Interpretação de Exames Laboratoriais para Enfermeiros PDF

Summary

Este livro fornece informações práticas sobre a interpretação de exames laboratoriais e testes diagnósticos para profissionais de enfermagem. Abordando marcadores hematológicos, metabolismo da glicose, lipídico, função tireoidiana e renal. Objetivo: auxiliar na compreensão e interpretação dos procedimentos e resultados laboratoriais, melhorando o cuidado integral ao paciente.

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INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS, PESQUISAS CLÍNICAS E TESTES PARA ENFERMEIROS ORGANIZADORAS: CÍNTIA MARIA RODRIGUES HELOISA HELENA BARROSO LILIANE DA CONSOLAÇÃO CAMPOSRIBEIRO...

INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS, PESQUISAS CLÍNICAS E TESTES PARA ENFERMEIROS ORGANIZADORAS: CÍNTIA MARIA RODRIGUES HELOISA HELENA BARROSO LILIANE DA CONSOLAÇÃO CAMPOSRIBEIRO DAISY DE REZENDE FIGUEIREDO FERNANDES Diamantina-MG |2020 ORGANIZADORAS: CÍNTIA MARIA RODRIGUES HELOISA HELENA BARROSO LILIANE DA CONSOLAÇÃO CAMPOSRIBEIRO DAISY DE REZENDE FIGUEIREDO FERNANDES INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS, PESQUISAS CLÍNICASE TESTES PARA ENFERMEIROS 1º Edição Diamantina - MG Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri 2020 N urvim PROEXC Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição - Não Comercial - Sem Derivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). Para ver uma cópia desta licença, visite https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 Realização Grupo de Estudos em Atenção Primária à Saúde (GEAPS) Colaboração Rodrigo Martins Cruz - Bibliotecário Apoio Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Pró - Reitoria de Extensão e Cultura - UFVJM Departamento de Enfermagem - UFVJM Mestrado Profissional Ensino em Saúde - UFVJM Programa de Pós-Graduação em Odontologia - UFVJM Arte da capa e contracapa: Freepik e Pexels ORGANIZADORAS Cíntia Maria Rodrigues Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade São Paulo (EERP/USP). Membro do Laboratório-Escola de Análises Clínicas (LEAC) para Testes Diagnósticos do SARS-COV-2 na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Heloisa Helena Barroso Enfermeira. Doutoranda em Odontologia na área de Ciências da Saúde pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Liliane da Consolação Campos Ribeiro Enfermeira. Professora Doutora em Ciências da Saúde: Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Adjunto IV do Departamento de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Daisy de Rezende Figueiredo Fernandes Enfermeira. Professora Doutora em Ciências da Saúde: Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Adjunto IV do Departamento de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). PREFÁCIO Evelin Capellari Cárnio Enfermeira. Doutora em Fisiologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP/USP). Professora Titular do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (EERP/USP). REVISÃO TÉCNICA Marcos Luciano Pimenta Pinheiro Farmacêutico. Doutor em Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Doutor Associado IV na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). AUTORES Bárbara Ribeiro Barbosa - Acadêmica do Curso de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Bolsista de Iniciação Científica (CNPq). Bruno Ferreira Mendes - Educador Físico. Doutorando em Ciências Fisiológicas na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Membro do Laboratório-Escola de Análises Clínicas (LEAC) para Testes Diagnósticos do SARS-COV-2 na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Cíntia Maria Rodrigues - Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade São Paulo (EERP/USP). Membro do Laboratório-Escola de Análises Clínicas (LEAC) para Testes Diagnósticos do SARS-COV-2 na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Daisy de Rezende Figueiredo Fernandes - Enfermeira. Professora Doutora em Ciências da Saúde: Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Adjunto IV do Departamento de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Ediene Dayane Lima - Acadêmica do Curso de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Heloisa Helena Barroso - Enfermeira. Doutoranda em Odontologia na área de Ciências da Saúde pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Jéssica Sabrina Costa - Acadêmica do Curso de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Bolsista Programa Institucional de Bolsas de Extensão. Leandro Pinheiro Rodrigues - Acadêmico do Curso de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Liliane da Consolação Campos Ribeiro - Enfermeira. Professora Doutora em Ciências da Saúde: Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Adjunto IV do Departamento de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Marcos Luciano Pimenta Pinheiro - Farmacêutico. Doutor em Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Doutor Associado IV na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Maria Luiza Dumont Aguilar Lana - Acadêmica do Curso de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Moisés Willian Aparecido Gonçalves - Cirurgião-Dentista. Mestrando em Odontologia na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Nicolle Pontes Ferreira - Acadêmica do Curso de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Pedra Elaisa dos Santos - Acadêmica do Curso de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). DEDICATÓRIA Dedicamos a presente obra aos acadêmicos e aos profissionais dos serviços de saúde, que acolhem tão bem os alunos do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em seus locais de trabalho. PREFÁCIO As publicações na área da enfermagem, tem aumentado de forma extraordinária, o que torna difícil, nos últimos anos, acompanhá-la na rotina do atendimento de pacientes hospitalizados ou de ambulatório. Por esse motivo, a proposta de disponibilizar alguns conceitos fundamentais e objetivos do conhecimento de análise laboratorial e de testes diagnósticos é muito bem-vinda. Quando realizamos a avaliação de testes laboratoriais e relacionamos com a cuidado de nossos pacientes, muitas vezes podemos ter a impressão de usarmos palavras frias e impessoais, bem como a referência a equipamentos extremamente tecnológicos. Porém, os dados laboratoriais beneficiam a especificidade do cuidado em saúde através de uma melhor avaliação do profissional, orientando o planejamento e as intervenções, que devem levar a um fortalecimento da qualidade de vida e da saúde. Para além da picada da agulha, a coleta invasiva de fluídos e tecidos e a sondagem e inspeção, é a coleta de evidências que apoiam a capacidade do profissional de saúde de avaliar a presença de uma patologia e a progressão de seu tratamento. Os dados laboratoriais devem ser vistos com empatia, mas também com equipamentos tecnológicos. Lembrando sempre que por trás da amostra e do resultado do teste temos uma pessoa, com sua individualidade, história e expectativas. Este livro foi escrito para ajudar os profissionais de saúde em sua compreensão e interpretação dos procedimentos laboratoriais e diagnósticos e seus resultados. É dedicado a todos os profissionais de saúde para que experimente as maravilhas da ciência dos testes laboratoriais. Traz um enfoque prático no cuidado, cujo principal objetivo é a solução imediata da dúvida técnica, mas sempre estimulando o cuidado integral e a busca pela ampliação do conhecimento, pela consulta de literatura complementar, enriquecendo o cuidado em saúde. Evelin Capellari Cárnio Enfermeira. Doutora em Fisiologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FMRP/USP). Professora Titular do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (EERP/USP). SUMÁRIO CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A ENFERMAGEM E A SOLICITAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS............ 08 1 MARCADORES HEMATOLÓGICOS.............................................................................................................................................. 10 1.1 Hemograma......................................................................................................................................................................... 10 1.2 Dosagem de ferro................................................................................................................................................................ 16 1.3 Grupo Sanguíneo e Fator Rh............................................................................................................................................ 19 1.4 Teste de Coombs Indireto.................................................................................................................................................... 21 2 MARCADORES DO METABOLISMO DA GLICOSE..................................................................................................... 23 2.1 Glicemia............................................................................................................................................................................... 23 2.2 Hemoglobina Glicada........................................................................................................................................................ 27 3 MARCADORES DO METABOLISMO LIPÍDICO............................................................................................................ 29 3.1 Dosagem de colesterol total e frações.............................................................................................................................. 29 3.2 Dosagem de Triglicerídeos................................................................................................................................................ 32 4 MARCADORES DA FUNÇÃO TIREOIDIANA............................................................................................................... 34 4.1 Dosagem de Hormônio Estimulante da Tireóide (TSH), Tiroxina Total (T4), Tiroxina Livre (T4L), Triiodotironina Total (T3) e Triiodotironina Livre (T3L)................................................................................................... 34 5 MARCADORES DA FUNÇÃO RENAL............................................................................................................................ 39 5.1 Exame de Urina rotina....................................................................................................................................................... 39 5.2 Dosagem de Uréia............................................................................................................................................................... 43 5.3 Dosagem de Creatinina...................................................................................................................................................... 45 5.4 Urocultura............................................................................................................................................................................ 47 6 MARCADORES DO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO.......................................................................................... 49 6.1 Dosagem de Sódio.............................................................................................................................................................. 49 6.2 Dosagem de Potássio.......................................................................................................................................................... 51 6.3 Dosagem de Ácido Úrico................................................................................................................................................... 53 7 MARCADORES ANTICORPPOS ESPECÍFICOS............................................................................................................. 55 7.1 Toxoplasmose...................................................................................................................................................................... 55 7.2 Rubéola................................................................................................................................................................................ 59 8 PARASITOLÓGICO DE FEZES.......................................................................................................................................... 62 9 SWAB ANAL E VAGINAL PARA OXIÚROS.................................................................................................................. 64 10 TESTES ESPECÍFICOS DO HOMEM............................................................................................................................... 66 10.1 Dosagem de antígeno prostático específico (PSA)..................................................................................................... 66 11 TESTES ESPECÍFICOS DA MULHER.............................................................................................................................. 69 11.1 Dosagem de β-HCG......................................................................................................................................................... 69 11.2 Exame das Mamas análise BIRADS............................................................................................................................... 72 11.3 Exame Citopatológico do Colo Uterino......................................................................................................................... 77 12 EXAMES DE TRIAGEM NEONATAL............................................................................................................................. 88 13 TESTES RÁPIDOS PARA TESTAGEM DE HEPATITES VIRAIS, INFECÇÃO POR HIV E SÍFILIS......................................................................................................................................................................................... 96 14 TESTES DIAGNÓSTICOS PARA COVID-19................................................................................................................. 101 14.1 Teste Molecular RT-PCR................................................................................................................................................ 101 14.2 Teste Sorológico............................................................................................................................................................... 104 8 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A ENFERMAGEM E A SOLICITAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS Bárbara Ribeiro Barbosa Jessica Sabrina Costa Maria Luiza Dumont Aguilar Lana Liliane da Consolação Campos Ribeiro A enfermagem se destacada como uma das profissões do século XXI, tendo o Brasil como principal destaque, dentre os países em desenvolvimento. O enfermeiro tem como prioridade, em sua profissão, dar importância ao processo de cuidar, por meio de uma visão holística do indivíduo e da família, com acolhimento e conhecimento técnico. A Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 20171, descreve que cabe ao enfermeiro realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar exames de rotina e complementares, prescrever medicações conforme protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão. A consulta de enfermagem, o diagnóstico de enfermagem, a prescrição de medicamentos em protocolos, são competências dos enfermeiros estabelecidas na Lei 7.498/19862, regulamentada pelo Decreto 94.406/1987. Em relação a solicitação de exames de rotina e complementares é realidade consolidada no Brasil desde 1997, quando foi editada a Resolução Cofen 195/973 (em vigor), na qual, é parte integrante da consulta de enfermagem, uma vez que, o enfermeiro necessita solicitar exames complementares e de rotina para uma efetiva assistência ao paciente. Para que isso ocorra, a solicitação dos exames e a prescrição de medicamentos deverá estar aprovada em protocolo municipal. A construção desse protocolo deverá seguir alguns critérios, tais como: Constituição de um grupo de trabalho, devendo ser integrado por gestores e responsáveis técnicos dos serviços de saúde e representantes dos usuários, tais como membros do Conselho Municipal de Saúde, que participarão de reuniões periódicas para elaboração dos protocolos conforme a necessidade do município. Deverão conter as evidenciais científicas atualizadas e devem estar pautados nos postulados ético-legais que envolvem a assistência à saúde, de uma maneira geral e específica. O documento pronto deverá ser submetido à análise e aprovação dos gestores e responsáveis técnicos, inclusive com apresentação nas reuniões do Conselho Municipal de Saúde e aos profissionais que irão implementá-lo na assistência. Alguns municípios possuem em seu estatuto, regimento ou código sanitário a obrigatoriedade de apresentação e aprovação do protocolo na Câmara Municipal dos Vereadores. 9 Desde modo, é impotante a existência de protocolos institucionais que padronizem os cuidados a serem prestados, assim como ações de enfermagem referente à solicitação de exames laboratoriais, a fim de garantir uma assistência de enfermagem segura, sem riscos ou danos ao cliente causados por negligência, imperícia ou imprudência4. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação n. 2, de 28 de setembro de 2017. Dispoe sobre a Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 03 out. 2017. Seção 1, p. 61. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Lei nº 7.498/86, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências [Internet]. Disponível em:. Acesso em 20 ago de 2020. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Resolução COFEN-195/1997. Dispõe sobre a solicitação de exames de rotina e complementares por Enfermeiro. 4 Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Parecer Coren- SP nº 007/2014 (Câmara Técnica). Dispõe sobre solicitação de exames por Enfermeiro e avaliação de resultado. 10 1. MARCADORES HEMATOLÓGICOS 1.1. HEMOGRAMA Maria Luiza Dumont Aguilar Lana Moisés Willian Aparecido Gonçalves Liliane da Consolação Campos Ribeiro Definição Exame que expressa as condições do sangue periférico de um indivíduo¹. Importante diagnóstico para alterações hematológicas e sistêmicas². O hemograma é constituído de três partes: eritograma (série vermelha), leucograma (série branca) e plaquetas (série plaquetária). Eritrograma O eritrograma avalia a série eritrocítica e compõe-se da contagem de hemácias, dosagem de hemoglobina, determinação do hematócrito e índices hematimétricos (Volume Corpuscular Médio- VCM, Hemoglobina Corpuscular Média- HCM, Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média- CHCM e Índice de Anisocitose Eritrocitária-RDW) ³. l Hemácias: São células pequenas, circulares e sem núcleo. São os mais numerosos tipos celulares no sangue4. Hemoglobina: É uma substância pigmentada, formada por duas partes: (1) heme, que contém um átomo de ferro que se combina reversivelmente com uma molécula de oxigênio e (2) globina. A principal função da hemoglobina é o transporte de oxigênio e gás carbônico, permitindo as trocas gasosas para o metabolismo orgânico4. Ela é útil no diagnóstico de anemia e deve ser o primeiro valor observado¹. Hematócrito: Constitui a proporção dos eritrócitos totais no sangue entre o volume de hemácias presentes no plasma. É útil na indicação para transfusão e papa de hemácias¹. Índices hematimétricos Hemoglobina corpuscular média – HCM: Conteúdo de hemoglobina em cada hemácia. Fornece a informação do tipo de anemia, se é com pouca hemoglobina (hipocrômica) ou hemoglobina aumentada (hipercromica)¹. 11 Volume corpuscular médio (VCM): reflete o volume médio das hemácias (tamanho da hemácia) é importante para definir se a anemia é de eritrócitos de pequeno volume ou de grande volume¹. Concentração de hemoglobina corpuscular média – CHCM: concentração de hemoglobina para determinado hematócrito. É expressa em porcentagem¹. Índice de anisocitose eritrocitária – RDW: indica o grau de variação no tamanho dos eritrócitos¹. Leucograma Leucócitos: São elementos figurados do sangue que estão envolvidos no sistema de defesa do organismo contra doenças e infecções. Alguns leucócitos são capazes de passar através da parede intacta dos vasos, processo denominado diapedese, agindo principalmente no tecido conjuntivo frouxo4. Neutrófilos ou segmentados: São capazes de deixar os vasos sanguíneos e entrar nos tecidos, onde protegem o corpo e fagocitam bactérias e substâncias estranhas ao organismo4. Bastonetes: Células precursoras do neutrófilo. Em infecções bacterianas agudas pode-se encontrar um desvio a esquerda, ou seja, uma elevação do número de bastonetes4. Eosinófilos: O número de eosinófilos circulantes aumenta de forma muito acentuada no sangue circulante durante as reações alérgicas, e durantes as infestações parasitárias4. Os eosinófilos são mais seletivos e atuam no sistema digestório, respiratório e na pele¹. Basófilos: Possuem grânulos relativamente grandes, liberam histamina (contribui para as respostas alérgicas dilatando e permeabilizando os vasos sanguíneos) e heparina (previne a coagulação do sangue)4. Desempenham papel importante nas reações alérgicas e anafiláticas¹. Linfócitos: São o segundo tipo mais abundante de leucócitos (após os neutrófilos), são importantes nas respostas imunes específicas do corpo, incluindo a produção de anticorpos4. Monócitos: Atuam nos processos inflamatórios restaurando tecidos (são um marcador de cicatrização)¹. 12 Plaquetas São fragmentos de células presentes no sangue que é formado na medula óssea. A sua principal função é a formação de coágulos, participando, do processo de coagulação sanguínea. Liberam fatores destinados a aumentar a vasoconstrição e a iniciar a reconstituição da parede vascular1. Indicação Clínica Avaliação de anemias, neoplasias hematológicas, reações infecciosas e inflamatórias, acompanhamento de terapias medicamentosas, avaliação de distúrbios plaquetários; Fornece dados para classificação das anemias de acordo com alterações na forma, tamanho, cor e estrutura das hemácias e consequente direcionamento diagnóstico e terapêutico; Orienta na diferenciação entre infecções viróticas e bacterianas, parasitoses, inflamações, intoxicações e neoplasias através das contagens global e diferencial dos leucócitos e avaliação morfológica dos mesmos; Através de avaliação quantitativa e morfológica das plaquetas sugere o diagnóstico de patologias congênitas e adquiridas. Preparo Do Paciente Jejum desejável de 4 horas (Atentar para a orientação do laboratório)5. Interpretação A interpretação clínica dos resultados deverá levar em consideração o motivo da indicação do exame, o estado metabólico do paciente e estratificação do risco para estabelecimento das metas terapêuticas³. Valores de Referência 3 Os valores de referência podem variar em função do método e reagente utilizado, portanto, esses valores devem estar claramente citados nos laudos de resultados de exames laboratoriais. Exame/ 1 semana 1 mês 2 a 6 meses 6 meses a 2 2 a 6 anos 6 a 12 anos Idade 3 anos Hemácias 3.000.000 à 3.600.000 à 3.000.000 à 3.700.000 à 3.900.000 à 4.000.000 à /mm3 5.400.000 5.900.000 4.600.000 5.100.000 5.300.000 5.200.000 Hemoglobina 11,0 à 17,0 12,5 à 21,5 9,5 à 13,5 10,5 à 13,5 11,0 à 14,0 11,5 à 15,5 g/dL Hematócrito 31,0 à 55,0 39,0 à 63,0 28,0 à 42,0 33,0 à 39,0 34,0 à 42,0 35,0 à 45,0 % HCM 28,0 à 40,0 28,0 à 40,0 25,0 à 35,0 23,0 à 31,0 24,0 à 30,0 25,0 à 33,0 pg VCM 85,0 à 123,0 86,0 à 74,0 à 108,0 70,0 à 86,0 75,0 à 87,0 77,0 à 95,0 13 fL CHCM 29,0 à 37,0 28,0 à 37,0 30,0 à 36,0 30,0 à 36,0 31,0 à 37,0 31,0 à 37,0 % RDW 11,6 à 14,6 11,6 à 14,6 11,6 à 14,6 11,6 à 14,6 11,6 à 14,6 11,6 à 14,6 % Leucócitos 5.000 à 19.000 5.000 à 21.000 6.000 à 18.000 6.000 à 17.500 5.000 à 15.000 5.000 à 13.000 mm3 Segmentados 1.000 à 9.000 1.000 à 10.000 1.500 à 9.000 1.500 à 8.500 1.500 à 8.000 2.000 à 8.000 mm3 Bastonetes 0 à 500 0 à 300 0 à 500 0 à 500 0 à 500 0 à 500 mm3 Eosinófilos 200 à 1.000 200 à 1.000 200 à 1.000 200 à 1.000 200 à 1.000 100 à 1.000 mm3 Basófilos 0 à 100 0 à 200 0 à 100 0 à 100 0 à 100 0 à 100 mm3 Linfócitos 3.000 à 16.000 2.000 à 17.000 4.000 à 10.000 3.000 à 9.500 3.000 à 9.000 1.000 à 5.000 mm3 Monócitos 300 à 1.000 200 à 1.000 100 à 1.000 100 à 1.000 100 à 1.000 100 à 1.000 mm3 Plaquetas 140.000 à 140.000 à 140.000 à 140.000 à 140.000 à 140.000 à mm3 450.000 450.000 450.000 450.000 450.000 450.000 Exame/ 12 a 18 anos 12 a 18 anos Adultos Adultos Idade 3 (masculino) (feminino) (masculino) (feminino) Hemácias 4.500.000 à 4.100.000 à 4.400.000 a à 3.800.000 à mm3 5.300.000 5.100.000 5.900.000 5.200.000 Hemoglobina g/dL 13,0 à 16,0 12,0 à 16,0 13,0 à 18,0 12,0 à 16,0 Hematócrito 37,0 à 49,0 36,0 à 46,0 40,0 à 52,0 35,0 à 47,0 % HCM 25,0 à 35,0 25,0 à 35,0 26,0 à 34,0 26,0 à 34,0 pg VCM 78,0 à 98,0 78,0 à 100,0 80,0 à 100,0 80,0 à 100,0 fL CHCM 31,0 à 37,0 31,0 à 37,0 32,0 à 36,0 32,0 à 36,0 % RDW 11,6 à 14,6 11,6 à 14,6 11,6 à 14,6 11,6 à 14,6 % Leucócitos 4.500 à 13.000 4.500 à 13.000 4.500 à 11.000 4.000 à 11.000 mm3 Segmentados 1.800 à 9.000 1.800 à 8.000 2.000 à 7.000 2.000 à 7.000 mm3 Bastonetes 0 à 500 0 à 500 0 à 500 0 à 500 mm3 14 Eosinófilos 2 à 500 2 à 500 2 à 500 2 à 500 mm3 Basófilos 0 à 100 0 à 100 0 à 100 0 à 100 mm3 Linfócitos 1.200 à 5.200 1.200 à 5.200 1.000 à 3.000 1.000 à 3.000 mm3 Monócitos 100 à 1.000 100 à 1.000 200 à 1.000 300 à 1.000 mm3 Plaquetas 140.000 à 450.000 140.000 à 450.000 140.000 à 450.000 140.000 à 450.000 mm3 Valores críticos Hematócrito < 18% ou > 54% Hemoglobina < 6,0 g/dL ou > 18,0 g/dL Leucócitos < 2.500/mm3 ou > 30.000/mm3 Plaquetas < 5.000/mm3 ou > 1.000.000/mm3 Alterações 3 Alterações Hemácia Quanto ao tamanho Anisocitose, desigualdade no tamanho; Característica da maioria das anemias; Microcitose, diminuição no tamanho; Macrocitose, aumento no tamanho; Quanto à forma Poiquilocitose, formas variáveis; Quanto à cor Hipocromia, coloração insuficiente das hemácias; Policromatofilia, eritropoiese aceleredade e reticulocitose; Quanto ao número Reticulocitose, aumento da eritropoiese Hemoglobina Valor diminuídos Anemia. Avaliar a hemoglobina + hematócrito + VCM; Hematócrito Valores diminuídos Hemodiluição, hiper-hidratação, anemia. Analisar hemoglobina + hematócrito + VCM; Valores aumentados Hemoconcentração ou desidratação; HCM Fumantes podem apresentar aumento do resultado; fornece o tipo de anemia; VCM Normocitose Doença crônica, câncer, tireóide, hepatopatia; Microcitose Deficiência de ferro e anemia da doença crônica; Macrocitose Falta de vitamina B12 e ácido fólico; Anisocitose Diferentes tamanhos, presença de macro e microcitose ao mesmo tempo; característica da maioria das anemias; CHCM Valores aumentados Hipercromia; Valores diminuídos Hipocromia; Leucócitos Leucocitose (>8.000/mm³) Estresse, pós-operatório, infecções bacterianas ou viróticas, leucemia, processos neoplásicos; Leucopenia (6.000/mm³) Infecções agudas virais e bacterianas, destruição de tecido (infarto Segmentados do miocárdio e pulmonar, queimaduras extensas, reabsorção do sangue), período pós-operatório, estresse, liberação de adrenalina, glicocorticoides, exercícios físicos; Neutropenia ( 95 mg/dL (> 5,3 mmol/L) 1 hora > 180 mg/dL (> 10,0 mmol/L) 2 horas > 155 mg/dL (> 8,6 mmol/L) 3 horas > 140 mg/dL (> 7,8 mmol/L).3 Interpretação* Categoria Conduta de Enfermagem Evitar o consumo excessivo de carboidratos; Orientar a realização de uma alimentação adequada e prática de exercícios físicos ajudando a diminuir os níveis de glicose; Hiperglicemia Informar a pessoa sobre os benefícios à saúde e efeitos fisiológicos (>120 mg/dL) 0 do exercício; Realizar o monitoramento das taxas de glicose no sangue4. Evitar consumo de álcool em doses maiores do que o permitido na 0 dieta; Hipoglicemia Orientar sobre uma alimentação saudável (rica em carboidratos), a ( 45 mg/dl > 40 mg/dl LDL < 110 mg/dl < 130 mg/dl É recomendado que na avaliação do perfil lipídico de um indivíduo, seja considerada a média de duas dosagens de colesterol, obtidas em intervalos de 1 semana e máximo de 2 meses após a coleta da primeira amostra. Deve-se estar atento ás condições pré-analíticas do paciente e a preferência pela mesma metodologia e laboratório. Valores elevados 3 Idade; Gravidez; Fármacos: betabloqueadores, esteroides anabolizantes, vitamina D, anovulatórios orais e epinefrina; Obesidade; Tabagismo; Álcool; Alimentação com alto teor de colesterol e gorduras; Falta de exercícios físicos; Insuficiência renal; Hipotireoidismo; Doença de armazenamento do glicogênio (doenças de Gierke e Werner); Hipercolesterolemia familiar; Diabetes Mellitus; Hipertensão Arterial. Valores diminuídos 3 Desnutrição; Doença hepática; Anemias crônicas; 31 Infecção; Hipertireoidismo; Estresse. Condutas Quando o resultado for acima do esperado, o colesterol alto e o HDL baixo, o enfermeiro deverá explicar ao paciente os riscos e indicar algumas maneiras para reduzir o valor, como: Encaminhamento ao cardiologista e nutricionista; Realizar atividades físicas (indicação de acordo com a idade) como caminhada; Reduzir o consumo de alimentos gordurosos; Reduzir o consumo de álcool; Reduzir o consumo de carboidratos; Consumir em maior quantidade alimentos que possuam gordura boa; Consumir alimentos ricos em fibras. Observações No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apresentou as Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, que abrange uma avaliação dos riscos de desenvolvimento de aterosclerose, controle dos lipídeos, tratamento com drogas, atividades físicas e redução do tabagismo. Referências 1. Schiavo M, Lunardell A, Oliveira JR. Influência da dieta na concentração sérica de triglicerídeos. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. 2003;39(4):283-288. 2. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 3. Instituto Hermes Pardini. Help de exames [Internet]. [acesso em 14 Jan 2020]. Disponível em: http://www.hermespardini.com.br/helpexames/helpexames.do?acao=inicio&perfil=C 4. Faludi AA et al. Atualização Da Diretriz Brasileira De Dislipidemias e Prevenção Da Aterosclerose. 1st ed. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Cardiologia; 2017. 32 3.2 DOSAGEM DE TRIGLICERÍDEOS Maria Luiza Dumont Aguilar Lana Liliane da Consolação Campos Ribeiro Jessica Sabrina Costa Definição Os triglicerídeos constituem uma importante fonte de energia para o corpo. São armazenados no tecido adiposo como glicerol, monoglicerol e ácidos graxos, convertidos pelo fígado em triglicerídeos. Indicação clínica ¹ Avaliar risco de doença cardiovascular e arteriosclerose; Associado à dosagem de colesterol e frações, é útil na avaliação de dislipidemias. Preparo do paciente 1,2 Jejum não obrigatório; Evitar ingestão de álcool 72 horas antes do teste; Realizar o teste nas primeiras 24 horas, após infarto agudo do miocárdio (IAM), pois os valores correspondem efetivamente ao perfil lipídico do paciente. Interpretação Valores de Referência ² Acima 20 anos 0 a 9 anos 10 a 19 anos Com jejum < 150 mg/dL < 75 mg/dL < 90 mg/dL Sem jejum < 175 mg/dL < 85 mg/dL < 100 mg/dL Alterações Níveis inferiores a 150 mg/dL não estão associados a qualquer doença; Entre 250 a 500 mg/dL, podem ter relação com doença vascular periférica, constituindo um marcador para pacientes predisposições genéticas para hiperlipoproteinemias; Acima de 500 mg/dL, alto risco de o paciente desenvolver pancreatite; Acima de 1.000 mg/dL, relação com hiperlipidemia, especialmente do tipo I ou tipo V; Níveis superiores a 5.000 mg/dL estão associados a xantoma eruptivo, arco corneano, lipemia retiniana, hipertrofia hepática e/ou esplênica4. 33 Além das dislipidemias primárias, algumas condições ou doenças estão associadas a elevação de triglicerídeos como obesidade, intolerância à glicose ou diabetes mellitus II, hiperuricemia, hepatites virais, alcoolismo, tabagismo, cirrose biliar, obstrução biliar extra hepática, síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica, síndrome de Cushing, gravidez, infecção, doenças inflamatórias, algumas doenças do estoque do glicogênio e uso de algumas drogas (estrogênios, contraceptivos orais, prednisona). Níveis baixos de triglicerídeos podem ser encontrados na abetalipoproteinemia, hipobetalipoproteinemia, má absorção, desnutrição e hipertireoidismo5. Condutas Resultado acima dos valores de referência, o enfermeiro deverá orientar o paciente. Encaminhar ao cardiologista e nutricionista; Aconselhar a realização de atividades físicas (indicação de acordo com a idade); Reduzir o consumo de alimentos gordurosos; Reduzir o consumo de álcool; Reduzir o consumo de carboidratos; Consumir em maior quantidade alimentos que possuam gordura boa; Consumir alimentos ricos em fibras. Observações A variação diurna faz com que os triglicerídeos sejam mais baixos pela manhã e mais altos depois do meio dia. Referências 1. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 2. Instituto Hermes Pardini. Help de exames [Internet]. [acesso em 14 Jan 2020]. Disponível em: http://www.hermespardini.com.br/helpexames/helpexames.do?acao=inicio&perfil=C 3. Faludi AA et al. Atualização Da Diretriz Brasileira De Dislipidemias e Prevenção Da Aterosclerose. 1st ed. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Cardiologia; 2017. 4. Williamson MA, Snyder LM. Wallach: Interpretação de Exames Laboratoriais. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 5. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.p df 34 4. MARCADORES DA FUNÇÃO TIREOIDIANA 4.1 HORMÔNIO ESTIMULANTE DA TIREÓIDE (TSH) TIROXINA TOTAL (T4) TIROXINA LIVRE (T4L) TRIIODOTIRONINA TOTAL (T3) TRIIODOTIRONINA LIVRE (T3L) Maria Luiza Dumont Aguilar Lana Liliane da Consolação Campos Ribeiro Definição Hormônio Estimulante da Tireóide – TSH: o TSH é uma glicoproteína secretada pela adenohipófise, tendo como principal efeito o de estimular a liberação de T3 e T4 pela tireoide. A secreção e os níveis séricos de TSH são controlados pelos níveis de T3 e T4 e pelo Hormônio Hipotalâmico Estimulador de Tireotrofina (TRH)¹. Tiroxina Total – T4: A T4 é o principal produto secretado pela glândula tireoide. Liga-se à globulina ligadora de tiroxina (TBG), pré-albumina e albumina no sangue. A concentração de T4 geralmente reflete a atividade secretória da glândula tireóide. Nos tecidos, sofre desiodação a T3, que produz ação hormonal e é responsável pela ação do hormônio. Tiroxina Livre – T4L: O T4 livre corresponde a uma pequena fração (0,02-0,04%) da tiroxina total (T4) que se encontra não ligada a proteínas. Na fração metabolicamente ativa é precursora do T3 (triiodotironina). É este nível de hormônio não ligado ou livre que se correlaciona com o estado funcional da tireoide na maioria dos indivíduos3. Triiodotironina Total – T3: A T3 é produzida tanto na tireóide como nos tecidos periféricos por desiodação de T4, sendo transportada, no soro, pela TBG, pela albumina e pela pré-albumina. Comparativamente à T4, o T3 tem maior atividade metabólica, meia- vida mais curta e menor afinidade pela TBG¹. Triiodotironina Livre – T3L: A maior parte do T3 circulante é ligada as proteínas; somente 0,3% existe na forma livre, não ligada. Em geral, as dosagens de T3 total e T3 livre apresentam boa correlação, só divergindo quando existem alterações significativas das proteínas carregadoras (gravidez, uso de anticoncepcionais e estrógenos e diminuição de TBG). Nessas circunstâncias, a fração livre retrata mais fielmente a condição tiroidiana. 35 Indicação clínica 1-4 TSH: A dosagem do TSH é importante no diagnóstico de hipertireoidismo primário, sendo o primeiro hormônio a se alterar nessa condição¹. T4: Reflete a atividade secretora; É útil no diagnóstico de hipo e hipertireoidismo3; T4L: Exame útil na avaliação da função tireoidiana, particularmente em pacientes com suspeita de alteração na concentração de TBG4; T3: Exame útil na avaliação da função tireoidiana, particularmente em pacientes com suspeita de alteração na concentração de TBG; Útil no diagnóstico e no seguimento de indivíduos com hipertiroidismo¹; T3L: A medida do T3 e utilizada para diagnóstico e monitoramento do tratamento do hipertireoidismo²; Preparo do paciente Jejum não obrigatório²; Em caso de uso de hormônio tiroidiano, colher o material antes da próxima dose ou no mínimo, quatro horas após a ingestão do medicamento4. Interpretação Valor de referência EXAME/IDADE Criança Adulto Gestante TSH microUI/ml 1 a 23 meses: 0,87 0,48 a 1º trimestre: 0,05 a 4,49 a 6,15 5,60 2 a 12 anos: 0,67 a 2º trimestre: 0,61 a 4,97 4,16 12 a 20 anos: 0,48 a 3º trimestre: 0,65 a 5,06 4,17 T4L 1 a 23 meses: 1,08 0,89 A 1º trimestre: 0,95 a 1,47 ng/dL a 1,67 1,76 2 a 12 anos: 1,06 a 2º trimestre: 0,85 a 1,20 1,64 13 a 18 anos: 1,01 à 3º trimestre: 0,73 a 1,26 1,68 T4 total 4,5 a 10,9 mcg/dL T3L 2,30 a 4,20 pg/mL T3 total 0,60 A 1,71 ng/mL 36 Alterações Exame Valor aumentado Valor diminuido TSH Hipertireoidismo primário, tireoidite Hipertireoidismo primário, de Hashimoto, tireoidite sub-aguda e na hipotireoidismo secundário ou secreção inapropriada de TSH (tumores terciário e nas síndromes de hipofisários produtores de TSH); ¹ hipertireoidismo subclínico; ¹ Uso de vários fármacos: anfetaminas Reposição excessiva de hormônio (abuso), agentes contendo iodo (p. ex., tireóideo no tratamento do ácido iopanoico, ipodato, amiodarona) hipotireoidismo; e antagonistas da dopamina (p. ex., Hipotireoidismo hipofisário metoclopramida, domperidona, secundário ou hipotalâmico (p. ex., clopromazina, haloperidol); tumor, infiltrados); Bócio com deficiência de iodeto ou Doença psiquiátrica aguda; bócio induzido por iodeto ou Desidratação grave; tratamento com lítio; Efeito de fármacos, especialmente Irradiação externa do pescoço; em altas doses (utilizar a FT4 para Pós tireoidectomia subtotal; avaliação); Período neonatal; Glicocorticoides, dopamina, Tireotoxicose devido a adenoma agonistas da dopamina hipofisário de tireotrofos ou resistência (bromocriptina), levodopa, terapia da hipófise ao hormônio tireóideo; 4 de reposição com T4, apomorfina e pirodoxina; Fármacos antitireóideos para tireotoxicose, especialmente no início do tratamento; T4 normal ou baixa; Primeiro trimestre de gravidez; 4 T4L Hipertireoidismo; 4 Hipotireoidismo; Hipertiroxinemia disalbumínica Hipotireoidismo tratado com familiar; triiodotironina Resistência ao hormônio tireoidiano;¹ Síndrome do paciente eutireoideo; 4 T4 TOTAL Hipertireoidismo; Hipotireoidismo; Gravidez; Hipoproteinemia (p. ex., nefrose, Fármacos e substâncias (p. ex., cirrose); estrogênios, anovulatórios orais, Certos fármacos (fenitoína, Dtiroxina, extrato tireóideo, TSH, triiodotironina, testosterona, ACTH, amiodarona, heroína, metadona, corticosteroides); 4 anfetaminas, algumas substâncias Doenças sistêmicas graves não radiopacas para exames radiológicos tireoidianas; [ipodato, ácido iopanoico]); Redução da TBG. 5 37 Muito mais elevada nos primeiros 2 meses de vida do que nos adultos normais; 4 Hipertiroxinemia disalbuminemica familiar; Aumento da TBG (gravidez); Aumento da transtirretina (TBPA).5 T3 LIVRE Doenca de Graves; Hipotireoidismo (1/3 dos casos); Tireotoxicose por T3; Resistência periférica ao hormonio tireoidiano; Adenoma produtor de T3; T3 TOTAL Hipertireoidismo; Doenças crônicas não tireoidianas e Doença de Graves; são influenciados pelo estado T3 toxicose; nutricional; Aumento de TBG; Gravidez; Observações No hipotiroidismo primário, a concentração sérica de TSH está muito elevada. No hipotiroidismo secundário ou terciário, situação em que a produção dos hormônios da tireóide é baixa devido à presença de lesões pituitárias ou hipotalâmicas, a concentração sérica de TSH é geralmente baixa. Uma das causas mais comuns de hipertireoidismo subclínico, definido pela supressão das concentrações de TSH com níveis de T4 e T3 dentro da faixa de referência, é o tratamento com hormônio tireoidiano em doses excessivas. A prevalência de hipotireoidismo na população idosa é elevada, superior a 14%, sendo necessária a triagem para a doença nesta faixa etária, usando a dosagem de TSH. O hipotireoidismo subclínico, caracterizado pela elevação do TSH, com concentração sérica de T4 normal, tem sido reconhecido como fator de risco independente para aterosclerose e infarto agudo do miocárdio. A determinação dos níveis de T4 livre é um teste sensível da função tireoidiana, não sofrendo influência da concentração de globulina carreadora de tiroxina (TBG). No hipertireoidismo subclínico, por sua vez, tem-se redução do TSH e valores normais de T4L. A doença representa risco para fibrilação, osteoporose e progressão para hipertireoidismo franco. A dosagem do T4 livre pode ser inadequada na presença de autoanticorpos antitoxina, fator reumatoide ou tratamento com heparina. 38 A determinação dos níveis séricos de T3 está indicada em indivíduos com TSH diminuído e T4 total ou livre dentro da faixa de referência. O teste é útil, portanto, na avaliação do hipertireodismo, particularmente da tireotoxicose. Variações na concentração da globulina ligadora de tiroxina (TBG) e outras proteínas podem afetar os níveis de T3. Convém lembrar que o uso de drogas antitiroidianas, de bloqueadores de conversão periférica de T4 e de hormônios tiroidianos e presença no soro de anticorpos anti-T3 ou anti-IgG de camundongo podem alterar significativamente os níveis dessa fração. 4 Referências 1. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.Manual de Exames: Laboratoriais da Rede do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Belo Horizonte,MG: Secretária Municipal de Saúde; 2016. 2. Instituto Hermes Pardini. Help de exames [Internet]. [acesso em 14 Jan 2020]. Disponível em: http://www.hermespardini.com.br/helpexames/helpexames.do?acao=inicio&perfil=C 3. Williamson MA, Snyder LM. Wallach: Interpretação de Exames Laboratoriais. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 4. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 5. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.p df 39 5. MARCADORES DA FUNÇÃO RENAL 5.1 EXAME DE URINA DE ROTINA Cíntia Maria Rodrigues Leandro Pinheiro Rodrigues Liliane da Consolação Campos Ribeiro Definição Exame que avalia a função renal e afecções do trato urinário da população, por meio do rastreio de bacteriúria, hematúria e/ou proteinúria. Compreende três etapas: características gerais (propriedades físicas); avalia elementos anormais (pesquisa química); sedimentoscopia (exame microscópico da urina)1. Sinônimos: Urinálise; EAS (elementos anormais e sedimento) 2. Indicação clínica 2 Diagnóstico e monitoramento de: Doenças renais e do trato urinário; Doenças sistêmicas ou metabólicas; Doenças hepáticas e biliares; Desordens hemolíticas. Preparo do paciente 2 Antes da coleta o paciente deverá realizar a higienização da genitália com água e sabão e secar; Colher preferencialmente a 1ª urina da manhã ou com intervalo de 4 horas entre as micções; No momento da coleta, deve-se desprezar o 1º jato de urina e coletar o jato do meio (cerca de 30 mL); Para coletas realizadas em casa, o cliente deve entregar a urina no laboratório em no máximo 1 hora após a coleta, em temperatura ambiente ou refrigerada. Valores de referência 3 Caracteres Gerais: Cor: amarelo citrino Odor: característico Aspecto: claro 40 Densidade: 1,015 – 1,025 pH: 4,5 – 7,8 Elementos anormais: Proteínas: negativo Glicose: negativo Corpos cetônicos: negativo Hemoglobina: negativo Leucócitos: negativo Nitrito: negativo Bilirrubina: negativo Urobilinogênio: até 1 mg/dL Sedimentoscopia: Piócitos: < ou = a 4 piócitos p/c Epitélios vias altas: raras células p/c Epitélios vias baixas: < ou = a 2 células p/c Hemácias: < ou = a 2 hemácias p/c Muco: não se aplica Cilindros hialinos: < ou = a 2 cilindros p/c Cilindros patológicos: ausentes Cristais: ausentes Flora bacteriana: ausente/escassa Interpretação e Conduta 4 Realizar consulta de enfermagem, iniciando com a anamnese para queixas de disúria, polaciúria, urgência miccional, hematúria leve ou oligúria. Em seguida proceder ao exame físico por meio da palpação abdominal, punho percussão lateral (Sinal Giordano) 4. Interpretação Categoria Conduta de Enfermagem Proteinúria: A presença de proteínas é sugestivo para 0 0-Repetir em 15 dias. alterações renais e/ou doença renal, importante analisar também achados anormais como cilindrúria, lipidúria e 5- Proteinúria + hipertensão e/ou edema, hematúria. referir ao pré-natal de risco, avaliação médica ou interconsulta médica. Leucocitúria (Piúria): Valores acima de 5 piócitos p/c é associada a quadros de infecção urinária (pielonefrite e 0- Solicitar urocultura com antibiograma e cistite), acompanhada de alterações dos valores de referir à consulta médica para iniciar bacteriúria. antibioticoterapia em todos os casos. Nitrito: A presença de nitrito associado a leucocitúria, com valores de referência acima de 105 bactérias/mL, está associada a infecções urinárias, causadas 41 comumente pela Escherichia coli. Glicosúria: Alteração na concentração de glicose 0 0- Avaliar esse resultado associado a sanguínea, valores entre 160 e 200 mg/dL, se referem a exames de glicose em jejum, insulina em distúrbios na reabsorção tubular renal da glicose, jejum, e outros sintomas indicativos de característicos do diabetes mellitus. diabetes mellitus. 5- Avaliar junto a glicose em jejum e teste de tolerância a glicose oral. Cetonúria: A presença de corpos cetônicos é um indicativo de um quadro de diabetes mellitus (tipo 1 e 0- Proceder a mesma conduta referente a 2) e/ou ao jejum prolongado. glicosúria. Hematúria: Anormalidade que quando presente sugere 0 Hematúria de forma isolada, referir à alteração das funções doenças renais, infecção, tumor, consulta médica. trauma, cálculo, distúrbios hemorrágicos ou uso de anticoagulantes. Associada a presença de piúria, solicitar urocultura. Bilirrubinúria: Sua presença pode indicar obstrução 0 Alterações de forma isolada não necessitam das vias biliares ou lesão de hepatócitos. condutas especiais. Urobilinogênio: Em concentrações acima de 1 mg/dL3, Aumentar ingesta hídrica, aos sinais de está associado a aumento na produção de bilirrubina, como febre, dor lombar, dor abdominal, em casos como anemias hemolíticas, desordens retornar à unidade ou procurar serviço de sanguíneas, disfunções, lesões hepáticas como urgência. hepatites, cirrose e na insuficiência cardíaca congestiva. Cilindros: Importantes marcadores de lesão renal, 0 - De forma isolada, aumentar ingesta concentrações elevadas estão associadas à lesões nos hídrica. Aos sinais de como febre, dor néfrons renais. lombar, dor abdominal, retornar à unidade ou procurar serviço de urgência. 0 5 - Referir ao pré-natal de risco, avaliação médica ou interconsulta médica. Células epiteliais: Comumente encontradas no exame do sedimento urinário. Em números aumentados pode Alterações de forma isolada não necessitam indicar contaminação da amostra de urina com fluidos condutas especiais. genitais Aumentar ingesta hídrica. Aos sinais de Flora bacteriana: Alteração podem estar relacionada à 0 como febre, dor lombar, dor abdominal, infecção urinária, contudo o resultado da flora não deve retornar à unidade ou procurar serviço de ser utilizado de forma isolada para diagnóstico de urgência. infecção urinária, devido à sua baixa especificidade. 0 RN, Criança, adolescente, adulto, gestante, idoso; 1 RN; 2 Criança; 3 Adolescente; 4 Adulto (fem) ou (masc); 5 Gestante; 6 Idoso. 42 Referências 1. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.Manual de Exames: Laboratoriais da Rede do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG: Secretária Municipal de Saúde; 2016. 2. Williamson MA, Snyder LM. Wallach: Interpretação de Exames Laboratoriais. 10 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 3. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 4. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.p df 43 5.2 DOSAGEM DE URÉIA Leandro Pinheiro Rodrigues Cíntia Maria Rodrigues Definição A ureia é a principal fonte de excreção do nitrogênio, excretada pelos rins. Relacionada à função metabólica hepática e excretória renal. Sua concentração pode variar com a dieta, hidratação e função renal1. Indicação clínica 2 Avaliação e monitoramento da função excretora renal. Preparo do paciente 2 Jejum mínimo de 4 horas – desejável. Valores de referência 3 Adultos: de 19,0 a 49,0 mg/dL Recém-nascidos: de 8,4 a 25,8 mg/dL Crianças: de 10,8 a 38,4 mg/dL Interpretação e Conduta A consulta de enfermagem deverá iniciar pela anamnese para avaliar queixas de disúria, polaciúria, urgência miccional, hematúria leve ou oligúria. Em seguida proceder ao exame físico, por meio da palpação abdominal, punho percussão lateral (Sinal Giordano)3. Interpretação Categoria Conduta de Enfermagem A elevação da uréia decorrente de alterações renais é Considerar o quadro clínico mais rápida do que a creatinina, especialmente na apresentado pelo paciente. insuficiência renal de origem pré e pós-renal. No entanto, como vários fatores de origem não renal podem causar Avaliar esse resultado associado variabilidade da concentração de uréia sérica ou a exames de dosagem de plasmática sua utilidade como marcador de função renal creatinina e exame de urina de é limitada. 0 rotina. Assim, a interpretação de resultado de dosagem de uréia acima do valor de referência deve ser sempre realizada com cautela. 0 RN, Criança, adolescente, adulto, gestante, idoso; 1 RN; 2 Criança; 3 Adolescente; 4 Adulto (fem) ou (masc); 5 Gestante; 6 Idoso. 44 Referências 1. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.Manual de Exames: Laboratoriais da Rede do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG: Secretária Municipal de Saúde; 2016. 2. Williamson MA, Snyder LM. Wallach: Interpretação de Exames Laboratoriais. 10 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 3. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 4. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.p df 45 5.3 DOSAGEM DE CREATININA Leandro Pinheiro Rodrigues Cíntia Maria Rodrigues Definição A creatinina é o produto de degradação das proteínas, eliminado pelos rins. A concentração sérica depende da capacidade renal e da massa muscular. É um exame responsável por analisar o funcionamento cardíaco e renal, através do clearence renal1. Indicação clínica Avaliação e monitoramento da função excretora renal, e pacientes em tratamento medicamentoso de salicilatos, cimetidina, trimetropina, probenecide2. Preparo do paciente 2 l Jejum mínimo de 4 horas – recomendável. Interpretação e Conduta Valores de referência 1 Masculino: 0,7 a 1,3 mg/ dL Feminino: 0,6 a 1,1 mg/ dL Criança: 0,7 a 1,3 mg/dL Interpretação Categoria Conduta de Enfermagem O resultado de apenas uma dosagem de creatinina deve ser Considerar o quadro interpretado com cautela, não devendo ser utilizado como clínico apresentado pelo único parâmetro para avaliação da função renal. paciente. Devido ao aumento da filtração glomerular na gestação, a Avaliar esse resultado concentração sérica de creatinina é, em geral, menor em associado a exames de mulheres grávidas. 0 dosagem de ureia e exame de urina de rotina. Em indivíduos idosos, é importante considerar que o processo de envelhecimento leva a perda de massa 46 muscular com redução da produção diária de creatinina e, por outro lado, ocorre perda de nefrons com redução da taxa de filtração glomerular. 0 RN, Criança, adolescente, adulto, gestante, idoso; 1 RN; 2 Criança; 3 Adolescente; 4 Adulto (fem) ou (masc); 5 Gestante; 6 Idoso. Referências 1. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.Manual de Exames: Laboratoriais da Rede do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG: Secretária Municipal de Saúde; 2016. 2. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 3. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.p df 47 5.4 UROCULTURA Cíntia Maria Rodrigues Leandro Pinheiro Rodrigues Definição Amostras de urina podem ser submetidas à cultura quando existe suspeita de infecção do trato urinário, para o controle de tratamento dos pacientes. Os agentes etiológicos que mais frequentemente causam esse tipo de infecção são: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus sp., Enterobacter sp., Staphylococus sp. Enterococcus faecalis1. Sinônimos: Urocultura; Cultura de urina qualitativa e quantitativa2. Indicação clínica 1 Exame utilizado no diagnóstico de infecção do trato urinário (ITU). Preparo do paciente 2 Antes da coleta o paciente deverá realizar a higienização da genitália com água e sabão e secar; Colher preferencialmente a 1ª urina da manhã ou com intervalo de 4 horas entre as micções; No momento da coleta, deve-se desprezar o 1º jato de urina e coletar o jato do meio (cerca de 30 mL); Para coletas realizadas em casa, o cliente deve entregar a urina no laboratório em no máximo 1 hora após a coleta, em temperatura ambiente ou refrigerada. Valores de referência 2 Definição de bacteriúria significativa > 102 UFC (coliformes) /ml em mulher sintomática > 103 UFC/mL em homem sintomático > 105 UFC/mL em indivíduos assintomáticos em duas amostras consecutiva > 102 UFC/mL em pacientes cateterizados Qualquer crescimento bacteriano em material obtido por punção supra púbica. 48 Interpretação e Conduta A consulta de enfermagem deverá iniciar pela anamnese para queixas de disúria, polaciúria, urgência miccional, hematúria leve ou oligúria. Em seguida proceder ao exame físico por meio da palpação abdominal, punho percussão lateral (Sinal Giordano)3. Interpretação Categoria Conduta de Enfermagem As infecções urinárias complicadas são causadas 0 - Referir à avaliação médica para por uma variedade maior de microrganismos, início da antibióticoterapia. bactérias e fungos, e a frequência de infecções poli microbianas é superior àquela observada nas 5 - Referir ao pré-natal de risco e infecções não complicadas. interconsulta médica. A bacteriúria caracteriza-se por crescimento 0 0 - Aumentar ingesta hídrica, aos superior a 105 UFC/mL, sendo indicado realização sinais de como febre, dor lombar, de exames de Gram de gota de urina não dor abdominal, retornar à centrifugada, associado ao exame de urina rotina e a unidade ou procurar serviço de urocultura, com intuito de diagnosticar a o tipo da urgência. infecção presente no trato urinário. 0 - Antibioticoterapia em todos os casos. 0 RN, Criança, adolescente, adulto, gestante, idoso; 1 RN; 2 Criança; 3 Adolescente; 4 Adulto (fem) ou (masc); 5 Gestante; 6 Idoso Referências 1. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.Manual de Exames: Laboratoriais da Rede do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG: Secretária Municipal de Saúde; 2016. 2. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 3. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.p df 49 6. MARCADORES DO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO 6.1 DOSAGEM DE SÓDIO Cíntia Maria Rodrigues Leandro Pinheiro Rodrigues Definição Os sais de sódio são determinantes da osmolaridade celular. Relacionados a aldosterona e hormônio antidiurético. Sinônimo: Natremia; Dosagem de Na+1. Indicação clínica 2 Avaliação dos distúrbios hidroeletrolíticos. Preparo do paciente 2 Jejum mínimo de 4 horas – recomendável; Evitar atividades físicas vigorosas 24 horas antes do teste; Manter o uso de drogas que não possam ser interrompidas; Não fazer esforço físico durante a coleta; O cliente deve manter sua rotina diária. Valores de referência 2 Adultos: 135 a 145 mmol/L (ou meq/L) Valores críticos: Menor ou igual a 120 mmol/L (hiponatremia) Maior ou igual a 160 mmol/L (hipernatremia) Interpretação e Conduta Realizar consulta de enfermagem, iniciando com a anamnese para ingestão e eliminação, falta de ar e alteração na pressão sanguínea. Em seguida proceder ao exame físico por meio da avaliação de sinais de desidratação e aferição da pressão arterial3. 50 Interpretação Categoria Conduta de Enfermagem A hipernatremia ocorre no uso de Referir à avaliação médica diuréticos, dieta rica em sal, secreção Realizar a redução gradual do nível de sódio inadequada de ADH, desidratação sérico por meio da infusão de uma solução hipertônica, no diabetes insipidus, em eletrolítica hipotônica, como o cloreto de comas hiperosmolares, entre outras sódio a 0,3%, ou uma solução não fisiológica situações. isotônica, como o soro glicosado a 5% (indicado quando a água precisa ser reposta sem o sódio). 0 Avaliar perdas anormais de água ou baixa ingestão de água, bem como grandes ganhos de sódio em decorrência da ingestão de medicamentos que apresentam um alto conteúdo de sódio. Orientações em relação a práticas alimentares saudáveis, ingesta hídrica e melhoria dos hábitos de vida. A hiponatremia pode ocorrer em síndrome nefrótica, necrose tubular, Referir à avaliação médica. insuficiência cardíaca, desidratação hipotônica, secreção inapropriada de Realizar a administração cuidadosa de sódio ADH, dieta pobre em sódio e nefropatias 0 via oral. com perda de sódio. Orientações em relação a práticas alimentares saudáveis, ingesta hídrica e melhoria dos hábitos de vida. 0 RN, Criança, adolescente, adulto, gestante, idoso; 1 RN; 2 Criança; 3 Adolescente; 4 Adulto (fem) ou (masc); 5 Gestante; 6 Idoso Referências 1. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.Manual de Exames: Laboratoriais da Rede do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG: Secretária Municipal de Saúde; 2016. 2. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 3. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.p df 51 6.2 DOSAGEM DE POTÁSSIO Leandro Pinheiro Rodrigues Cíntia Maria Rodrigues Definição O potássio participa de vários processos, como equilíbrio interno (passagem entre o meio intracelular e extracelular) e externo (ingestão, transporte gastrointestinal e reabsorção e eliminação renal). Na urina ou no soro é responsável por controlar os níveis de aldosterona, a reabsorção de sódio e no equilíbrio ácido-base1. Snônimos: Calemia; Dosagem de K2. Indicação clínica 2 Avaliação do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico; Acompanhamento de pacientes em terapia com diuréticos; Monitorização em casos de nefropatias, principalmente com insuficiência renal, na cetoacidose diabética, no manejo da hidratação parenteral e na insuficiência hepática; Avaliação de quadros de hiper e hipoaldosteronismo. Preparo do paciente 2 Jejum mínimo de 4 horas – recomendável; Evitar atividades físicas vigorosas 24 horas antes do teste; Manter o uso de drogas que não possam ser interrompidos; Valores de referência 2 Adultos: 3,5 a 5,1 mmol/L (ou meq/L) Valores críticos Menor ou igual a 2,5 mmol/L (hipocalemia) Maior ou igual a 6,5 mmol/L (hipercalemia) Interpretação e Conduta Realizar consulta de enfermagem, iniciando com a anamnese para queixas de fraqueza da musculatura dos membros, histórico de ingestão de potássio nos alimentos e/ou por medicamentos. Em seguida proceder ao exame físico. 52 Interpretação Categoria Conduta de Enfermagem Entre as principais causas de hipocalemia estão: Avaliar considerando patologias Falta de ingestão (anorexia nervosa e bulemia), preexistentes e com exames complementares. Vômitos, Diarréia crônica, Diuréticos (manitol, furosemida, tiazídicos), Alcalose metabólica, Avaliar juntamente com valores de ureia, Acidose tubular renal, Hipertensão arterial 0 creatinina, glicose. sistêmica, Hipertireoidismo. Indicar reposição do potássio via oral através de alimentos com alto teor de potássio, como frutas, legumes, grãos integrais e leite e, se necessário, fazer a reposição cautelosa de potássio por via intravenosa. Entre as principais causas de hipercalemia estão: Verificar o equilíbrio hídrico e a presença de Acidose metabólica, Falta de insulina, sinais de fraqueza muscular (fazer exame Hipoaldosteronismo primário e secundário, físico) e arritmias (solicitar ECG). Insuficiência renal, Diuréticos (espironolactona, amilorida, triantereno), Drogas em pacientes com Avaliar juntamente com valores de ureia, risco de disfunção renal (sulfametoxazol e 0 creatinina, glicose. trimetoprim, antiinflamatórios não hormonais, inibidores de ECA). O idoso apresenta maior risco de hipercalemia quando em uso de drogas como diuréticos e inibidores de ECA. 0 RN, Criança, adolescente, adulto, gestante, idoso; 1 RN; 2 Criança; 3 Adolescente; 4 Adulto (fem) ou (masc); 5 Gestante; 6 Idoso Referências 1. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 2. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.p df 53 6.3 DOSAGEM DE ÁCIDO ÚRICO Cíntia Maria Rodrigues Leandro Pinheiro Rodrigues Definição O ácido úrico em níveis elevados (hiperuricemia) é sugestivo para doenças reumáticas como gota, insuficiência renal, etilismo, cetoacidose diabética, psoríase, pré-eclampsia, dieta rica em purinas, neoplasias, pós-quimioterapia e radioterapia, uso de paracetamol, ampicilina, aspirina (doses baixas), didanosina, diuréticos, beta-bloqueadores, dentre outras drogas. A redução dos seus níveis sanguíneos está associada a defeitos dos túbulos renais, uso de tetraciclina, alopurinol, aspirina, corticoides, indometacina, metotrexato, metildopa, verapamil, intoxicação por metais pesados e nas modificações do clearance renal. Sinônimos: Urato; Uricemia1,2. Indicação clínica 1 Exame importante no auxílio diagnóstico de condições clínico-patológicas, doenças reumáticas, renais, hepáticas. Preparo do paciente 2 O paciente poderá manter sua rotina diária; Evitar esforço físico no dia da coleta; Não é necessário aumentar a ingestão de líquidos, exceto sob orientação médica. Valores de referência Sexo feminino: 2,8 – 6,5 mg/dL (143 – 357 µmol/L) Sexo masculino: 3,7 – 7,8 mg/dL (202 – 416 µmol/L) Criança: 1,5 a 6,0 mg/dL Interpretação e Conduta Realizar consulta de enfermagem, iniciando com a anamnese para queixas, em seguida proceder ao exame físico. Avaliar dor à palpação, calor e limitação da amplitude de movimento das articulações. Avaliar manifestações extra articulares, como pele, mucosas e aparelho gênito urinário4. 54 Interpretação Categoria Conduta de Enfermagem Hiperuricemia são considerados valores de referência acima de > 8 mg/dl. Aumentado durante quadros de Referir à avaliação médica; insuficiência renal, cetoacidose 0 Orientações em relação ao uso da diabética, excesso de lactato, uso medicação de forma correta, diuréticos, hiperlipidemia, obesidade, hábitos alimentares saudáveis e aterosclerose, hipertensão essencial. melhoria dos hábitos de vida. Nas gestantes o aumento de ácido úrico é indicativo de lesões placentárias, renais e associado a alteração de creatinina indicativo de hipertensão gestacional e/ou pré- eclâmpsia. Redução dos valores de referência 0 Referir à avaliação médica; podem sugerir síndrome de Fanconi, doença de Wilson e doenças malignas como linfoma de Hodgkin e carcinoma broncogênico. 0 RN, Criança, adolescente, adulto, gestante, idoso; 1 RN; 2 Criança; 3 Adolescente; 4 Adulto (fem) ou (masc); 5 Gestante; 6 Idoso. Referências 1. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.Manual de Exames: Laboratoriais da Rede do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG: Secretária Municipal de Saúde; 2016. 2. Williamson MA, Snyder LM. Wallach: Interpretação de Exames Laboratoriais. 10 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 3. Minas Gerais. Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais. [versão preliminar]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2009. 4. Hermes Pardini.Manual de Exames [Internet]. 1ª ed. Hermes Pardini; 2015/2016 [acesso em 15 Jan 2020]. 1-573 p. Disponível em: https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/m anual_exames.pdf 55 7. MARCADORES ANTICORPOS ESPECÍFICOS 7.1 TOXOPLASMOSE Heloisa Helena Barroso Ediene Dayane Lima Marcos Luciano Pimenta Pinheiro Definição A toxoplasmose é uma zoonose que adquire especial relevância para a saúde pública quando a mulher se infecta, pela primeira vez, durante a gestação pelo risco elevado de transmissão vertical e acometimento fetal 1. A presença de anticorpos IgG indica imunidade ou exposição prévia ao Toxoplasma gondii. A presença de anticorpos da classe IgM é útil no diagnóstico da toxoplasmose aguda ou recente. Para diferenciar entre infecções adquiridas recentes e infecções passadas, as amostras positivas para anticorpos IgG e IgM devem ser testadas para avidez de IgG. Um alto índice de avidez para anticorpos IgG é um forte indicador de que a infecção ocorreu há mais de 4 meses2. Em gestantes, há o risco de infecção fetal, pois, na fase aguda, os parasitas permanecem três semanas em circulação, aproximadamente, o que facilita a transmissão transplacentária. O teste sorológico é útil para o diagnóstico da toxoplasmose ou, então, para saber se o indivíduo já teve a infecção provocada pelo toxoplasma no passado3. Sinônimo são Anticorpos anti-toxoplasma gondii. Indicação clínica 4 ANTICORPOS ANTI-Toxoplasma gondii – IgM - Exame de triagem para a Toxoplasmose de pessoas assintomáticas, sendo de indicação formal na rotina laboratorial da gestante juntamente com a IgG. É usado também para o diagnóstico de infecção aguda e congênita pelo Toxoplasma gondii. ANTICORPOS ANTI-Toxoplasma gondii – IgG - Exame aplicado no diagnóstico de infecção pelo Toxoplasma gondii; na triagem de pessoas assintomáticas, e como marcador epidemiológico de contato prévio com o agente infeccioso da Toxoplasmose. AVIDEZ IgG - Exame aplicado quando IgG e IgM são reagentes realiza-se o teste de avidez, que avalia o tempo de infecção. 56 Preparo do paciente4 Necessário jejum mínimo de 4 horas. Interpretação e condutas Deve realizar anamnese, abordando aspectos epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e a situação da gravidez atual. Valor de referência o Toxoplasmose IgM: Não reagente: índice inferior a 0,50 Indeterminado: índice de 0,50 a 0,59 Reagente: índice superior a 0,59 o Toxoplasmose IgG: Não reagente. o AVIDEZ IgG: Fraca avidez: Índice menor que 0,200 Inconclusivo: Índice entre 0,200 e 0,300 Forte avidez: Índice maior que 0,300 5 Interpretação* Categoria Conduta de Enfermagem 5 Trata-se de infecção prévia sem risco de transmissão IgG for reagente e congênita em gestantes imunocompetentes6. IgM não reagente Neste caso, não existe necessidade de acompanhamento especial, nem de repetição de exames laboratoriais. Em caso de re-infecção, não existe risco fetal se a gestante é imunocompetente. No entanto, gestantes com imunossupressão (p.ex. gestantes HIV positivas) podem ter re-infecção na gestação com risco fetal, devendo, portanto, ser acompanhadas com sorologia seriada6. IgG for negativa e 5 Repetir no 2º e no 3º trimestres. E deve orientar a IgM negativa no gestante a realizar medidas de prevenção como: não primeiro trimestre comer carne crua ou malpassada, dar preferência ás carnes congeladas, não comer ovos crus ou malcozidos, beber água filtrada, lavar bem frutas, 57 verduras e legumes, evitar contato com gatos e com tudo que possa estar contaminado com suas fezes7. Orientação higiênico-dietética para profilaxia de contato com o T. gondii; Evitar manusear terra (jardins, canteiros, etc) sem a proteção de luvas. Antecipar repetição da sorologia em caso de gestante com linfadenomegalia, mal-estar e febre6. IgG e IgM 5 Repetir sorologia com intervalo mínimo de 10 dias; positivos Se houver disponibilidade pode ser solicitada dosagem de IgA, IgE (marcadores de fase aguda) ou teste de avidez da IgG (IgG de baixa avidez é indicativa de infeccção aguda), até 18 semanas de gestação; Em casos de IgM em títulos altos, iniciar com espiramicina, enquanto aguarda a repetição do exame (Obs.: colher antes de iniciar); Nos casos de dosagem de IgG ou IgM ascendentes na repetição, iniciar com Espiramicina e encaminhar para o serviço de referência para investigação de infecção fetal6. IgM positivo e 5 Iniciar Espiramicina, 1 g, de 8/8 horas, via oral; IgG negativo Encaminhar para serviço de referência para investigação de infecção fetal6. 0 RN, Criança, adolescente, adulto, gestante, idoso; 1 RN; 2 Criança; 3 Adolescente; 4 Adulto (fem) ou (masc); 5 Gestante; 6 Idoso. *Existem outras alterações associadas à este exame, mas que não serão abordadas nesse capítulo. Observações Todo recém-nascido cuja mãe teve diagnóstico de certeza ou suspeita de toxoplasmose adquirida na gestação deve ser submetido à investigação completa para o diagnóstico da toxoplasmose congênita, incluindo exame clínico e neurológico, exame oftalmológico completo com fundoscopia, exame de imagem cerebral (eco-grafia ou tomografia computadorizada), exames hematológicos e de função hepática 2. Na presença de alta avidez, deve-se considerar como diagnóstico de infecção antiga, não havendo necessidade de tratamento nem de testes adicionais. Se a avidez for baixa, deve-se iniciar imediatamente o uso de espiramicina, pois pode ser uma infecção recente 2. A infecção fetal pelo T. gondii pode provocar abortamento, crescimento intra- uterino restrito (CIUR), morte fetal, prematuridade e a síndrome da toxoplasmose congênita: retardo mental, calcificações cerebrais, microcefalia, hidrocefalia, retinocoroidite, hepato-esplenomegalia 6.

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