Resumos de Teorias da Comunicação PDF

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teorias da comunicação comunicação estudos da comunicação introdução à comunicação

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Este documento apresenta um resumo de teorias da comunicação. O conteúdo abrange a diversificação do termo "comunicação", tipos de teorias, níveis de comunicação e diferentes conceitos desenvolvidos por autores como Pedro Frade e Stephen Littlejohn. Adequado para estudantes universitários interessados em estudos de comunicação.

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TEORIAS DA COMUNICAÇÃO - Resumos - Introdução  Pedro Frade o Ideias principais  Diversificação do uso do termo  Tipos de teorias  Níveis de comunicação  Conceitos principais...

TEORIAS DA COMUNICAÇÃO - Resumos - Introdução  Pedro Frade o Ideias principais  Diversificação do uso do termo  Tipos de teorias  Níveis de comunicação  Conceitos principais em comunicação o Diversificação do termo  Com a evolução das formas de comunicação veio uma diversificação dos usos do termo, associada ao facto de passar a ser uma área de estudo de várias disciplinas (psicologia, engenharia, marketing, sociologia, estratégia militar...).  Importa, por um lado, reconhecer a riqueza que advem desta diversidade, e, por outro, distinguir o sentido que “comunicação” assume em cada um desses campos. o Tipos de teorias  Consoante o campo em que a comunicação está a ser entendida, assim são diferentes as teorias que estão subjacentes:  Científicas: procuram a objetividade, consistência, replicabilidade  Normativas: focam-se na definição dos processos comunicacionais, na maneira como diferentes grupos são sentido às mensagens comunicadas  Operativas: definem a forma como a comunicação é exercida em cada domínio  Espontâneas: derivam do senso comum e são uma evidência de como todos sabem falar sobre comunicação. o Níveis de comunicação  São, num fundo, um possível critério para distinguir diferentes processos de comunicação  Nível da sociedade global (macro) o Processos de comunicação mediatizados o Protagonizada pelos meios de comunicação social o Público alargado  Nível das instituições/organizações (meso) o Processos interorganizacionais o Processos intraorganizacionais  Nível grupal (meso) o Processos intergrupais o Processos intragrupais  Nível pessoal o Processos interpessoais (unidade elementar: díade) o Processos intrapessoais (ligam dois estados cognitivos qualitativamente diferentes; a informação traz alteração à estrutura de pensamento) o Conceitos  Signos, linguagem verbal, linguagem não verbal, relação, canal, contexto, receção, persuasão, ligação  Cada um vai sendo explorado ao longo do curso (acrescentar um bocadinho de explicação para cada conceito e notas sobre os três pontos finais do texto)  Stephen Littlejohn o Ideias principais  Contributo do autor  Conceitos de teoria e de modelo  Dois níveis: realidade e simbólico o Contributo  Perceber a forma como se estuda um fenómeno ajuda-nos a:  Organizar as ideias  Explicar o próprio fenómeno  Prever os acontecimentos o Conceitos de teoria e de modelo  A teoria explica conceptualmente um fenómeno  A teoria é uma abstração e é construída pelas pessoas  O modelo representa graficamente esse fenómeno o Dois níveis: realidade e simbólico  No nível da realidade temos os dados, as pessoas, os acontecimentos  No nível simbólico temos as teorias, os modelos, os conceitos  O processo é: determinado acontecimento é observado e formulado em termos teóricos, depois esta teoria é confrontada novamente com a realidade e é confirmada ou refutada, gerando novas teorias  Notas gerais sobre informação e comunicação o Comunicação  Etimologia: communicare  Pôr em comum, partilhar, relacionar-se  Não implica necessariamente estar em harmonia o Lembrarmo-nos sempre de que neste caso não estamos a dar uma qualidade de harmonia ao processo, mas tão somente a falar de uma troca de ideias que podem ser semelhantes ou divergentes  Communicare também deriva em comungar/comunhão  Em que há entendimento mútuo o O habitual na comunicação é que as pessoas partem de pontos diferentes e dialogam para chegar a aspetos consensuais e entenderem-se o Até ao século XIV, a expressão “comunicação” reportava-se a “pôr em comum...” o A partir do século XVI começa a ser usada para dar conta da transmissão de alguma coisa de um ponto para outro  Transmitir, informar  Comunicar uma ideia, uma doença o No século XIX surgem as vias de comunicação (meios de transporte fluviais, rodoviários, ferroviários)  Mais uma vez transmissão de um ponto para o outro  Tubos comunicantes o Mais tarde, surgem os meios de comunicação em massa  E a comunicação continua a ser usada nesse sentido o Daí ser necessário hoje em dia distinguir bem os dois conceitos para sabermos do que estamos a falar, se de comunicação ou de informação  Adriano Duarte Rodrigues o Ideias principais  Definição de informação e de comunicação  Aldeia global o Definição de informação e de comunicação Informação Comunicação 2. Processos de troca simbólica generalizada que 1. Conjunto dos acontecimentos que ocorrem no ocorre entre pessoas dotadas de razão e liberdade, mundo e formam o nosso meio ambiente ligadas entre si pela convivência dos mesmos quadros culturais de referência 4. Previsibilidade - Expectativas que podem ser reconhecidas pelos outros 3. Imprevisibilidade (pedra de toque da diferença) - Processo dotado de relativa previsibilidade, da - Possui um caráter imprevisível: os acontecimentos qual depende a possibilidade de intercompreensão, são tão mais informativos quanto menos previsíveis um dos seus princípios fundamentais forem - A intercompreensão depende da relativa - Pode ser medida pelo cálculo das probabilidades previsibilidade do processo comunicacional - Natureza inexplicável dos fenómenos - Não é redutível às regras da probabilidade de ocorrência dos fenómenos naturais, mas rege-se por princípios de natureza simbólica 5. Processo informativo 6. Processo comunicacional Destinador (sabe) > Produto > Destinatário(s) (processo) (ignora) O mais importante aqui é o facto de o destinatário ignorar a mensagem 7. Produto 8. Processo 9. É reversível 9. Irreversível - Os interlocutores são destinador e destinatário ao mesmo tempo 11. Transmissão unilateral MUNDIALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO MEDIÁTICA SINGULARIDADE PARTICULARIZANTE DOS - Quando se fala de globalização fala-se sempre de PROCESSOS COMUNICACIONAIS informação - Específica/Particular das diferentes culturas o Aldeia global Aldeia global? Informação transnacional DIFERENTE DE Partilhar uma mesma visão do mundo - Cada cultura continua a definir o espaço de entendimento e de compreensão das mensagens e dos acontecimentos Domínio da informação tecnologicamente mediatizada DIFERENTE DE Domínio cultural da comunicação Problemática da produção e da emissão Vs Problemática da receção - Quanto mais se universalizam os fluxos informativos, mais os particularismos culturais se manifestam com a generalização do confronto e do conflito de interpretações Planetarização da informação mediática Vs Horizontes da experiência comunicacional Para podermos identificar quando estamos perante um processo de comunicação; quais são os critérios? Vamos ver dois olhares diferentes que respondem de forma diferente a esta pergunta: conceção positivista e conceção pragmática A comunicação como transmissão: conceção positivista  Esquema geral da comunicação/Teoria Matemática da Comunicação (Shannon e Weaver, 1949) o Ideias gerais/principais  Equipa de engenheiros com o objetivo de melhorar o funcionamento do telégrafo  Otimizar a transmissão de informação  Perceber as perdas que podem ocorrer na transmissão  O facto de se chamar Teoria Matemática da Comunicação traz mais uma vez confusão com os termos “informação” e “comunicação”  É um modelo processual: foco na ideia de que a comunicação é fundamentalmente um processo de transmissão da informação o Elementos  Fonte de informação  Produz a mensagem  Decide qual a mensagem a enviar  Ex.: Eu a dizer palavras para o telefone  Transmissor  Transforma a mensagem num sinal  Codifica a mensagem  Ex.: Telefone  Canal  Meio utilizado para transportar os sinais  Podem surgir ruídos que perturbam a transmissão da informação  Ex.: Cabo telefónico  Recetor  Reconstrói a mensagem a partir dos sinais  Descodifica os sinais  Ex.: Telefone do amigo  Destinatário  Pessoa para quem a mensagem é enviada  Ex.: O amigo do outro lado do telefone  Código/sinal o Três níveis de problemas/análise no estudo da comunicação  Quando queremos resolver um problema de comunicação, temos de saber em que é nível é que está a ocorrer o problema, para que a solução seja aplicada no mesmo nível  Relação linear: sinal produzido no primeiro nível, valor que lhe é atribuído no segundo nível, e o impacto que tem no aparelho que recebe o sinal  Nível técnico  Conjunto de processos materiais que condicionam o grau de precisão com que a mensagem é enviada em determinado canal  O canal garante a fiabilidade de transmissão  Ex.: as luzes que acendem no semáforo  Nível semântico  Com que precisão os símbolos transmitidos transportam o significado pretendido  O canal garante a fidelidade da codificação e da descodificação  Ex.: a cada luz temos de atribuir um valor semântico (verde – permissão; vermelho – proibição; amarelo – atenção)  Nível da eficácia  Impactos/Efeitos da mensagem no dentinatário, de acordo com a intencionalidade definida  É tão mais eficaz quanto mais o destinatário corresponde à intenção da fonte  Ex.: comportamento perante as luzes do semáforo (verde – avançar; vermelho – parar; amarelo – preparar-se para parar)  Conceitos outros o Ruído  Algo que é acrescentado ao sinal, entre a transmissão e a receção, e que não é pretendido pela fonte o Redundância  Proporção de uma situação que é previsível  Mensagem com alta previsibilidade é redundante  É o inverso da entropia (se a entropia for 70%, a redundância é 30%)  Utilidade da redundância  Um certo grau de previsibilidade é essencial para que a comunicação aconteça  Facilita a exatidão da descodificação  Ajuda a superar as deficiências de um canal com ruído  Ajuda a superar os problemas de uma mensagem demasiado entrópica o Entropia  Mínima previsibilidade, máxima informação  É difícil que uma situação seja completamente entrópica, na nossa sociedade  Medida de incerteza numa situação; ou número de mensagens necessárias para reduzir a incerteza/predizer o desfecho da situação  Desenvolvimentos no âmbito da comunicação humana o Jakobson  Adaptação do modelo de Shannon à comunicação humana verbal  Fatores do processo de comunicação linguístico  Para além dos fatores mais ou menos correspondentes aos fatores presentes no modelo de Shannon, Jacobson acrescenta alguns elementos  Destinador o Envia a mensagem  Destinatário o Recebe a mensagem  Mensagem o Conteúdo enviado  Referente/Contexto o Aquilo a que a mensagem se refere  Código o Sistema de significação que é comum aos interlocutores o Não existe correspondente na conceção matemática, porque não faz sentido estar presente (esclarecer)  Contacto o Ligações entre destinador e destinatário (canal físico ou psicológico) o Corresponde ao canal na Teoria Matemática de Shannon  Funções da linguagem  A cada fator corresponde uma função da linguagem  Função referencial/cognitiva/informativa (contexto) o Quando está centrada no contexto o 3ª pessoa o No jornalismo corresponde aos artigos de informação pura  Função emotiva/expressiva (destinador) o Quando a mensagem está centrada no destinador e dá expressão a uma emoção/a um acontecimento o 1ª pessoa o Exemplo máximo é a redação de um diário o Nos géneros jornalísticos, corresponderia ao artigo de opinião e crónicas  Função apelativa/conativa/conotativa (destinatário) o Centradas no destinatário o 2ª pessoa o As frases imperativas são uma expressão desta função, bem como o discurso publicitário  Estas três funções eram já identificadas, mas estava limitado a estas três funções. Há novas funções:  Função fática (contacto - canal) o Corresponde ao contacto o Assegura o bom funcionamento do canal o Saber se DE FACTO a comunicação está a funcionar o Quando perguntamos a uma pessoa “estás a ouvir?” o É aquilo que fazemos quando estamos a aprender a falar; estabelecer a comunicação independentemente do conteúdo  Função metalinguística/crítica (por oposição a linguagem-objeto) (código) o Quando uso a linguagem para se referir a ela própria o Permite distância reflexiva  Função poética (mensagem) o Nas outras funções é o conteúdo que está em causa o Nesta é a forma o Corresponde ao fator “mensagem” o Elemento estético o Edgar Morin: Informação e redundância no âmbito da comunicação humana  O que Edgar Morin faz é pegar nos conceitos de Shannon (que estudámos a partir do Littlejohn) da teoria da informação e aplica-os à comunicação humana  Comunicação numa conferência em que se falava sobre a área dos efeitos ou do poder dos media  Quando se começaram a juntar as pessoas que investigam e estudam a forma como a mensagem publicitária e a mensagem política tem efeito na população  Afinal o efeito não era linear como se pensava o Teoria das balas mágicas: Era atribuído aos media o poder de conseguir convencer as pessoas a adotarem um determinado comportamento que é estimulado pelos media o A leva a A o Como se correspondesse a um 100% do nível de eficácia  Havia outros comportamentos que surgiam na sequência das mensagens  Examinemos o problema da receção das mensagens  Recetores seletivos (questionam a visão mais clássica)  Para Morin, o puro desconhecido não existe; toda a informação vai ao encontro de algo que já sabemos  É colocada em causa a ideia de que as pessoas respondem exatamente como quer o destinador (teoria das balas mágicas): recetores seletivos são recetores ativos  Para que a integração da informação aconteça, a informação deve ser transmitida de forma a ir ao encontro de alguma forma de aquilo que já sabemos (redundância – ou, para ele, uma estrutura de pensamento)  Se não for introduzida nessa estrutura, a informação será negada ou esquecida  Há mecanismos psicossociológicos que interferem no momento da receção e que fazem com que o recetor reage de forma diferente consoante o seu contexto  Daí chamarmos recetor seletivo  Seletivo porque seleciona o que integra e como integra  Nisso interferem aspetos que são específicos de cada um: crenças, opiniões, valores, experiências, emoções, necessidades, interesses, nível de conhecimentos, desejos  Numa sociedade pode ser redundante e noutra pode ser entrópica  TODOS selecionamos, mas CADA UM reage de acordo com a sua estrutura de pensamento  Analogia com processos de aprendizagem (?)  “É preciso habitar longamente aquilo que se ouve antes de entender qualquer coisa” (Maurice Bellet) o Modelo de Gerbner  Acontecimento A, percebido por M, perceção A1, (tudo isto acontece numa linha horizontal), conversão no sinal SA, mensagem SA, (tudo isto acontece numa linha vertical) destinatário M2, perceção que M2 faz de SA é SA2 o Dimensão horizontal (e ponte com outras teorias)  Dimensão percetiva (corresponde ao nível semântico de Shannon) ou recetiva (corresponde ao nível técnico de Shannon)  Trata-se da disponibilidade de seleção do contexto (o referente em Jacobson)  Quando conferimos um significado, ao enquadrar o acontecimento nos padrões de pensamento (Morin)  Esta dimensão implica seleção e, inevitavelmente, implica perda de informação  Aquilo que M consegue captar do acontecimento nunca é tal e qual o acontecimento, mas sim uma perceção (A1) de M do acontecimento A, porque nunca será possível perceber tudo a todo o momento de todas as formas  Estes processos acontecem no patamar intrapessoal de Pedro Frade (que sentido eu atribuo àquilo que estou a receber) o Dimensão vertical  Controlo/Poder  Acesso  Não percebi bem  Resumindo o Escola positivista/comportamentalista o Processo linear o Comunicação = transmissão de informação de um ponto para outro, em que o segundo é afetado pelo primeiro, fazendo o que o primeiro determinou o Quando a intenção não é bem sucedida, ou seja, quando o efeito é diferente ou menor daquele que se pretendia, há a tendência de falar em termos de fracasso de comunicação e a analisar os estádios do processo para descobrir onde a falha ocorreu (técnico, semântico ou de eficácia) o Os processos comunicativos são assimétricos: emissor é ativo, recetor é passivo (embora refutado mais tarde) o A comunicação é intencional, consciente e voluntária  Tudo o que é não intencional, inconsciente e involuntário não conta como comunicação  É isso que a escola pragmática vem refutar o É possível analisar e avaliar a eficácia dos processos comunicativos isolando a unidade “estímulo- resposta” o O modelo telegráfico é traduzido para a comunicação humana por vários autores, entre os quais Jakobson, Gerbner e Morin A comunicação como relação: conceção pragmática  Introdução o Estudos de autores norte-americanos o Serão incómodos para o modelo telegráfico da comunicação o Do telégrafo à orquestra o Fazem tábua rasa do que existe sobre a comunicação e conceber o modelo deles do zero o Confronto permanente com as teorias behavioristas o Designações  Grupo de Palo Alto (cidade na Califórnia, onde está o Instituto da Pesquisa Mental)  Colégio Invisível  Porque não estão todos no mesmo local, mas estão alinhados (cruzam-se em contextos académicos, escrevem artigos em conjunto, intercâmbio de estudantes)  E porque defendem a existência de uma “gramática” invisível da comunicação (perceber melhor) o O facto de falarmos uma língua não significa que conheçamos as regras da língua que falamos o Tornar visível esta gramática é o exercício/a proposta dos estudos destes autores o Contributos conceptuais (vários investigadores do grupo)  Bateson e a cibernética: feedback e duplo constrangimento (double bind)  Ray Birdwhistell e a ciência quinésica: gestualidade  Edward Hall e a proxémia: o espaço interpessoal  Erving Goffman  Paul Watzlawick  Estuda psicoterapias  É convidado para dirigir a criação do Instituto de Pesquisa Mental o Os três níveis da comunicação  Estudo da comunicação pode ser subdividido nas mesmas três áreas do que o modelo telegráfico, tal como Morris define  Sintaxe (na comunicação humana) o Não estamos interessados no conteúdo ou significado o Nível técnico para Shannon (para Shannon este é o principal; este é o ponto de partida para todos os outros)  Semântica (na comunicação humana) o Significado o Pressupõe convenção semântica o Nível da semântica para Shannon  Pragmática (na comunicação humana) o A comunicação afeta o comportamento o É o nível da ação o Eficácia para Shannon  As três áreas são interdependentes o Mas Watzlawick ocupa-se mais da pragmática  São as mesmas três áreas, mas com perspetivas diferentes; atribuem prioridades diferentes  Shannon diz que todos os níveis decorrem do nível técnico  Watz. considera-as interdependentes o O que está incluído na comunicação  Para além dos atos verbais, conscientes, voluntários e intencionais (da abordagem positivista)  Também todas as manifestações não verbais: postura, gestualidade (Birdwhistell), olhar, mímica, espaço interpessoal (Edward Hall), relação dos interlocutores, inflexões de voz, cadência, ritmo, entoação das palavras (traços paralinguísticos)  Corremos o risco de não perceber o sentido de uma comunicação se nos restringirmos unicamente à significação  Na escola de Palo Alto, o nível da pragmática engloba os outros dois níveis (técnico/sintático e semântico)  Todo o comportamento (e não unicamente o discurso) pode ter valor de mensagem/é comunicativo o Modelo de orquestra  Múltiplos canais  Múltiplas linguagem  Existem vários códigos, não existe um unívoco, e nem sempre são inteiramente comuns aos interlocutores  Atores participam em todos os momentos  Ao invés de serem o início, o meio ou o fim de uma comunicação  Emissor e recetor são apenas conceitos para dar conta do lugar ocupado numa interação; não são pessoas  Ao contrário da orquestra, na comunicação não há maestro ou uma partitura explícita  A partitura é aprendida sem consciência  A gramática é invisível (partitura invisível)  Uma vasta soma de conhecimentos que nos permite pautar, avaliar e prever os nossos comportamentos e os dos outros no quadro de cada cultura o Chama-se redundância pragmática  Metacomunicar é torná-la visível  Axiomas e consequências o Primeiro axioma: não é possível não comunicar  Explicação  Comportamento verbal ou não = Comunicação  Não existem não comportamentos  Implicações (tentativa de não comunicar)  Rejeição da comunicação o Dizer que não quer aquela interação  Aceitação da comunicação o Cede e deixa-se entrar na interação (com mais ou menos participação)  Desqualificação o Comunicar de forma a invalidar a comunicação (ex.: muda de assunto, não termina as ideias...) na esperança de que o outro não queira mais interagir  Sintoma o Alegar que há algo que impede de continuar a interagir (ex.: surdez, sono...) o Segundo axioma: toda a comunicação tem um aspeto de conteúdo (relato) e um aspecto de relação (ordem)  Explicação  Há dois níveis (aspetos) o Conteúdo (relato)  Transmite uma informação  É sinónimo de conteúdo da mensagem o Relação (ordem)  A maneira como devemos entender a mensagem  Dá conta da relação dos interlocutores  Retoma os conceitos da informática o Se eu dou a seguinte informação a uma máquina: 2 e 5 o A máquina precisa de saber o que é suposto fazer com essa informação: como é que eu devo entender esta mensagem?  Isso reporta à necessidade de dizer que relação devem ter aqueles dois elementos  Na comunicação humana interligam-se os dois aspetos o O aspeto ordem, que determina a relação entre os interlocutores, acontece normalmente de forma implícita  Pode por vezes ser preciso verbalizar, explicitar o aspeto ordem o Quando não verbal: entoação, gestos, expressões faciais, etc. o A relação também pode ser entendida com base no contexto em que a interação ocorre  Relato – conteúdo – comunicação  Ordem – relação – metacomunicação  Qualquer comunicação interliga dois aspetos – o conteúdo e a relação – de tal forma que o segundo engloba/classifica o primeiro (e é, portanto, uma metacomunicação)  Implicações  É mais fácil resolver desacordos ao nível de conteúdo, do que desacordos de relação o Porque quando questionamos a forma como o outro se relaciona connosco, estamos a trazer também para a conversa o nosso comportamento o Não podemos esquecer a circularidade das implicações destas interações  As implicações práticas neste caso vão centrar-se no nível da relação, porque o do conteúdo é relativamente mais fácil de esclarecer e portanto não traz estas implicações  Logo, vamos falar em implicações ao nível da relação/metacomunicação o Cada indivíduo quando comunica oferece ao outro uma definição de si próprio o Um molde/modelo de metacomunicação, no sentido em que é como dizer “isto é como eu me vejo nesta relação” o O Outro tem três possibilidades de resposta  Confirmação  Sem confirmação não há possibilidade de construção da identidade  “Sim”  É uma espécie de feedback positivo (not so sure...)  Rejeição  “Não”  A rejeição também contribui para a construção da identidade  Desconfirmação  Ignorar  Não é dizer nem “sim” nem “não”  A desconfirmação deixa de se interessar pela verdade ou falsidade da definição de eu do P; o que a desconfirmação faz é negar a existência do primeiro (como fonte de tal definição) o Quarto axioma: Os seres humanos usam para comunicar dois modos: o digital e o analógico. A linguagem digital possui uma sintaxe lógica muito complexa e cómoda, mas falta-lhe uma semântica apropriada à relação. A linguagem analógica, pelo contrário, possui uma semântica muito rica, mas falta-lhe a sintaxe apropriada a uma definição não equívoca da natureza das relações  Explicação  Na ausência das coisas, como é que podemos falar sobre elas? Usando signos de duas naturezas diferentes o Utilizando qualquer coisa de semelhante (ex.: um desenho da coisa)  Relação de representação que se baseia numa analogia  Comunicação analógica (não verbal) o Nome/palavra  Relação de representação que se baseia numa lógica arbitrária (é uma convenção)  G | a |t | o  Comunicação digital (verbal) o Exemplo: relógio analógico (de pulso, com ponteiros) e digital  O digital é o mais preciso; a comunicação digital é a mais precisa  O mais comum, numa relação entre os níveis da comunicação e este axioma, é o O conteúdo ser normalmente transmitido pela linguagem digital o A relação ser normalmente transmitida pela linguagem analógica  O que é a comunicação analógica? o Praticamente toda a comunicação não verbal o Sendo que não verbal é tudo isto: gestos, postura, entoação, cadência, expressão facial, contexto... o Transmissão de conceitos abstratos é muito difícil na comunicação analógica o Corre o risco de leituras diferentes o A comunicação analógica às vezes, ao invés de facilitar a vida por ser mais um recurso à passagem da mensagem, pode ser um fator de dificuldade porque pode trazer ambiguidade o Na linguagem analógica é difícil, por exemplo, exprimir a negação, falta- lhe o dígito “não”  Quando é que o digital não nos serve? o Quando não conseguimos transmitir para o verbal aquilo que estamos a sentir o Mas quando se quer transmitir uma mensagem com mais rigor, usa-se o nível do conteúdo e a linguagem digital  A linguagem digital é mais complexa, permite uma maior abstração e é mais precisa, enquanto que na linguagem analógica não existe nada que se compare à sintaxe lógica da linguagem digital o Linguagem digital é linear  A analógica (relação) e a digital (conteúdo) articulam-se em todas as mensagens o Pela complementaridade (acrescenta informação) o Pela redundância (quando reforça) o Pela contradição (quando passam informações contrárias)  Implicações  Importância pragmática: erros na tradução entre digital e analógico o A comunicação humana articula permanentemente estes dois modos de comunicação, porém a sua articulação é uma operação muito problemática já que a sua mútua tradução implica sempre uma perda significativa de informação. o Relações pacíficas:  Relação/analógico (processos “emocionais” – não foi dito, mas parece-me que faz sentido);  Conteúdo/digital (mais indicada nos processos informativos) o Relações mais problemáticas  Conteúdo ser transmitido pela via analógica (tradução de conteúdo em analógico)  Quando queremos transmitir conteúdos bem definidos em que só podemos usar a linguagem analógica  A comunicação analógica é marcada pela ambiguidade  Exemplos: comunicação com os animais, com estrangeiros que falam uma língua que desconhecemos, crianças pequenas  Relação ser transmitida pela via digital (tradução da relação em linguagem digital)  Inadequação (dar os pêsames)  Inconvincente  Digitalizar a relação. Fazemos isto: o Enquanto recetores: de forma implícita quando avaliamos o comportamento dos outros o Enquanto emissores: de forma explícita quando somos obrigados a metacomunicar para clarificar a situação  Interpretações digitais diferentes OU digitalizações discrepantes o O material analógico presta-se a interpretações diferentes (ou seja, podem ser traduzidas por uma mensagem digital diferentes) o Terceiro axioma: a natureza da relação depende da pontuação/avaliação/ordenamento das sequências comunicacionais estabelecidas entre os intervenientes  Explicação  Nem sempre os interlocutores digitalizam as situações da mesma forma: interpretações digitais diferentes ou digitalizações discrepantes.  Nunca estamos a conceber um acontecimento isolado (como diz a conceção positivista; é uma falha aí)  Qualquer interação (uma série de troca de mensagens/comunicações) implica uma sequência comunicacional  Os intervenientes introduzem na interação a “pontuação da sequência de fatos/eventos/acontecimentos/comportamentos” e essa pontuação organiza os itens comportamentais, orientando todo o processo futuro. o Avaliação da sequência de factos dá origem à sequencial comunicacional  Partilhamos muitas convenções de pontuação  Digitalizamos quando damos sentido a uma comunicação analógica num processo de interpretação/análise  Diferentes pontuações implicam diferentes “ordenamentos” da mesma sequência comunicacional, originando inevitavelmente inúmeros conflitos  Exemplo: casal em que o marido tem atitude de retraimento e a mulher uma atitude de hostilidade o Padrão de interação independentemente do conteúdo da mensagem o Cada um justifica o comportamento com o comportamento do outro o E nunca vê o seu comportamento como causa/estímulo do comportamento sequente do outro  Implicações pragmáticas  Exemplo como a discordância na pontuação da sequência de comportamentos/eventos está na origem de conflitos  É gratuito pressupor que o outro tem a mesma quantidade de informação  A decisão sobre o que é ou não pertinente e essencial varia de indivíduo para indivíduo e nem sempre é determinada por critérios que são conscientes para nós  Na origem destes desacordos de pontuação está muitas vezes a convicção de que só existe uma realidade (a do próprio)  A realidade é real o De que é que falamos quando falamos de realidade?  Uma ilusão acharmos que só existe uma realidade  Construcionismo social  Duas ordens da realidade de natureza diferente:  Realidade de primeira ordem o Propriedades puramente físicas e objetivamente discerníveis das coisas e que são acessíveis à perceção o Coisas passíveis de serem provadas, e de serem confirmadas ou refutadas experimentalmente o Realidade factual: factos, acontecimentos, o Não tem a ver com o significado ou o valor que damos a essas coisas o A sequência de factos (do terceiro axioma) é da primeira ordem o Mesmo assim, não temos acesso a nenhuma realidade de primeira ordem que não seja mediada por uma construção/representação nossa da realidade  Realidade de segunda ordem o Atribuição de significado e valor a essas coisas (pontuação da sequência comunicacional) que se baseia na comunicação o Construída no decorrer dos próprios processos de comunicação e pelas interacionais relacionais  Na realidade de primeira ordem diz-se que uma garrafa tem 0,5 litros; na realidade de segunda encontramos afirmações como o copo estar meio cheio ou meio vazio  Quando estamos a comunicar e a resolver problemas de comunicação, importa saber se estamos a falar de realidades de primeira ordem ou de segunda ordem, para que a resolução passe pela ordem correspondente o Surgem imbróglios de diferentes tipos quando tentamos descrever a realidade através da linguagem  Desinformação  Processos de esconder voluntária e deliberadamente informação e fornecer falsas informações  De certa forma, manipulação  A ter em conta: o Pontuação o Criação de regras o Interdependência o Ameaças  Confusão  A ter em conta o Tradução  Quebras de comunicação e distorções inerentes às mensagens que surgem involuntariamente  Uma das fontes de confusão resulta da tradução entre o analógico e o digital (porque o analógico não tem uma sintaxe lógica inequívoca) o Paradoxo  Quando analógico e digital se contradizem, as consequências pragmáticas levam ao paradoxo/duplo constrangimento/double bind  Padrão universal do paradoxo: “Sê espontâneo”  O comportamento espontâneo é aquele que temos sem que nos tenha sido solicitado  Para o próprio: a partir do momento que o solicita já não o posso receber  Para o recetor: a partir do momento que é solicitado deixa de conseguir corresponder (se corresponde, deixa de ser espontâneo; se não corresponde, não corresponde) o Benefícios da confusão  Aguça os sentidos  Confusão criativa  Perceção extra-sensorial

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