Bom Dia Espírito Santo - Benny Hinn PDF
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Universidade Eduardo Mondlane
Benny Hinn
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This book, "Bom Dia Espírito Santo" by Benny Hinn, shares a personal account of the author's experience with the Holy Spirit, including encounters, prayers and worship. It's about spiritual growth and finding a deeper connection with the Holy Spirit.
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Bom Dia Espírito Santo Benny Hinn Título original: Good Morning, Holy Spirit Traduzido por Neyd Siqueira Bom Pastor Editora Ltda. Revisado e formatado por SusanaCap Agradecimentos: Meus agradecimentos a Neil Eskelin pelo seu trabalho de consulta e editoraç...
Bom Dia Espírito Santo Benny Hinn Título original: Good Morning, Holy Spirit Traduzido por Neyd Siqueira Bom Pastor Editora Ltda. Revisado e formatado por SusanaCap Agradecimentos: Meus agradecimentos a Neil Eskelin pelo seu trabalho de consulta e editoração no preparo deste manuscrito. Quero também agradecer a minha amorosa mãe pelas orações e a Shery Palmquist, Chris Hinn, Nancy Pritchard, Sammy Hinn, Geni Polino, e à equipe do Centro Cristão de Orlando pela ajuda neste projeto. Agradeço especialmente à minha querida esposa, Suzanne, pelo seu amor e apoio constante. Dedicatória: À pessoa do Espírito Santo, que é a única razão de minha existência. Às minhas filhas, Jéssica e Natasha, que levarão esta mensagem à sua geração, caso o Senhor venha a demorar. Í N D I C E: Capítulo 1 – Será que posso conhecê-Lo de verdade? Capítulo 2 – De Haifa aos confins da terra Capítulo 3 – Tradição, Tradição. Capítulo 4 – De pessoa para pessoa Capítulo 5 – De quem é a voz que você está ouvindo? Capítulo 6 – Espírito, Alma e Corpo. Capítulo 7 – Vento para as suas velas Capítulo 8 - Uma entrada poderosa Capítulo 9 – Espaço para o Espírito Capítulo 10 – A pouca distância Capítulo 11 – Por que choras? Capítulo 12 – O céu na terra Capítulo 1 – Será que posso conhecê-Lo de verdade? Faltavam três dias para o Natal de 1973. O sol começava a nascer naquela manhã fria e nevoenta de Toronto. De repente Ele chegou. O Espírito Santo entrou em meu quarto. Sua presença era tão real para mim naquela manhã quanto ao livro que você tem agora nas mãos. Nas oito horas que se seguiram eu tive uma experiência incrível com o Espírito Santo. Ele mudou o curso de minha vida. Lágrimas de assombro e alegria escorreram pelo meu rosto quando abri as escrituras e ele foi dando as respostas às minhas perguntas. Meu quarto parecia ter subido para o hemisfério dos céus. E eu queria ficar ali para sempre. Tinha acabado de fazer vinte e um anos e essa visita foi o melhor presente de aniversário ou de Natal que eu já havia recebido. Meus pais se achavam bem perto, no fim do corredor. Eles jamais poderiam compreender o que estava acontecendo com o seu Benny. De fato, se soubessem o que ocorria comigo, essa seria a gota d’água que faltava para acabar definitivamente com o que restava de harmonia em nossa família. Durante quase dois anos desde o dia em que entreguei minha vida a Jesus, não houve mais praticamente comunicação entre mim e meus pais. Uma situação medonha! Como filho de imigrante israelita eu havia humilhado a família ao quebrar a tradição. Coisa alguma em minha vida tivera efeito tão devastador assim. Em meu quarto, porém, tudo era energia pura. Algo indizível, cheio de glória! Se alguém me dissesse apenas 48 horas antes o que me esperava, eu sem dúvidas responderia: – Isso está fora de cogitação! Mas, desde o momento em que o Espírito Santo se tornou vivo em minha vida, ele deixou de ser apenas uma “terceira pessoa” distante da Trindade. Era agora real. Tinha uma personalidade. Eu quero então compartilhá-Lo neste momento com você. Meu amigo, se você está preparado para começar uma nova relação pessoal com o Espírito Santo, o que vai superar tudo o que jamais sonhou, continue lendo. Caso contrário, recomendo que feche este livro para sempre. É isso mesmo! Feche o livro! Porque o que pretendo dizer-lhe irá transformar a sua vida espiritual. De repente, vai acontecer com você. Pode ser enquanto esteja lendo. Talvez ao orar. Ou quando estiver a caminho do trabalho. O Espírito Santo irá responder ao seu convite. Ele vai tornar-se o seu amigo mais íntimo, o seu guia, seu consolador, seu companheiro de vida. Quando você e Ele se encontrarem, você dirá: - Benny! Quero contar o que o Espírito Santo tem feito em minha vida! Revelado o poder de Deus Uma noite curta em Pittsburgh Meu amigo, Jim Poynter, me pediu para acompanhá-lo numa viagem de ônibus até a cidade de Pittsburgh, na Pensilvânia. Conhecera Jim, um ministro da igreja Metodista Livre, na congregação que eu freqüentava. O grupo se dirigia para uma reunião de uma evangelista que fazia curas, Katryn Kuhman. Para ser sincero, eu sabia bem pouco sobre o ministério da srta. Kuhman. Tinha assistido a uma entrevista que dera na televisão e ficara desiludido. Achei que falava de um modo engraçado e parecia meio estranha. Não esperava, portanto, muito dela. Mas Jim era meu amigo e não queria decepcioná-lo. No ônibus eu disse: - Jim, você não sabe como foi difícil convencer meu pai a me deixar fazer esta viagem. – Depois de minha conversão, meus pais fizeram todo o possível para me impedir de comparecer à igreja. E agora, ao falar da ida a Pittsburgh, eles acharam um absurdo. Mas finalmente me deram sua permissão, relutantes. Partimos de Toronto na metade da manhã de Quinta-feira. O percurso que deveria durar sete horas foi prolongado por causa de uma tempestade de neve. Só chegamos ao hotel cerca de uma hora da madrugada. Jim então me disse: – Benny, temos de levantar às cinco horas. - Cinco da manhã? – eu perguntei. – Mas, por quê? Ele respondeu que teríamos de estar na porta do prédio da reunião às seis horas para conseguir entrar. Eu não podia crer em meus ouvidos. Quem jamais ouviu falar de ficar exposto ao ar gelado, antes do sol nascer, para ir à igreja? Jim, afirmou, porém, que era exatamente isso que precisávamos fazer. O frio cortava a pele. Levantei-me às cinco e coloquei todos os agasalhos que pude encontrar: botas, luvas, tudo, enfim. Eu parecia um esquimó. Chegamos à Primeira Igreja Presbiteriana, no centro de Pittsburgh, enquanto ainda estava escuro. Mas o que me chocou foi verificar que centenas de pessoas haviam chegado antes de nós. E as portas só se abririam dentro de duas horas. O fato de ser pequeno tinha as suas vantagens. Eu comecei a me esgueirar entre as pessoas, chegando cada vez mais perto das portas e arrastando Jim comigo. Havia até pessoas dormindo nos degraus da frente. Uma mulher me disse: – Eles passaram a noite aqui. Toda a semana é a mesma coisa! Enquanto permanecia ali esperando, comecei de repente a sentir uma vibração, como se alguém tivesse agarrado meu corpo e começasse a sacudi-lo. Pensei por um momento que o ar frio me tivesse feito mal. Mas estava vestido com roupas quentes e certamente não sentia muito frio. Um tremor incontrolável, não obstante, tomou conta de mim. Nada parecido acontecera comigo antes. E não parou. Eu fiquei envergonhado demais para contar ao Jim, mas podia sentir meus ossos chocalhando. Sentia meus joelhos e minha boca tremerem. O que está acontecendo comigo? – pensei – será o poder de Deus? – Eu não conseguia entender. Correndo pela igreja A essa altura as portas iam ser abertas e a multidão começou a empurrar de tal forma que eu mal podia mover–me. Mas a vibração em meu corpo mesmo assim não cessou. Jim disse: – Benny, quando as portas abrirem corra o mais depressa possível. Por quê? – perguntei. - Se não fizer isso, eles vão esmagá-lo. – Ele já estivera ali antes e sabia o que esperar. Eu jamais tivera idéia de participar de uma corrida para entrar numa igreja, mas era o que estava acontecendo. Quando abriram as portas eu parti como um atleta olímpico. Passei na frente todo mundo: velhos, jovens, todos eles. De fato, cheguei à primeira fila e tratei de sentar-me. Um recepcionista me informou que a primeira fileira estava reservada. Soube mais tarde que a equipe da Srta. Kuhlman escolhia as pessoas para sentar nessa fileira especial. Ela era tão sensível ao Espírito que só queria o apoio em oração de pessoas positivas, que ficassem à sua frente. Por ser bastante gago, eu sabia que era inútil tentar discutir com o recepcionista. A segunda fila já estava lotada, mas Jim e eu encontramos lugar na terceira. O culto só começaria dali a uma hora. Tirei o casaco, as luvas e as botas. Enquanto relaxava, percebi que tremia mais que antes. Não conseguia parar. As vibrações percorriam meu braço e pernas, como se estivesse ligado a uma espécie de máquina. A experiência era nova para mim. Para ser sincero, sentia medo. Enquanto o órgão tocava, eu não conseguia pensar em outra coisa além do tremor em meu corpo. Não era uma sensação de “doença”. Não era como se estivesse pegando um resfriado ou uma virose. Na verdade, quanto mais continuava tanto mais bela parecia. Era uma sensação invulgar, que não tinha nada de imaterial. Nesse momento, como se saísse do nada, Kathryn Kuhlman apareceu. Num instante a atmosfera naquele prédio ficou carregada. Eu não sabia o que esperar. Não senti nada ao meu redor. Nenhuma voz. Nenhum coral de seres angelicais. Nada. Tudo o que sabia é que estivera tremendo durante três horas. Depois disso, quando começaram a cantar, fiz algo que jamais esperei fazer. Fiquei de pé. Minhas mãos se levantaram e as lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto cantávamos “Quão grande és Tu”. Era como se eu tivesse explodido. Nunca antes as lágrimas haviam fluído dos meus olhos tão rapidamente. Falo de êxtase! Que sensação gloriosa! Eu não cantava como normalmente costumava fazer na igreja. Cantava com todo o meu ser. E quando cheguei às palavras “Então minh’alma canta a Ti, Senhor”, eu me coloquei literalmente a cantar com a alma. O Espírito desse hino me envolveu de tal forma que levei alguns minutos para perceber que não tremia mais. Mas a atmosfera do culto continuou. Pensei que havia sido totalmente arrebatado. Adorava de um modo que jamais fizera antes. Era como se encontrasse face a face com a verdade pura e espiritual. Quer alguém mais sentisse isso ou não, era o que eu sentia. Deus já tocara a minha vida em minha pouca experiência cristã, mas nunca como Ele estava tocando nesse dia. Como uma onda Enquanto ficava ali, continuando adorar ao Senhor, abri os olhos para olhar ao redor, porque senti subitamente uma corrente de ar. Não sabia de onde ela vinha. Era leve e lenta, como uma brisa. Olhei para os vitrais, mas estavam todos fechados e eram altos demais para permitir a corrente. A brisa estranha que senti era, porém, mais como uma onda. Eu sentia descer por um braço e subir pelo outro. Na verdade tive a sensação de que ela se movimentava. O que estava acontecendo? Todos pensariam que tinha perdido o juízo. Por um período de dez minutos mais ou menos, as ondas de vento continuaram a correr sobre mim. Depois senti como se alguém envolvesse meu corpo num cobertor – um cobertor quente. Kathryn começou a ministrar ao povo, mas eu estava tão perdido no espírito que isso realmente não importava. O Senhor se achava mais próximo de mim do que nunca antes. Senti que devia falar com o senhor, mas tudo o que pude murmurar foi: – Jesus querido, tenha misericórdia de mim – Repeti: - Jesus, por favor, tenha misericórdia de mim. Eu me considerava tão indigno. A meu ver, estava na mesma condição de Isaías ao entrar na presença do Senhor. “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de lábios impuros, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is. 6.5). A mesma coisa aconteceu quando as pessoas viram a Cristo. Elas imediatamente sentiram sua imundícia, sua necessidade de purificação. Foi isso que ocorreu comigo. Era como se um refletor gigante estivesse focalizado em mim. Tudo o que podia ver eram a s minhas fraquezas, meus defeitos, meus pecados. Repeti muitas vezes: – Jesus amado, tenha misericórdia de mim. Ouvi então uma voz que sabia ser do Senhor. Era mui gentil, mas inconfundível. Ele me disse: – Minha misericórdia é abundante sobre você. Até essa altura dos acontecimentos, minha vida de oração era a de um cristão normal. Mas agora eu não estava apenas falando com o Senhor, Ele estava falando comigo. Oh! Que comunhão esplêndida era aquela! Eu não tinha condição de saber que aquilo que ocorria comigo na terceira fileira da Primeira Igreja Presbiteriana em Pittsburgh não passava de um antegozo do que Deus planejara para o futuro. As palavras soavam em meus ouvidos: – minha misericórdia é abundante sobre você. Senti-me chorando e soluçando. Nada havia em minha vida que pudesse comparar-se ao que sentia. Eu estava tão cheio e transformado pelo Espírito que nada mais importava. Não ligava se uma bomba nuclear atingisse Pittsburgh e o mundo inteiro explodisse. Naquele momento eu sentia o que a palavra descreve tão bem:... “Paz... que excede todo o entendimento” (Fp 4.7). Jim me falara dos milagres operados nas reuniões da Sra. Kuhlman. Mas eu não fazia idéia do que iria testemunhar nas três horas seguintes. Pessoas surdas passavam repentinamente a ouvir. Uma mulher levantou-se de sua cadeira de rodas. Foram dados testemunhos da cura de tumores, artrites, enxaquecas e outros. Até mesmo os mais severos críticos reconheceram as curas genuínas que ocorriam nessas reuniões. O culto foi longo, mas o tempo correu célere. Eu jamais tinha sido tão movido, tão tocado pelo poder de Deus. Qual a razão do choro dela? No decorrer do culto, enquanto eu orava em silêncio, tudo parou de repente. Pensei: – Por favor, Senhor não deixe esta reunião acabar nunca. Levantei os olhos e vi Kathryn Kuhlman escondendo o rosto nas mãos e começando a soluçar. Ela chorou e chorou, tão alto que todo e qualquer ruído cessou. A música deixou de tocar. Os recepcionistas ficaram paralisados em suas posições. Todos os olhos estavam fitos nela. E eu não tinha a menor idéia da razão do choro dela. Nunca vira um ministro fazer isto antes. Por que chorava? Contaram-me mais tarde que ela jamais fizera uma coisa dessas e os membros de sua equipe não se esqueceram até hoje. A evangelista continuou chorando por um período de mais ou menos dois minutos. Depois jogou a cabeça para trás. Ali estava ela, a alguns passos de mim, com os olhos chamejantes. Estava viva. Naquele momento ela mostrou uma ousadia que eu nunca vira em outra pessoa. Apontou com o dedo em riste, com enorme poder e emoção e até mesmo sofrimento. Se o próprio diabo estivesse lá, ela o teria derrubado com um simples golpe. Foi um instante de incrível dimensão. Ainda soluçando, Kathryn olhou para a audiência e disse em agonia: – por favor. – Ela pareceu esticar a palavra: - Por fa-a-vo-or, não entristeçam o Espírito Santo. Ela suplicava. Se você puder imaginar uma mãe rogando a um assassino que não mate o seu bebê, terá uma idéia do quadro. Ela pedia e suplicava. – Por favor, - soluçou – não entristeçam o Espírito Santo. Até hoje me lembro dos olhos dela, era como se olhasse direto para mim. Quando disse isso, um alfinete poderia ter caído no chão que você o ouviria. Eu tinha medo até de respirar. Não movi um músculo. Agarrei-me no banco à minha frente, pensado no que viria a seguir. Ela disse então: – Vocês não compreendem? Ele é tudo o que eu tenho! Pensei comigo mesmo – Do que ela está falando? Sua súplica apaixonada continuou, e disse: – Por favor! Não o magoem. Ele é tudo o que eu tenho. Não magoem o meu Amado! Jamais esquecerei estas palavras. Posso lembrar ainda como sua respiração ofegava ao pronunciá-las. O pastor de minha igreja falava sobre o Espírito Santo, mas não dessa forma. Suas referências estavam ligadas aos dons, línguas, ou profecia, e não à idéia de ser o “meu mais íntimo, mais pessoal, mais amado amigo”. Kathryn Kuhlman estava falando de uma pessoa que era mais real que você ou eu. Ela apontou então seu longo dedo para mim e disse com grande clareza: – Ele é mais real do qualquer coisa neste mundo! Eu preciso conseguir isso Quando ela olhou para mim e proferiu essas palavras, algo me agarrou literalmente por dentro. Gritei dizendo: – “Eu preciso conseguir isso”. Eu na verdade pensava que todos naquele culto deveriam estar sentindo a mesma coisa. Mas Deus trata conosco individualmente e penso que aquele culto foi só para mim. Peço que compreenda que, por ser um cristão novo, eu não entendia absolutamente o que estava acontecendo naquele culto. Mas não podia negar a realidade e o poder que sentia. Ao terminar o culto, olhei para a evangelista e vi o que me pareceu uma névoa ao redor dela e sobre ela. A princípio julguei que meus olhos estavam me pregando peças. Mas, a névoa continuava e seu rosto brilhava luminoso através da mesma. Não acredito de modo algum que Deus estava tentando glorificar a Srta. Kuhlman. Mas creio que Ele usou esse culto para revelar o Seu poder para mim. Quando o culto acabou, a multidão saiu, mas eu não queria me mover. Eu chegara correndo, mas agora só desejava ficar sentado e refletir sobre os acontecimentos. O que sentia naquele prédio fora algo que a minha vida não me oferecia. Eu tinha certeza de que ao voltar para casa a perseguição ia continuar. Minha auto-imagem já estava praticamente destruída por causa do meu problema de fala. Mesmo quando criança, nas escolas católicas, minha gagueira me isolava, não tendo quase ninguém com quem conversar. Não fiz também muitos amigos após me tornar cristão. Como conhecer novas pessoas, se tinha dificuldade em comunicar-me? Eu não queria, então, que aquilo que encontrara em Pittsburgh me deixasse. Tudo o que tinha na vida era Jesus. E nada mais em minha existência importava muito. Meu futuro era incerto. Minha família tinha praticamente virado as costas para mim. Eu sabia que me amavam, mas minha decisão de servir a Cristo havia aberto entre nós um abismo intransponível. Permaneci sentado. Afinal de contas, quem quer ir para o inferno depois de ter estado no céu? Mas, não havia escolha. O ônibus estava à espera e eu tinha que partir. Parei na porta de trás da igreja para um último olhar, pensando- “O que ela queria dizer?” O que estava dizendo quando falou sobre o Espírito Santo? No caminho da volta para Toronto eu retornava sempre ao mesmo pensamento: – “Não sei o que ela queria dizer” – Cheguei até a perguntar para algumas pessoas no ônibus. Não souberam me informar, porque também não haviam entendido. Não é preciso dizer que cheguei em casa exausto. Por ter dormido pouco, por causa das horas de viagem de uma experiência espiritual comparável a uma montanha russa, meu corpo estava pronto para descansar. Não consegui, porém, conciliar o sono. Meu corpo estava moído até os ossos, meu espírito continuava vibrando como se houvesse uma série de vulcões explodindo dentro de mim ininterruptamente. Conhecendo a presença de Deus Quem está me puxando? Deitado em minha cama, eu sentia como se alguém estivesse me puxando para fora do colchão e me fazendo ajoelhar. Era uma sensação estranha, mas eu a sentia com tanta força que não podia resistir. Ali estava eu, na escuridão do quarto, de joelhos. Deus ainda não acabara de lidar comigo e eu respondi à Sua orientação. Eu sabia o que queria dizer, mas não sabia como fazer a minha petição. Eu queria aquilo que a evangelista de Pittsburgh tinha. Pensei: - quero o que Kathryn Kuhlman tem. – Eu queria isso com cada átomo e fibra em mim. Estava faminto por aquilo de que ela falara, embora não tivesse uma compreensão clara do que era. É verdade. Eu sabia o que queria dizer, mas não sabia como dizê-lo. Decidi então pedir da única maneira que sabia – em minhas próprias palavras, com toda a simplicidade. Eu queria me dirigir ao Espírito Santo, embora jamais tivesse feito isso antes. Pensei: – Será que estou fazendo certo? – Afinal de contas, eu nunca tinha falado com o Espírito Santo. Nunca julgara que fosse uma pessoa à qual pudesse me dirigir. Não sabia como começar a oração, mas sabia o que sentia por dentro. Tudo o que queria era conhecê-Lo da maneira como ela O conhecia. Foi assim que orei: – Espírito Santo, Kathryn Kuhlman diz que Tu és amigo dela. – Continuei lentamente: - Acho que não Te conheço. Eu pensava antes que Te conhecia, mas depois dessa reunião, compreendo que estava errado. Acho que não te conheço mesmo. A seguir, como uma criança, com as mãos levantadas, perguntei: – Posso conhecer-Te? Posso realmente conhecer-Te? Fiquei imaginado – Estou falando direito? Será que posso falar desse modo com o Espírito Santo? – Depois pensei: – Se Kathryn estava enganada, eu queria saber. Depois que falei com o Espírito Santo, nada pareceu acontecer. Comecei a questionar-me – Haverá realmente essa experiência de um encontro com o Espírito Santo? Isso pode ocorrer de verdade? Meus olhos estavam fechados. Em seguida, como sob a ação de um choque elétrico, meu corpo começou a vibrar – exatamente como acontecera nas duas horas em que esperei para entrar na igreja. Era o mesmo tremor que sentira por mais de uma hora lá dentro. Ele voltara e eu pensei: – Oh! Está acontecendo de novo. – Mas dessa vez não havia gente em volta. Nem roupas pesadas. Eu estava de pijama em meu quarto aquecido – vibrando dos pés à cabeça. Tive medo de abrir os olhos. Parecia que tudo o que acontecera naquela reunião tinha se combinado naquele momento único. Eu estava tremendo, mas senti de novo o cobertor quente do poder de Deus me envolvendo inteirinho. Senti como se tivesse sido transportado para o céu. É claro que não fui, mas acredito sinceramente que o céu não possa ser melhor do que aquilo. De fato, pensei: – Se abrir os olhos vou estar em Pittsburgh ou dentro de portões de pérolas. Abri os olhos depois de algum tempo e, para minha surpresa, continuava em eu velho quarto. O mesmo chão. O mesmo pijama. Embora ainda vibrasse com o poder do Espírito de Deus. Quando finalmente consegui dormir naquela noite, ainda não tinha noção do que se iniciava em minha vida. Minhas primeiras palavras. Bem cedo na manhã seguinte eu estava completamente desperto. E não podia esperar mais para falar com meu amigo recém encontrado. Estas foram as primeiras palavras que me saíram da boca: - “Bom dia, Espírito Santo”. No momento em que a pronunciei, a atmosfera gloriosa voltou ao meu quarto. Desta vez, porém, eu não estava vibrando nem tremendo. Tudo o que sentia foi o envolvimento da sua presença. No instante em que disse: – Bom dia, Espírito Santo – soube que Ele estava presente comigo no meu quarto. Eu não só fui cheio do Espírito naquela manhã, mas também recebi de sua plenitude cada vez que passei tempo em oração. Estou me referindo a algo além do falar em línguas. Eu falava em linguagem celestial, mas era muito mais do que isso. O Espírito Santo se tornou real. Ele veio a ser meu amigo, meu companheiro, meu conselheiro. A primeira coisa que fiz naquela manhã foi abrir a bíblia. Queria ter certeza. Quando abri a palavra, fiquei certo de que Ele estava comigo, como se estivesse sentado junto a mim. Não, não vi Seu rosto ou semblante, mas sabia que estava ali. E comecei a conhecer Sua personalidade. A partir daquele dia, a bíblia passou a ter uma dimensão inteiramente nova. – Espírito Santo, mostre isso para mim na palavra – Eu queria saber por que Ele tinha vindo e Ele me levou a esta passagem: “ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente” (Co 2.12). Quando perguntei por que Ele queria ser meu amigo, Ele me guiou até as palavras de Paulo: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam sobre vós”. (2 Co 13.13.) A bíblia ganhou vida. Eu jamais compreendera realmente o impacto deste trecho; “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor” (Zc 4.6). Ele confirmou repetidamente na palavra o que estava operando em minha vida. Por mais oito horas naquele dia e depois, dia após dia, passei a conhecê-Lo cada vez mais. Minha vida de oração começou a mudar. – Agora – eu disse, – Espírito Santo, desde que Tu conheces tão bem o Pai, quer me ensinar a orar? – E quando comecei a orar cheguei ao ponto em que o Pai tornou-se de repente mais real do que nunca antes. Era como se alguém tivesse aberto uma porta e dito: – Ei-lo aqui! Meu mestre, meu guia. A certeza da paternidade de Deus veio a ficar cada vez mais clara. Isso não aconteceu com a leitura de um livro, nem seguindo uma fórmula – A, B, C. Mas pedindo para o Espírito Santo abrir a palavra para mim. E Ele fez isso. “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba Pai” (Rm 8.14-15). Comecei a compreender tudo o que Jesus disse sobre o Espírito Santo. Ele era o meu consolador, meu mestre, meu guia. Compreendi pela primeira vez o que Jesus queria dizer quando ordenou aos discípulos: “Sigam-me”. De outra feita, Ele disse – “Não me sigam, porque vocês não podem ir onde eu vou”. – E prosseguiu, - “Mas o Espírito Santo guiará vocês”. Qual a intenção de Jesus? Cristo estava dando a eles outro líder. Outra pessoa a quem seguir. Minhas pesquisas das escrituras continuou dia após dia, durante semanas, até que todas minhas perguntas tivessem sido respondidas. No decorrer do tempo eu tinha passado a conhecer melhor o Espírito Santo. E essa comunhão não foi interrompida até hoje. Compreendi que Ele estava bem aqui junto de mim. Minha vida inteira se transformou. Acredito que isso acontecerá com a sua também. Quando me levantei hoje, eu repeti: – Bom dia, Espírito Santo! Capítulo 2 – De Haifa aos confins da terra Era mês de dezembro de 1952, em Haifa, Israel. Clemence Hinn, prestes à dar a luz ao seu segundo filho, se achava no hospital olhando para uma bela paisagem da janela do quarto da maternidade. As águas de um azul profundo do Mediterrâneo se estendiam até o infinito. Mas o coração daquela pequena mulher armênia estava perturbado, abalado pela amargura, medo e vergonha. Podia divisar ao longe o aglomerado de rochas no mar, os Rochedos de Andrômeda. A lenda grega afirma que a jovem Andrômeda estava acorrentada a um deles quando Perseu apareceu voando em seu cavalo alado, matou o monstro marinho e a salvou. Clemence queria que alguém descesse de algum modo e a salvasse de outro ano de humilhação e desgraça. Ela era uma grega ortodoxa piedosa, mas não sabia muito sobre o Senhor. Naquele quarto humilde de hospital, ela tentou, porém, fazer um trato com Ele. Enquanto permanecia na janela, seus olhos sondavam o céu, e falou do fundo do coração: - Deus, só tenho um pedido. Se me der um menino, eu o devolvo ao Senhor. Ela repetiu: – Por favor, Deus. Se me der um menino, eu o devolvo ao Senhor. Haifa Seis lindas rosas O primeiro filho de Constandi e Clemence Hinn foi uma bela menina, chamada Rose. Mas na cultura inflexível do Oriente Médio – e especialmente na tradição ancestral dos Hinn – o primogênito deveria ser um filho e herdeiro. A família de Contandi, que imigrara da Grécia para a Palestina, começou a perseguir Clemence por seu fracasso em produzir menino. – Como sabe, – censuravam eles – todas as suas cunhadas tiveram meninos. Eles zombavam e escarneciam até que chorasse e ela sentia embaraço e a vergonha num casamento que seus pais tinham arranjado tão cuidadosamente. Seus olhos continuavam úmidos naquela noite ao pegar no sono. Durante a noite teve um sonho de que lembra até hoje – Vi seis lindas rosas em minha mão – diz ela. E vi Jesus entrar em meu quarto. Ele veio e pediu que lhe desse uma e eu entreguei. Enquanto o sonho continuava, um jovem baixo e magro, de cabelos negros (ela lembra cada traço do seu semblante), se aproximou e envolveu- a num tecido quente. Ao despertar ela se perguntou: – Qual o significado desse sonho? O que será? No dia seguinte, três de dezembro de 1952, eu nasci. Nossa família viria a ter no futuro seis meninos e duas meninas, mas minha mãe jamais se esqueceu do seu trato com Deus. Ela contou-me mais tarde o seu Sonho e disse que eu era a rosa que entregou a Jesus. Fui batizado na igreja Ortodoxa Grega pelo patriarca de Jerusalém, Benedictus. De fato, durante a cerimônia ele me deu esse nome. Nascer na Terra Santa significava ter vindo ao mundo numa atmosfera onde a religião lança uma grande sombra inevitável. Aos dois anos fui matriculado numa pré-escola católica e ensinado formalmente por freiras e mais tarde por monges, durante quatorze anos. Haifa era para mim uma linda cidade. A palavra quer dizer exatamente isso – linda. Haifa em árabe, Jope em grego antigo, ou Yafo em hebraico. Em qualquer idioma, o sentido é o mesmo. Quando menino, eu gostava muitíssimo de ouvir a história do lugar onde vivia. Haifa foi fundada antes de serem iniciados os registros. Ela é mencionada como uma cidade cananita na lista de tributos do Faraó Tutmos II no século XV A.C., antes de Josué ter travado a batalha de Jericó. Foi nela que o rei fenício de Tiro, Hirão, descarregou madeira de cedro para o templo de Salomão. Embora fascinante, a história não fora bondosa com a minha cidade. Haifa tinha sido invadida, capturada, destruída e reconstruída várias vezes. Simão Macabeu, Vespasiano, os mamelucos, Napoleão e Allenby, todos se apossaram dela. Haifa veio a ser colocada em uma nova nação, o estado profetizado de Israel, só seis anos antes do meu nascimento. Mas a comunidade propriamente dita não era judia. O prefeito Hinn Meu pai foi prefeito de Haifa durante a minha infância. Ele era um homem forte, com cerca de 1,85m e 120kg e uma capacidade natural para a liderança. Era forte em todos os sentidos – fisicamente, mentalmente e na sua vontade férrea. Sua família imigrara da Grécia para o Egito antes de estabelecer-se na Palestina. Mas “ser de outro lugar” era comum. Haifa da minha infância era verdadeiramente uma cidade cosmopolita. Andando pela Rua Raziel e entrando na Tower Square onde se acha a Abdul Hamid Jibilee Clock Tower, a cadeia com muros de pedra, e a Grande Mesquita, construída em 1810, eu podia ouvir os habitantes conversando em francês, búlgaro, árabe, e outros idiomas. Nos quiosques e cafés ao ar livre, eu saboreava baklava , zlabiya, falafel, sum-sum, e dúzias de outras delícias. Ali estava eu então, nascido em Israel, mas sem ser judeu. Criado numa cultura árabe, mas não de origem árabe. Freqüentando escola católica, mas educado como grego ortodoxo. As línguas são fáceis de aprender nessa parte do mundo. Eu pensava que todos deveriam falar três ou quatro delas. Nós usávamos o árabe em nossa casa, mas na escola as freiras católicas ensinavam em francês, exceto o Antigo Testamento, que era estudado em hebraico antigo. Durante minha infância, os cem mil habitantes de Haifa haviam sido engolidos pela população judia de Tel Avive, em explosão para o norte. A metrópole hoje tem o nome oficial de Tel Avive Haifa. Mais de quatrocentas mil pessoas vivem nessa área. Tel Avive começou na verdade com uma experiência judia em 1909, quando sessenta famílias compraram 32 acres de dunas arenosas desguarnecidas ao norte de Haifa e foram se estabelecer ali. Elas estavam cansadas do confinamento e do ruído dos quarteirões árabes onde viviam. A expansão continuou até que Tel Avive se tornou a maior cidade de Israel. Embora meu pai não fosse judeu, os líderes israelitas confiavam nele. E ficaram felizes em ter alguém em Haifa que pudesse comunicar-se com uma comunidade internacional. Tínhamos orgulho do seu círculo de amigos, que incluía muitos líderes nacionais. Ele foi convidado para ser embaixador de Israel em países estrangeiros, mas preferiu permanecer em Haifa. A família não recebia, porém muito do seu tempo. Eu não posso, na verdade, dizer que conhecia meu pai naquela época. Sua presença parecia ser sempre exigida em alguma função oficial ou reunião importante. Meu pai não era uma pessoa extrovertida, mas rigorosa, e raramente manifestava qualquer sinal de afeição. (Minha mãe, no entanto, supria essa deficiência). Isso fazia também parte da cultura. Homens eram homens. Vivíamos confortavelmente. A posição de meu pai no governo possibilitava a manutenção de uma casa nos subúrbios. Era uma linda casa, rodeada por muros altos, com cacos de vidro na parte superior para segurança. Minha mãe podia ser chamada de dona de casa na acepção da palavra, pois criar aquela prole de pequenos Hinn era tarefa de tempo integral. Um casulo católico À medida que minha educação prosseguiu, passei a considerar-me católico. O processo foi iniciado bem cedo. A pré-escola que eu freqüentava era, na verdade, uma espécie de convento, onde se celebrava regularmente a missa. Meus pais não protestavam, porque uma educação na escola católica era considerada a melhor possível. Nos dias de semana eu estudava com as freiras, e no domingo ia à igreja ortodoxa grega com mamãe e papai. Isso não constituía um problema na poliglota Haifa. A lealdade a uma igreja específica não importava tanto. Eu era católico? Completamente. O catolicismo era a minha vida de oração. Ele ocupava meu tempo e atenção cinco dias por semana. Tornou- se a minha mentalidade. Eu praticamente morava no convento e, nesse casulo, me distanciei muito do mundo. Fui também separado do mundo de um modo infeliz. Desde a minha tenra infância sofria de forte gagueira. À menor pressão social ou nervosismo eu começava a gaguejar, sendo isso para mim quase insuportável. Achava difícil fazer amigos. Algumas crianças zombavam de mim e outras apenas se mantinham distantes. Eu não sabia quase nada dos acontecimentos mundiais, apenas o que meus professores queriam que soubesse. Mas era um conhecedor da vida católica. No decorrer de minha educação, passei a estudar no College de Freres (Colégio dos Irmãos) e fui ensinado por monges. Mesmo quando pequeno, eu já era extremamente religioso. Orava e orava, provavelmente mais do que alguns cristãos oram hoje. Mas sabia apenas a Ave Maria, o Credo, o Pai Nosso e outras orações prescritas. Só raramente eu falava de fato com o Senhor. Quando tinha um pedido específico, eu o mencionava. Por outro lado, minha vida de oração era muito organizada, muito rotineira. O principal conceito parecia ser: “Você deve sofrer quando ora”. E isso era fácil. Não havia praticamente onde ajoelhar, exceto nas pedras brancas de Jerusalém que estavam em toda a parte. Quase todas as casas são construídas desse material. As escolas que freqüentei não tinham carpete, só um chão simples de pedra branca. Acabei por acreditar que se você não sofresse com a súplica, o Senhor não iria ouvi-lo, que o sofrimento era o melhor meio de obter o favor de Deus. Embora quase nenhuma espiritualidade acompanhasse o ensino, continuo sendo grato à base bíblica que recebi. Penso muitas vezes: – Quantas crianças aprenderam o Antigo Testamento em hebraico? E nossas viagens campestres tornavam literalmente viva a palavra de Deus. Visitamos certa vez o Neguebe, onde chegamos perto dos poços que Abraão cavara, aprendendo a respeito dele. Essa experiência ficara comigo para sempre. Suas vestes eram mais alvas que a neve. Deus tem falado comigo várias vezes durante a minha vida através de visões. No decorrer de meus anos em Haifa, isso só aconteceu uma vez, quando eu não passava de um garoto de onze anos. Creio que foi nessa ocasião que Deus começou a mover-se em minha vida. Posso lembrar da visão como se tivesse sido ontem. Eu vi Jesus entrar em meu quarto. Ele usava trajes mais alvos que a neve e um manto vermelho escuro drapejado sobre a veste. Vi seu cabelo. Olhei em seus olhos. Vi os sinais dos cravos em Suas mãos. Vi tudo. É preciso que compreenda que eu não conhecia a Jesus. Eu não pedira que entrasse em meu coração. Mas no momento em que O vi, eu O reconheci. Sabia que era o Senhor. Quando isso aconteceu, eu estava dormindo, mas de repente uma sensação incrível, que só pode ser descrita como “elétrica”, tomou conta do meu pequeno corpo. Era como se alguém tivesse me ligado numa tomada. Senti um formigamento como de agulhas – milhares delas- percorrendo meu organismo. O Senhor ficou então diante de mim enquanto eu dormia profundamente. Ele olhou diretamente para mim com os olhos mais belos que já contemplara. Ele sorriu e Seus braços estavam bem abertos. Eu podia sentir a Sua presença. Foi maravilhoso e jamais esquecerei. O Senhor não me disse uma palavra. Ele apenas olhou para mim, e depois desapareceu. Acordei imediatamente. Eu mal conseguia entender o que acontecera, mas não fora um sonho. Deus permitiu que eu tivesse essa visão que causasse uma impressão indelével em minha jovem vida. Quando acordei, a sensação extraordinária ainda perdurava. Abri os olhos e olhei ao redor, mas o sentimento intenso e poderoso continuava em meu íntimo. Sentia-me totalmente paralisado, não podia mover nenhum músculo. Nem uma pestana. Achava-me completamente congelado ali. Todavia, mantinha o controle. Esse sentimento invulgar me envolveu, mas não me dominou. Eu estava certo de que se dissesse: – Não, não quero isso – a experiência teria sumido. Mas, eu não disse nada. Enquanto me mantinha ali, acordado, o sentimento predominou e depois foi embora lentamente. De manhã contei a experiência a minha mãe e ela ainda se lembra do que disse: – Você deve ser um santo. Coisas assim não aconteciam às pessoas em Haifa, quer fossem católicas ou gregos ortodoxos. É claro que eu não era um “santo”, mas minha mãe acreditava que, se Jesus viera até mim, Ele deveria estar me separando para um chamado superior. Enquanto Deus tocava minha vida, outros fatores que iriam mudar completamente o futuro de minha família começavam a operar. Até os confins da terra. De Gaza às colinas de Golan Como eu morava em Israel, na década de 60, estava a par da tensão política crescente. As incursões árabes no território de Israel eram quase diárias ao longo das fronteiras que dividiam o Egito da Jordânia e da Síria. E o exército de Israel retaliava regularmente, atacando com suas tropas. Em maio de 1967, Israel e os três países árabes alertaram suas forças armadas para a possibilidade de uma guerra. A pedido do Egito, as tropas das Nações Unidas deixaram a faixa de Gaza e a Península do Sinai. A seguir, no dia cinco de junho de 1967, os aviões de Israel atacaram os campos de aviação do Egito, Jordânia e Síria. Esse conflito foi chamado de Guerra dos Seis Dias. Em menos de uma semana, os israelitas destruíram quase completamente as forças aéreas árabes. As tropas israelitas ocuparam a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a Margem Ocidental, e as Colinas Sírias de Golan. Israel dominou em pouco tempo o território árabe, totalizando mais de três vezes sua extensão de terra original. Jamais esquecerei o dia, em princípios de 1968, em que meu pai reuniu a família e nos contou que estava fazendo planos para migrarmos. Ele nos disse: – Por favor, não discutam o assunto com ninguém, porque pode haver problemas com nossos vistos de saída. O plano inicial era nos mudarmos para a Bélgica. Meu pai tinha ali alguns parentes e a idéia de mudar para um país de fala francesa parecia excitante. Afinal de contas, eu fora educado nesse idioma. Certa noite um adido da embaixada canadense visitou-nos para mostrar um filme de curta metragem sobre a vida no Canadá. Toronto parecia uma cidade florescente. Dois irmãos do meu pai viviam ali, mas nós duvidávamos que estivessem financeiramente qualificados para serem nossos patrocinadores oficiais. Os problemas ligados à nossa partida pareciam crescer a cada dia. Houve uma ocasião em que meu pai informou que talvez não pudéssemos deixar o país antes de cinco anos. Eu fiz um trato com Deus A essa altura estávamos tão ansiosos para partir que me ajoelhei naquelas pedras de Jerusalém e fiz um voto a Deus: – Senhor, – orei – se o Senhor nos tirar daqui, eu lhe farei o maior frasco de óleo de oliva que puder encontrar. – e acrescentei: – Quando chegarmos a Toronto, eu o levarei à igreja e o oferecerei ao Senhor em ação de graças. No ambiente em que eu crescera, fazer tratos com Deus não era coisa incomum. E o óleo de oliva era um artigo de alto preço. Fiz então o voto. Dentro de poucas semanas, um jovem da embaixada canadense telefonou a meu pai para dizer:– Sr. Hinn, arranjamos tudo, não me pergunte como. Todos os seus papéis estão em ordem e o senhor pode partir quando quiser. Não demorou muito. Vendemos quase todos os nossos bens e nos preparamos para uma nova vida na América do Norte. Naqueles últimos dias na Terra Santa, eu tive uma sensação intensa de que alguma coisa grandiosa estava para acontecer. Eu sabia que ia deixar uma cidade especial, mas sentia que o melhor ainda estava por vir. Jonas embarcou no porto da antiga cidade de Jope, a minha Haifa. E o resultado foi a salvação de Nínive. Quantas vezes eu subia à Cidadela, o alto monte que ficava a cavaleiro do porto. Junto ao farol uma igreja franciscana, construída em 1654, e perto deles se achava o lugar da casa de Simão, o Curtidor, onde o apóstolo Pedro morou por algum tempo e teve uma visão que mudou o mundo. Ao ouvir a voz de Deus dizendo que deveria aceitar tanto gentios como judeus na igreja, Pedro respondeu: “Reconheço por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável”. (Atos 10.34-35). A partir desse momento a mensagem de Cristo espalhou-se de Jope para Cesaréia e até os confins da terra, tocando toda a humanidade. Enquanto seguíamos de carro pela estrada Haganah até o aeroporto de Lod, eu fiquei imaginando: – Será que vou ver de novo este lugar? – Pensei nas freiras católicas que haviam me ensinado com tanto amor. Teria visto o rosto delas pela última vez? Ao atravessarmos as águas do Mediterrâneo, olhei ao longe e disse meu derradeiro adeus a Haifa. Tinha um nó na garganta. A cidade fora um lar para mim em meus quatorze anos de vida. Sorvete no quiosque A família Hinn chegou a Toronto em julho de 1968 sem qualquer propaganda. Era assim que meu pai queria. Não tivemos comitê de recepção e não havia um emprego em vista para ele. Chegamos com a roupa do corpo, alguns bens nas malas e um pouco de dinheiro das vendas de nossas coisas em Haifa. Era o suficiente para vivermos por um breve espaço de tempo Nossa nova vida começou num apartamento alugado. Que choque aterrissar de repente numa cultura “estrangeira”. Eu conseguia gaguejar em várias línguas, mas o inglês não era uma delas. “Um, dois, três” era o máximo que sabia. Meu pai, no entanto, havia estudado inglês suficientemente bem para preencher um pedido de emprego. E teve êxito. “Ele aceitou o desafio de tornar-se, dentre todas as coisas, um vendedor.” Não sei se foi o peso de ter de sustentar uma grande família ou a sua confiança natural em tratar com as pessoas, mas o fato é que meu pai se tornou um sucesso imediato em sua recém descoberta profissão. Antes que se passassem muitos meses, nos mudamos para a nossa nova casa. Estávamos todos orgulhosos dela. A vida mudou rapidamente para mim. Em vez de freqüentar uma escola católica particular, fui para uma escola pública. A Escola Secundária George Vanier. Como a maioria dos garotos na escola trabalhava meio período, eu também quis fazer o mesmo. Vivíamos no distrito North York de Toronto e não muito distante de nós fora aberta a nova Alameda Fairview. Eu pedi um emprego num pequeno quiosque que vendia hambúrgueres e sorvete. Embora não tivesse experiência prévia eles me admitiram. Todo dia depois da escola eu ia para lá. Certo Sábado, porém, entrei numa mercearia e perguntei ao gerente: – Onde está o óleo de oliva? Quero o maior frasco ou lata que tiver. Ele encontrou um frasco bem grande e me deu. No dia seguinte eu entrei orgulhoso na igreja ortodoxa grega e cumpri o voto que fizera a Deus. Coloquei o óleo na frente do altar e disse baixinho: – Obrigado, Senhor. Obrigado por nos trazer em segurança para o nosso novo lar. Meu coração estava tão cheio quanto aquele frasco de óleo. Eu trabalhava o melhor possível no quiosque. Por causa da minha gagueira, não conversava muito, mas me tornei perito em colocar o sorvete nas casquinhas. Eu trabalhava com um rapaz chamado Bob. Bob tinha perdido o juízo? Não vou me esquecer daquele dia em 1970 quando cheguei ao trabalho e descobri que Bob tinha feito uma coisa muito estranha. Ele colocara em todas as paredes do quiosque pequenos pedaços de papel com versículos bíblicos escritos neles. Pensei que ficara maluco. Eu sabia que ele era cristão, pois me contara. Mas aquilo não era um pouco demais? Disse a mim mesmo: - Por que será que fez isso? Será para mim? Provavelmente conheço melhor a bíblia do que ele. Finalmente perguntei: - Qual a razão desses papeizinhos? – Bob começou imediatamente a dar-me o seu testemunho. Achei que não iria acabar nunca. Quando terminou, decidi que ficaria o mais longe possível daquele sujeito amalucado. Tentei evitá-lo ao máximo. Mas foi quase impossível, pois trabalhávamos juntos. Ele tocava no assunto de religião a toda hora. Mais que isso, porém, ele queria falar sobre o “novo nascimento”, uma frase que não estava em meu limitado vocabulário, nem em meu conceito da Escritura. Bob finalmente deixou o quiosque, mas muitos de seus amigos freqüentavam a minha escola. Nos dois anos que se seguiram, tomei cuidados extremos para evitá-los. Eu pensava: - Eles são um bando de excêntricos. – Eles pareciam realmente estranhos. Falavam de modo estranho. Eram o completo oposto das freiras que me haviam ensinado. Durante meu último ano na Georges Vanier, pela segunda vez em minha vida, tive um encontro com o Senhor. Ele entrou em meu quarto para visitar-me, desta vez na forma de um sonho inesquecível. Em Haifa, aos onze anos, a visão de Jesus de pé em minha frente deixara uma impressão indelével. Mas agora, em Toronto, o fato não aconteceu enquanto estudava a Escritura. Eu ainda freqüentava a igreja, mas o evento ocorreu inesperadamente, e fiquei aturdido com a experiência. Quero contar-lhe exatamente o que aconteceu em meu quarto naquela noite fria de fevereiro de 1972. Em meio ao sonho, eu comecei a descer uma escada escura e comprida. Ela era tão íngreme que pensei que ia cair e seguia em direção a um abismo sem fundo. Eu estava preso por uma corrente a um prisioneiro à minha frente e outro atrás de mim. Minhas roupas eram as de um sentenciado. Havia cadeias em meus pés e ao redor do meu pulso. Tanto na frente como atrás de mim a fila de cativos era infindável. Depois disso, na névoa sinistra daquele poço mal iluminado, vi um grande número de pessoas pequeninas se movendo. Eram parecidas com duendes, com orelhas de forma estranha. Não podia ver seus rostos e suas formas mal se distinguiam, mas estávamos sendo obviamente empurrados escada abaixo por eles, como uma manada de gado para o matadouro – ou pior ainda. De súbito, vindo de não sei onde, apareceu o anjo do Senhor. Oh, como foi maravilhoso contemplá-lo. O ser celestial pairou um pouco à minha frente, a apenas alguns passos. Eu jamais vira algo assim antes, nem mesmo em sonhos. Um anjo luminoso e belo no meio daquele buraco escuro e tenebroso. Quando olhei de novo, o anjo fez sinal para aproximar-me. Ele olhou então em meus olhos e me chamou. Meus olhos se ficaram fixos e comecei a andar na sua direção. As cadeias caíram instantaneamente de minhas mãos e pés. Eu não estava mais preso aos meus companheiros. O anjo me levou apressadamente através de uma porta e no momento em que penetrei na luz, o ser celestial me tomou pela mão e me deixou cair na estrada Don Mills, bem na esquina da Escola Georges Vanier. Ele me deixou a poucos centímetros do muro da escola, bem ao lado de uma janela. O anjo desapareceu num segundo e eu acordei cedo e corri para a escola, para estudar na biblioteca antes das aulas começarem. Eu mal podia piscar Enquanto estava ali sentado, sem sequer pensar no sonho, um pequeno grupo de estudantes veio em minha direção. Eu os reconheci imediatamente. Eram aqueles que tinham ficado me aborrecendo com toda aquela conversa sobre “Jesus”. Eles me convidaram para participar de sua reunião de oração matutina. A sala ficava ao lado da biblioteca. Pensei: – Vou livrar-me deles para sempre. Uma pequena reunião de oração não vai me prejudicar. Respondi: – Está bem – e fomos juntos para a sala. O grupo não era grande, apenas 12 ou 15 garotos. E a minha cadeira ficava bem no meio. De repente, o grupo inteiro levantou as mãos e começou a orar em línguas engraçadas e desconhecidas. Eu nem sequer fechei os olhos. Mal podia piscar. Ali estavam alunos com 17, 18, 19 anos de idade, rapazes que eu havia conhecido na aula, louvando a Deus com sons ininteligíveis. Eu jamais ouvira mencionar o falar em línguas e fiquei atônito. Pensar que Benny se achava numa escola pública, em propriedade pública, sentado no meio de um bando de fanáticos, estava além da minha compreensão. Não orei, fiquei só observando. O que aconteceu em seguida foi mais do que eu poderia ter imaginado. Fui tomado por uma estranha vontade de orar. Mas eu não sabia o que dizer. A “Ave Maria”, não me parecia apropriada para o que estava sentindo. Eu jamais aprendera a “oração do pecador“ em qualquer uma de minhas aulas de religião. Tudo que conseguia lembrar de meus encontros com o “povo de Jesus” era a frase: “Você precisa conhecer Jesus”. Essas palavras pareciam deslocadas para mim porque eu achava que O conhecia. Foi um momento embaraçoso. Ninguém estava orando comigo ou sequer por mim. Todavia, a atmosfera espiritual mais intensa que já sentira me cercava. Seria eu um pecador? Não achava que era. Eu era apenas um bom rapazinho católico, que orava todas as noites e confessava o seu pecado quer necessitasse ou não. Mas naquele instante fechei os olhos e disse três palavras que mudaram a minha vida para sempre. Eu disse em voz alta: – Volte, Senhor Jesus. Não sei por que falei isso, mas foi só o que saiu da minha boca. Repeti várias vezes essas palavras: – Volte, Senhor Jesus, Volte, Senhor Jesus. Eu pensava que Ele saíra da minha casa ou de minha vida? Na verdade não sabia. Mas no momento em que pronunciei essas palavras um sentimento estranho me envolveu, levando-me de volta ao torpor que sentira aos onze anos. Era menos intenso, mas a voltagem daquela mesma força se repetira em mim. Ela me atravessava. O que realmente percebi, no entanto, foi aquela onda de poder me purificando – instantaneamente, de dentro para fora. Eu me senti absolutamente limpo, imaculado e puro. De repente via a Jesus com os meus próprios olhos. Aconteceu num momento. Ali estava Ele, Jesus. Cinco para as oito Os alunos ao meu redor não podiam saber o que se passava comigo. Estavam todos orando. A seguir, um a um, eles começaram a sair da sala dirigindo-se para as classes. Faltavam cinco minutos para as oito horas da manhã. A essa altura eu me encontrava ali sentado, chorando. Não sabia o que fazer nem o que dizer. Não entendi na hora o que ocorrera, mas Jesus se tornou tão real para mim como o chão debaixo dos meus pés. Eu não fiz qualquer oração, além daquelas três palavras. Sabia, porém, sem qualquer dúvida, que algo extraordinário acontecera naquela manhã de fevereiro. Atrasara-me para a aula de História, que era uma das minhas matérias favoritas. Estávamos estudando a Revolução Chinesa. As palavras do professor ficaram, entretanto, perdidas para mim. Não me lembro de nada do que foi dito. A sensação que começara naquela manhã não me abandonava. Cada vez que eu fechava os olhos, ali estava Ele – Jesus. E mesmo quando abria os olhos, Ele continuava ali. O semblante do Senhor não me deixava. Fiquei enxugando as lágrimas dos olhos o dia inteiro. E a única coisa que podia dizer era: – Jesus, eu O amo... Jesus, eu O amo. Quando saí da escola andei pela calçada até a esquina, olhei para a janela da biblioteca e as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar. O anjo. O sonho. Tudo voltou. O que Deus estava querendo dizer-me? O que ocorria com Benny? Capítulo 3 – Tradição, Tradição. Entrei em meu quarto e, como que magnetizado, fui atraído por aquela grande bíblia negra. Era a única bíblia em nossa casa. Mamãe e papai não tinham uma. Eu não sabia de onde ela viera, mas fora desde quando podia lembrar. As páginas mal tinham sido viradas desde a nossa chegada ao Canadá, mas agora orei: - Senhor, o Senhor precisa mostrar-me o que aconteceu hoje. – Abri a escritura e comecei a devorá-la como um homem faminto que acabou de receber um pedaço de pão. O Espírito Santo tornou-se meu professor. Eu não tinha idéia disso no momento, mas foi exatamente o que começou milagrosamente a acontecer. Os rapazes da reunião de oração me disseram: - Olhe, é isto o que a bíblia diz. – Eles não disseram nada. De fato, não imaginava o que havia ocorrido durante as últimas vinte quatro horas. Como é natural, eu também não contei nada a meus pais. Comecei lendo os evangelhos. Descobri-me dizendo em voz alta: - Jesus, entre em meu coração. Por favor, Senhor Jesus, entre em meu coração. Versículo após versículo, eu vi o plano da salvação se desenrolando. Era como se eu nunca tivesse lido a bíblia antes. Oh! Meu amigo, ela estava viva. As palavras jorravam de uma fonte, e eu bebia livremente dela. Finalmente, às três ou quatro da manhã, envolto numa paz tranqüila que não conhecera antes, adormeci. Participando No dia seguinte, na escola, procurei aqueles “fanáticos” e lhes disse: - Gostaria que me levassem à sua igreja. Eles me falaram sobre um encontro semanal que freqüentavam e se ofereceram para levar-me dois dias depois. Naquela noite de quinta feira eu me achei nas “catacumbas”. Era esse o nome que lhe davam. O culto se parecia com o da reunião de oração na escola, as pessoas levantavam as mãos, adorando o Senhor. Desta vez, porém, eu fiz o mesmo. “Jeová Jiré, meu provedor, Sua graça é suficiente para mim”, eles repetiam cantando. Gostei dessa música desde a primeira vez que a ouvi. E gostei ainda mais quando soube que fora escrita pela mulher do pastor. Merla Watson. Seu marido, Merv, era o pastor daquele rebanho invulgar. A igreja Catacumbas não era uma igreja típica. As pessoas que freqüentavam eram apenas um grupo exuberante de cristãos que se reunia toda noite de quinta feira na Catedral de São Paulo, uma igreja anglicana no centro de Toronto. Aqueles dias do “Movimento de Jesus” em que os chamados “hippies” estavam sendo salvos mais depressa do que conseguiam cortar os cabelos. Por falar nisso, eu também não sentava na cadeira de barbeiro há algum tempo. Olhei em volta. O lugar estava lotado de rapazinhos como eu. Você devia ver. Eles estavam saltando, dançando, e fazendo barulho alegre diante do Senhor. Era difícil para mim acreditar na existência de um lugar assim. Mas, de alguma forma, desde essa primeira noite, eu tive um sentimento de “pertencer”. “Venha” No final do encontro, Merv Watson disse: – Todos os que quiserem fazer uma confissão pública do seu pecado venham para a frente. Vamos orar com vocês enquanto pedem para Cristo entrar em seu coração. Comecei a tiritar e tremer. Mas pensei: - Acho que não devo ir, porque já sou salvo. – Eu sabia que o Senhor tomara o controle de minha vida às cinco para as oito da manhã de segunda–feira. E estávamos na quinta. Você já adivinhou. Dentro de segundos me vi andando pela nave o mais depressa que podia. Eu não tinha uma noção exata do motivo que me levara a isso, mas algo dentro de mim dizia: - Vá para lá. Foi nesse instante, num culto carismático em uma igreja anglicana, que este pequeno e bom católico de um lar grego ortodoxo fez uma confissão pública de sua aceitação de Cristo. – Jesus, – eu disse – estou pedindo que seja o Senhor da minha vida. A Terra Prometida não podia se comparar a isto. Era muito melhor estar onde Jesus estava do que onde ele costuma estar. Naquela noite, quando cheguei em casa, eu me sentia tão cheio da presença do Senhor que decidi contar à minha mãe o acontecido. (Não tive coragem de contar a meu pai). Mamãe, tenho que contar-lhe uma coisa, - falei baixinho. – Fui salvo! Num instante o queixo dela endureceu. Ela olhou fixamente para mim e falou decidida. – Salvo do que? – Confie em mim, - respondi – Você vai compreender. Na manhã de sexta feira e durante o dia inteiro, na escola, no quiosque, em todo lugar que ia, um quadro surgia diante de mim. Eu me via pregando. Era inconcebível, mas não conseguia mudar a imagem. Eis- me ali, usando terno, cabelo cortado e bem penteado, pregando sobre uma tempestade. Naquele dia encontrei Bob, meu amigo “estranho” que havia certa vez enchido as paredes do quiosque com trechos da bíblia. Contei resumidamente a ele o que acontecera naquela semana e lhe disse que até me vira pregando. – Bob, – disse eu – o dia inteiro foi assim. Não consigo tirar de minha cabeça esse quadro de minha pregação em enormes campanhas ao ar livre, em estádios, em igrejas e salões de concerto. – Começando a gaguejar, eu continuei dizendo: – Posso ver as pessoas, até onde o olhar alcança. Será que estou perdendo a razão? O que você acha que significa isso? Só pode ser uma coisa: - respondeu ele. – Deus está preparando você para um grande ministério. Acho maravilhoso. Lançado fora Não tive em casa este tipo de estímulo. É claro que não podia contar a eles o que o Senhor estava fazendo. A situação era péssima. Humilhação e vergonha Minha família inteira começou a me provocar e ridicularizar. Foi horrível. Eu esperava isso de meu pai, mas não de minha mãe. Enquanto eu estava crescendo, ela sempre me mostrara muita afeição. Assim como meus irmãos e irmãs. Mas agora eles me tratavam com desprezo como se fosse um intruso que não pertencia à família. “Tradição, tradição!” diz a música em um violinista no telhado. Se um oriental quebra a tradição, ele comete um pecado imperdoável. Duvido que o ocidental jamais venha entender a gravidade dessa atitude. E isso não pode ser perdoado. Todos em casa me disseram: – Benny, você esta desgraçando o nome da família. – Suplicaram para que não desonrasse a sua reputação. Meu pai tinha sido prefeito, e lembrou-me disso. O “nome” da família estava em jogo. Peço que me compreenda quando digo que os gregos ortodoxos e os que pertencem a outras ordens “superiores” da igreja oriental, são talvez as pessoas mais difíceis de se levar a um cristianismo “pessoal”. Quando me tornei um cristão nascido de novo, isso de fato os envergonhou. Por quê? Por acreditarem que eles são os cristãos verdadeiros. E possuem documentos históricos para prová-lo. São cristãos a mais tempo do que ninguém. Mas este é o problema e fui criado com ele. A sua fé é longa na forma, ritual e dogma, mas curta na unção de Deus. Falta-lhes poder. Como resultado, não têm, virtualmente, compreensão do que significa ouvir ao Senhor ou ser “guiado pelo Espírito”. Tornou-se óbvio que, para permanecer em minha casa, eu teria de calar-me a respeito de Cristo. Nada, entretanto poderia diminuir as chamas de minha fé recém encontrada. Eu era como uma brasa ardente que não deixava de queimar. Eu abria a minha enorme bíblia logo de manhã. O espírito Santo continuava a revelar a palavra, mas isso não bastava. Toda noite em que podia “escapar” de casa, ia para um culto da igreja, uma reunião de jovens ou de oração. Nas noites de quinta feira voltava às Catacumbas. Jamais poderei apagar da memória o dia em que mencionei a Jesus em nossa casa. Meu pai se aproximou de mim e esbofeteou-me. Senti a dor. Não eram as pedras de Jerusalém desta vez, mas um tipo diferente de sofrimento. A dor que senti era pela minha família. Eu os amava tanto e queria mais que tudo a sua salvação. A culpa foi realmente minha. Meu pai tinha me avisado: – Se mencionar outra vez o nome de Jesus, desejará não tê-lo feito. – ele rosnou ao ameaçar pôr-me fora de casa. Comecei a falar com minha irmãzinha Mary sobre o Senhor. Meu pai descobriu e seu ódio ferveu novamente. Ele me proibiu de falar com ela sobre coisas espirituais. Hora do psiquiatra Até meus irmãos me perseguiam. Eles me chamavam de todo nome em que podiam pensar e até alguns mais vulgares. E isso por muito tempo. Eu orava em meu quarto – Senhor, será que não vão parar? Será que vão Te conhecer um dia? As coisas chegaram a um ponto que eu não podia conversar com nenhum membro da família. Não precisei procurar a definição de ostracismo. Eles fizeram minha avó voar de Israel para me dizer que estava louco. – Você é um embaraço para o nome da família – disse ela. – Não compreende a vergonha que está causando? Meu pai marcou uma consulta no psiquiatra. Papai evidentemente achava que eu tinha perdido a razão. E qual foi a conclusão do médico? – Seu filho talvez esteja atravessando uma espécie de fase. Ele vai sair dela. Seu método seguinte foi arranjar-me um emprego que me ocupasse, a ponto de não ter tempo para aquele “Jesus”. Ele procurou um de seus amigos dizendo – Gostaria que oferecesse um emprego para meu filho Benny. Papai me levou até ao escritório dele e esperou no carro enquanto entrava. O homem era um dos mais rudes, grosseiros e mesquinhos que eu já encontrara. Claro que não poderia trabalhar para alguém assim. Voltei para o carro e disse: – Papai, eu não conseguiria trabalhar com um chefe desses. Tive pena de meu pai naquele dia. Ele estava no fim dos seus recursos. E me disse: – Benny, o que quer que faça por você? Pode dizer. Farei tudo o que pedir, basta que abandone esse Jesus. Papai – respondi, – você pode pedir o que quiser, mas eu prefiro morrer a desistir do que encontrei. Foi uma cena deprimente. Ele se transformou de um pai amigo em um estranho sarcástico. Tudo que tinha a oferecer era outra torrente de ódio, novas acusações verbais. Durante um ano – quase dois – meu pai e eu quase não nos comunicamos. Ele não olhava para mim na mesa do jantar. Eu era completamente ignorado. Tornou-se finalmente insuportável até sentar-me e assistir ao noticiário com minha família. O que restava então? Mas, em retrospecto, posso ver que o Senhor sabia exatamente o que estava fazendo. Minha bíblia sempre estava aberta. Eu orava. Eu estudava. Eu me banqueteava com o maná celestial que iria me sustentar nos anos subseqüentes. Devo obedecer ao Senhor Minha ida à igreja era um problema gigantesco. Como desejava fazê-lo! Mas meu pai tinha dito – Absolutamente não – repetidas vezes. De fato, essas foram praticamente as únicas conversas que tivemos – brigas por causa da casa do Senhor.Os orientais consideram a desobediência aos pais inconcebível. Mas agora eu tinha quase vinte e um anos. E me lembro vivamente da noite em que tomei coragem para dizer ao meu pai – Posso obedecê-lo em qualquer coisa, mas na questão de ir à igreja não vou obedecer. Devo obedecer ao Senhor! Ele ficou estupefato. Parecia que alguém dera um tiro nele e pareceu ficar ainda mais indignado. Por respeito, fiz o possível para ser obediente. Eu perguntava: – Posso ir à reunião esta noite? – Ele respondia não e eu ia para o meu quarto orar: – Por favor, Senhor, faça o meu pai mudar de idéia. Eu descia então novamente e perguntava: – Posso ir?- Não, resmungava ele. E eu voltava para o quarto. Aos poucos ele começou a ceder. Ele sabia que era uma batalha perdida. As Catacumbas alugaram um outro prédio para os cultos de domingo e eu pude comparecer. Os estudos bíblicos eram feitos nas terças e sextas feiras, e havia um encontro de jovens nas noites de sábado. Essas reuniões constituíam toda a minha vida. Nos dois anos após minha conversão, meu crescimento espiritual foi como o de um foguete entrando em órbita. Em fins de 1973, Merv e Merla Watson começaram a convidar-me para juntar-me a eles na plataforma para ajudar na liderança do culto e dos cânticos. Mas eu não tinha condições de falar em público. Jim Poynter, o pastor Metodista Livre, cheio do Espírito, me viu naquele local e um dia ele parou no quiosque na alameda só para falar das coisas do Senhor. Foi nessa ocasião que me convidou para acompanhá-lo à reunião da Srta. Kuhlman em Pittsburgh. Meu encontro pessoal com o Espírito Santo depois daquela reunião foi assombroso. Mas levei alguns dias para compreender as dimensões da revelação de Deus para mim. Mais ou menos nessa época, eu mudei de emprego. Aceitei o cargo de escriturário na diretoria da escola católica de Toronto. Estou certo de que tinham suas dúvidas sobre mim às vezes. Eu ria sozinho só de pensar no que Deus estava fazendo na minha vida. No momento em que meu trabalho terminava, eu corria para casa, subia as escadas e começava a falar com Ele: – Oh, Espírito Santo, estou tão contente por estar de volta a sós contigo. – Ele estava sempre comigo, é verdade, mas meu quarto tornou-se um lugar sagrado, muito especial. Algumas vezes, quando não ia trabalhar, eu ficava em casa o dia todo em comunhão com Ele. O que eu estava fazendo? Tendo comunhão. Comunhão com o Espírito. Quando não estava no emprego ou em meu quarto, eu tentava ir à igreja. Mas, não contava a ninguém o que acontecia comigo. Quando saía de casa pela manhã, Ele me acompanhava. Eu sentia alguém ao meu lado. No ônibus sentia o ímpeto de falar com Ele, mas não queria que as pessoas pensassem que era louco. Mesmo no trabalho, eu falava com Ele baixinho em certas horas. No almoço, Ele era o meu companheiro. Mas dia após dia, ao chegar em casa, subia a escada aos tropeções, fechava a porta do quarto e dizia: – Agora estamos sozinhos. E minha jornada espiritual continuava. Unção no carro Quero explicar que muitas vezes eu não notava sua presença. Sabia que estava comigo, mas me acostumara tanto a Ele que não sentia mais a eletricidade daquelas ocasiões especiais. Outras pessoas, porém, sentiam. Muitas vezes, quando meus amigos vinham ver-me, eles começavam a chorar por causa da presença do Espírito Santo. Certo dia, Jim Poynter me telefonou, dizendo: – Vou buscar você para levá-lo a uma igreja Metodista onde estou cantando. Pode cantar comigo se quiser. – Eu não era um verdadeiro cantor, mas ajudava de vez em quando. Nessa tarde, a unção do espírito me envolveu novamente. Depois ouvi Jim apertando a buzina. Quando desci correndo a escada e fui até o carro, eu senti a presença do Senhor correndo comigo. No momento em que pulei para o assento dianteiro e fechei a porta, Jim começou a chorar. Ele cantou depois o coro “Aleluia! Aleluia!”, e, voltando-se para mim disse: - Benny, posso sentir o Espírito Santo neste carro. É claro que Sua presença está neste carro – respondi. – Onde mais poderia estar? Isso para mim se tornara normal, mas Jim quase não conseguia dirigir. Ele continuou a chorar diante do Senhor. Certa vez minha mãe estava limpando o corredor, enquanto eu falava com o Espírito Santo. Quando eu saí, ela quase foi derrubada. Algo a empurrou contra a parede. Eu disse: – O que aconteceu, mamãe? – Ela replicou: – Não sei. – A presença do Senhor quase a fez cair. Meus irmãos irão contar sobre as vezes em que se aproximavam de mim e não sabiam o que estava acontecendo, mas sentiam alguma coisa extraordinária. Com o passar do tempo, perdi a vontade de sair com os jovens da igreja só para me divertir. Eu queria ficar com o Senhor, dizendo muitas vezes: – Senhor, prefiro isto a qualquer coisa que o mundo possa oferecer. – Eles podiam ter os seus jogos, suas diversões, seu futebol – eu não precisava disso. O que eu quero, eu já tenho – eu disse ao Senhor. – O que quer que seja, não permita que vá embora. Comecei a compreender melhor o desejo do apóstolo Paulo pela “comunhão do Espírito”. Henry, Mary, Sammy e Willie Agora, até os membros de minha família tinham começado a fazer perguntas. O Espírito Santo permeou de tal forma nossa casa, que meus irmão e irmãs começaram a demonstrar sede espiritual. Um a um, eles me procuravam para fazer indagações. Eles diziam: – Benny, tenho observado você. Esse Jesus é real, não e? Minha irmã Mary entregou seu coração ao Senhor. E em poucos meses me irmãozinho Sammy foi salvo. Depois veio o Willie. Tudo o que eu podia fazer era gritar: “Aleluia!”. Estava acontecendo, e eu nem sequer começara a pregar. A essa altura meu pai estava praticamente insano, estaria perdendo a família inteira para Jesus? Ele não sabia como enfrentar a situação. Mas não havia dúvidas de que minha mãe e meu pai podiam ver a transformação que ocorrera em mim, em meus dois irmãos e em Mary. Quando dei minha vida ao Senhor, tive alguns encontros maravilhosos com Ele. Mas eles nada significavam em comparação com o meu andar diário com o Espírito Santo. O Senhor visitava agora realmente o meu quarto. A glória enchia aquele lugar. Alguns dias eu orava de joelhos, adorando ao Senhor, durante oito, nove ou dez horas seguidas. O ano de 1974 derramou um fluxo sem fim do poder de Deus em minha vida. Bastava eu dizer: – Bom dia, Espírito Santo – e tudo começava. A glória do Senhor permaneceu comigo. Certo dia, no mês de abril, eu pensei: – Deve haver uma razão para isso. – Perguntei, então: – Senhor, por que está fazendo tanto para mim? – Eu sabia que Deus não proporciona piqueniques espirituais para as pessoas para sempre. Comecei então a orar e foi isto que Deus me revelou: Vi alguém de pé em minha frente. As chamas o rodeavam completamente e ele se movia sem qualquer controle. Seus pés tocavam o solo. A boca desse ser abria e fechava – à semelhança do que a palavra descreve como “ranger de dentes”. Nesse momento o Senhor falou comigo, em voz audível, dizendo: – Pregue o evangelho. Minha resposta foi, naturalmente: – Mas, Senhor, não sei falar. Duas noites mais tarde o Senhor me deu um segundo sonho. Eu vi um anjo. Ele tinha uma corrente na mão, presa a uma porta que parecia encher todo o céu. Ele a abriu, e lá dentro havia uma multidão incontável. Almas. Elas estavam se movendo em direção a um vale grande e profundo, e o vale era um inferno de fogo crepitante. Dava medo. Vi milhares de pessoas caindo naquele fogo. As da primeira fila tentavam lutar, mas o peso da multidão os empurrava para as chamas. O Senhor falou de novo comigo. Ele disse muito claramente: – Se você não pregar, todos os que caírem serão sua responsabilidade. – Eu soube no mesmo instante que tudo que acontecera na minha vida tinha um propósito – pregar o evangelho. Aconteceu em Oshawa A comunhão continuou. A glória continuou. A presença do Senhor não foi embora, mas intensificou-se. A palavra tornou-se mais real. A minha vida de oração fortaleceu-se. Finalmente, em novembro de 1974, não pude mais evitar o assunto. Eu disse ao Senhor: - pregarei o evangelho com uma condição: o Senhor ficará comigo em cada culto. – A seguir, eu fiz com que lembrasse: – Senhor, Tu sabes que não posso falar. – Eu me preocupava muito com a minha dificuldade em falar e com o fato de que iria ficar embaraçado. Era impossível, porém apagar de minha mente o quadro de um homem queimando e as palavras do Senhor – se você não pregar, todo aquele que cair será sua responsabilidade. Pensei, – preciso começar a pregar. – Mas entregar folheto não seria suficiente? Numa tarde, na primeira semana de dezembro, eu estava sentado na casa de Stan e Shirley Phillips em Osawa, a cerca de 480 km a leste de Toronto. Posso dizer uma coisa a vocês? – perguntei. Eu nunca tivera a vontade de contar a alguém toda a história de minhas experiências, sonhos e visões. Mas durante quase três horas, eu abri o coração, contando a eles coisas que só o Senhor e eu conhecíamos. Antes de terminar, Stanley me interrompeu, dizendo – Benny, você precisa ir à nossa igreja hoje e falar sobre isso. – Eles tinham uma comunidade chamada Shilo – cerca de cem pessoas, na Assembléia de Deus de Trinity, em Osawa. Gostaria que me visse. Meu cabelo chegava aos ombros e eu não tinha me vestido para ir à igreja porque o convite fora totalmente inesperado. Mas em 07 de dezembro de 1974, Stan me apresentou ao grupo e pela primeira vez em minha vida entrei num púlpito para pregar. No instante em que abri a boca, senti algo tocar minha língua e libertá-la. Parecia um adormecimento, e comecei a proclamar a palavra de Deus com a mais absoluta fluência. O que surpreendeu é que Deus não me curou quando eu estava sentado no auditório. Ele não me curou quando subi para a plataforma. Ele me curou quando entrei no púlpito. Deus realizou o milagre quando abri a boca. Quando minha língua soltou-se, eu disse: – É isso! – A gagueira se fora. Todinha. E não voltou mais. Meus pais não sabiam que eu tinha sido curado porque a comunicação em nossa casa era mínima. É claro que certas ocasiões eu conseguia falar por curto espaço de tempo sem que meu problema fosse notado, antes que alguma coisa me fizesse gaguejar de novo. Mas eu sabia que estava curado. E meu ministério começou a crescer rapidamente. Parecia que eu era convidado todos os dias para ministrar em uma igreja ou grupo comunitário. Eu me sentia no centro da perfeita Vontade de Deus Vou morrer Nos cinco meses seguintes fui um pregador, sem que meus pais soubessem. Manter a situação em segredo por tanto tempo foi praticamente um milagre. Meus irmãos sabiam, mas não ousavam contar a papai, porque seria o fim de Benny. No jornal Toronto Star, em abril de 1975 foi publicado um anúncio com a minha fotografia. Eu estava pregando numa pequena igreja pentecostal no lado oeste da cidade e o pastor queria atrair alguns visitantes. Funcionou. Constandi e Clemence viram o anúncio. Eu estava sentado na plataforma naquela noite de domingo. Levantei os olhos e não podia crer no que estava vendo. Meus pais caminhavam para um assento nas poucas fileiras da plataforma. Pensei: – Chegou a hora. Vou morrer. Meu bom amigo Jim Poynter estava sentado na plataforma ao meu lado. Virei-me para ele e disse: – Ore, Jim! Ore! – Ele ficou pasmo quando falei da presença de meus pais. Milhares de pensamentos passaram pela minha mente, sendo este um deles: – Senhor, saberei que realmente estou curado se não gaguejar esta noite. – Lembrei-me de uma outra vez em que também ficara nervoso durante uma reunião e a ansiedade sempre me levava a gaguejar. Quando comecei a pregação, o poder da presença de Deus começou a fluir através de mim, mas eu não conseguia olhar na direção dos meus pais, nem um instante sequer. Só sabia que a minha preocupação com a gagueira tinha sido desnecessária. Quando Deus me curou, a cura foi permanente. Perto do final do culto, comecei a orar pelos que precisavam de cura. Oh!, Como o poder de Deus encheu aquele lugar! Ao terminar a reunião, meus pais se levantaram e saíram pela porta de trás. Eu disse mais tarde a Jim: – Você precisa orar. Sabe que nas próximas horas vai ser decidido o meu destino? Talvez tenha de dormir hoje em sua casa. Naquela noite fiquei rodando sem rumo pelas ruas de Toronto. Eu queria esperar pelos menos até duas horas da manhã para entrar em casa, pois tinha certeza que meus pais estariam dormindo a essa hora. Eu não queria ter de enfrentá-los. Mas falarei sobre isto depois. Capítulo 4 – De pessoa para pessoa Você está pronto para receber o Espírito Santo, com intimidade e pessoalmente? Quer ouvir a sua voz? Está preparado para conhecê-lo como uma pessoa? Foi exatamente isso que aconteceu comigo e minha vida transformou-se de modo dramático. A experiência foi intensamente pessoal e baseada na palavra de Deus. Você pode perguntar – Ela resultou de um estudo bíblico sistemático?- Não, aconteceu quando convidei o Espírito Santo para ser meu amigo pessoal, meu guia constante. Pedi que me levasse pela mão e me guiasse a “toda verdade”. O que Ele irá expor e revelar na Escritura, tornará vivo para você o seu estudo bíblico. O que vou lhe contar começou no momento em que o Espírito Santo entrou em meu quarto em dezembro de 1973, e nunca mais parou. Esta é a única diferença: Eu o conheço hoje infinitamente melhor do que naquela ocasião do nosso primeiro encontro. Vamos começar com a informação básica; O Espírito Santo mudou a minha vida. Ele passou a viver em mim desde o momento em que pedi a Cristo para entrar em meu coração e nasci de novo. A seguir veio o momento em que recebi o batismo do Espírito Santo. Fiquei “cheio” com o Espírito. Falei em línguas. Ele tornou reconhecida a Sua presença e Seus dons. Inúmeros cristãos passam por essa experiência e param nesse ponto. Eles deixam de compreender que o acontecimento de Pentecostes foi apenas um dos dons do Espírito. Mas quero que saiba disto: além da salvação, do batismo com água, da plenitude do Espírito, a “terceira Pessoa da Trindade” está esperando que você a conheça pessoalmente. O Espírito quer um relacionamento por toda a vida. E é isto que você está prestes a descobrir. Atraído para a comunhão Se você discasse o meu número telefônico há dois anos e travássemos conhecimento por telefone, tendo conversado sem nunca nos encontrarmos pessoalmente, o que você saberia de mim? Você talvez dissesse: – Conheceria o som de sua voz através do telefone. – E isso seria praticamente tudo. Você não me reconheceria se me visse na rua. Chega então o dia em que nos encontramos face a face. De repente, você estende a mão para apertar a minha. Você vê como eu sou, a cor dos meus cabelos e olhos, que tipo de roupas uso. É possível que vamos almoçar juntos, e você fica sabendo se gosto de café ou de chá. Aprendemos muito sobre os outros quando os encontramos pessoalmente. Fim do problema Quando me encontrei com o Espírito Santo, foi isso que começou a acontecer. Eu passei a descobrir coisas a respeito de Sua personalidade que me transformaram como cristão. A salvação transformou-me como pessoa, mas o Espírito teve um enorme efeito sobre o meu andar cristão. À medida que comecei a conhecer o Espírito Santo, tornei-me sensível a Ele e fiquei sabendo o que o entristece e o que lhe agrada. Do que Ele gosta ou não gosta. O que O faz zangar-se e o que O faz feliz. Vim a entender que a própria bíblia foi escrita pelo Espírito Santo. Ele usou homens de todas as classes sociais, mas cada um deles foi guiado pelo Espírito Santo. Durante muito tempo esforcei-me para entender a bíblia. Chegou então o dia em que levantei os olhos e disse: – Maravilhoso Espírito Santo, quer dizer-me o sentido disto? E Ele falou. Ele revelou a palavra para mim. O Senhor usou a reunião de Kathryn Kuhlman para preparar-me para o que iria acontecer. Mas a Srta. Kuhlman não sentou uma vez sequer ao meu lado e me explicou sobre o Espírito Santo. Eu aprendi tudo diretamente com Ele. Essa é a razão de meu conhecimento ser novo, ser fresco e ser meu. Quando voltei para casa depois da reunião de Pittisburg, caí de joelhos. Estava sendo sincero e transparente quando disse: – Precioso Espírito Santo, quero conhecer-Te. – jamais esquecerei quão nervoso me achava. Mas desde esse dia passei a conhecê-lo como um irmão. Ele é verdadeiramente um membro da família. Quem é ele Você pergunta: – Quem é o Espírito Santo? – Quero que O conheça. Ele é a pessoa mais bela, mais preciosa, mais encantadora do mundo. Deus Filho não está na terra. Deus Pai não está na terra. Os dois estão no céu neste instante. Quem está na terra? Deus Espírito Santo. Deus Pai veio fazer a obra através do Filho que foi ressuscitado. Quando Deus Filho partiu, Deus Espírito Santo veio, e Ele continua fazendo aqui a Sua obra. Pense nisto: Quando Deus Filho partiu, Ele não quis levar nem João nem Pedro em sua companhia. Estas foram as suas palavras: “Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus, também agora vos digo a vós outros: Para onde eu vou , vós não podeis ir... (João 13:33)”. Mas no momento em que Deus Espírito Santo for embora, e muitos acreditam que isso vai acontecer em breve, Ele vai levar os remidos do Senhor em sua companhia. É o arrebatamento. Nós seremos arrebatados com Ele para encontrar com o Senhor nos ares. Quem é este Espírito Santo? Eu pensei certa vez que ele fosse como uma fumaça, alguma coisa flutuante que eu jamais poderia conhecer realmente. Mas aprendi que Ele não só é real, como também possui uma personalidade. O que está do lado de dentro? O que faz de mim uma pessoa? É o meu corpo físico? Penso que não. Estou certo que você já foi a um enterro e viu um corpo morto deitado no caixão. Você está olhando para uma pessoa? Não! Está vendo um corpo morto. É preciso compreender que o que faz a pessoa não é o corpo. Em lugar disso, a pessoa é o que sai do corpo. Emoções. Vontade. Intelecto. Sentimentos. Essas são algumas características que tornam você uma pessoa e que lhe dão uma personalidade. As pessoas que me ouvem pregar não estão vendo Benny Hinn. Apenas vêem o meu corpo. Eu estou dentro do meu corpo físico. A pessoa do lado de dentro é que é importante. O Espírito Santo é uma pessoa. Assim como você, Ele pode sentir, compreender e responder. Ele fica magoado. Ele tem capacidade de amar e odiar. Ele fala, e tem sua própria vontade. Mas, que é Ele exatamente? O Espírito Santo é o Espírito de Deus Pai e o Espírito de Deus Filho. Ele é o poder da divindade – o poder da Trindade. Qual Sua tarefa? A tarefa do Espírito é reforçar o mandamento do Pai e o desempenho do Filho. Para compreender a obra do Espírito Santo, precisamos entender primeiro a obra do Pai e do Filho. Deus Pai é quem dá a ordem. Ele é sempre aquele que diz: – Haja. – Desde o início é Deus quem dá as ordens. Por outro lado, é o Deus Filho que realiza as ordens do Pai. Quando Deus pai disse: – Haja luz – Deus Filho veio e cumpriu esta ordem. A seguir, Deus Espírito Santo trouxe a luz. Quero ilustrar deste modo: Se eu lhe pedisse: – Por favor, acenda a luz – três forças estariam envolvidas. Primeiro, eu daria a ordem. Segundo, você apertaria o interruptor. Em outras palavras, você cumpriu uma ordem. Mas, finalmente, quem forneceu a luz? Não sou, nem você. É o poder – a eletricidade – que produz a luz! O Espírito Santo é o poder de Deus. Ele é o poder do Pai e do Filho. É Ele quem processa a ação do Filho. Todavia, Ele é uma pessoa. Ele tem emoções que são expressas de maneira individual na Trindade. Alguém me perguntou: – Benny, você não está esquecendo a importância de Cristo em tudo isso? – Jamais! Como poderia esquecer quem me amou e morreu por mim? Mas algumas pessoas se concentram tanto no Filho que esquecem o Pai – aquele que nos amou e enviou o seu Filho. Não posso esquecer-me do Pai nem do Filho. Mas não posso estar em contato com o Pai e o Filho, sem o Espírito Santo (veja Ef. 2.18). Comunhão Durante um dos primeiros encontros com o Espírito Santo, tive uma experiência que me fez chorar. Com a mesma simplicidade com que falo com você, eu perguntei a Ele – O que devo fazer contigo? Quer me dizer com o que Tu te assemelhas? – Eu era como uma criança, tentando aprender. E achava que Ele não iria zangar-se com minhas perguntas sinceras. O encontro de comunhão Foi esta a resposta do Espírito Santo: – sou aquele que tem comunhão com você. Como um estalar de dedos este versículo surgiu em minha mente: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2 Co 13.13). Pensei: - É isso! O Espírito Santo é aquele que comunga, que está em comunhão comigo. – Depois perguntei – Como posso estar em comunhão contigo, mas não com o Filho? – E Ele respondeu: - É assim que deve ser. Estou aqui para ajudá-lo em suas orações ao Pai para ajudá-lo a orar ao Filho. Toda a minha abordagem sobre a oração mudou imediatamente. Era como se eu tivesse recebido uma chave de ouro que abria os portões dos céus. A partir desse momento tinha um amigo pessoal que me auxiliava a falar com o Pai em nome de Jesus. Ele literalmente levou-me a ficar de joelhos e tornou fácil a comunicação com o Pai. Que comunhão! É isso que o Espírito Santo anseia – a comunhão com você! Deixe-me explicar. Na comunhão não há pedidos ou petições como acontece na oração. Se eu pedisse: - Quer trazer-me um pouco de comida? – Seria um pedido. Mas a comunhão é muito mais pessoal. – Como você está hoje? – Isso é camaradagem, comunhão. Lembre, não existem pedidos egoístas na comunhão. Apenas amizade, amor e comunicação. Foi o que aconteceu comigo. Comecei a esperar pelo Espírito Santo antes de orar. Eu dizia: - Precioso Espírito Santo, quer vir agora e ajudar-me a orar? A bíblia diz: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8 : 26-27). Quando não sabemos como orar, Ele vem em nossa ajuda. Este foi o princípio que aprendi. O Espírito Santo é o único professor da bíblia. “Ora, não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com palavras espirituais.” (1 Co 2.12-13). Acompanhado pelo Espírito Desde o meu primeiro encontro com o Espírito Santo, comecei a perceber que Ele era um grande professor – Aquele que me levaria a “toda verdade”. Foi esta a razão de ter perguntado: – Quer explicar-me o sentido destas escrituras? Mas eu continuava querendo saber: – Quem és Tu? Porque és tão diferente? – eu dizia – Gostaria de saber como és Tu! Meigo, mas poderoso Foi isto que vi. O que Ele me revelou foi uma pessoa poderosa e alguém parecido com uma criança ao mesmo tempo. Quando você magoa uma criança, ela se afasta; quando você mostra amor por uma criança, ela fica bem perto de você. – E foi assim que comecei a me aproximar d’Ele. Sentia sua meiguice; todavia, Ele é forte e poderoso. Como uma criança, porém, Ele quer ficar bem perto dos que o amam. Você já viu um menino ou menina agarrado na saia da mãe ou nas calças do pai? Onde o pai e a mãe vai, a criança se agarra a ele e o segue. Esse é um sinal certo de que ela é amada e cuidada. O mesmo ocorre quanto ao Espírito Santo. Ele fica junto dos que o amam. Como foi possível ao grande evangelista Charles Finney pregar o evangelho, fazendo com que as pessoas “morressem sob o poder” e confessassem os seus pecados? Qual foi o poder que veio sobre ele, quando John Wesley ficou em pé sobre um túmulo e abriu a boca para pregar? A pessoa do Espírito Santo acompanhou o ministério deles. Na cidade de Nova Iorque, Kathryn Kuhlman acabara de pregar numa convenção dos homens de negócios do evangelho pleno. Ela foi levada até o elevador, atravessando a cozinha, a fim de evitar a multidão. Os cozinheiros não sabiam que havia uma reunião e nunca tinham ouvido falar da Srta. Kuhlman. Em seus chapéus e aventais brancos eles nem sequer perceberam que ela passava. Mas, de repente, todos estavam caídos no chão. Por quê? Kathryn não orou por eles, só passou por ali. O que aconteceu? A sair da reunião, parece que o poder de Sua presença a acompanhou. Quem é o Espírito Santo? Ele é o poder do Senhor. Esse poder tornou-se mais evidente para mim quando comecei a orar sozinho em meu quarto. Dia após dia, hora após hora, eu levantava as mãos e dizia – Precioso Espírito Santo, quer vir agora e falar comigo? – Para quem mais poderia voltar-me? Minha família estava contra mim. Meus amigos eram poucos. Só havia Ele. Só o Espírito Santo. Algumas vezes Ele vinha como um vento. Como uma brisa fresca em dia de verão. A alegria do Senhor me empolgava até que não pudesse mais conter-me. Enquanto conversávamos, eu dizia: – Espírito Santo, eu Te Amo e anseio pela Tua comunhão. – E descobri que era um sentimento mútuo, Ele também ansiava pela minha comunhão. O jantar pode esperar Certa vez, na Inglaterra, eu me hospedara na casa de uma família cristã. Meu quarto era na parte superior de casa. Uma noite eu me achava perdido no Espírito, falando com Ele na maior empolgação. A dona da casa me chamou: – Benny, o jantar está pronto. Mas eu estava radiante de alegria e não queria descer. Ela chamou de novo: – o jantar está pronto. Quando me preparava para sair, alguém tomou a minha mão e disse: – Mais cinco minutos. Só mais cinco minutos. – O Espírito ansiava pela minha comunhão. Você indaga – O que eu falava com Ele? – Eu lhe fazia perguntas. Por exemplo, certo dia perguntei: – Como pode ser distinto do Pai e do Filho? Ele instantaneamente mostrou-me Estevão sendo apedrejado e me disse: – Estevão viu o Pai e o Filho e Eu estava nele – três indivíduos distintos. Estevão recebeu o poder do Espírito Santo para suportar o sofrimento. Jesus foi quem esperou pela chegada dele. E o Pai era quem estava sentado no trono. Você poderia ler a respeito em Atos 7.54-56. O Espírito Santo mostrou-me ainda mais. Foi Ele quem deu a Moisés o poder para libertar os filhos de Israel. Ele foi o poder na vida de Josué. Ele foi a força por trás do vento que dividiu o Mar Vermelho. Ele foi o grande poder que derrubou os muros de Jericó. Ele foi a energia que lançou a pedra quando Davi matou Golias. O Espírito Santo. Ele foi a força na vida de Samuel, em Elias – e no Senhor Jesus Cristo. Jesus era totalmente homem, todavia a escritura deixa claro que Ele não podia mover-se sem o Espírito Santo. Ele não pregava, sem o Espírito Santo. Não colocava suas mãos sobre os doentes sem o Espírito Santo. “O Espírito do Senhor está sobre mim” – disse Ele, ao iniciar, seu ministério, “pois me ungiu para evangelizar...” (Lucas 4.18). O que aconteceu quando Jesus voltou ao Pai? Os discípulos ficaram subitamente em tal comunhão com o Espírito que todo o seu vocabulário mudou. Eles começaram dizer que “o Espírito Santo e nós” havíamos testemunhado Sua ressurreição. Ele tornou-se parte de cada ato de suas vidas. Estavam em comunhão total – trabalhando juntamente com o filho. O que deu à vida do apóstolo Paulo poder para suportar as adversidades? E o que havia na vida de Pedro para permitir que até a sua sombra curasse os doentes? Era o toque do Espírito. David Wilkerson fala sobre sua visita a uma mulher de Deus chamada Basilea Schlink. Ele disse que no momento em que entrou no quarto dela, pôde sentir a presença do Senhor. Por quê? Porque ela amava o Espírito Santo. E aqueles que o amam conhecem a Sua presença. Você reconhece essa voz? Quando Jesus estava na terra e os discípulos tinham um problema, a quem eles procuravam? Eles iam ao Filho e perguntavam: – O que devemos fazer? E Ele dava instruções. Mas quando Cristo voltou ao Pai, eles não ficaram sozinhos. Jesus lhes disse: – O Espírito Santo irá guiar vocês. Irá consolá-los. Irá ensiná-los e fazê-los lembrar de todas as coisas que vos tenho dito. Ele falará sobre mim. Pedro e João passaram a dizer: “Maravilhoso Espírito Santo”. Paulo falou de sua “comunhão”. Depois de Pedro ter sua visão no eirado da casa de Simão, o curtidor, em Jope, “disse-lhe o Espírito: Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, desce e vai com eles nada duvidando, porque eu os enviei”. (Atos 10. 19-20). Pedro reconheceu a voz do Espírito Santo e foi esse o início da pregação do evangelho aos gentios. Como o eunuco etíope converteu-se? “Então o Espírito disse a Felipe: Aproxima-te desse carro, e acompanha-o” (Atos 8.29). Felipe reconheceu a voz do Espírito Santo. Não foi Deus que falou com ele – nem Deus Filho. Creio que o maior pecado contra o Espírito Santo é entristecê- lo, o que significa negar Seu poder e presença. Em nenhum ponto das escrituras você encontra as palavras,” “Não entristeça Deus Pai” ou “Não entristeça Deus Filho”. Mas, em toda a bíblia lemos, “Não entristeça o Espírito”. Deus disse aos filhos de Israel no deserto: – Vocês entristecem ao meu Espírito – Ele não disse: – Vocês me entristecem. Jesus olhou para os fariseus, exclamando: – “Todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas, para o que blasfemar contra o Espírito Santo, não haverá perdão.” (Lucas 12.10) A pessoa do Espírito Santo é distinta na Divindade. Ele é terno. É sensível. Em vista de Jesus tê-lo dado a você e a mim, Ele não vai nos abandonar. O Espírito Santo é um cavalheiro. Ele não entra em seu quarto a não ser que você o convide. Ele não se senta caso não lhe peça. E não fala com você até que você fale com Ele. Quanto tempo Ele espera? Até que fale com Ele. Poderia levar meses e até anos. Ele espera e espera. Meu amigo, você não vai conhecer nunca o Seu poder, nem a Sua presença, a não ser que vá sentar-se ao lado d’Ele e diga: – Maravilhoso Espírito Santo, conte-me tudo sobre Jesus. Eu quase não podia segurar o telefone Depois de terminar o programa radiofônico na Flórida, a mulher que me entrevistou disse: – Benny, sou cristã há tanto tempo, mas alguma coisa está faltando em minha vida. O que deseja? – perguntei. Ela respondeu: – Preciso da realidade de Deus em minha vida. Indaguei se conhecia a Deus Espírito Santo. – Conheço a Jesus, - respondeu. O Espírito Santo é uma pessoa, - disse a ela. – Como eu me sentiria se você estivesse a meu lado e me ignorasse? Quando nos encontráramos espero que converse comigo. O mesmo acontece com o Espírito Santo. Nunca pensei nisso. – replicou. – Quando estiver sozinha esta noite, fale com Ele, disse eu. E Jesus? – perguntou-me.