Resumo da Teoria da Comunicação PDF
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Este documento proporciona um resumo da teoria da comunicação. Aborda conceitos fundamentais e a importância do estudo da comunicação na sociedade. Explora diferentes perspectivas e funções da teoria da comunicação, destacando a sua natureza complexa e multifacetada.
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Estudos de comunicação 1. A ideia da “Teoria da Comunicação” Teoria É uma forma de entender a realidade. São explicações do funcionamento de determinado aspecto da realidade. Auxilia o nosso processo de compreensão e de decisão. Permite-nos prever o que acontecerá....
Estudos de comunicação 1. A ideia da “Teoria da Comunicação” Teoria É uma forma de entender a realidade. São explicações do funcionamento de determinado aspecto da realidade. Auxilia o nosso processo de compreensão e de decisão. Permite-nos prever o que acontecerá. Processos dinâmicos. Compreender a comunicação do ponto de vista teórico: 1ª Função → Organizar e sumariar o nosso mundo agregando aspectos da realidade e do nosso conhecimento. 2ª Função → Concentrar o que é específico nas ciências sociais. 3ª Função → Visa clarificar a realidade. 4ª Função → Gerar novas compreensões. As teorias não conseguem descrever tudo, apenas algumas especificidades. Porquê estudar a comunicação? A comunicação é um dos mais complexos e importantes aspectos do ser humano e da vida em sociedade. Se a comunicação está tão presente nas nossas vidas e dela dependemos para nos relacionarmos, trabalharmos, atingirmos os nossos objetivos, aprender e conversar, então será útil debruçarmo-nos sobre ela e refletirmos sobre o seu significado. → 1ª Teoria: Como é que nos afeta? → 2ª Teoria: Como pensamos sobre nós próprios e sobre os outros? Como pensamos no mundo à nossa volta? → 3ª Teoria: Como agimos no mundo? A teoria da comunicação dá aos estudantes a oportunidade de testemunhar o quanto o papel da comunicação é determinante na vida política, social e cultural das sociedades. Ira conduzir o aluno a considerar o modo como as teorias de comunicação afetam o modo como pensamos o mundo e o modo como nele agimos. A teoria da comunicação A ciência da comunicação não passa de um espaço ao território interdisciplinar em que as várias ciências sociais e humanas confluem cada uma com a sua perspetiva própria, os seus próprios métodos e objetivos para o estudo da comunicação constituindo assim as ciências da comunicação uma espécie sem direito a existência própria, à sua própria autonomia. 1 O facto das diferentes teorias da comunicação serem não apenas diferentes como também contraditórias, não significa que estejam erradas, podendo significar que a comunicação, enquanto fenómeno, envolve ela própria, os apectos contraditórios entre si. O campo da “Teoria da comunicação” → Campo interdisciplinar: A comunicação surgiu no século XX. Só não começou a ser estudada antes visto que Aristóteles só nos falava de retórica e nunca de comunicação. É através dos média que começamos a falar de comunicação visto ter alterado bastantes coisas na sociedade. Começou em 1916, na Alemanha onde abriu o primeiro curso de comunicação. Em 1926, já existiam 9 universidades a ensinar comunicação. O 1º curso de comunicação em Portugal foi em 1979, criado por Adriano Duarte Rodrigues. Primeiro estudaram os efeitos da propaganda o que fazia quase uma lavagem cerebral (como no nazismo; china; etc.) Paradigma dominante De um ponto de vista sociológico, a comunicação é vista enquanto função social. A comunicação é uma ferramenta para levar as pessoas a fazer alguma coisa. Adota também um modelo de transmissão de mensagens. As ciências da comunicação podem ser caraterizadas pelos seguintes pontos de vista: → Epistemológico: Conhecimento O paradigma dominante reduz a comunicação à sociologia de comunicação e dos efeitos da comunicação. Exclui: a conversa interpessoal, a teoria da comunicação. → Ontológico: Estuda o ser O paradigma dominante reduz a comunicação à comunicação de massas e coloca de parte outros tipos de comunicação. Exclui: a comunicação não-verbal, o uso da internet. → Metodológico: O paradigma dominante baseia o estudo da comunicação no método empírico e quantitativo. Analisa apenas dados. Exclui: os métodos qualitativos e interpretativos, a análise do discurso. → Político: O paradigma dominante reduz a comunicação e os média em meios de integração social (políticos). Exclui: o facto de a comunicação gerar problemas sociais, a comunicação destrói a estabilidade social. 2 Comunicação normativa e funcional Comunicação normativa → partilha, sociabilidade, intercâmbio. Comunicação funcional → transmissão de informação, de bens e serviços à longa distância, necessidade de troca, especialização das sociedades. Visões do mundo para a comunicação – Dimensões da comunicação → Comunicação representativa Metáfora da bola de bilhar: existe a passagem de uma mensagem – emissor – recetor. Isto não quer dizer que a comunicação não seja boa. Pensar na comunicação para outras pessoas. A comunicação é mecânica e linear. Conexão mecanicista: Onde o emissor tem um papel ativo, visto que é ele que transmite a mensagem (tem o papel mais importante, pois é ele que inicia o processo). Os recetores são sujeitos passivos. Não têm tanto feedback. → Comunicação expressiva Metáfora do organismo. É vista como expressão do ser humano. Interação entre dois elementos. Relação circular de maior feedback. Processo envolvente e circular. Somos emissores e recetores. Interação complexa e contínua. → Comunicação confusionante (redes) Sujeito e ambiente hoje são confundidos. Tecnologias: já quase não conseguimos diferenciar o virtual do real. O emissor e o recetor são difíceis de diferenciar, pois recebemos informações de todo o sítio. As redes destroem barreiras tradicionais. Recebemos informações durante 24 horas. Com as tecnologias digitais os fluxos de informação explodiram. As 7 tradições da comunicação (o que permite dialogar – as diferentes perspetivas) → Semiótica: Está pendente da interpretação de cada um. É a ciência que estuda os signos. (Estimula um significado na mente de alguém. Tudo o que fazemos transmite algum significado). A semântica estuda os significados do signo. A sintática diz respeito às relações que os signos estabelecem entre si. 3 A pragmática diz respeito a como os seres humanos usam os signos. Mediação intersubjetiva através de signos. → Fenomenologia: A comunicação é vista como uma experiência boa. Como um sujeito compreende e transmite uma mensagem a outro. Centra-se na experiência do sujeito. Interpretação como ponto central. A nossa experiência é delimitada de acordo com a nossa linguagem. Como somos capazes de perceber e chegar ao outro. Comunicação genuína - diálogo (entre duas ou mais pessoas). Partilha de crenças, valores, etc. Difere da semiótica, pois a experiência intersubjetiva não tem necessariamente de ser mediada por signos. A tradição fenomenológica diferencia-se da tradição retórica, pois consideravam que a comunicação não tem de envolver o uso estratégico de signos. Não entende a comunicação persuasiva. Tem a ver com experienciar o outro em mim. Ex: quando abraçamos alguém para o reconfortar e assim experienciamos os sentimentos das outras pessoas em nós mesmos. → Cibernética: Ao contrário das anteriores, pensa a comunicação através de sistemas técnicos (conjunto interrelacionado de elementos de partes ou variáveis que se influenciam mutuamente e moldam assim os atributos globais do sistema.) Estudo interdisciplinar da estrutura dos sistemas reguladores. Teoria geral dos sistemas. Ajusta os estímulos do ambiente externo com os estímulos do ambiente interno. Ex: Termóstato, Corpo Humano (sistema de comunicação), etc. Corpo humano como “algo que comunica” - quando temos fome, sede, etc. (são um conjunto de partes interdependentes). Estuda as pequenas partes individuais que se relacionam entre si, para fazer funcionar algo. Ex: Quando um banco faliu e afetou todo o mundo, visto estarem todos interligados. Tentativa de compreender a comunicação e o controlo da informação em máquinas, seres vivos, etc. Homeostase (regulação de relações) – quando existe uma regulação. Recondância, Codificação, Descodificação, Homeostase, Entropia (mensagem imprevisível, pode levar à inexistência de comunicação). A cibernética é a mãe da teoria da informação. A comunicação tem a ver com o envio de informação. Ajuda a explicar os sistemas completos. Problemas: Quebras ou interrupções do fluxo de comunicação e de informação. Quebras na transmissão de informação. Falha na transmissão de comunicação. A CIBERNÉTICA ENTENDE A INFORMAÇÃO COMO MEIO DE TRANSMISSÃO. 4 → Sociopsicológica: Comunicação como aplicação, interação, influência. Forma de expressão. Individuo como ser social. Interação e influência sobre o comportamento do ser humano. A comunicação é enfatizada por predisposições psicológicas, ou seja, atitudes, estado emocionais, personalidade. As mesmas são modificadas de acordo com a interação social. Pode ocorrer a nível interpessoal como a outros níveis (telefones, etc.). Ex: Bullying – através da interação social mudamos o nosso pensamento. → Sociocultural: A comunicação como (re) produção social. Estuda a relação de um indivíduo com um todo (sociedade), partilhas de traços sociais e culturais em comum. Recolhe maior influência da sociologia e da antropologia e entende a comunicação como um processo simbólico porque reproduz símbolos partilhados. Ex: Agora existem modelos XXL, a cultura vai mudando. Muitas vezes os padrões mudam. (exemplo das modelos, ou o facto de agora nas novelas aparecerem casais gays, coisa que antes não acontecia.) – Muda conforme a evolução do tempo. Comunicação dentro de uma determinada sociedade e os seus efeitos. Problema: Existir um desfasamento no tempo e no espaço que põe em causa os padrões culturais e a ordem social. → Crítica: A comunicação como uma reflexão discursiva. Não basta adquirir conhecimento, é preciso agir. Perspetiva crítica de uma determinada ordem e que pode modificar algo. Reprova muitas formas comunicativas porque não visam a emancipação do sujeito (deixa de estar sobre a tutela de alguém). Submetemo-nos a uma ordem de pensamento, sem a questionar, ou seja, “se toda a gente faz assim, eu também vou fazer”. Diz para pensarmos por nós e criticar as informações que recebemos. → Retórica: Comunicação com persuasão. Como forma de linguagem em que o orador altera o comportamento e pensamento do auditório. Racionalidade argumentativa para fazer o auditório aderir às propostas do orador. A comunicação é uma proposta - o orador transmite ideias ao auditório, mas não o força a aceitar tais ideias. Na publicidade estamos a ser influenciados para comprar algum produto. 5 2. Conceitos fundamentais de uma Teoria da comunicação Em introdução ao Estudo da Comunicação, Fisker defende que há duas escolas principais no estudo da comunicação: → A transmissiva ou processual Esta concebe a comunicação como “transmissão de mensagens” através da qual se procura produzir um determinado “efeito” sobre os recetores. Reduz-se a comunicação a posts, fotografias (por exemplo: uma publicidade no facebook). Aqui a comunicação tem como objetivo afetar alguém, ou seja, a comunicação preocupa-se muito com a sua eficácia. A forma mais disseminada da comunicação. → A semiótica Conhece a comunicação como “produção e troca de significados” resultante da interação das pessoas com as mensagens ou textos, e centra-se nas questões relativas às diferenças culturais entre “emissores” e “recetores”. Esta escola resume-se à significação, ou seja, ao processo de partilha, disseminação e criação de significados. Escola transmissiva Escola semiótica A interação social é a forma de afetar o A interação social é reconhecer um indivíduo comportamento de outra pessoa. como membro de uma sociedade. A mensagem é o que é transmitido pelo A mensagem é um processo de interação que processo de informação. leva à criação de significados S S Deslocação, transmissão de um significado S – um processo de negociação do significado, fixo. o significado não é fixo. Comunicação: Signo e código Toda a comunicação envolve signos e códigos. Os sinos e códigos são transmitidos ou tornados acessíveis a outros através de processos simbólicos latos a que damos o nome de comunicação. → A comunicação é central do ponto de vista cultural Os códigos são sistemas nos quais os signos se organizam. Determinam a forma como os signos se relacionam com os outros. A comunicação é fundamental para nos definir como cultura. Comunicação: Signo e sinal Sinais são signos que desencadeiam mecânica ou convencionalmente uma ação por parte do recetor. O signo é algo que está por algo. Este “estar por” é muito vasto, pode significar muita coisa: representar, caraterizar, fazer a vez de. O mais importante aqui é sublinhar: a natureza relacional do signo, o ser sempre signo de alguma coisa. 6 Signo compulsivo → por exemplo o sono que se pode sentir durante as aulas, que pode significar que não dormimos bem. A comunicação humana: dispositivos instintivos e dispositivos simbólicos Os animais dependem de mecanismos instintivos para proporcionar o mundo à sua volta, interpretá-lo corretamente e responder de forma adequada. O mundo natural apresenta-se, assim, como uma fonte de estímulos que se convertem em sinais a que os organismos reagem instintivamente. O homem não se relaciona com o Mundo apenas através de respostas comportamentais imediatas, reagindo aos sinais. Ele possui igualmente a capacidade de se relacionar com os seus semelhantes e consigo próprio através de signos culturais que ele próprio concebe e desenvolve de acordo com uma lógica simbólica. A incapacidade de distinguir entre instinto e pulsão, sinal e signo leva a que muitas vezes a comunicação seja percebida de forma análoga à informação como mero transporte ou deslocamento do sentido entre 2 agentes. Comunicação, significação e signos Todos nós somos especialistas em semiótica, porque estamos constantemente a interpretar o significado dos signos, por exemplo: os semáforos e as cores das bandeiras, as formas dos carros, a arquitetura dos edifícios, ou o design de embalagens de cereais. Os signos não são apenas visuais – podem ser sonoros, como o som da sirene da polícia anunciando a sua passagem dali a uns segundos. Usamos os signos para passar informações. A semiótica estuda como “x” é igual a “i”, no entanto tudo varia de cultura para cultura. Produzimos signos que alguém produz e as outras pessoas interpretam. Só assim existe comunicação, pois se a pessoa não perceber não existe comunicação. Signo – tudo aquilo que signifique algo para alguém. Sistema de comunicação – processo pelo qual uma determinada cultura associa sistematicamente um conjunto de expressões a um conjunto de conteúdos. Comunicação – processo pelo qual os indivíduos ou grupos pertencentes a uma cultura exploram os sistemas de significação para interagir com outros indivíduos ou grupos. Existem dois tipos de referentes dos signos: Concreta → quando um signo se refere apenas a algo. Ex: o nome do gato “mimi”, só se refere ao gato que se chama “mimi”. Abstrato → quando chamamos de “gato”, no general qualquer gato serve. Nota: O signo para Saussure – existem vários tipos de códigos: vestuário, códigos linguísticos. 7 Diádica Descrição composta por uma parte física e material. Temos o significante (palavra, cor e imagem) e o significado é a parte conceptual (conceito). Exemplo: mesa Significante: m-e-s-a. Significado: O signo tem sempre estas duas partes, pois as mesmas relacionam-se entre sim. Outro exemplo: Significante: Expressão facial. Significado: o que essa expressão facial nos quis dizer. Outro exemplo: Significante: gato. Significado: animal de 4 patas, com bigode, etc. A expressão e a compreensão tem que passar o mesmo código base. A língua é uma construção artificial. É aprendida e não é espontânea. Triádica Estrutura triádica para Pierce. Processo dinâmico de significação. Interpretante Signo Objeto Exemplo: Maçã Interpretante – pessoa a pensar numa maçã. Maçã – signo verbal. Objeto 8 Tipos de signo Ícone: signo que se assemelha a um produto de alguma maneira. Ex: mustang e um cavalo – mustang recolhe caraterísticas de um cavalo para dar o nome ao carro. Índice: signo está ligado ao produto que partilham alguma propriedade (fotografia). Ex: frescura de produtos de limpeza e eucalipto – ou seja, quando compramos uma árvore que cheira a eucalipto e nos lembramos da árvore e do eucalipto. Símbolo: signo que se relaciona com o produto por meio de associações convencionais ou consensuais. Ex: leão – relacionado à força. Ícone Índice Símbolo → Os ícones têm um alto poder → O índice, como o seu próprio → O símbolo não representa o de sugestão. nome diz, é um signo que como seu objeto em virtude do caráter → Qualquer qualidade tem, por tal funciona porque indica outra da sua qualidade (hipoícone), isso, condições de ser um coisa com a qual ele está ligado. nem por manter em relação ao substituto de qualquer coisa que → Há, entre ambos, uma seu objeto uma conexão de fato a ele se assemelhe. conexão de fato, como por (índice), mas é resultante de um → Daí que, no universo das exemplo o girassol (índice), já hábito, lei ou regra. qualidades, as semelhanças que aponta para o lugar do sol → Ele refere-se ao seu objeto proliferem. no céu. através de uma convenção social → Eles são capazes de produzir → Ele movimenta-se, gira na como bilhetes, senhas, bandeiras, na nossa mente as mais direção do sol. A posição do sol palavras, etc. imponderáveis relações de (índice) no céu indica a hora do comparação. dia. Exemplos/Exercícios: Ícones: Índice: podem ser cores, estados de espírito (quando a pessoa está a sorrir sabemos que a mesma está contente). Outro exemplo: compal de manga que cheira a manga – o facto de sabermos que o compal de manga irá cheirar a manga representa o índice. Símbolos: tartaruga associamos logo à lentidão. → Aplicar a conceção diádica de Saussure a “mesa”: Significante: m-e-s-a. (pose ser roupas, cores, imagens). Significado: imagem de uma mesa – temos que escrever o conceito de mesa: 4 patas, uma tábua, etc. → Aplique a conceção triádica de Piere a “cavalo”: Interpretante: o elemento do signo que nos remete para algo. Depende da pessoa. Signo verbal: cavalo. Objeto: desenho do cavalo. 9 A esfera informacional e a esfera comunicacional A comunicação considerada como tecnologia e/ou como processo social e cultural. Comunicação - ideal normativo de aproximação entre cultura, não só a nível tecnológico. 3 razões para a comunicação: → Partilha e troca de necessidades humanas fundamentais. → Sedução: Não romântica, mas com uma mensagem atrativa. Ex: influenciadores digitais, youtubers – onde o objetivo é chamar à atenção. → Persuasão: Convencimento, Argumentação e Discutir. → Esfera informacional: está ligada à → Esfera comunicacional: tecnologia Processo que ocorre entre pessoas dotadas Conjunto de acontecimentos que fazem com razão e liberdade. parte de um coletivo e de um ambiente Entre pessoas que pertencem ao mesmo cognitivo. mundo cultural. Varia. Exposição de opiniões. Diversamente proporcional à probabilidade de Processo livre de comunicação. ocorrência. É previsível existir uma resposta. Ex: o valor informativo tem a ver A comunicação é um processo revertível (ao inversamente com a probabilidade de contrário da informação). ocorrência. A comunicação não se compra. Tem caráter de natureza incontrolável: Sociabilidade para termos comunicação. Ex: doença. A abundância de informações não significa a Transmissão de informação relevante. abundância de relações. A informação é irreversível. 3. O caráter multidisciplinar da comunicação A polissemia do conceito → Informar não é comunicar A relação ente estes conceitos é complexa. Não existe comunicação sem informação. Comunicação não é algo certo, pois depende sempre da interpretação da pessoa. Ideologia tecnologia da comunicação Grandes riscos: → Incomunicação: face ao progresso das tecnologias da informação existe um risco de a comunicação se tornar uma raridade. → “Solidão na multidão” - comunicação cada vez mais rara. → Olharmos apenas para as tecnologias. → Usamos a tecnologia para espalharmos mensagens de ódio. 10 Comunicação normativa e funcional Funcional: está conectada a outro vocabulário; distribuir mensagens o mais livremente possível. Normativa: implica uma relação entre o emissor, a mensagem e o recetor. Comunicar não é apenas produzir informação e distribuí-la, mas também estar atento às condições em que o recetor a recebe, aceita ou recusa em função do seu horizonte cultural, político, filosófico, e como lhe responde. Não existe comunicação sem informação. Existe informação sem comunicação. Existem desvios de informação: esquecemos o que é importante, pois estamos mais interessados no social do que interagir com as pessoas pessoalmente. Difusão de pensamentos – comunicação. Sociedade individualista de massas - o que acontece com os média. Embora exista uma transmissão de muita informação faz com que cada indivíduo seja individualista e se afaste dos outros. Comunicação verbal e não-verbal Na comunicação verbal existe um dicionário e na não-verbal não existe. Temos o discurso verbal e temos outras formas de comunicar sem ser verbalmente. Comunicação não-verbal (exemplos: levantar o polegar; piscar o olho) – implica um saber implícito na interação. Uma vez que não existe um código explícito na comunicação não-verbal e não sabemos o que quer dizer utilizamos a comunicação verbal. A compreensão de comportamentos não-verbais é hipotética e acontece por aproximação, existe sempre uma dúvida sobre o que é que o código verbal quer dizer. É assim problemática, pois como já disse não existe um significado explícito. → Existem 4 tipos de comunicação: Comunicação verbal – por palavras. Na escrita ou oralmente. Comunicação para-verbal/para-linguagem – elementos que não são linguísticos, mas que dão um sentido extra aos elementos linguísticos. Ex: volume, silêncio, entoação, tom. Comunicação não-verbal – expressão facial, contacto visual, gestos. Quinésia → área de estudos dos comportamentos não-verbais – linguagem corporal. Proxémia → estudo da gestão humana do espaço, estuda como nós usamos o espaço físico para nos exprimirmos. Comunicação extra-verbal – o significado veiculado pelo contexto da comunicação incluindo a hora, o lugar, a orientação dos participantes numa atividade social e aspectos táteis e olfativos. Nota: As comunicações verbais e não-verbais estão conectadas. Comunicação não-verbal: envolve a postura de gesto, expressão facial, aparência, amplitude. Comunicação verbal: observação, pensar, sentir, sentir necessidades. Sem linguagem não existia pensamento. 11 Exemplo de linguagem não-verbal, que demonstra o que estamos a sentir: choro, expressão facial, pintores, dança. Uma língua tem que ser aprendida, e esse processo é bastante lento. Não é tão espontâneo como a comunicação não-verbal. A forma como usamos uma linguagem diz muito acerca de nós enquanto membros de uma dada sociedade e diz muito de nós mesmos. Saber comunicar verbalmente dá-nos poder. Muitas vezes através da comunicação verbal é um indicativo da identidade das pessoas. É também um fator de aproximação (comunidade de países de língua portuguesa). Para além disto a linguagem é performativa. Ou seja, leva-nos a fazer alguma ação. Outro exemplo é a promessa de algo, pois a partir deste momento estamos obrigados a cumprir a situação. Assim as palavras não são meras palavras, pois a mesmas mudam o mundo à nossa volta, tal como um juiz muda o mundo de alguém que é condenado. A linguagem é poderosa, pois muda o mundo. Dependo das mensagens contamina as relações das pessoas. (Difamação). Por outro lado, a linguagem está ligada ao nosso lazer. Ex: Anedota, palavras cruzadas, sopa de letras, jogo do stop. Comunicação não-verbal Comunicação involuntária, no entanto, a mesma não é sempre involuntária. Mesmo quando ficamos em silêncio já estamos a transmitir a mensagem que não queremos comunicar. Não é fruto de um trabalho, pois frequentemente reagimos normalmente. Ex: quando recebemos um presente e começamos a rir e tudo o resto. A partir de uma panóplia de signos não-verbais conseguimos criar uma história verbal. A comunicação não-verbal consiste em falamos através de gestos, postura, movimentos, objetos, aparência, logo temos muitos mais signos para explorar. A segunda característica é que a comunicação não-verbal transmite mensagens emocionais. A mesma é mais credível, pois é involuntária. Torna a comunicação menos fácil de fingir. A terceira característica é que é credível. É ambígua, pois convoca uma multiplicidade de quinemas. No entanto a nossa interpretação não é 100% segura. A quarta característica é que influencia os outros. É a característica que melhor complementa comunicação não-verbal, pois regula o fluxo conversacional (conversas). Ex: O olhar. Regulador das nossas comunicações afetivas. Até nas redes sociais conseguimos regular a nossa comunicação com os outros, através dos emojis. Normalmente são todos afetivos. Resumidamente: As caraterísticas da comunicação não-verbal: → Involuntária. → Transmite mensagens emocionais. → É credível. → É ambígua. → Influencia os outros. 12 → Quinésica Grande área de estudos não-verbais. Estudo de comportamentos não-verbais inclui expressões faciais, linguagem corporal, gestos, movimento corporal. Quinema → unidade mínima de comunicação verbal, a forma como olhamos, os nossos gestos, etc. Raymond Birdwhistell argumentou que todos os comportamentos e movimentos do corpo têm um significado. Princípios fundamentais da quinésia: → Nenhum movimento ou expressão corporal é destituído de significado no contexto específico em que se apresenta. → Tal como outros aspetos do comportamento humano, a postura corporal, os gestos e os movimentos são elementos padronizados e que por esse motivo podem ser analisados de forma sistemática, significa isto que nós podemos estabelecer um padrão de comportamento. → O reportório de movimentos corporais depende do grupo social onde se insira. (Dependendo do sitio onde nos encontramos e com quem falamos). Ex: o exemplo da discoteca. → Qualquer atividade visível e percetível influência os restantes membros da interação. Ex: se alguém tiver sempre a olhar para o relógio vai influenciar outra pessoa e a mesma vai se despachar. → Tipologia de gestos Classificamos os gestos nas seguintes categorias: 1. Emblemas: Possui um significado preciso independente do discurso verbal. Ex: acenar com a cabeça (significa sim). 2. Gestos ilustradores: Estão ligados ao que estamos a dizer verbalmente, não são independentes do discurso verbal, ao contrário dos emblemas, são gestos que utilizamos para reforçar o que estamos a dizer verbalmente. Ex: batons, ideógrafos (traça um percurso físico, faz um movimento, traduz as nossas ideias – descida ou subida de preços), pictografia (desenham os referentes – desenho do sol com o dedo), quinetografo (quando damos o exemplo de uma ação através dos movimentos, gestos que descrevem uma ação – ex: correr). 3. Reguladores: Regulam a troca comunicativa com o interlocutor. Regulam a interação. Ex: podem ser gestos que apreçam o interlocutor, que terminam. 4. Expressivos – afetivos: Levantar ou franzir as sobrancelhas, pois exprime um estado emocional. 5. Adaptadores: São os mais frequentes. São gestos que pontuam a nossa interação e que são gestos feitos em direção a nos ou a objetos. Ex: mexer no cabelo; abanar a perna; mexer na orelha quando estamos a falar com alguém. 13 → Proxémica É um conjunto de observações e teorias referentes ao uso que o homem faz do espaço enquanto produto cultural específico. A forma como nos movimentamos, como usamos o espaço tornando reservado, é um uso cultural. E tem que ser estudado de forma coletiva. Estuda uma linguagem visível, relativamente à distância que criamos com os outros nas nossas interações sociais. Ex: Quando nos encontramos com alguém desconhecido e nos afastamos do mesmo, ou seja, quando as pessoas se aproximam demasiado de nós e já estão a entrar num espaço mais pessoal, e como não queremos acabamos por nos afastar. → Zonas de interação A zona pública: é a mais alargada, interações sociais onde estamos afastados mais de 3 metros, por exemplo comícios, concertos, multidões. Esta zona é também a mais permissiva. A zona social: vai desde os 3 metros até um metro. É a zona mais utilizada, quando temos uma aula bebemos um café, quando temos uma reunião e interagimos com as pessoas. É reservada aos nossos conhecidos. A zona pessoal: cada vez mais o número de pessoas vai diminuindo, diz respeito à família, aos conhecidos, aos amigos, etc. 50cm. Ex: jogos de futebol, de basquete, etc. A zona íntima: pais, irmãos, amigos, namorados (15 a 45 cm). No entanto pode existir situações em que isso não acontece. Ex: discotecas. É importante ter em conta como é que as pessoas se relacionam e também a sua cultura, para não os desrespeitarmos. Comunicação verbal É ambígua, pois podemos interpretar de uma forma ou outra. Níveis de comunicação 1. Comunicação intrapessoal Pensamento refletivo sobre nós próprios. Somos simultaneamente agentes e objetos de comunicação. Comunicação privada – pode envolver monólogo (diálogo interior). Expressamos emoções e reflexões – às vezes espontaneamente. Pode ser desencadeada por motivos externos. 2. Comunicação interpessoal Discurso coerente e vocabulário adequado. 2 ou mais pessoas interagem e influenciam-se mutuamente. Responsável pelos nossos comportamentos e relações sociais. Pode ocorrer em todos os contextos da nossa vida. Mais objetiva que a relação intrapessoal e mais estruturada na tomada de palavra. Há expectativas sociais – esperamos respostas e reações da outra parte. 14 Relacional – cria relações sociais. 3. Comunicação grupal (ex: Newsletter) Propósito – atingir objetivos comuns, desenvolver atividade coletiva e criar homogeneidade. Central a nível profissional. Ao contrário das relações interpessoais, que são espontâneas, esta não o é. Comunicação centrada numa tarefa. 4. Comunicação pública Acessibilidade, abertura (ex: televisão, jornalismo). Transmite informações relevantes para a sociedade. É mais formal que as anteriores – segue regras. 5. Comunicação de massas Relacionada com o desenvolvimento das telecomunicações. Comunicação de larga escala unilateral e que permite chegar às grandes massas (público). Enorme difusão – alargamento espacial e temporal da comunicação. Fundamental na globalização. Unidirecional – desde o emissor (papel ativo) até ao recetor (papel passivo). Pode ser medida em termos quantitativos – mediação das audiências (ranking). Uma das mais frequentes a par com a comunicação interpessoal, dá a ilusão que conhecemos as pessoas – gera sentimento de familiaridade. 3 funções: - Informar: função cultural, ajuda-nos a ser mais esclarecidos. - Entreter: a que mais ocupa as emissões. - Educar. 4. Modelos de comunicação São formas gráficas que simplificam uma parcela da realidade. Serve para mostrar os principais elementos de um processo comunicativo, bem como as relações estabelecidas entre esse elemento. Principais vantagens do uso de modelos de comunicação: Função organizadora → organizam a nossa compreensão, porque generalizam circunstâncias ocorridas em particular. → Fornecem uma perspetiva geral e abstrata daquilo que é concreto. Ex: em vez de estarmos a dar detalhes, podemos generalizá-los. Ex: da comunicação, se uma pessoa está a falar com outro, não me vou focar nas suas características, mas sim, focar-me de que os mesmos apenas estão a comunicar. → Utilizamos os modelos de interação: linear, internacional, transacional. Função explicadora → os modelos ajudam a explicar a influência que os media têm em nós. Estabelecem previsões → preveem que tipo de influência ou efeito a comunicação pode ter nos seus intervenientes. Estes fornecem um mapa. É apenas uma representação seletiva de algo, e isso acontece com os modelos de comunicação. 15 Os modelos são formas mais acessíveis e imediatas de representar uma teoria. Podem existir teorias sem modelos, mas modelos sem teorias não existem. O primeiro de Aristóteles veio inspirar todos os outros modelos que apareceram seguidamente. Se não existir um efeito a comunicação não tem sucesso. Existem vários modelos que transmitem “gráficos” diferentes de comunicação, porque um centra-se num contexto diferente do que o outro. Os modelos só nos dão respostas, para as perguntas que fizemos, no entanto, temos que fazer as perguntas adequadas a cada modelo. Modelos lineares → A fórmula de Lasswell A fórmula de Lasswell dá origem a diferentes áreas de estudo: análise de controlo, de conteúdo, dos média, de audiência, dos efeitos. Comunicar é enviar uma mensagem que vem de um emissor para um recetor. As três ideias principais da comunicação: ela é intencional, produzindo um determinado efeito e os efeitos são observáveis, associados a uma mudança de atitude ou de pensamento. Quando a nossa ação não muda não interessa. Efeitos cognitivos aqui não existem. → Modelo matemático da informação Processo linear e simples onde a preocupação é: como é que um canal pode ser usado com máxima eficácia? Objetivo: Capacidade de enviar muita informação através de um canal e medir a capacidade desse canal para transportar informação. A finalidade da comunicação é transmitir o máximo de informação e evitar distorções e ruídos. Este modelo visa as relações de causa e efeito. Visa a eficiência e a precisão do fluxo informativo. Quantificar o custo da informação, ou seja, passar o máximo de informação com o mínimo de custo. Ex: Televisão. Ex: Mensagem de telemóvel – Fonte de informação (a pessoa que envia a mensagem); Transmissor (telemóvel); Canal (antenas de telemóvel, que comunicam através de ondas); Recetor (telemóvel da pessoa que eu enviei o sms); Destinatário (a pessoa que recebeu a mensagem); A fonte de ruido é tudo aquilo que destorce a mensagem. Este modelo foi feito para ser utilizado na comunicação de massas, no entanto, é possível aplicar em pessoas. Canal pode ter significados diferentes e por isso devemos distingui-los. Existem vários meios: presenciais (voz, corpo) onde exprimem mensagem, a nossa voz permite partilhar o nosso pensamento com os outros – linguagem natural – (idiomas). E normalmente requer a presença de ambos. Meios representativos, como por exemplo a arquitetura (representa algo). E ainda o meio mecânico. Para que haja uma plena e eficaz transmissão de mensagem é necessários existir: → Redundância: previsibilidade da mensagem, quando mais previsível uma mensagem é menor é a probabilidade de ruido. Ajuda na precisão da descodificação da mensagem. Assim que existir algum ruido como já sabemos mais ou menos o que é conseguimos perceber a mensagem. É algo banal. → Entropia: quanto mais entrópica é uma mensagem, menos redundante é ,ou seja, mais imprevisível ela é. É imprevisível. 16 Desvantagens: → Modelo redutor da comunicação, não e útil para descrever a generalidade dos fenómenos comunicacionais. → Modelo dicotómico que coloca uma separação entre o emissor ativo e o recetor passivo. → Não presta atenção à dimensão semântica, e tende a lidar com o sentido das mensagens de forma universal objetiva. O problema da interpretação não existe, é assumido que a mesma é clara, objetiva e evidente e isso pode ser mais ou menos aceitável do ponto de vista tecnológico, que interpretam aquelas ordens de maneira objetiva e universal, mas não é tao linear com as pessoas. Não é por reduzirmos o ruído, que vamos entender o que a pessoa está a tentar dizer. Esquece-se da interpretação humana e considera a mesma objetiva. Devido a esta critica o modelo é expandido. → Problemas da comunicação Nível A - Problemas técnicos. Onde fazemos a pergunta, com que precisão se podem transmitir os símbolos da comunicação? Nível B - Problemas semânticos. Onde fazemos a pergunta, com que precisão os símbolos transmitidos transportam o significado pretendido? A ideia principal da pergunta é a ideia de transporte de informação. Nível C - Problemas de eficácia. Onde fazemos a pergunta, com que eficácia o significado recebido afeta a conduta da maneira desejada? Interessa perceber como é que a mensagem afeta o comportamento. Modelos circulares → Modelo de Osgood e Schramm “Transciver”: o sujeito é simultaneamente transmissor e recetor da mensagem. Daí ser circular. Modelo que privilegia a circularidade da comunicação. É um modelo bidirecional, pois o emissor emite uma mensagem ao recetor, o mesmo interpreta a mensagem, dá feedback da mensagem e emite uma mensagem, seja ela nova ou continuada. Uma mensagem que não possua algum tipo de feedback, é um processo comunicativo incompleto e ineficaz. Vantagens: → Dá uma visão circular e sem interrupções da comunicação. → Transmite mensagens redundantes, com precisão assegurando o processo da comunicação. → Modelo dinâmico. → Ele não prevê uma separação entre o emissor e o recetor o que permite que este modelo se torne circular. → Ruido semântico, é a possibilidade de erros que decorrem da interpretação. Decorre de diferenças culturais. Desvantagens: → Não contemplar a descrição gráfica, o feedback e o ruido semântico. 17 → Modelo Helicoidal Autor: Frank Dance. Este modelo não estabelece a comunicação completamente definida e circular, pois não sabe como começa e como acabar, ou seja, a comunicação é infinita. É um processo contínuo e infinito. Não tem fim nem início. PROCESSO EVOLUCIONÁRIO. Vai aumentando ao longo do tempo. Exemplo: vamos falando da praxe numa fase inicial e ao longo do tempo começamos por alargar a nossa comunicação sobre outros temas. Modelo fluído, singular, irrepetível., contínuo, cumulativo e único. Contribui para as relações sociais. A comunicação não começa sempre do zero, vai se alargando, daí a espiral ir aumentando. É irrepetível porque não conseguimos falar do mesmo assunto exatamente da mesma forma que antes. Expande-se porque vamos acrescentado detalhes. Algo que se constrói todos os dias. Ex: ao falarmos com um amigo passado 20 anos, vamos conhecer melhor a pessoa e falar de assuntos diferentes do que costumava-mos falar. Exemplo da mola. Reage conforme o nosso comportamento. As nossas relações com os outros vão se alargando à medida que conhecemos melhor a outra pessoa, e temos um comunicador ativo. Modelo geral de comunicação de Gerbner Aborda questões relacionas com a perceção. Perceção do acontecimento. Pensado para a comunicação de massas. Duas formas: → Verbal (10 passos) → Gráfica 1. Alguém. 2. Perceciona um acontecimento 3. E reage 4. Numa situação 5. Através de alguns meios 6. De modo a tornar disponíveis materiais 7. Sob determinada forma 8. E contexto 9. Transmitindo conteúdo 10. Com alguma consequência. Acontecimento – os média pegam na notícia (seleção do acontecimento). Destinatários – a partir da notícia (no jornal), vemos a notícia e interpretamos. Não existe uma relação direta com o acontecimento, porque não temos acesso ao acontecimento. Só vemos a notícia. 18 Permite-nos perceber melhor a construção social das notícias, ou seja, pela dimensão percetiva, a distância que vai entre a notícia e a declaração do acontecimento. É a distância que nos dá a construção social da notícia. → Problema Correspondência da realidade. A forma como os média representam a realidade. Como é que o A se transforma em A’. Este modelo enfatiza a subjetividade. Permite-nos dar de conta de operações de seleção de acontecimentos e o seu grande valor e conter em si neste formato triangular três valores fundamentais do que deve ser o funcionamento ideal da comunicação. Modelo conceptual de Westley e McLean Acrescentam múltiplos flocos de orientação tornando-a mais rigorosa. Descrição de múltiplos acontecimentos X, que o A seleciona, que transmite a B através de C. Ideias importantes: → Seleção dos acontecimentos. → A ideia de transmissão através de C. → Feedback. Os “X” são objetos de orientação. O “A” Advocacy Roles – defende um ideia. Um grupo social que tem uma coisa a dizer sobre um assunto. O “B” Behavioural system roles (audiência) – sistemas comportamentais. Podem ser grupos sociais que necessitam de uma orientação sobre determinado tema. O “C” Channel Roles – canal que defende a ideia. Os média que comunicam os acontecimentos. O papel deles é reportar a informação. Exemplos: As rádios preocupam-se com o nível de chamadas telefónicas e emails recebidos por parte dos ouvintes (FBC) a propósito do noticiário (“X”), o qual seleciona um conjunto de mensagens disponíveis, como o aumento dos impostos ou uma nova produção cinematográfica (X1, X2, etc.). Desaparecimento de uma criança: os “X” são os vários acontecimentos que existem no mundo. O “A” é a polícia e esta depois do que descobriu passa a informação para a comunicação social e de “C” para “B” (nós, o cidadão). Pode existir um feedback – FCA/FBA/FBC/non-purposive, feedback não intencional (por exemplo, o número de visualizações). 19 Ideia principal: Ajudam-nos a perceber os múltiplos fatores que nos ajudam a perceber o processo de comunicação. Enfase dada aos objetos de orientação e a seleção que é feita no X. Multi-orientaçao dos objetos X, Seleção do X por parte do A motivada pelas motivações, contexto e preferências. Os múltiplos objetos de orientação e a seleção dos mesmos, colocamos um grupo social a advogar uma causa, que através dos média chegam aos cidadãos. Para alem do feedback a questão do gatekeeping, seleção noticiosa feita pelos jornalistas, ou seja, quando um jornalista decide que a notícia vai ser publicada ou não. Ex: Acessória de imprensa: Alguém faz um comunicado a uma imprensa, e alguém de lá irá escolher se sai ou não, numa revista. Embora sejam modelos simples, existem perguntas que podemos fazer: → Quais são as características que os “C” (órgãos de comunicação) têm para desemprenhar as funções? → Que critérios são utilizados na operação de seleção da informação? (Gatekeeping, porque o jornalista é uma espécie de porteiro que deixar passar algumas informações mas outras não). → Modelo circular que efetiva as operações de seleção noticiosa a partir de diversos objetos de orientação (X). Modelo ABX Descrever a dinâmica comunicacional entre dois ou mais indivíduos. Ideias principais: → Por um lado, a mudança de atitude. → Por outro fala-nos sobre a formação da opinião pública. → Inspira-se na teoria dos modelos de 1993, teoria do equilíbrio cognitivo, ou seja, duas pessoas têm uma atitude de simpatia ou não em relação a um objeto externo (terceiro objeto). → São padrões de relação equilibrados quando duas pessoas gostam uma da outra e não gostam do terceiro objeto (equilíbrio). No entanto este padrão pode ser desequilibrado quando as duas pessoas que se gostam entre si não partilham da mesma opinião relativamente ao terceiro objeto, ou seja, uma gosta do terceiro objeto e outra não (desequilíbrio). O que Newcomb faz é adaptar esta teoria descrita e transformá-la para os estudos de comunicação. Define um campo de padrões cognitivos equilibrados que se alargaria a partir da comunicação, ou seja, para o mesmo a comunicação concretiza uma função essencial que é orientar dois ou mais indivíduos em relação a um objeto exterior (pessoas, tópico, questão, tema, problema), segundo a qual dois ou mais indivíduos se mantêm simultaneamente orientados entre si em relação ao objeto exterior. Como é que as pessoas, a partir de uma pessoa, questão ou problema, se relacionavam quando não conseguiam encontrar um ponto de equilíbrio. Tal como é definido, este modelo mostra que existirá mais atividade comunicativa perante situações de maior incerteza e para que exista concordância é preciso que haja comunicação, ou seja, a comunicação permite estabelecer e alargar a concordância. Em situações de incerteza o trabalho comunicativo torna-se mais importante. Ex: o facto de as escolas abrirem ou não (comunicação com os cidadãos e por parte das autoridades, tentando solucionar o problema), ou seja, permite que as pessoas se orientem em relação a um tópico e que permitam conversar, opinar compreender e orientar-se para formar uma opinião. 20 O papel principal deste modelo é: introduzir o papel da comunicação na relação social, comunicação como fundamental para a existência de uma sociedade, pois permite um equilíbrio de um sistema social, ou seja, significa que a comunicação é um meio de manter o relacionamento entre as pessoas e que aumenta em relações de incerteza, ou quando surge um problema pois comunicamos de forma a soluciona-lo. Ex: salário da função pública – existem várias reuniões que envolvem várias pessoas onde discutem e debatem para encontrar um consenso (equilíbrio) sobre o tema. Passando para o exemplo da figura: a alteração da relação de B com X, irá alterar a relação de B com A e vice-versa. A relação de B com A vai afetar a relação que têm com X. Claro que A e B, têm que ter uma relação, pois sem a mesma não têm pressão nenhuma para concordar num tópico. Quanto maior é a necessidade de equilíbrio cognitivo maior é a necessidade do recurso à comunicação. É excelente para situações de guerras, de acidentes ou crises políticas, pois nestas situações à uma maior tendência de procurar encontrar uma opinião do que está a acontecer, uma vez que os processos comunicativos aumentam (comunicação de massas). Ex: Covid-19. É bom para avaliarmos a democracia, pois existem sempre dois lados que discordam de algum assunto. 5. Comunicação e cultura O modelo ritual da comunicação de James Carey Proposta que dá origem ao modelo: → Através da comunicação construímos um mundo cultural significante. É por frequentarmos os rituais que a visão do mundo é continuada. → A comunicação é vista como um processo de construção e manutenção de uma sociedade. → Comunicar não tem apenas um objetivo instrumental, mas é mais um ato de partilhar representações de crenças partilhadas. → Comunhão, Partilha. → Através da partilha de estes elementos, a sociedade forma um horizonte de sentido partilhado. Assim, a comunicação exercita esses valores, como celebração, amizade, etc. É uma árvore de natal porque o natal é um ritual e é um momento de elevada comunicação. Este modelo ocorre quando nos reunimos para falarmos sobre as nossas relações. Existe uma comunicação que não tem a ver com a transmissão de informação. Os média funcionam ritualmente a outro nível: → Principal ideia: A comunicação é um processo simbólico onde a realidade é produzida, mantida, reparada e transformada. → Assim a comunicação envolve rituais preservatórios a partir dos quais geramos e preservamos a nossa cultura. → Perspetiva ritual da comunicação é importante: examina as formas simbólicas significantes. Como a comunicação permite criar símbolos, apreendê-los e usá-los, símbolos esses que são fundamentais para a nossa vida em sociedade. 21 Comunicação ritual: → Ir à missa. → Ir ao café (palco simbólico que as pessoas vão para saber o que acontece no mundo, mas também para se conhecer melhor). → Música num festival onde todos se reúnem. → Comprar o jornal todas as semanas. → Todos os nossos valores. Defende James Carey que a comunicação deve ser vista como um ritual participatório (ideia de comunidade) onde geramos, mantemos e conservamos a nossa cultura. A comunicação é também uma oportunidade de reapreciação da nossa realidade. Sempre que agimos estamos a mudar a nossa realidade, da forma que comunicamos. Todos os anos o facto de existir um conjunto de pessoas a fazer o mesmo estamos a reforçar uma cultura de determinado país, de comunicar com os outros, etc. Exemplo: festa de aniversários, procissões, etc. Exemplo da superbock: → Adequar a bebida a um ritual. → A ideia é associar a cerveja a momentos de convívio com os nossos amigos. → Associar a marca a momentos de felicidade de alegria, descontração, etc. → Dimensão ritualística, partilha de uma tarde bem passada, momento de comunhão da amizade, comunicação, etc. Exemplo do jogo de Portugal: → Embora existem pessoas que não gostassem de futebol estavam lá a ver porque se tratava do povo português. (cachecol: símbolo de ser português, forma de apoio a uma seleção, etc). Fundamental na transformação da nossa cultura, pois exprime a nossa cultura. Só podemos entender a comunicação pois partilha mapas simbólicos que nos definem enquanto membros de uma sociedade. Até uma espetada madeirense é importante porque comunica a cultura de um povo. 6. Os efeitos da comunicação Efeitos cognitivos Ao longo do tempo na sociedade tornamo-nos influenciáveis e começamos a tolerar coisas que antes não fazíamos. A transição para o efeito cognitivo foi possível porque a partir dos anos 70, começou-se a dar mais importância ao estudo do jornalismo. Os estudos cognitivos dão importância ao jornalismo visto que estes influenciam as nossas atitudes. Ex: os idosos que morrem sozinhos em casa. O jornal ao partilhar isso quase todos os dias (aumentou o número de notícias) mudou a perceção das pessoas. Ao haver muitas notícias sobre a violência pode condicionar a maneira como compreendemos esta situação., e leva-nos a pensar que a violência está em todo o lado. → Estudos dos efeitos cognitivos da comunicação de massas Conjunto das consequências da ação comunicativa, de caráter público e institucional, que incidem nas formas de conhecimento quotidiano (dos saberes publicamente partilhados), que condicionam o modo como os indivíduos compreendem e organizam o seu meio mais imediato, o seu conhecimento sobre o mundo e a orientação da sua atenção para certos temas bem como a sua capacidade de discriminação relativa aos conteúdos da comunicação de massas. 22 Dividimos estes estudos em três: → Estrutura simbólica da opinião pública: Agenda setting e espiral do silêncio. → Distribuição social desigual do conhecimento: Gap Hypothesis (distribuição desigual de conhecimentos ao longo da sociedade – nem todos têm acesso aos computadores). → Quem vê as notícias como forma de construção social da realidade: é uma construção coletiva à medida que escrevemos sobre determinado assunto. À medida que todos nós emitimos discursos escritos, discursos visuais, entre outros, construímos uma realidade. Ex: surf. Os efeitos ilimitados: Teoria Hipodérmica ou teoria das balas mágicas Compara uma mensagem a uma injeção/seringa. Os média são veículos capazes de injetar na nossa cabeça informações, incluindo ideias, que são aceites imediatamente pelos recetores de forma homogénea. Falha/crítica – conceber o indivíduo sem discernimento crítico, ou seja, esta injeção não valida a perceção homogénea para todos os indivíduos. – nem todos reagimos da mesma maneira devido à diversidade de experiências e profissões de cada um de nós. Teoria importante como base de pensamento, ligada principalmente aos regimes políticos. Ex: Nazismo – como milhares de pessoas acederam à propaganda de Hitler. Modelo de comunicação linear que pode ser descrito como forma comportamentalista. Surge no contexto de sociedade de massas. Cada indivíduo é um átomo isolado que reage isoladamente às ordens e sugestões dos meios de comunicação de massas. Nós estamos vulneráveis às mensagens dos médias e os mesmo alteram os nossos comportamentos. Definição: A teoria hipodérmica surge como a primeira explicação dos efeitos da comunicação de massas e defende que os médias são agentes poderosos de mensagens às quais não podemos escapar. Os efeitos limitados: A teoria do fluxo comunicacional em duas etapas → Teoria em duas etapas de Katz e Lazarsfeld Líderes de opinião: família, políticos, influenciadores, Papa. Encontram-se entre os médias e as pessoas, e tentam influenciar a nossa opinião mudando-a de negativa para positiva, por exemplo. Estes líderes de opinião normalmente têm um determinado poder e conhecimento numa determinada área. 23 Lazarsfeld, Berelson e Gaudet decidiram estudar a influência do processo eleitoral, ou seja, porque é que as pessoas votam de determinada forma? Os eleitores recebiam muita informação a partir das pessoas que conviviam com os eleitores. No processo de formação de opinião acerca de um candidato, os resultados demonstram que os média não têm assim tanta influência. Existem influências mais poderosas que os média. Conclusão do modelo - mostra que ao contrário da teoria das balas mágicas a nossa opinião é exercida através das relações sociais que temos e são as mesmas que ajudam a compreender e aceitar as opiniões dos média. Três aspetos que condicionam a influência dos meios de comunicação de massas: 1. Exposição – quanto mais expostos estamos a algo tendemos a concordar com isso. Ex: ir à missa todos os dias. 2. Conteúdo – são relevantes para aferir a influência nos média no processo de formação de opinião. 3. Meio de comunicação de massas – é capaz de influenciar o processo de opinião. Elementos que temos que considerar como fatores que influencia a formação de opinião: → Predisposições de alguém (psicológico) - pode distorcer ou modificar a mensagem. Ex: se eu tenho a predisposição para desconfiar dos média, a influência que ele tem em mim é muito pouca. 1ª Etapa: comunicação de massas para os líderes de opinião. 2ª Etapa: líderes de opinião para o eleitor. A influência dos líderes de opinião é pessoal. O líder de opinião é o processo central. Mostra que as mensagens dos média (políticas), são muito mais fáceis de transmitir através do líder de opinião do que através dos média, pois têm uma influência enorme visto conhecerem o líder de opinião, pois a sua opinião é confiável. Assim os média ficam “ameaçados” pelos líderes de opinião. No entanto, pode haver um processo de comunicação de massas SEM líder de opinião. Ex: vermos um filme e não conversarmos com ninguém sobre o mesmo, e ficamos com a opinião que o filme nos transmitiu. Temos que ter em consideração a dinâmica de grupo e as motivações pessoais de cada um. Princípios da teoria do fluxo comunicativo em duas etapas: → Os indivíduos não estão isolados e são membros de grupos sociais que são alvos da socialização, por isso a reação ou reposta a uma mensagem mediática não é direta nem imediata, mas mediada por essas relações sociais e por elas influenciada. → Os indivíduos não são todos iguais perante os média. → Mostra que temos diferentes papéis no processo de comunicação (líderes de opinião), ou seja, existem indivíduos com um papel mais ativo na procura de informação e de transmissão dos média (líderes) e indivíduos com um papel passivo que dependem dos contactos pessoais com os líderes de opinião (seguidores de opinião). 24 Nota: Os líderes de opinião caracterizam-se por um maior uso dos meios de comunicação de massas do que os seguidores de opinião, e por isso são uma influência nos outros ao orientá-los sobre um determinado assunto. Esta escolha de papéis varia de acordo com a circunstância em causa. Um líder de opinião não é sempre líder de opinião, pois varia conforme o tema que estamos a falar. Ou seja, se os papéis variam de acordo com o assunto que está em causa. Não existe uma divisão definitiva entre os líderes e os seguidores de opinião, não nascemos seguidores de opinião nem líderes de opinião, ou seja, vamos cruzando esses papéis ao longo das nossas vidas e isso prova o menor efeito da comunicação de massas nos indivíduos, pois a sua influência não é direta, total e absoluta. Podemos ser líderes de opinião em determinados assuntos e sermos seguidores de opinião noutros. → Multi-step flow of communication O modelo do two step flow acaba por não dar conta de todas as pessoas que lideram a opinião ou não. Assim este modelo evolui para o multi-step flow. Retificou o modelo inicial de dupla etapa para múltipla etapa, ou seja, concluiu que os líderes de opinião não estavam necessariamente no topo da hierarquia social. Os efeitos a longo prazo → A Teoria do agendamento (agenda-setting) Todos os temas que apresentamos derivam da interferência que os média têm na nossa opinião. Até que ponto é que sabíamos das notícias e preocupávamo-nos com os assuntos mais importantes da atualidade se não fosse a comunicação de massas. Assim os meios de comunicação de massa possuem a capacidade de transferir a importância dos assuntos da atualidade desde a agenda mediática para a agenda pública. Esta transferência não é manipulação, pois não existe intenção de enganar ou impor nada a alguém. É um estudo a cerca da mudança social e da dinâmica da opinião pública que é explicada em termos de efeitos cognitivos de longo prazo provocadas pelos média. Procuramos nos média pistas para compreender o que é importante. Assim os média têm assim o poder de dizer-nos não o que pensar, mas em que pensar. Função de agendamento é o resultado de uma relação que se estabelece entre a enfase dada a um determinado tema por parte dos média e a prioridade da temática manifestada pelos membros da audiência. Princípios fundamentais da hipótese de agendamento: → Assuntos importantes da atualidade. A importância advém da agenda dos média. Relação causal entre as duas agendas. → Aprendizagem direta por parte dos cidadãos relativamente à agenda dos média. → As pessoas mais indecisas ou mais interessadas apresentam uma maior necessidade de orientação, implicando um maior efeito de agendamento. → Efeitos cognitivos da comunicação de massas: organizar e estruturar o mundo em seu redor e como existe uma estruturação cognitiva por parte dos membros do público, causada pelos média – isso acontece devido à importância que damos a estes assuntos. e da forma como eles são representados. 25 → Quanto maior for a frequência com que falamos desse tema, mais acessível ele será aos cidadão, logo maior será a tendência de ser recordado pelos cidadãos. → Determina o grau de atenção e interesse coletivo que alguns tópicos ou temas recebem. Ou seja, está a não fazer-nos pensar naquilo que alguém quer, mas sim naquilo que os média noticiaram. → Os média não refletem a realidade, mas representam-na. Estão a moldar a perceção pública da realidade. Conclusão: Entende-se por agenda um conjunto de temas que são comunicados através de uma hierarquia de importância num dado momento. Normalmente são problemas sociais, frequentemente conflituais que receberam cobertura mediática. Pode ser um grande tema social (eutanásia, etc). A saliência define um grau de importância que um tema tem. Agenda mediática → conteúdos e discussões mediadas pela comunicação social. Agenda pública → utilizada pela sociedade civil (cidadãos), é mais crítica porque sustenta um tópico. Agenda política → estado, governo, ações, legislativas e debates. → Teoria do cultivo de G. Gerbner Quantas mais as pessoas passam tempo no mundo televisivo maior é tendência para alinhar as suas ideias conforme esse modo televisivo. Influência bastante as nossas perceções do mundo real. A televisão fornece um conteúdo de imagem acerca do mundo, influenciando-nos, e cultivando em nós certas perceções da realidade. Defende que a televisão socializa ou cultiva os públicos, numa visão comum do mundo através da implantação de valores comuns, e interessasse sobretudo pelas consequências derivadas pelo consumo de televisão e em especial a violência. Estes efeitos não são homogéneos e são limitados. Quem consome mais horas de televisão é mais suscetível a receber todas as informações que a televisão passa do que aqueles que não vêm, daí ter efeitos assimétricos. A teoria do cultivo diz que ao vermos violência, acabamos por ter uma maior aceitação a atitudes violentas, mas não diz que nos vamos tornar violentos. A televisão é o meio de comunicação de massas porque é visual e sonoro, e isso faz com que o processo de visionamento seja facilitado. É mais fácil também porque não precisamos de saber ler para vermos as imagens. O custo de utilização é reduzido. A televisão molda como os indivíduos pensam e se relacionam entre si. É uma relação de influência gradual e quanto mais alguém vê televisão mais será influenciada No entanto, estas ideias que nos transmitem e que recebemos, podem não corresponder à realidade. → Mainstream: porque chegam a mais pessoas e a influência e o efeito do cultivo é maior nesses canais. → Heavy user: tendem a consumir pelo menos 4 horas de televisão por dia. 26 A espiral do silêncio de Noelle-Neumann Opinião Pública: Isola todas as diferenças e destaca as semelhanças das opiniões. Estuda a influência que a comunicação social tem na opinião pública. Opinião pública dominante. Explica o crescimento e difusão de opinião pública, explica o poder que os média tem em acelerar a espiral do silêncio. Fala-nos do conformismo social, ou seja, quando a opinião é dominante temos tendência para deixar levar a nossa opinião, ou seja, se temos uma opinião, mas a opinião das outras pessoas é completamente diferente e dominante, temos a tendência por nos deixar levar pela opinião dos outros, mesmos sabendo que estamos corretos. Ocorre quando os indivíduos percecionam uma opinião e a expressam publicamente e como essa opinião, expressa publicamente, faz com que, por medo de isolamento social, alguns indivíduos se remetam ao silêncio para não expressar a sua opinião desviante. Processo crescente em que uma opinião tem mais exposição pública, em parte devido a uma pressão social que certas pessoas sentem para não exprimirem uma opinião desviante (remetendo-se ao silêncio). Uma opinião torna-se dominante quando os média dão muito destaque à mesma. Ao não expressar opiniões contrárias à opinião dominante, só faz com que a mesma cresça cada vez mais e ganhe mais importância. Quem tem uma opinião dominante tem mais à vontade para exprimir o seu ponto de vista, do que aqueles que não têm uma opinião dominante e acabam por não exprimir a sua opinião. Pressupostos que existem se não tivermos uma opinião dominante: → Pressuposto de que a sociedade ameaça com isolamento os indivíduos que apresentam comportamentos desviantes. Ex: crime (as pessoas dizem que são presas e que acabam por ficar sem amigos, pois a sociedade julga os seus atos e acabam por ser isolados). → Sentem continuamente o medo de isolamento social daí não exprimirem a sua opinião não dominante. → São responsáveis pela formação, defesa e mudança de opinião pública. Esta opinião é feita por duas partes: Observação direta → aquela que observamos. Ex: tem muitos adeptos do marítimo e sou do porto, vou estar calada. Observação Indireta (mais importante) → a que nos é dada a ver pelos meios de comunicação de massas. Isto vai afetar a opinião pública e afeta a opinião das pessoas. Conclusão: Diz-nos que é mais fácil ir de acordo com a corrente de pensamento comum, do que ir contra ela e os média pelo seu poder de influência determinam aquilo que lhes parece dominante ou não. Grande questão deste modelo: O crescimento do silêncio tende a salientar as opiniões dominantes, e que parecem ganhar ainda mais força, pois as alternativas a essas opiniões tendem a desaparecer. À medida que as opiniões contrárias apagam-se as opiniões dominantes tornam-se ainda mais maioritárias. Assim, aquilo que entendemos por opinião pública pode não ser a opinião consensual, mas sim o resultado de um apagamento de opiniões contrárias e isto introduz uma espécie de distorção. 27 Ideia principal: Pode tornar uma opinião ainda mais maioritária porque as opiniões contrárias remetem-se ao silêncio, e os média contribuem para estas espirais do silêncio dando voz às opiniões maioritárias, porque os indivíduos com medo do isolamento social remetem ao silêncio. .No entanto, os média podem “publicitar” uma opinião minoritária, e isso vai fazer com que a opinião seja alterada novamente, fazendo com que seja “perigoso”. Ignorância pluralista: Faz parte da espiral do silêncio. Conceito proposto por Floyd Allport em 1924. O que está aqui em causa é: perante um clima de opinião e apesar de não apoiarem a norma de grupo, os indivíduos comportam-se como os outros membros, porque acreditam que os comportamentos dos outros indivíduos demonstram que a opinião do grupo é unanime. Por um conjunto de indivíduos agir de determinada forma, faz com que os outros indivíduos também queiram agir dessa forma. – Fenómeno da psicologia social em que vários membros de um grupo pensam possuir perceções, crenças, opiniões, diferentes do restante grupo e apesar de possuírem estas opiniões e crenças do restante grupo, os dissidentes comportam-se como os membros desse grupo porque pensam que a opinião, as crenças e atitudes são unanimes. – Os indivíduos apesar de não concordarem comportam-se como se concordassem. Nota: A espiral do silêncio está próxima da teoria de agendamento. Separa-se da teoria das balas mágicas, pois, a teoria supõe uma audiência ativa, critica das suas ideias, e para exprimirem uma opinião tem que manifestar a dimensão crítica, enquanto que na espiral do silêncio não se manifesta a opinião. A espiral do silêncio a partir da ideia da aferição do clima de opinião os média são uma fonte fundamental de aferição desse clima. As minorias perdem confiança e optam pelo silêncio por medo de desafiar as perspetivas dominantes, e é aqui que o poder dos média entra, pois faz com que certas perspetivas sejam perspetivadas como sendo dominantes e como tal contribuem num processo em espiral para eliminar outras opiniões. A teoria dos usos e gratificações Blumler e Katz, anos 1940. Porque é que existe audiências que usam os meios de comunicação de massas? Porque é que vemos televisão? O que é que as audiências recebem ao vermos televisão? Em vez de perguntar o que é que os médias fazem às pessoas, querem saber o que é que as pessoas fazem aos média. Já não é a perspetiva da audiência passiva. É uma audiência ativa, critica, autónoma, livre rracional. E envolve estudar as suas escolhas. Como é que os meios de comunicação de massas e o seu uso podem suprimir necessidades psico-sociais? De que forma é que ajudam as pessoas a viver? Daí consumirmos vários programas. Muitas pessoas mudaram a sua vida, depois de terem visto algo na televisão. As necessidades que as pessoas têm podem ser suprimidas pela televisão. Parte do sucesso da comunicação de massas surge porque elas satisfazem as nossas necessidades. 28 E acabamos por ter uma gratificação - quando nos identificamos com algum programa e mexem com as nossas emoções. Muitas pessoas utilizam conteúdo no youtube para seguir os seus objetivos (atividade física). O facto de irmos à procura destes conteúdos dá popularidade a esses temas. Se existe pessoas que se dispõem a ver, outras pessoas vão quer ver e fazer réplicas e livros sobre esses temas. Combate a solidão, etc. → 5 necessidades que as audiências tiram ao ver televisão. (Katz, Gurevitch e Haas (1973)). 1. Necessidades afetivas e estéticas – emotivo, quando lemos um livro se nos identificamos com a personagem, e sentimos o mesmo que está lá descrito. Os talks shows fazem-nos companhia, apenas a ouvir o que está na televisão. 2. Necessidades cognitivas – aquisição de conhecimentos e de informação, devido ao consumo diário de notícias; a pesquisa de informação na internet. 3. Necessidades de integração social – usamos os meios de comunicação de massas para nos mantermos ligados às outras pessoas, para reforçar os contactos interpessoais; passa por consumir programas ou atividades que se integram numa certa identidade social. 4. Necessidade de integração ao nível de personalidade – apaziguamento emocional, ajudar a pessoa a ultrapassar dificuldades, ajudar as pessoas a compreender os seus dilemas. 5. Necessidade de evasão – onde saímos da realidade habitual e vamos para outra realidade (filme, alta costura, hotel nas Bahamas), onde pensamos na história do filme e não na nossa vida, pois ajuda-nos a distrair dos nossos problemas. A ideia que ressalta é a de que o uso que a audiência faz dos média é seletivo e interpretativo e é baseado em necessidades diferentes que são satisfeitas. Os estudos comprovaram que as mulheres se identificavam com os mesmo programas de televisão e encontravam neles uma referência para o seu papel social, ou seja, os média como uma referência para pensar no papel social do que é ser mãe. Mostraram também que os jornais eram fundamentais para lamentar as conversas do dia-a-dia. O que se falava no nosso dia-a-dia tinha a ver com os temas que saíam no jornal. O sucesso de alguns programas pode vir através das satisfações que gratificam, pois se as pessoas continuam a vê-los, é porque reconhecem neles algum tipo de satisfação que retiram do seu uso, algum tipo de gratificação. A escolha dos meios de comunicação e dos seus conteúdos obedecem a influências sociais, psicológicas, contextuais. A audiência tem consciência das suas necessidades, por vezes de forma mais evidente que outras, mas vai à procura da satisfação dessas necessidades, assim a audiência produz juízos de valores sobre esses conteúdos. 6. As tecnologias de informação Queremos ser felizes e não sabemos como. Procuramos essa felicidade nas novas tecnologias de informação sentindo-nos conectados aos outros. Queremos agora pensar a comunicação a partir da vitória da informação, o triunfo das tecnologias e a globalização. 29 Com efeito, a performance das ferramentas tecnológicas não apaga ou evita os fracassos da comunicação humana e social. Pensar a comunicar significa “destecnologizar” a comunicação, colocando a dimensão técnica no seu devido lugar. Lógica reticular Uma rede é um sistema de linhas e pontos de tal maneira dispostos que definem circuitos e nós (de amarrar) de conexão entre si. Os seres vivos organizam-se desse modo (ex: o cérebro mas também as comunidades.) e, de modo análogo, as tecno-ciências atuais constroem artefactos tecnológicos que observam as modalidades reticulares caraterísticas dos seres vivos. Assim, as redes socias são apenas um reflexo tecnológico e digital das redes de solidariedade e interação que singularizam as sociedades humanas. Além disso, a implementação desta lógica reticular das tecnologias de informação não implica apenas a perca das modalidades tradicionais de solidariedade, como também cria novas modalidades de solidariedade (as comunidades online, os fóruns, os mundos virtuais) a que correspondem valores relacionados com a máxima autonomia individual. Nota: Robert Putnam – Bowling Alone O nosso tempo de lazer é cada vez mais individualizado devido às tecnologias, pois cada um tem os seus filmes, programas, etc. Isto mostra uma tendência na sociedade de distanciamento social. Assim, as pessoas não socialização, não falam uns com os outros, não fazem coisas juntos. Defende que a tecnologia nos afasta das pessoas. Mostra-nos também um gráfico em que as pessoas, vivem mais felizes consigo mesmas, sem as redes sociais. Nota-se que por usarmos Facebook e redes sociais ao nos compararmos com os outros, a tendência é de o individuo se comparar por défice e sentir-se inferior. Aquilo que se vê no Facebook não representa a realidade. Não nos devemos comparar aos mesmos. Essa solidariedade não acontece apenas em relações de copresença territorial onde se partilha a mesma unidade de tempo e espaço. As modalidades de solidariedade caraterística da lógica reticular das tecnologias de informação baseia-se na conexão (linking). Formas de sociabilidade A sociedade de informação e o novo paradigma técnico-económico: 1. A informação como matéria-prima: Hoje trabalhamos com dados. É necessário para quase todas as indústrias e ainda mais com as digitais. As tecnologias de informação desenvolvem-se de forma a ajudar o homem a trabalhar com muitos mais dados. 2. Elevada flexibilidade: Hoje em dia as novas tecnologias podem serem implementadas em qualquer sítio (bancos, restaurantes, universidades) ajudando a organizar esses sítios. 3. Convergência tecnológica: Quando juntamos dispostos de informação e técnicos à nossa biologia (ex: pacemakers). Sociedade de informação seria uma fase dos desenvolvimentos da população onde as tecnologias tornam- se essências: as empresas, tornam-se mais rentáveis, mais fáceis; nas nossas relações uns com outros, como também na nossa saúde. Torna também a globalização possível. A globalização é um processo global de troca de informação. 30 As novas fronteiras culturais Vivemos atualmente dilacerados entre dois imperativos antagónicos mas incontornáveis: por um lado, um esforço de informatização generalizada da sociedade. Por outro lado, assistimos ao progressivo enclausuramento da experiência cultural em espaços cada vez mais restritos de que são exemplo a eclosão exacerbada dos regionalismos, nacionalismos e fundamentalismos religiosos. → Tecnologias da informação e cultura: perspetiva crítica O recente incremento das novas tecnologias da informação não proporcionaria uma efetiva transparência nem uma maior participação e emancipação política, mas corresponderia a uma nova estratégia de dominação, jogando com os procedimentos indolores da sedução, estratégia que contaria doravante com a cumplicidade dos próprios cidadãos. Não podemos reservar, que tão importante quanto trocar dados e informação, é preciso ouvir outros pontos de vista, criar uma cultura, falar com outras pessoas, etc, pois muitas pessoas dizem que a globalização é uma ameaça à nossa sociedade uma vez que diz-nos que a diversidade vai acabar. As tecnologias de informação, não podem substituir a socialização. E não nos podemos esquecer disso. Precisamos sempre da comunicação com os outros, onde podemos trocar ideias e aprender coisas novas e diferentes daquilo do que estamos habituados. Resumindo e concluindo: Pensar nos dispositivos técnicos de informação implica pensar na reelaboração da identidade individual e coletiva (quem nós somos enquanto cidadãos e indivíduos e quem nós somos enquanto sociedade) e como essa reelaboração pressupõe olhar a globalização como um processo heterogéneo e tensional. Temos que pensar nas tecnologias de informação, não como tecnologias de comunicação, mas sim como tecnologias de processamento de dados que podem contribuir para uma comunicação, mas que não se confundem com comunicação que temos com as pessoas. A informação é um bem social e coletivo que tem a ver com a qualificação dos indivíduos e com a difusão dos conhecimentos, sendo assim um agente de mudança social, mas não podemos esperar que as tecnologias sozinhas mudem a sociedade. Por isso, a sociedade e a democracia beneficiam muito das tecnologias de informação, mas a força como elas se desenvolvem não é um processo único e redutível, mas sim um processo atravessado por muitas influências e, assim, de alguma força imprevisível. A forma como utilizamos as tecnologias é mais importante do que o programa em si, ou seja, o que interessa é o nosso comportamento. Ou seja, as redes sociais não são necessariamente más, mas sim o que fazemos com elas. 31