Universal Design for Learning as a Strategy for School Inclusion PDF
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Universidade Federal de São Carlos
2018
Ana Paula Zerbato,Enicéia Gonçalves Mendes
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Summary
This article explores Universal Design for Learning (UDL) as a strategic approach to inclusive education. It argues that UDL can improve teaching to encompass the diverse learning needs of all students, reducing the need for costly and time-consuming individual adaptations. The authors advocate for a deeper discussion among educators, highlighting the importance of collaborative practices and understanding differing learning styles, as well as accommodating diverse learning styles.
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Educação Unisinos 22(2):147-155, abril-junho 2018 Unisinos - doi: 10.4013/edu.2018.222.04 Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar1...
Educação Unisinos 22(2):147-155, abril-junho 2018 Unisinos - doi: 10.4013/edu.2018.222.04 Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar1 Universal design for learning as a strategy for school inclusion Ana Paula Zerbato2 Universidade Federal de São Carlos [email protected] Enicéia Gonçalves Mendes² Universidade Federal de São Carlos [email protected] Resumo: A filosofia de inclusão escolar pressupõe que não só o acesso, mas a permanência, participação e a aprendizagem dos alunos público-alvo da Educação Especial sejam garantidas. Uma das propostas usuais tem sido a de prover adaptações ou flexibilizações no ensino, aplicadas exclusivamente para esses alunos. Todavia, tais práticas demandam trabalho duplo, tanto no planejamento quanto na execução do ensino. E haveria uma forma melhor de ensinar em classes heterogêneas? O presente trabalho visou apresentar uma discussão teórica sobre a proposta do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), a fim de adequar o ensino, com vistas a ampliar a participação e a aprendizagem de todos e reduzir a necessidade de adequações personalizadas custosas que dificultam as práticas inclusivas do professor da classe comum. Espera-se que a reflexão apresentada seja apenas o despertar para uma discussão aprofundada entre profissionais da educação comum e especial sobre práticas pedagógicas mais acessíveis na perspectiva da inclusão escolar. Palavras-chave: Educação especial, desenho universal para a aprendizagem, inclusão escolar. Abstract: The philosophy of school inclusion implies that not only the access but also the permanence, participation and learning of students from the target audience of Special Education be guaranteed – one of the usual proposals being the provision of adaptations or flexibilizations in the learning process applied exclusively to students with special needs. On the other hand, such practice demands twice as much work, both in the planning and the execution of classes. Is there a better way to teach heterogeneous groups? This paper aims at presenting a theoretic discussion about the proposition of Universal Design for Learning (UDL), adapting teaching to amplify the participation and learning of all, lowering the need of expensive personalized adaptations, which make inclusive practices difficult for the teacher and the common group of students. It is expected the presented critical reflection to be only the awakening for a deepened discussion between professionals from both common and special education regarding the pedagogical practices in the perspective of school inclusion. Keywords: special education, universal design for learning, school inclusion. 1 Apoio: CNPq. 2 Universidade Federal de São Carlos. Rodovia Washington Luís km 232, 13565-605, São Carlos, SP, Brasil. Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. Ana Paula Zerbato, Enicéia Gonçalves Mendes Introdução Segregação, adaptação ou um currículo para todos? Os dispositivos normativos (Brasil, 1988, 2001, 2008, 2009, 2015) que garantem o direito da escolarização O ensino especial era caracterizado por propostas dos estudantes do público-alvo da Educação Especial3 segregativas (Moreira e Baumel, 2001) que legitimaram (PAEE) em classes de ensino comum, também se refe- currículos inadequados e descontextualizados em relação rem aos serviços de apoio especializados que devem ao que era ensinado aos demais estudantes e, muitas ser implantados para a efetivação da inclusão escolar, vezes, contribuíam para infantilizar o estudante PAEE assegurando, não somente a sua inserção numa sala de ou reforçar o estigma de que eram incapazes de realizar aula, mas o acesso ao conhecimento e à aprendizagem. determinadas atividades. Por muito tempo, perdurou o Entretanto, a inclusão escolar requer mais que entendimento de que a Educação Especial, organizada de intenções e documentos que garantam o direito à edu- forma paralela à educação comum, seria mais apropriada cação para todos. Ações práticas capazes de atender para a aprendizagem dos alunos que apresentavam de- as diversas demandas dos alunos (PAEE ou não) são ficiência, problemas de saúde ou qualquer inadequação necessárias, além de oferecer-lhes situações ricas de em relação à estrutura organizada pelos sistemas de aprendizagem (Bruno, 2000). Tais práticas normalmen- ensino. Tal concepção exerceu impacto duradouro na te recaem sob a responsabilidade única da figura do história da Educação Especial, resultando em práticas professor do ensino comum, o qual precisa reconhecer que enfatizaram os aspectos relacionados à deficiência a diversidade existente em sua sala de aula para aten- ou ao impedimento, em contraposição às possibilidades dimento e aprendizado de todos. de aprendizagem dos conteúdos educacionais. As modificações no ato de ensinar não são tarefas De acordo com a Política Nacional de Educação Es- pecial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEE-EI), fáceis e simples de serem executadas, nem ao menos a Educação Especial organizou-se, tradicionalmente, é possível que o professor do ensino comum, sozinho, como AEE substitutivo ao ensino comum, evidenciando as realize. É necessário que ele conte com uma rede de diferentes compreensões, terminologias e modalidades profissionais de apoio, recursos suficientes, formação e que levaram a criação de instituições especializadas, outros aspectos necessários para a execução de um bom escolas e classes especiais (Brasil, 2008). Essa organi- ensino. Inclusão escolar não se faz somente dentro da zação, fundamentada no conceito de normalidade/anor- sala de aula. malidade, determinou formas de atendimentos clínicos Diversificação de materiais, organização do tempo, terapêuticos que definiam, por meio de diagnósticos, as modificações no espaço físico da sala de aula, ativida- práticas escolares para os alunos com deficiência. des entre grandes ou pequenos grupos, entre e outras Nos anos 90, o movimento pela inclusão escolar e so- estratégias de ensino, tornam a prática pedagógica um cial se radicalizou e os documentos normativos tenderam desafio diário, pois exigem dos profissionais conheci- para a chamada educação inclusiva, enfatizando que o mentos diversificados sobre quais estratégias devem ser ensino, com suas estratégias e metodologias em respei- utilizadas, assim como mais informações sobre seu aluno to às diferenças, deveria ser adaptado às necessidades e suas reais necessidades (Gonçalves, 2006). educacionais do indivíduo e não o contrário. Entretanto, Sendo assim, como melhor ensinar turmas heterogê- como aponta Moreira (1997), os projetos pedagógicos neas? A apropriação de um currículo aberto e flexível das escolas não puderam traduzir esses princípios em seria o caminho mais eficaz? Ou um currículo fechado normas de ações efetivas, denotando um caráter pura- traz objetivos mais pontuais e iguais para toda turma? mente prescritivo para definir a prática. Para Moreira e O ensino individualizado e as adequações curriculares Baumel (2001) não se pode correr o risco de se utilizar são boas propostas? Esse artigo buscou discutir as prá- sempre as mesmas estratégias para os alunos PAEE, ticas pedagógicas propostas para a inclusão escolar do como as adaptações curriculares, e produzir na mesma aluno PAEE em salas de ensino comum e apresentou um sala de aula um currículo de segunda categoria - que novo debate teórico que pode contribuir na elaboração possa denotar a simplificação ou descontextualização dessas práticas, seguindo o conceito do Desenho Uni- do conhecimento, ao contrário, a inclusão escolar de versal para a Aprendizagem (DUA). estudantes PAEE requer uma reestruturação do ensino 148 3 De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil, 2008), compreende-se alunos público-alvo da Educação Especial os estudantes: com deficiência (sensoriais, motoras e/ou intelectuais), transtorno do espectro do autismo ou altas habilidades/ superdotação. Educação Unisinos Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar e das formas de ensinar para que se efetive atendimento supracitada, alguns são aprendizes visuais, outros são e educação de qualidade para todos. aprendizes auditivos e alguns são aprendizes práticos. Observa-se que os documentos orientadores da pers- E cada estudante tem suas preferências e maneiras de pectiva inclusiva (Brasil, 2001, 2008, 2010, 2015) fazem expressar seu conhecimento, alguns, por exemplo, se referências a um sistema de ensino idealizado, no qual expressam melhor por meio da escrita, outros por meio todos aprendem, chamando a atenção do ensino comum da oralidade e outros por meio meios visuais. para o desafio de atender as diferenças. No entanto, Assim, por mais que os profissionais realizem os mais mesmo com tal perspectiva conceitual transformadora, variados cursos de formação em busca de aprimoramento as políticas educacionais implementadas parecem não para sua prática, muitas vezes, o que lhes é dito, em ter- alcançar o objetivo de orientar a escola comum a assumir mos gerais, é que devem acomodar ou adequar o ensino o desafio de responder as necessidades educacionais de para alunos com deficiências documentadas. E, normal- todos os alunos. mente, as orientações em relação ao ensino referem-se A mais recente Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa à disponibilização de tempo extra para realização das com Deficiência (Brasil, 2015), por exemplo, faz alguns atividades ou das avaliações, recomendação do uso de apontamentos de como deve ser o ensino em salas in- um computador, adaptação de um material/atividade, clusivas, sugerindo, entre diversas ações, a construção estar atentos às diferenças culturais, religiosas e outras de um projeto pedagógico no qual os serviços e as (Chtena, 2016). adaptações razoáveis4, necessárias para atender as ca- Entretanto, sabe-se que a criação de um ambiente ver- racterísticas dos estudantes com deficiência, garantam dadeiramente inclusivo exige muito mais e não depende o pleno acesso ao currículo em condições de igualdade exclusivamente das ações dos professores de ensino (inciso III) ou a adoção de medidas individualizadas e comum dentro da sala de aula. Uma escola inclusiva coletivas em que se maximizem o seu desenvolvimento requer, entre vários aspectos, a construção de uma cultura e favoreçam a participação e o aprendizado do estudante colaborativa que vise a parceria com professores de Edu- com deficiência (inciso V). Dentre outras medidas, é cação Especial e profissionais especializados, a fim de abordada ainda a adoção de práticas pedagógicas inclu- elaborar e implementar práticas pedagógicas inclusivas. sivas nos programas de formação inicial e continuada Para Chtena (2016), elaborar um currículo para aten- de professores. der as necessidades, capacidades e interesses de todos Assim, acompanhando uma tendência internacio- os alunos, ao invés de ajustá-lo conforme necessário, nal, nota-se que o Brasil adotou diferentes expressões é um bom ponto de partida. Nesse sentido, o Desenho em seus documentos da Educação Especial, a fim de Universal para a Aprendizagem (DUA) visa proporcionar orientar como o currículo, na perspectiva da inclusão uma maior variedade de opções para o ensino de todos, escolar, deve ser. Termos como adaptações curricula- considerando a diversidade da sala de aula, valorizando res, acomodações do ensino, adequações curriculares como eles expressam seus conhecimentos e como estão individualizadas, flexibilização curricular, entre outros, envolvidos e motivados para aprender mais. são recorrentes na literatura oficial para denominar as ações pedagógicas e sugerirem as formas pelas quais Desenho universal para a deveria se ensinar em salas de aulas inclusivas. Porém, aprendizagem: caminhos possíveis para há controvérsias entre pesquisadores (Falvey et al., 1999; a construção de práticas inclusivas Leite, 2003; Heredero, 2010) em relação a tais propostas de ensino em classes heterogêneas. Diante do desafio de transformar escolas de ensino De acordo com Chtena (2016), as salas de aula, comum em ambientes inclusivos e favoráveis à aprendi- atualmente, são altamente diversificadas em termos de zagem de todos, surgiu, em 1999, nos Estados Unidos, características, personalidade, estilo cognitivo, capaci- o conceito Universal Designer Learning (UDL), aqui dade e interesse dos estudantes. Alguns têm deficiências, traduzido como Desenho Universal para Aprendizagem muitas vezes invisíveis, que afetam suas habilidades para (DUA). O DUA consiste na elaboração de estratégias ver, ouvir, prestar atenção ou participar de atividades da para acessibilidade de todos, tanto em termos físicos mesma forma como seus pares. De acordo com a autora quanto em termos de serviços, produtos e soluções 4 De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Brasil, 2015, p. 9) entende-se por adaptações razoáveis “as adaptações, 149 modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevidos, quando requeridos, em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais”, como uma prova ampliada ou em Braille ou uma prova vídeo-gravada traduzida para a Língua de Sinais. volume 22, número 2, abril junho 2018 Ana Paula Zerbato, Enicéia Gonçalves Mendes educacionais para que todos possam aprender sem bar- normalmente, é pensado e adaptado para os alunos-alvo reiras (CAST UDL, 2006). Destaca-se, ainda, que tal da turma, porém, na perspectiva do DUA, o mesmo abordagem ainda é pouco conhecida ou disseminada material pode ser utilizado por todos da sala de aula, de no Brasil, a julgar pela escassez de literatura científica modo a beneficiar outros estudantes na compreensão dos sobre o assunto. conteúdos ensinados. O DUA foi desenvolvido por David Rose, Anne Meyer e outros pesquisadores do Center for Applied Spe- Princípios orientadores do desenho cial Technology (CAST) e apoiado pelo Departamento universal para aprendizagem de Educação dos Estados Unidos, em 1999, em Massa- chusetts (CAST UDL, 2006). A projeção de edifícios e De acordo com Nelson (2013), o DUA está funda- espaços públicos pela arquitetura, baseada no conceito mentado em pesquisas científicas sobre a aprendizagem, do Design Universal, de modo que todos possam ter apontando que: acesso, sem qualquer limitação, foi a inspiração para o (i) A aprendizagem está relacionada tanto aos aspectos surgimento do DUA (Nelson, 2013). emocionais quanto aos biológicos do indivíduo, Um exemplo que deixa mais clara a compreensão isto é, a quantidade de sono e alimentação adequa- desse conceito é a concepção de rampa. Uma rampa da, as predisposições e as emoções, são fatores que pode ser utilizada tanto por pessoas que apresentam uma precisam ser respeitados; deficiência física e dificuldade de locomoção quanto por (ii) É importante que os alunos tenham experiências pessoas que não apresentam nenhuma deficiência, como significativas, tempo e oportunidade para explo- um idoso, uma pessoa obesa ou uma mãe empurrando um rarem o conhecimento; carrinho de bebê. Dessa ideia, baseada na acessibilidade (iii) As emoções têm uma importância fundamental para todos, independentemente das suas condições ou uma vez que motivam a aprender, a criar e a impedimentos, surgiu a ideia de integração de tal concei- conhecer; to aos processos de ensino e aprendizagem, baseando-se (iv) O ambiente é muito importante. Os conheci- num ensino pensado para atender as necessidades varia- mentos aprendidos precisam ser significativos das dos alunos, pois além das barreiras físicas, também e se essas aprendizagens não forem usadas em existem hoje as barreiras pedagógicas. outros ambientes, tais conhecimentos e conexões Não se trata de seguir uma preferência pedagógica ou estagnam-se. Destaca-se nesse princípio, não só um modelo de ensino, mas, sim, uma ênfase na neces- a relação entre diferentes contextos de apren- sidade de renovar as práticas devido às transformações dizagem, mas também a transferência dessas da nossa realidade educativa atual que, infelizmente, aprendizagens para outros ambientes; ainda parece apontar para um antagonismo fundamen- (v) A aprendizagem deve ter sentido para o sujeito, de tal entre a população estudantil atendida atualmente e modo que as informações se relacionem e estejam o currículo, denominado de tamanho único por Rose e interligadas com quem aprende. Se não for assim, Meyer (2002), que é oferecido de modo padronizado, há memorização, mas não aprendizagem; engessado e imposto. (vi) Cada indivíduo é único e, consequentemente, O DUA consiste em um conjunto de princípios ba- isso nos remete para os estilos, ritmos e modos seados na pesquisa e constitui um modelo prático que singulares de aprendizagem em cada indivíduo; objetiva maximizar as oportunidades de aprendizagem (vii) A aprendizagem é aprimorada com desafios para todos os estudantes PAEE ou não. O DUA tem como e inibida com ameaças, ou seja, o indivíduo objetivo auxiliar os educadores e demais profissionais precisa tanto de estabilidade quanto de desafio. a adotarem modos de ensino de aprendizagem adequa- Tais aspectos têm como premissa os estudos dos, escolhendo e desenvolvendo materiais e métodos de três grandes sistemas corticais do cérebro eficientes, de forma que seja elaborado de forma mais envolvidos durante a aprendizagem: redes de justas e aprimorados para avaliar o progresso de todos reconhecimento, estratégicas e afetivas (Rose os estudantes. e Meyer, 2002), conforme detalhará a Figura 1. Assim, ao invés de se pensar numa adaptação especí- fica para um aluno particular, em determinada atividade, Rose e Meyer (2002) apresentam o seguinte exemplo: se pensa em formas diferenciadas de ensinar o currículo imagine dois estudantes ouvindo um poema ao mesmo 150 para todos os estudantes (Alves et al., 2013). Ao elaborar tempo. O primeiro pode estar encantado com a lingua- materiais concretos para o aprendizado de conteúdos ma- gem e com as imagens que cria em sua mente, estando temáticos para um aluno cego, por exemplo, tal recurso, conectado à atividade e ansioso para aprender mais. Educação Unisinos Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar Como engajar os alunos e Como reunir fatos e Planejamento e execução de motivá-los. categorizar o que vemos, tarefas. Como organizar e Como desafiá-los e mantê- ouvimos e lemos. expressar ideias. Escrever los interessados. Identificar letras, palavras um ensaio ou resolver um Estas são dimensões ou um estilo do autor são problema de matemática são afetivas. tarefas de reconhecimento. tarefas estratégicas. Estimular por meio dos Apresentar informações e Diferenciar as maneiras interesses e motivação para conteúdos de diferentes de expressar o que os a aprendizagem. maneiras. alunos sabem. Figura 1. Estratégias do desenho universal para aprendizagem alinhadas às redes de aprendizagem. Figure 1. Universal design strategies for learning linked to learning networks. Um segundo estudante está cansado e desinteressado, as cas que apoiam a apresentação e o reconhecimento da palavras não significam nada para ele e este inferiu que informação a ser aprendida. É a relação que se faz com poemas são mudos, pois, no momento, está pensando o conhecimento por meio da memória, necessidade e em outra coisa para ocupar seu tempo. A forma como os emoções de cada um. A maneira pela qual as informações dois estudantes respondem e escutam o poema refletem são apresentadas aos estudantes pode expandir ou limitar os resultados de nossas redes afetivas. A boa notícia é seus conhecimentos, podendo demonstrar se eles vão ou que o professor pode ajudar o segundo estudante a se não aprender o conteúdo. conectar ao poema e a experiência da poesia por meio O princípio da representação aponta os caminhos do princípio de engajamento (Rose e Meyer, 2002), pri- que podem ser oferecidos aos estudantes para que meiro princípio do DUA que deve embasar a elaboração acessem conhecimentos prévios, ideias, conceitos de uma atividade acessível. e temas atuais a partir de informações apresentadas Há várias estratégias que podem ser utilizadas para am- e, ao mesmo tempo, pode fornecer suporte para de- pliar o engajamento do aluno na atividade, como (i) forne- codificar essas informações (Rose e Meyer, 2002). cer níveis ajustáveis de desafio; (ii) oferecer oportunidade Significa, portanto, fornecer vários exemplos sobre o de interagir em diferentes contextos de aprendizagem e mesmo conteúdo, destacar características importantes, (iii) proporcionar opções de incentivos e recompensas na recorrer a mídias e outros formatos que oferecem aprendizagem. Alguns exemplos: utilização de softwares informações básicas. Quanto maior as possibilidades interativos, textos e/ou livros gravados, uso de jogos e/ de apresentar um novo conhecimento, maiores serão ou músicas, avaliação baseada no desempenho real do as possibilidades em aprendê-lo – exemplos práticos aluno, tutoria entre pares, entre outros. envolveriam a utilização de livros digitais, softwares 151 As redes de reconhecimento, correspondentes ao especializados e recursos de sites específicos, elabo- princípio da representação, são estratégias pedagógi- ração de cartazes, de esquemas e resumos de textos, volume 22, número 2, abril junho 2018 Ana Paula Zerbato, Enicéia Gonçalves Mendes construção de cartões táteis e visuais com códigos de a fornecer feedback relevante, contínuo e proporcionar cores, entre outros. oportunidades flexíveis para demonstrar competências. Dos três princípios que sustentam o DUA, observa-se Para Nelson (2013), o princípio da Ação e Expres- que os professores parecem se sentir mais confortáveis são encoraja os professores a incluírem interações físi- com esse princípio. Para Rose e Meyer (2002), talvez cas, usando tanto a alta tecnologia quanto ferramentas isso ocorra porque a base da representação é o próprio não tecnológicas e estruturas que guiem o aluno para ato de ensinar. E isso é o que a maioria acredita que está sua auto avaliação. A diversificação de estratégias fazendo quando se torna professor. Como compartilhar pode contribuir para que o aluno consiga demonstrar as informações com os estudantes? Como decidir as os conhecimentos aprendidos. É saber prover aos ferramentas, recursos e estratégias a serem utilizadas? alunos oportunidades para que possam demonstrar o As orientações do princípio da representação auxiliam na que sabem por meio de atividades diferenciadas ou resposta a todos esses questionamentos. De acordo com criações, podendo incluir ações físicas, meios de co- os autores supracitados, o princípio da representação é municações, construção de objetos, produção escrita, estruturado em torno de três orientações: entre outros. D ar opções para a compreensão: mover-se entre São exemplos de estratégias utilizadas para o alcance os conhecimentos prévios até os conceitos mais deste princípio: elaboração e utilização de mapas concei- abrangentes, trabalhar com conceitos mais com- tuais construídos on-line ou em papel - de modo a pro- plexos para ganhar uma compreensão aprofundada; porcionarem aos alunos um mapa gráfico, evidenciando D ar opções para linguagem, expressão matemática a aprendizagem, gráficos elaborados com dados sobre e símbolos: dar suporte para os estudantes na com- o progresso de aprendizagem dos alunos, aprendizagem preensão de textos, números, símbolos e linguagem; cooperativa (discussões em pequenos grupos sobre o que D ar opções para percepção: adequação de informa- foi aprendido), pensar “em voz alta” (encorajar os alunos ções auditivas, visuais e concretas. a falarem sobre o que aprenderam), exercícios orais, de socialização, entre outros. São estratégias do princípio de representação: ensinar De acordo com os três princípios orientadores do vocabulário a partir de objetos concretos e demonstração, DUA, Silva et al. (2013, p. 9) apontam para a importância relacionar problemas de matemática e vocabulário com de se pensar na “diversidade do processo de aprendiza- conhecimento prévio, aplicar problemas a situações de gem” quando se projeta um ensino para todos, pois, se a vida diária, encorajar a elaboração de desenhos para forma de aprender de cada estudante não for respeitada, traduzir e visualizar problemas com palavras, fazer corre-se o risco de dar continuidade a um ensino tradi- duplas de aprendizes sendo um aluno PAEE e outro cional, homogêneo e excludente, no qual o aluno PAEE e não, formar grupos heterogêneos durantes atividades muitos outros não tem vez. Dessa forma, o propósito do de aprendizagem coletiva, realizar conexões interdis- DUA parece vir ao encontro dos princípios de Educação ciplinares entre o que os alunos estão aprendendo em Inclusiva, pois entende-se que é importante, em parceria outras áreas, reescrever problemas de palavras em termos com professores especializados e outros profissionais, a simples, criar bancos de palavras em cartazes e pendurá- elaboração de recursos, materiais, atividades e espaços -los na sala de aula para visualização, utilizar recursos educativos e flexíveis para o aprendizado de todos os de ensino auditivos, visuais e sinestésicos para favorecer alunos, contemplando, assim, a diversidade, os diferentes diferentes estilos de aprendizagem visando alcançar um estilos e ritmos de aprendizagem. número maior de alunos do que as instruções diretas ou em lápis-papel e lousa-livro (Furner et al., 2005). Práticas pedagógicas baseadas Por último, e não menos importante que os demais, na estrutura do desenho universal está o terceiro princípio, relacionado às redes estratégicas: para aprendizagem Ação e Expressão. Inicialmente, pode ser diretamente re- lacionado à avaliação da aprendizagem somente, mas essa Não há uma receita que possa ser seguida para o ensi- diretriz é mais profunda. Estudantes precisam de apoios, no de todos os alunos - afinal isso implicaria na homoge- medidas e orientações para aprender a todo momento, neização do ensino e um retorno às práticas tradicionais desse modo, o princípio da Ação e Expressão pensa nas da educação, caminho contrário à prática dos princípios estratégias utilizadas para processar a informação a ser da inclusão escolar. Há vários elementos importantes e 152 aprendida (Nelson, 2013), visando a disponibilização diversificados que podem ajudar os educadores a ela- de modelos flexíveis de demonstração de desempenho borarem e conseguirem uma aprendizagem mais eficaz e buscando oportunizar a prática com apoio, de modo em escolas que pretendem se tornar inclusivas, sendo Educação Unisinos Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar que tais elementos são encontrados num ensino que se O uso da tecnologia: elaborar páginas sobre o con- embasa na estrutura proposta pelo DUA. teúdo trabalhado em formato eletrônico acessível. Para Orsati (2013), o planejamento do ensino para a Caso o ensino seja pautado em aulas expositivas, diversidade implica, em primeiro lugar, aceitar as habi- fornecer aos alunos apresentações audiovisuais lidades, estilos de aprendizados, capacidades e interesses ou pequenos textos sobre o assunto, porém deixar diferenciados existentes dentro da sala de aula. Em segun- espaços em branco para que os alunos preencham do lugar, quando esse grupo diverso “não se encaixa no conceitos-chave, fatos, definições e outras informa- seu plano original” (Orsati, 2013, p. 214), os professores ções que acharem relevantes; elaboram as adaptações e começam a refletir sobre como Ensino expositivo: caso se utilize de apresentações reformular sua instrução, daquele momento em diante, em slides verificar a formatação e certificar-se de para todos os alunos. A autora supracitada considera que o que a apresentação está acessível a todos. Ler as sucesso da inclusão escolar depende da implementação de informações em voz alta para garantir uma comuni- vários fatores: (a) envolvimento dos pais; (b) disponibili- cação eficaz para todos, incluindo aqueles com de- zação de equipe de apoio para professores e funcionários; ficiência visual e alunos sentados atrás de qualquer (c) oferta de um ensino autêntico com diferentes níveis de obstrução. Falar de frente para a turma para permitir dificuldades, com adaptações e acomodações; (d) ensino aos alunos com deficiência auditiva a leitura dos estruturado pelo Desenho Universal para Aprendizagem; lábios. Tais recursos incentivará o engajamento e a (e) construção de uma comunidade na escola e na sala de interação com todos os alunos. Evitar palavras que aula; (f) planejamento do desenho do ambiente educati- possam expor os estudantes com deficiência. Em vo, considerando as necessidades físicas, sensoriais e de vez disso, falar de uma forma que coloque a pessoa comunicação dos alunos e (g) a presença de uma equipe antes da deficiência. Reforçar os aspectos principais democrática na escola. usando uma variedade de formatos (por exemplo, A autora supracitada aponta, em um estudo sobre verbalmente, graficamente ou através de demonstra- acomodações, modificações e práticas efetivas para salas ção) e explicar porque eles são importantes. Utilizar de aulas inclusivas que o acesso de todos ao currículo perguntas abertas para verificar a compreensão. geral implica na avaliação das necessidades educativas Antes de dar a resposta, permitir que os alunos te- de cada estudante e, no caso de alunos com necessidades nham tempo suficiente para formular uma resposta mais complexas, é relevante se pensar em um Plane- ou fazer uma pausa para que os alunos registrem jamento Educacional Individualizado (PEI) ou, como suas respostas em um pedaço de papel ou dispositivo Orsati (2013) denomina, um programa individualizado eletrônico ou que compartilhem respostas com seu elaborado por toda a equipe escolar (professores, pais, colega. Caso utilize vídeos, certificar-se de que eles gestores e outros profissionais que atendem o aluno). são legendados ou contêm uma transcrição de texto Dentro do programa, pensa-se nas possíveis acomoda- disponível para alunos com deficiência auditiva e ções, nos objetivos de ensino para o aluno e nos suportes aqueles que não têm compreensão auditiva; que darão acesso a este programa, incluindo materiais, Outras atividades em sala de aula: fornecer múl- adaptações e suportes individualizados. tiplos meios para a participação e o envolvimento Entretanto, os estudantes não precisarão o tempo do dos alunos. Por exemplo, incentivar a discussão programa individualizado e do suporte individualizado. em sala de aula por meio de atividades em peque- É importante avaliar os momentos em que eles precisam nos grupos, encenações sobre o assunto, debates, dessas estratégias e os momentos em que aprenderão estudos de caso, artigos de um minuto ou outras juntamente com os demais alunos, realizando as mes- atividades que deem aos alunos mais de uma ma- mas atividades sem acomodações. Os alunos PAEE, neira de interagir na aula. Quando possível, oferecer por exemplo, podem trabalhar a mesma atividade que aos alunos oportunidades de tomar decisões sobre os demais alunos respondendo cinco de um total de dez sua aprendizagem. Por exemplo, dar-lhes a escolha exercícios de matemática (programa individualizado) ou entre vários tipos de atividade ou dar-lhes a opção podem usar a calculadora e focar no mesmo objetivo, de de trabalhar sozinho ou em grupos para completar modo a responder todos os dez exercícios (suporte indi- um exercício em sala de aula; vidualizado). Tais estratégias estão garantidas quando se Avaliação: utilizar uma variedade de métodos de pensa em um planejamento de ensino baseado no DUA. avaliação (por exemplo, por meio de artigos, jornais Chtena (2016) aponta outras estratégias que podem de aprendizagem, apresentações, testes, questio- 153 ser realizadas quando se pensa em um ensino estruturado nários, exames orais) ao longo do semestre para de acordo com o DUA. Algumas delas são: permitir/incentivar várias maneiras de demonstrar volume 22, número 2, abril junho 2018 Ana Paula Zerbato, Enicéia Gonçalves Mendes o aprendizado. Proporcionar aos alunos a oportu- de profissionais, DUA, entre outros) mais altas são as nidade de concluir uma tarefa em vários formatos chances de participação e aprendizado dos alunos. (por exemplo, um artigo, uma encenação, uma apresentação em grupo, entre outros); Considerações finais Suportes adicionais: aproveitar o tempo em que os alunos realizam suas atividades para verificar, re- As práticas pedagógicas, na perspectiva da Educação gularmente e de forma individualizada, o progresso Inclusiva, são formas de ensinar que podem incluir desde dos alunos com deficiência e responder às perguntas os arranjos dos espaços, organização do tempo, uso de tec- que possam ter. Acompanhar os alunos que parecem nologias até a elaboração de recursos materiais, podendo estar com mais dificuldades e incentivá-los a pro- ir do todo ao mais individualizado. Entretanto, a inclusão curar o apoio de outros profissionais de sua escola. escolar não se reduz às atividades escolares da sala de aula realizadas pelo professor de ensino comum. Elas são Certamente, essas são apenas algumas sugestões somente um dos elementos que devem estar assegurados encontradas na literatura sobre DUA para tornar a aula no Projeto Político Pedagógico e currículo escolar que mais acessível a todos, devendo ser avaliada pela equipe visam uma boa escolarização para todos os estudantes, quais as estratégias e em que momento as utilizar, de com e sem necessidades educacionais especiais. acordo com cada contexto escolar. Em um estudo de Uma escola inclusiva requer ainda a participação de Nunes e Madureira (2015), as autoras apontam a urgência toda equipe escolar – gestão escolar, professores, profis- em se pensar práticas pedagógicas inclusivas, de modo sionais especializados, família, alunos e comunidade em a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de geral – na construção de uma identidade e cultura cola- todos os alunos. borativa para o desenvolvimento de práticas mais abran- gentes para acesso e aprendizado de todos os estudantes. [...] Garantir o acesso à escola regular constitui a dimensão Para Johnson-Harris e Mundschenk (2014), quando mais fácil de alcançar no processo de inclusão, pois depende os professores apresentam o conteúdo por meio de uma sobretudo de decisões de natureza política. Já assegurar variedade de maneiras, esse pode ser assimilado de forma a aprendizagem e o sucesso na aprendizagem envolve mais eficaz. Muitas vezes, o uso dos mesmos meios de en- mudanças significativas nas formas de conceber a função sinar não permite o aprendizado de todos. Por outro lado, da escola e o papel do professor no processo de ensino e a decisão de apresentar a mesma atividade de uma outra aprendizagem. Trata-se, portanto, de equacionar processos pedagógicos inclusivos que permitam o envolvimento forma pode resultar no entendimento daquele aluno que efetivo de crianças e jovens com NEE na aprendizagem não conseguia aprender e até contribuir para que outros [...] Tal necessidade está associada ao aparecimento do alunos compreenderem melhor um determinado assunto. conceito Universal Design for Learning (UDL) nos anos Neste sentido, o DUA pode ser um aliado em poten- 90 [...] (Nunes e Madureira, 2015, p. 7). cial do trabalho colaborativo para o favorecimento da inclusão escolar, pois converge em um objetivo comum: Estes são alguns pilares que podem promover uma a construção de práticas pedagógicas acessíveis para a educação eficaz para todos os alunos, inclusive para escolarização de todos em sala de aula do ensino comum alunos PAEE. Portanto, a utilização de uma única estra- por meio da parceria colaborativa entre professor de tégia ou a implementação de um serviço exclusivo ou a ensino comum e Educação Especial e/ou outros profis- elaboração de um recurso não exclui a possibilidade das sionais especializados. diferentes formas que o ensino possa ser organizado para Espera-se que a reflexão apresentada nesse ensaio melhor atender cada estudante. Alguns alunos poderão seja apenas o despertar para uma discussão aprofundada necessitar de um apoio individualizado para algumas entre os profissionais da educação comum e especial atividades e para outras não; outros alunos necessitarão sobre as práticas pedagógicas na perspectiva da inclu- de mais tempo para realização de algumas tarefas, outros são escolar, podendo ser analisado tanto o processo de não. O que não pode acontecer no ensino em turmas construção dessas práticas quanto as possibilidades de inclusivas é a utilização da mesma estratégia sempre ou trabalho baseadas nos princípios do DUA. Além disso, do mesmo recurso ou do mesmo serviço para todos os espera-se que esse estudo propicie a abertura para análise alunos, pois é indispensável a avaliação continuada do e reflexões sobre as propostas de inclusão presentes nas ensino, da aprendizagem e dos serviços de apoio neces- escolas de ensino comum, assim como contribua para 154 sários para cada estudante. Quanto maiores as possibi- a melhoria do trabalho educativo dentro da perspectiva lidades de se organizar o ensino (acomodações, serviços inclusiva, mostrando meios alternativos e viáveis de se de apoio, materiais diversificados, trabalho colaborativo fazer a escolarização de alunos PAEE nas escolas de Educação Unisinos Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar ensino comum e favorecendo, ao mesmo tempo, todos blogs/gradhacker/teaching-tips-udl-friendly-classroom. Acesso os alunos. Em suma, a proposta do DUA não visa o en- em: 14/01/2017. FALVEY, M.A.; GIVNER, C.C.; KIMM, C. 1999. O que eu farei segun- sino especificamente para o PAEE, mas sim em como da-feira pela manhã? In: S. STAINBACK; W. STAINBACK, Inclu- melhorar a qualidade de ensino para todos os estudantes. são: um guia para educadores. Porto Alegre, Artmed, p. 142-168. FURNER, J.; YAHNYA, N.; DUFFY, M.L. 2005. Teach mathematics: Referências Strategies to reach all students. 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