chave das estruturas social e cultural. Primeiro, os objectivos, propósitos e interesses definidos culturalmente tidos como objectivos legítimos para todos apesar do seu estatuto social; o segundo elemento é a definição, a regulação e o controlo de formas aceitáveis de alcançar esses objectivos (Merton, 1957 cit. In Coakley e Dunning, 2002). Merton vê, de facto, a sociedade como um sistema social que varia consoante o grau de integração. O equilíbrio de um sistema social é atingido quando existe uma ponderação satisfatória entre os objectivos institucionalizados e os meios para os atingir. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Merton define uma tipologia de cinco formas como os indivíduos podem responder aos objectivos e meios institucionalizados: - conformidade – quando o indivíduo aceita tanto os objectivos culturais como os meios institucionalizados para os atingir; - inovação – quando o indivíduo aceita os objectivos culturais, mas não aceita os meios eleitos como legítimos para os atingir; - ritualismo – quando o indivíduo limita os seus horizontes e em vez de aspirar a grandes objectivos se fica por outros mais próximos; - retratação – quando o indivíduo rejeita tanto os objectivos culturais como os meios institucionalizados; - rebelião – quando o indivíduo se sente alienado dos valores culturais e os meios normativos em vigência e os considera como arbitrários. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais No macrofuncionalismo, alguns autores identificaram (Stevenson e Nixon, 1972 cit. In Coakley e Dunning, 2002) cinco funções básicas do desporto ao nível societal: - a função socioemocional – em que o desporto contribui para a manutenção da estabilidade sócio-psicológica; - a socialização – em que o desporto contribui para a inculcação de crenças e normas culturais; a função integrativa – em que o desporto contribui para a integração harmoniosa de indivíduos díspares e grupos diversos; - a função política – em que o desporto é utilizado com propósitos ideológicos; - a função de mobilidade social – em que o desporto serve como fonte de mobilidade ascendente. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais 3. Perspectivas Interpretativas Uma compreensão sociológica do comportamento deve incluir o sentido que os actores sociais dão ao que eles e os outros fazem. Quando em interacção, os actores sociais interpretam o que se passa nesse momento a partir do sentido que os símbolos têm na atribuição de motivação nos outros. Estão integradas neste grupo, considerado como a sociologia weberiana, as perspectivas do interaccionismo simbólico, a sociologia dramatúrgica de Goffman, a teoria da etiquetagem de Becker, a sociologia fenomenológica, a etnometodologia e a sociologia existencial, assim como a hermenêutica. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Todas têm uma abordagem interpretativa das relações sistema social/acção social o que as distingue é o seu enfoque. Por exemplo, a sociologia existencial assume que os sentidos do próprio actor são a sua base de análise, enquanto a etnometodologia ou a dramaturgia de Goffman se focam na descoberta das regras da acção social e da interacção. A sociologia interpretativa difere da ideia de que a vida social é governada por características culturais e estruturais objectivas dos sistemas sociais (externas aos indivíduos, e relativamente independentes dos mesmos) e também da ideia de que é possível construir leis científicas rígidas para explicar padrões de comportamento social. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Preocupa-se, sim, com a forma pela qual o mundo não pode ser visto como algo a ser confrontado pelos indivíduos, mas que é continuamente construído e reinventado pelos participantes. Giddens (1982 cit. In Coakley e Dunning, 2002) referiu que: - não se pode fazer uma aproximação à sociedade, ou aos factos sociais, como se faz a qualquer objecto ou acontecimento no mundo natural, porque as sociedades somente existem na medida em que são criadas e recriadas através das nossas próprias acções como seres humanos; e que – os átomos não conhecem o que os cientistas dizem sobre eles, ou mudam o seu comportamento face a esse conhecimento. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Os seres humanos podem fazê-lo. Desse modo, a relação entre sociologia e o seu “objecto de estudo” é necessariamente diferente da que existe nas ciências naturais. As subculturas desportivas e a socialização no desporto são duas áreas de estudo produtivas. Quanto às primeiras, entendendo como subcultura qualquer sistema de crenças, valores e normas, partilhado e activamente participado por uma minoria apreciável de indivíduos dentro de uma determinada cultura, estas foram desenvolvidas com enfoque nas questões da juventude, da delinquência e do desvio, e que a sua formação tanto poderia ser resultado de uma “interacção diferencial” como uma “resposta ambiental”. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais No que se refere à socialização no desporto, as pesquisas podem focar-se nos actores envolvidos no desporto, como se envolvem e o efeito que o desporto tem sobre eles. Os processos de se tornar um atleta e de se tornar um adulto, e a forma como estes dois interagem, foram enfoque para o estudo de algumas carreiras. Uma vez envolvido no desporto, o actor social continua o seu processo de socialização. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais A socialização é um processo activo de aprendizagem e de desenvolvimento social que ocorre consoante os indivíduos interagem uns com os outros e tomam conhecimento do mundo social no qual vivem, e vão formando ideias sobre quem são, e tomam decisões sobre os seus objectivos e comportamentos. Os seres humanos não são aprendizes passivos no processo de socialização. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Pelo contrário, participam activamente: influenciam quem os influencia, fazem as suas próprias interpretações do que vêem e ouvem, e aceitam, revêem, ou rejeitam as mensagens que recebem sobre quem são, o que é o mundo, e o que devem fazer ao longo do caminho que têm de fazer nesse mundo (Coakley, 1998 cit. In Coakley e Dunning, 2002). A sociologia interpretativa é sobre o significado, sobre o que significa, neste caso, o desporto nas vidas dos seres humanos. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais 3.1 O Interaccionismo simbólico Esta teoria é desenvolvida na década de 30 do séc. XX na escola de Chicago pela mão de Herbert Blumer com base no conceito desenvolvido por George Herbert Mead. Blumer desenvolveu as formulações teóricas e empregou-as no estudo de comportamentos colectivos (massas, multidões, público em geral) tendo que o interaccionismo simbólico assenta em três premissas: 1 – O modo como um indivíduo interpreta os factos e age perante outros indivíduos ou objectos, depende do significado (ou significados) que atribui a esses outros indivíduos ou objectos; Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais 2 – O significado é resultado (ou é construído a partir) dos processos de interacção social; 3 – Os significados podem sofrer mudanças ao longo do tempo. As faculdades humanas, segundo Blumer, tais como o pensamento e a linguagem, interagem reciprocamente com as três premissas mencionadas – o pensamento (ou reflexividade) altera ou modifica as interpretações, enquanto a linguagem (verbal ou não-verbal) é um recurso constantemente empregue pelos indivíduos nos processos de interacção. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Nesta perspectiva, para além das acções condicionadas pelo aparelho normativo da sociedade, existe uma enorme variedade de interacções sociais que ocorrem de modo a formarem colectividades separadas, que levam à constituição de determinados grupos sociais, cada qual com as suas regras e normas de conduta, validadas e aceites pelos indivíduos que as compõem. Essas interacções são processos dialécticos em que os indivíduos constroem os grupos e colectividades sociais dos quais fazem parte, mas, ao mesmo tempo, esses grupos e colectividades condicionam a conduta do indivíduo. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais 3.2 A Dramaturgia de Goffman Os actores sociais têm uma função importante na vida quotidiana que é a de se apresentarem a si próprios na sua relação com os outros e, desse modo, estabelecerem significados à sua acção. Cada self está sempre em actos de representação simultânea. Existe um trabalho social, um processo de construção social de si próprio na sua apresentação aos outros. Essa apresentação pode ser interindividual ou grupal. É um processo de aprendizagem feita em torno da representação de um papel social. Daí Goffman ter utilizado o processo dramatúrgico para apresentação desta relação. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Para o investigador, a representação de um papel depende da forma como o actor que está a representar avalia essa representação (situação social), estando implicados os conceitos de interacção social e o conceito de papel social. É um jogo de estratégia, de tácticas. Uma contenda entre vários actores de forma relacional. Seja entre dois ou mais actores e seja qual for a sua natureza, é um jogo de expectativas. O que é que cada um espera em relação aos outros. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais A dramaturgia emerge da representação na interacção social. O mundo – o teatro; nós – os actores. Todos os momentos de contracena são partilha de definições. A informação do que se passa na altura é essencial. Quando se encontra alguém que conhecemos existe uma partilha de conhecimento comum. Os limites de significado são constitutivos da própria interacção e das relações com o “outro”. Os actores têm de estar em presença para haver uma transacção de significados. As interacções são espaços de trocas comunicacionais onde os actores apresentam uma competência (capacidade cognitiva não unicamente verbal – o corpo, o gesto, os sinais convencionados pela sociedade são utilizados nestas trocas interaccionais). Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Os actores em copresença avaliam-se, classificam-se e utilizam um conjunto de categorias que aparecem tipificadas numa base convencional. A tipificação dessas categorias aparece em torno da noção de papel social, permitindo que a comunicação se possa desenvolver e numa determinada ordem. O modo como interagimos depende de quatro factores de categorização básicos: idade, sexo, etnia e classe social. Representamos para audiências, utilizando técnicas (formas de expressão, de linguagem) para a partilha de informação (interagir dentro dos mesmos parâmetros). Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Existe em toda a representação uma distinção entre palco e bastidores, entre o parecer e o ser e todos os actores sociais possuem a capacidade de modificar o papel que desempenham conforme a audiência que têm perante si. Como uma performance colectiva podemos distinguir a família. Representar para audiências é estar de acordo com as normas e regras sociais e que vai variar consoante a situação em que estamos envolvidos. Para Goffman, a ordem da interacção não aparece ligada a nenhuma macroestrutura exterior aos próprios indivíduos. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais É uma ordem sequencial baseada em convenções, na qual os indivíduos se reconhecem num determinado contexto histórico e social. Esse código é apreendido através de múltiplos processos de socialização e muitos dos quadros interactivos em que os indivíduos se encontram imersos são quadros rituais. A vida quotidiana é atravessada por rituais que, pela vivência, os indivíduos aprendem a saber estar, a reconhecer essas situações e a saber como se comportar, relacionar, comunicar. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais 4. Perspectiva Estrutural-construtivista Bourdieu desvincula-se de todas as perspectivas interaccionistas e da concepção sistémica de Parsons. A sua perspectiva é genética, relacional, reflexiva, estrutural-construtivista ou de um construtivismo estruturalista. O espaço social é socialmente estratificado em múltiplas hierarquias sociais onde as lógicas de sobreposição de posições nem sempre são as mesmas. Ele encontra-se dividido, não é homogéneo, tem múltiplas actividades humanas, e em cada actividade é possível recortar um determinado campo social. Onde existem actividades humanas e relações entre essas actividades existe um campo social (campo universitário, campo religioso, campo político, campo desportivo, etc.). Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais O que se verifica em cada campo, tal como no espaço social, é a existência de um espaço de posições diferenciadas. Quer ao nível das posições, dos agentes e das relações entre agentes, o que Bourdieu tenta compreender é a possibilidade que os agentes têm de transformar esperanças subjectivas em oportunidades objectivas. Mas, no entanto, as oportunidades objectivas são, para o autor, o que marca mais o agente social e são elas que dão sentido à prática social, oportunidades essas ligadas aos recursos dos agentes. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Um dos ingredientes que leva os agentes a participar nos jogos sociais é o desejo de distinção social. Só é possível aferir esse desejo, essa distinção, através da singularidade de cada grupo em relação àqueles com quem se relaciona. Quotidianamente, atravessamos vários campos, várias arenas, vários cenários, e neles estamos sempre face a face aos outros e, através do nosso corpo como receptáculo social (objecto socializado), transportamos toda uma configuração social – o puro e o impuro, o sagrado e o profano, o delicado e o indelicado. Da nossa configuração emanam universos sociais e culturais distintos, emanam diferentes grandezas sociais em termos de atributos e recursos. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Em qualquer campo social (escolar, desportivo, religioso, etc.), existe a instituição, o contexto institucional e um conjunto de agentes e grupos de agentes que dão corpo às posições sociais diferenciadas, existentes nesse campo e que vão enformar o tipo de relações sociais aí mantidas. No entanto, a corporalização das posições e relações sociais deve ser procurada nas famílias de origem, porque é aí que emerge a estruturação das práticas e do sentido das práticas dos agentes, porque as famílias de origem estão desigualmente distribuídas na estrutura social e na estrutura de classes. É no espaço familiar que os agentes se apropriam, captam os recursos que a família disponibiliza – os capitais. É o valor dado pela família a esses capitais que faz com que o agente jogue o jogo. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Mas, todos os jogos têm regras e essas regras são tacitamente aceites e reconhecidas como tal por quem joga, submetendo-se à forma codificada das mesmas. Existe diferenciação nos campos e nos atributos sociais dos públicos que circulam nos mesmos. É um espaço de concorrência, de competição. Uns ganham, outros perdem. O espaço social é um mercado, os agentes jogam e apostam, e é necessário jogar cada vez mais alto. Os agentes sociais têm o conceito de habitus configurado em correspondência com a posição das famílias na estrutura social. Perspectivas de Análise dos Fenómenos Sociais Avaliação da Aprendizagem: v Apresente uma breve articulação entre uma das perspectivas apresentadas e um aspecto da dimensão desportiva. Aprendizagem Sistémica e Dinâmica Sugestões/Opiniões: Para qualquer sugestão de melhoria e/ou opinião relevante ao conteúdo deste Objecto de Aprendizagem deve, o utilizador, enviar um email para o contacto do Autor. Consentimento/Autorização do Autor Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso NãoComercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Unported. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/deed.pt ou envie uma carta para Creative Commons, 171 Second Street, Suite 300, San Francisco, California 94105, USA. © Mª Teresa Espeçada, ISCE 2010. Todos os direitos reservados. Data GbL – Gabinete b-Learning do ISCE Rua Bento de Jesus Caraça, 12 2620- 379 Ramada, Portugal gbl.isce @gmail.com

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