Cirurgia Intestinal de Urgência - Cópia PDF
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CESPU
2024
Mário Ribeiro
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Este documento apresenta uma visão geral sobre a cirurgia intestinal de urgência, destacando cuidados de enfermagem, manifestações clínicas, desequilíbrios hidroeletrolíticos e outras condições relacionadas, como peritonite, apendicite, doença de Crohn e colite ulcerosa. O documento é uma apresentação para profissionais de saúde.
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Cirurgia intestinal de urgência Enfermagem: Cuidados à pessoa submetida a intervenção cirúrgica Mário Ribeiro [email protected] 2024/25 1 Manifestações clínicas generalizadas Dor Resulta da estimulação das terminações ner...
Cirurgia intestinal de urgência Enfermagem: Cuidados à pessoa submetida a intervenção cirúrgica Mário Ribeiro [email protected] 2024/25 1 Manifestações clínicas generalizadas Dor Resulta da estimulação das terminações nervosas nas camadas musculares ou sub- mucosa da parede intestinal e do aumento de tensão quando o intestino é distendido Desconforto abdominal (Parte afetada do intestino / Por irradiação) Por obstrução da irradiação sanguínea do intestino (trombose da artéria mesentérica) Manifestações clínicas generalizadas Náuseas e vómitos Náuseas – resultantes da distensão do duodeno Vómitos – natureza fecalóide, tem origem no intestino (obstrução do intestino) Alterações do conteúdo fecal Quantidades anormais nas fezes de pus; parasitas; sangue ou muco; alterações do hábito intestinal (consistência das fezes) e formato das fezes (fezes em fita). Manifestações clínicas generalizadas Hemorragia Causada por: üTraumatismo abdominal üÚlcera gástrica ou duodenal üDoença inflamatória intestinal üNeoplasias Manifesta-se por: üPresença de sangue nas fezes üCor das fezes, podendo determinar o nível do intestino onde ocorre a hemorragia: üMelenas - Hemorragia digestiva alta (HDA) üVermelho vivo – Hemorragia digestiva baixa (HDB) Manifestações clínicas generalizadas Oclusão Intestinal Causas: üMecânicas: Aderências, hérnias, invaginação e Tumores üNeurogénicas: íleo paralítico> 72 horas üVasculares: trombose da artéria mesentérica üBridas (aderências pós cirúrgicas) Obstrução do intestino delgado - sintomas surgem assim que se inicia a obstrução: üCólicas abdominais, centradas ao redor do umbigo ou no epigástrio, vómitos, obstipação (obstrução completa), diarreia (obstrução parcial) peristaltismo hiperativo; üObstrução do intestino grosso sintomas que aparecem de modo mais gradual. üAumento progressivo de obstipação, distensão abdominal, vómitos, ampola retal sem conteúdo fecal, sons peristálticos altos Desequilíbrios Hidroeletrolíticos Desnutrição; Vómitos; Fístulas Diarreia intestinais Deficiência de Deficiência de Sódio e cálcio e Potássio magnésio Desequilíbrios Hidroeletrolíticos Aspiração do conteúdo gástrico; Fistulas intestinais Vómitos Diarreia grave persistentes Alcalose Acidose metabólica metabólica Alterações intestinais Divertículo Normal Carcinoma Colite (Cancro do Ulcerosa cólon) Doença de Crohn Peritonite O peritoneu é uma membrana serosa, a maior e mais complexa do organismo, que reveste o interior da cavidade abdominal, dividindo-a em cavidade peritoneal e espaço sub- peritoneal 9 Peritonite A peritonite é normalmente provocada por uma infeção propagada a partir de um órgão do abdómen causada por bactérias ou toxinas. Pode ser: Primária: não tem etiologia definida – ex. por doença inflamatória pélvica, infeção urinária, diálise peritoneal, etc Secundária: causa identificável- ex. perfuração de víscera oca; traumatismo abdominal; lesão cirúrgica; diverticulite; colite ulcerosa; doença de Crohn; obstrução por lesão neoplásica e necrose do intestino. Também pode ocorrer por irritação química de secreções (ácido gástrico, suco pancreático e bílis) Peritonite O organismo tenta criar defesas para controlar a infeção e formam-se aderências (mais comum na parte inferior do abdómen) para limitar o envolvimento a apenas um pequena porção da cavidade abdominal à formação de abcesso. Com a evolução, estas aderências podem desaparecer, ou, se persistem podem provocar estenoses o que leva a um quadro de oclusão intestinal Reação local do peritoneu: Hiperemia; Inflamação e produção de grandes quantidades de fluído rico em electrólitos e proteínas; O fluido abdominal pode apresentar-se purulento; Nota: Pode desenvolver-se hipovolémia, desequilíbrio hidroeletrolítico, desidratação à CHOQUE Peritonite – Manifestações clínicas Dor localizada ou difusa, e dor à descompressão Rigidez abdominal e defesa à palpação; Ausência de ruídos hidroaéreos nos 4 quadrantes Náuseas e vómitos; Febre (37,7 – 38,3ºC) e leucocitose; Astenia, diaforese e palidez; Hipovolémia, desequilíbrio electrolítico, desidratação; Choque hipovolémico (taquicardia, taquipneia, oligúria, hipotensão e agitação, debilidade, palidez e diaforese); Sinais posteriores íleo paralítico, distensão abdominal Nota: Estes sinais podem ser mascarados em utentes com tratamento de corticóides, sob efeito analgésico e nos idosos. Peritonite - Tratamento Indicação Cirúrgica: Encerramento da perfuração Drenar abcessos Lavagem peritoneal Peritonite – Pré-operatório Preparação psicológica e física geral Puncionar duas veias, e colocar em perfusão soro prescrito e reposição de electrólitos; Colocar a SNG e colocar em drenagem livre; Algaliar (registo de débito e características da urina de 1/1h) Avaliação e registo de SV de 2/2 h e SOS de acordo com a necessidade do utente e BH. Posição de conforto (alívio da dor) Vigilância de sinais de choque - sépsis Administrar antibioterapia se prescrita (até 1h antes da cirurgia, pode haver necessidade de antibioterapia no período que aguarda cirurgia) Jejum de 6 horas (líquidos) - 8h para alimentos Peritonite – Pós-operatório imediato Pode haver necessidade de UCIP de acordo com o estado geral do doente Avaliação de estado de consciência; Repouso no leito e posicionar em Fowler ou semi-fowler, para facilitar drenagens, promover ventilação; Reforçar ensino sobre inspirações profundas e frequentes Avaliação e registo de SV (conforme estabilidade do doente) Avaliação e registo de drenagem abdominais e gástrica e débito urinário Administrar fluidos prescritos e proceder ao BH; Promover o alivio da dor, administrar analgesia prescrita; Vigiar distensão abdominal Administrar antibióticos prescritos Peritonite – Pós-operatório imediato Se o estado é grave (septicemia) pode haver necessidade de alimentação parentérica Vigiar drenagens (quantidade e características): presença de dreno abdominal com lavagem para o pós-operatório na peritonite grave (4 drenos - 2 de lavagem e 2 de drenagem), SNG e algália; Vigiar incisão cirúrgica e penso abdominal; Se tiver ostomia, cuidados inerentes ao tipo de ostomia Levante precoce, por norma no dia seguinte, dependendo do estado do utente e do tipo de cirurgia a que foi submetido; Despiste de complicações Hemorragia, Deiscência da anastomose, Evisceração, Abcesso da parede Peritonite – Pós-operatório tardio Manter vigilâncias anteriores; Inicia dieta quando: Apresentar abdómen mole e depressível; Ruídos intestinais peristálticos; Eliminar fezes ou gases; Não apresentar febre; E, segundo indicação médica Estimular deambulação quando bem tolerada Peritonite – Ensino ao doente e cuidador Tratamento da ferida operatória Alimentação Vigilância da temperatura, dor e sinais de alerta. Evitar esforços ( +/- 6 semanas) dependendo da cicatrização da ferida operatória à Prevenção hérnias incisionais. Apendicite Aguda 19 Apendicite aguda Lesão inflamatória do apêndice vermiforme; Mais frequente nos homens (10-30 anos) mas, pode surgir em qualquer idade e sexo. A maioria dos casos é o resultado da obstrução do apêndice devido a: cálculo biliar, tumor ou por infestação de helmintas (Enterobius vermicularis). A obstrução do apêndice causa: Instabilidade hemodinâmica, provocando isquemia, edema e acumulação de exsudado inflamatório, com ou sem abcesso. Pode surgir uma área de edema ou de necrose. Apendicite aguda Manifestações clínicas: Dor peri-umbilical (inicialmente) Sinal de Rovsing positivo (Compressão no QIE intensifica a dor no QID). Localização do ponto de Mc Burney (FID). Náuseas e vómitos; Dor à palpação no QID; Musculatura abdominal tensa; Temperatura axilar de 38ºC com aumento de temperatura rectal significativa; Taquicardia; Leucocitose. A apendicite aguda pode ser apenas inflamatória ou em fase avançada resultar em peritonite Sinal de Rovsing positivo Compressão no QIE intensifica a dor no QID Localização do ponto de McBurney(FID) Localização do ponto de McBurney (1), situado dois terços da distância do umbigo (2) à espinha ilíaca anter- superiordireita (3). Apendicite aguda Cuidados iniciais perante suspeita: Suspender analgésicos (não mascarar sintomas até diagnóstico definitivo) Adotar posicionamento antiálgico Não aplicar calor por aumentar circulação à perfuração do apêndice Apendicectomia Pré-operatório: Jejum de 6 horas; Preparação pré-operatória física e psicológica Informar sobre o tipo de abordagem (laparotomia /laparoscopia) Apendicectomia Pós-operatório: Avaliação de estado de consciência; Avaliação de SV até estabilizarem e de acordo com o estado clínico da pessoa; Vigiar incisão cirúrgica, penso abdominal, dreno abdominal (se existir abcesso, peritonite, edema apendicular); Levante precoce, 6 horas após; Ensino sobre suporte abdominal durante o levante Inicia dieta a progredir (quando prescrita, se na auscultação existirem ruídos ou restabelecimento de transito intestinal) Apendicectomia Despiste de complicações Vómitos incontroláveis. Ensino sobre vigilância e cuidados com a Dor abdominal intensa e persistente. ferida cirúrgica e despiste de complicações. Vertigem ou fraqueza. Retoma a vida normal em 2 a 4 semanas, Hematemeses ou hematúria. evitando esforços excessivos e tensão Febre. abdominal Infeção da ferida cirúrgica. Divertículos do Cólon 28 Divertículos Diminuição na resistência muscular da parede do cólon; São considerados como um processo de envelhecimento (30% até 50 anos; 50% até 70 anos) Maior incidência nos países desenvolvidos; Atribuído ao tipo de fibras não absorvidas ou dieta pobre em fibras; Aumento da pressão intraluminal Podem encontrar-se ao longo de todo o cólon, sendo mais frequente no cólon sigmoide. Diverticulite A doença diverticular é geralmente assintomática. Uma ligeira inflamação pode desencadear uma disfunção intestinal inespecífica. As pessoas recorrem ao médico na presença de diverticulite, episódio de inflamação aguda, ou microperfurações intestinais. Diverticulite – Manifestações clínicas Inflamação do divertículo ou desenvolvimento de complicações; Dor abdominal tipo cólica, mais frequente no QIE Sub-febril; Náuseas e vómitos; Sensação de distensão abdominal; Dor aguda e persistente (espasmo muscular) Podem estar envolvidas queixas urinárias, devido ao envolvimento da bexiga O aparecimento de um abcesso inicia os sintomas de peritonite Diverticulite – Exames complementares de diagnóstico TAC Colonoscopia Ecografia (despiste de doença inflamatória ou carcinoma do cólon) Abcesso Revelam a presença de bolsas diverticulares Só indicado, quando não há inflamação Hemorragia diverticular Hemorragia de aparecimento súbito sem relação a qualquer acontecimento precipitante identificável; É uma das causas mais frequentes de hemorragia digestiva baixa; É auto controlável, na maioria dos doentes, cessa espontaneamente. Diverticulite Tratamento: Pode ser necessária hospitalização Dieta nula; Administração de fluidos endovenosos; Antibioterapia; Anticolinergicos (redução dos espasmos intestinais); Reversão entre 48-72 horas Repouso no leito e repouso intestinal Vigilância de complicações Diverticulite Preparação para alta: Incentivar a dieta rica em fibras (fruta, legumes e cereais integrais), excepto na presença de sintomas de inflamação (altamente irritante para a mucosa); Podem ser utilizados na dieta farelos e agentes expansores do volume fecal (amaciar o conteúdo fecal, aumenta o diâmetro do cólon e previne a tensão das fezes duras); Ingestão de 2500/3000cc de líquidos/dia; Evitar: Exercícios físicos que aumentem a pressão intra-abdominal Aconselhar a redução de peso, na tentativa de reduzir os níveis de base da pressão intra- abdominal em repouso. Caso Clínico Homem, 64 anos Dirigiu-se no dia 9/04 ao CS com referencia a dores no estômago e sem TGI há mais de 8 dias, acrescenta queixas de fadiga e cansaço. Autónomo nas AVD´S Referenciado para a urgência do SU do HSJ por suspeita de quadro Hx: oclusivo a 10/04. Ø HTA; Referia dor e distensão abdominal inicialmente nos Ø Tabagismo (1 maço/dia); quadrantes inferiores mas com evolução para dor difusa, Ø Hábitos etílicos (1 garrafa de associada a náuseas, anorexia, astenia, ausência de trânsito vinho + 2 cervejas); para fezes e gases, com 1 semana de evolução. Dado o Ø Insuficiência cardíaca; contexto de suboclusao intestinal e risco de complicações, a Ø Estenose e insuficiência preparação oral não deve ser utilizada, doente permaneceu aórtica de grau moderado; no SU. Ø Anemia ferropenica; Ø DRC não estratificada; O que acham que ele necessita? Enemas de Limpeza Caso Clínico ü Durante o internamento manteve enemas de limpeza, sob dieta zero e fluidoterapia em tratamento conservador até resolução do quadro de distensão para posterior intervenção cirúrgica; ü TAC (11/04): Segmento do colon sigmoide com espessamento parietal...relevante distensão sobretudo das ansas intestinais.. A esclarecer em devido contexto (relevo neoplásico primário???). Ocorre algum volume de conteúdo gasoso e fecal a jusante, que traduz relevante grau suboclusivo. ü Rectosigmoidoscopia flexivel (11/04): "Colon: Progressão com o endoscópio alto até aos 15cm da margem anal após preparação intestinal com enema. Não se progrediu proximalmente pela presença de fezes solidas em quantidade abundante. Diagnostico/Conclusões: Inconclusivo”. ü Fica internado na enfermaria para enemas de limpeza + vigilância. ü Se vocês fossem o enfermeiro do doente, que vigilâncias + avaliações de enfermagem achariam importante manter ativas durante o internamento? - Avaliação e monitorização dos sinais vitais (maior relevo: Tº corporal e Dor); - Avaliação do abdómen (dor, distensão, depressão...); - Avaliação e monitorização da eliminação intestinal e eliminação urinária; - Avaliação da glicemia capilar; - Avaliação da drenagem gástrica (Se doente com SNG) ou vómitos; Caso Clínico ü Durante a manhã de 15/04 com agravamento da dor em repouso, com abdómen distendido, timpanizado e doloroso, pelo que foi discutido caso em equipa assistente e com equipa de SU - proposto para intervenção cirúrgica urgente. ü Próximos passos: ü Informar o doente; ü Preencher consentimento informado ü Relato cirúrgico: RESSEÇÃO ANTERIOR DO RETO + HEMICOLECTOMIA DIREITA + COLOSTOMIA por LAPAROSTOMIA: Incisão supra e infra-umbilical. Acesso a cavidade abdominal sem intercorrencias. Constataçao de peritonite fecaloide e liquido peritoneal turvo nos 4 quadrantes. Colheita para citologia e microbiologia. Constataçao de perfuração do cego. ü Diagnósticos (15/04 – 24/05): Diverticulite complicada com isquemia do cólon e Perfuração + Fistula por laceração do ureter direito (iatrogenia) + Deiscência de anastemose ü Necessidade de ileostomia terminal a 24/05 (agravamento da isquemia do colón) Doença inflamatória intestinal Doença de Crohn Colite Ulcerosa 39 Doença de Crohn Doença inflamatória crónica, transmural do trato gastrointestinal de etiologia desconhecida. Atinge qualquer parte do intestino delgado distal ou do cólon. É mais frequente na junção íleo-cecal e cólon ascendente. Doença não curável, pela ressecção do tubo digestivo atingido, pois pode recidivar em zonas de mucosa sã. A perda de 100cm de intestino, resulta quase sempre, no síndrome de intestino curto, originando problemas de má absorção. Doença de Crohn – Tratamento cirúrgico Deve limitar-se ao segmento do intestino que está a provocar a complicação. São intervenções com índice elevado de recorrências devido às complicações da doença, podendo ocorrer: ü Oclusão intestinal ü Abcessos ü Perfuração ü Fístulas ü Doença perianal ü Neoplasias ü Complicações urológicas ü Hemorragia digestiva Doença de Crohn – Tratamento Cirúrgico Ressecção intestinal com anastomose do íleo ao restante cólon ascendente ou transverso à síndrome do intestino curto à Má absorção da Vit.B12 e dos lípidos. O Bypass intestinal e/ou existência de massas irressecáveis ou doentes de risco à deixa intacto o intestino doente. A presença de Doença perianal (fissura, fistulas, abcessos e estenoses) à drenagem à pode levar à necessidade de construção de uma colostomia; Colite ulcerosa Caracteriza-se por uma mucosa hiperemiada, com edema e úlceras. A colite ulcerosa atinge a mucosa do intestino (reto e cólon – até o ângulo esplénico e nas situações mais graves até ao ângulo hepático ou junção ileo-cecal) e, origina processos inflamatórios contínuos e difusos. Em situações menos graves pode confinar-se apenas ao recto – proctite ulcerosa. Estas lesões dão origem a dor abdominal intensa afetando principalmente o lado esquerdo. Colite ulcerosa – Tratamento cirúrgico Está indicado quando o tratamento médico não é eficaz e surge: Displasia (forte suspeita de carcinoma) / carcinoma documentado; Perfuração Hemorragia; A Colite ulcerosa geralmente pode ser curada por remoção cirúrgica do intestino grosso: Protocolectomia total com ileostomia terminal Colite ulcerosa – Tratamento cirúrgico Protocolectomia total com ileostomia terminal padrão ou de Brooke A dejeção não pode ser controlada e exige a utilização de uma bolsa coletora. Colite ulcerosa – Tratamento cirúrgico Protocolectomia total com anastomose íleo-anal Coto anal com 12 a 15 cm; A colite ulcerosa pode recidivar para esta área e ser necessária nova intervenção para ablação do recto. Se o resto está livre de doença: ü Melhoria de qualidade de vida; ü Diminuição do volume de fezes (capacidade de absorção da água e electrólitos) Oclusão Intestinal Oclusão intestinal Bloqueio parcial ou completo do movimento do intestino delgado ou grosso; A maioria ocorre no intestino delgado – íleo à é uma emergência cirúrgica; Elevada taxa de mortalidade se não for tratada em 24 horas; O cancro é responsável por 80% das obstruções do intestino grosso e a maioria delas no cólon sigmóide Oclusão intestinal O funcionamento normal depende da permeabilidade do lúmen, da enervação e circulação adequadas para manter o peristaltismo. Fatores de obstrução: ü Mecânicos; ü Neurogénicos; ü Vasculares Oclusão intestinal – Fatores mecânicos Aderências: ü Faixas fibrosas de tecido cicatricial pode obstruir mecanicamente o intestino por pressão externa; ü Causas mais comuns de obstrução do intestino delgado e grosso combinados; ü Podem formar-se após uma cirurgia abdominal, por razões desconhecidas – (processo inflamatório na cicatrização do intestino), podem tornar-se maciças (por vezes após alguns dias até 10 a 20 anos após o procedimento); Hérnias: ü Hérnias encarceradas não reduzidas e estranguladas, podem causar obstrução intestinal Oclusão intestinal – Fatores mecânicos Invaginação: ü Porção do intestino que penetra sobre si próprio; ü Associada frequentemente a tumor do intestino grosso que é projetada para dentro do segmento intestinal adjacente Oclusão intestinal – Fatores mecânicos Volvo: ü Torção do intestino que ocorre geralmente após rotação do intestino em pelo menos 180º; ü Resultante de anomalias congénitas ou de aderências; ü Manifesta-se por um quadro oclusivo, sendo mais comum em idosos acamados ou com patologia neurológica; ü Ocorre tanto no intestino grosso como no delgado; ü O tratamento pode ser feito sem intervenção cirúrgica, colocação de SNG para diminuir a pressão da extremidade proximal da ansa ou redução por colonoscopia; ü Pode necessitar de cirurgia de urgência por risco de enfarte e posterior necrose que pode evoluir para perfuraçãoà Peritonite ü A cirurgia a que se recorre é a de Hartmann ou Colectomia Oclusão intestinal – Fatores mecânicos Tumores: ü Principal causa de obstrução intestinal, a maior parte ocorrem no cólon sigmóide; ü À medida que a massa tumoral aumenta, o lúmen diminui e provoca incapacidade de passagem de massa fecal -- obstrução completa ou parcial; Oclusão intestinal – Fatores neurogénicos Obstrução funcional – íleo paralítico – é a ausência da atividade peristáltica por mais de 72h: ü Pode ocorrer após a cirurgia abdominal, principalmente se houve manipulação extensa do intestino; ü O intestino deixa de funcionar de algumas horas a vários dias; Pode ocorrer por patologia adjacente por enervação insuficiente: ü Esclerose múltipla; ü Parkinson; ü Doença primária do colagénio; ü Doenças musculares que afetam a propulsão e podem causar oclusão. Oclusão intestinal – Fatores Vasculares Obstrução do fornecimento sanguíneo ao intestino – ex.: trombose da artéria mesentérica A oclusão pode ser : Completa – enfarte da mesentérica Parcial – angina abdominal Tratamento: colocação de SNG até restabelecimento de transito intestinal A oclusão da mesentérica aguda é uma emergência cirúrgica que obriga à remoção da parte do intestino afetado. Tem uma taxa elevada de mortalidade - 75%. Oclusão intestinal - Fisiopatologia Depende da localização da obstrução e do grau de comprometimento circulatório Aumento da pressão intraluminal, o intestino dilata-se e o peristaltismo acaba por cessar; Edema - o intestino distendido impede a drenagem venosa, diminuição do fluxo venoso da mucosa por aumento da pressão intraluminal à isquemia da mucosa à + permeável às bactérias à peritonite Oclusão intestinal - Fisiopatologia A perda de líquidos extracelular varia entre 2 a 6L no espaço de 2 a 3 dias após oclusão mecânica. Quando ocorre uma grande perda de líquidos e electrólitos, leva a uma desidratação grave e hipovolémia grave o que pode: Comprometer a função renal; Desequilíbrio hidroelectrolítico; Choque. Oclusão intestinal – Exames complementares de diagnóstico Analíticos Imagiológicos Rx abdominal simples de pé: Níveis hidroaéreos pouco proeminentes Ansas intestinais preenchidas por gás Envolvimento generalizado de todo o intestino delgado e cólon Ar no recto TAC (se há suspeita de adenocarcinoma) Oclusão intestinal – Manifestações clínicas Variam com: ü O local e comprimento de intestino afectado; ü O grau em que a obstrução interfere com a irrigação sanguínea; ü Se a obstrução é completa ou parcial ü Tipo de oclusão Na fase inicial ocorrem ruídos altos, a atonia dos músculos lisos diminui o peristaltismo, os ruídos intestinais acabam por diminuir progressivamente e por vezes desaparecem. Geralmente o utente apresenta: ü Dor abdominal que se intensifica à medida que a oclusão progride para total; ü Febre (intestino necrosado); ü Leucocitose; ü Quadro de choque; Oclusão intestinal – Manifestações clínicas Oclusão do intestino delgado proximal Oclusão do intestino delgado distal ü Vómitos incoercíveis biliares; ü Vómitos, posteriormente fecaloides; ü Dor no andar superior do abdómen; ü Dor abdominal não localizada (cólica) ü Aumento dos ruídos intestinais; ü Distensão abdominal; ü Distensão abdominal ü Aumento dos ruídos intestinais Oclusão intestinal – Manifestações clínicas Sub-oclusão intestinal: Oclusão intestinal Total: ü Ocorre com a doença intestinal ü Intestino distal permanece vazio; granulomatosa (Crohn) ü Obstipação sem emissão de gazes ou fezes; ü Dor abdominal (cólica) ü Dor abdominal (andar superior do ü Distensão ligeira abdómen); ü Diarreia ü Distensão abdominal; ü Dor difusa à palpação ü Vómitos fecaloides; ü Diminuição dos ruídos intestinais Oclusão intestinal – Manifestações clínicas Íleo Paralítico: ü Vómitos após as refeições, posteriormente fecalóides; ü Ruídos intestinais ausentes; ü Distensão abdominal intensa; ü Dor contínua e difusa; ü Sem dejeções, podendo apresentar flatulência em pequena quantidade. Oclusão intestinal – Manifestações clínicas Com o evoluir do quadro apresenta: ü Diminuição do débito urinário; ü Aumento da temperatura; ü Hemoconcentração, leucocitose, hipocaliémia, hiponatrémia; ü Taquicardia; ü Hipotensão; ü Hipovolémia. Oclusão intestinal – Tratamento Tratamento médico Tratamento cirúrgico ü Aplicação de uma sonda rectal (descomprime o intestino e desfaz a ü Aliviar a causa obstrução se a causa não mecânica - volvo) ü Remoção do intestino isquémico(obstrução ü Íleo paralítico – repouso intestinal e SNG vascular e causa mecânica) para prevenir distensão gástrica ü O tipo de cirurgia depende: ü Da localização ü Do tipo de obstrução podendo realizar-se secção intestinal, (Hemicolectomia com/sem colostomia) Oclusão intestinal – Cuidados de Enfermagem Obter informação junto do utente sobre: ü Início dos sintomas; ü Tolerância alimentar; ü Episódios de vómitos e suas características; ü Número de dejeções e características das fezes. Durante o exame físico observar e registar: ü Distensão abdominal (medir perímetro abdominal) ü Qualidade dos ruídos intestinais (ausência de ruídos intestinais pode significar irritação peritoneal ou íleoparalítico); ü Avaliar grau de hidratação; ü Tipo de dor e defesa à mesma. Oclusão intestinal – Cuidados de Enfermagem Administrar fluidoterapia de acordo com a prescrição médica; Reposição de potássio de acordo com a necessidade e prescrição (perda por vómitos) Observar e registar a quantidade e características de drenagens, e alteração do perímetro abdominal (medir a cada 2 a 4 horas) Posição de fowler para aliviar pressão abdominal ou decúbito lateral- de acordo com o maior conforto do utente. Questionar sobre o alívio ou não das náuseas e desconforto abdominal; Sede (desidratação) - que por vezes é incontrolável – atenuada pelo gelo; Providenciar uma higiene oral adequada Proceder à colheita de sangue para análises laboratoriais seriadas, de acordo com os pedidos efetuados, para comparação de dados; Iniciar e avaliar balanço hídrico e estabilidade hemodinâmica Oclusão intestinal – Cuidados de Enfermagem Avaliar, registar e comunicar ao médico sinais e sintomas: Vómitos Febre Dor abdominal Aumento da distensão Sinais de choque Administrar antibioterapia se prescrita, os analgésicos podem mascarar o quadro abdominal; Preparar o utente para o bloco; Cuidados de enfermagem inerentes, para cirurgia abdominal ATENÇÃO Não fazer preparação cólica ou enemas de limpeza à risco de perfuração Hérnia abdominal 68 Hérnia abdominal - etiologia A hérnia forma-se em consequência de um aumento de pressão abdominal, por diminuição da resistência dos tecidos; Ela é caracterizada pela protusão em diversas regiões do corpo. A nível abdominal encontram-se: ü Região inguinal ü Peri-umbilical ü Através de uma cicatriz cirúrgica Hérnia abdominal - etiologia Tipos: ü Congénita ü Adquirida ü Pós-operatória Pode conter: ü Peritoneu ü Ansa intestinal ü Parte da bexiga Ocorrem em ambos os sexos, mais frequente no homem e no idoso. Ocorrem com mais frequência por fragilidade da parede abdominal Hérnia abdominal - redutibilidade Redutível Encarcerada Estranguladas As estruturas saem e não As estruturas não retornam e tem Quando a estrutura volta para retornam à cavidade normal repercussão clínica para o dentro da cavidade (é podendo causar oclusão sistema, pois, geralmente ocorre aconselhável a cirurgia para intestinal. isquemia e necrose ou até prevenir os seguintes casos); perfuração. A redutabilidade neste caso depende do tamanho do orifício que lhe permitiu a saída. 71 Hérnia abdominal – Tratamento Cirúrgico Laparotomia Laparoscopia Sob raquianestesia Sob Anestesia geral Hérnia abdominal – Tratamento cirúrgico Possíveis complicações ü Hemorragia ü Infeção (complicações raras em procedimentos laparoscópicos) ü Pequeno risco de lesão da bexiga, ansas intestinais , vasos sanguíneos , nervos ou do cordão espermático. ü Dificuldade pós-operatória em urinar, sendo por vezes necessário algaliar; ü Pode recidivar (principalmente idosos) Hérnia abdominal – Ensino ao doente e cuidador A tosse deve ser evitada e substituída por inspirações profundas. 1º levante precoce, tendo em atenção o tipo de anestesia a que foi submetido e contensão abdominal (cinta elástica ou pressão som a sutura). Deve aplicar-se gelo no local da incisão para diminuir o edema, no homem é necessário também a suspensão escrotal. Evitar esforço pelo menos 6 semanas (inicialmente subir escadas e conduzir estão proibidos). Se necessário, utilizar laxantes para diminuir o esforço de defecação. A atividade sexual pode ser retomada após a cicatrização da ferida operatória