Aula 03 - Adaptações Neuro-Musculo-Esqueléticas com o Treino de Exercício - AFPE PDF
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Summary
Esta aula apresenta um estudo das adaptações neuro-musculo-esqueléticas ao treino de exercício, abordando os músculos esqueléticos, tecido conjuntivo e ósseo. O foco está na atuação dos músculos esqueléticos no corpo humano, na hipertrofia muscular, e na relação entre anatomia e fisiologia. A apresentação contém conceitos como agonistas, antagonistas e estabilizadores.
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Aula 03 Atividade Física e Prescrição de Exercício Daniel Martins ADAPTAÇÕES NEURO- MÚSCULO- ESQUELÉTICAS COM O TREINO DE EXERCÍCIO AFPE - Daniel Martins - CONTEÚDOS DA AULA O papel dos músculos esqueléticos Adaptações neuro-músculo-esqueléticas Adaptações no tecido conjuntivo A...
Aula 03 Atividade Física e Prescrição de Exercício Daniel Martins ADAPTAÇÕES NEURO- MÚSCULO- ESQUELÉTICAS COM O TREINO DE EXERCÍCIO AFPE - Daniel Martins - CONTEÚDOS DA AULA O papel dos músculos esqueléticos Adaptações neuro-músculo-esqueléticas Adaptações no tecido conjuntivo Adaptações no tecido conjuntivo denso Adaptações no tecido ósseo MÚSCULOS ESQUELÉTICOS Os músculos esqueléticos desempenham diversas e importantes funções: Permitir que o movimento humano aconteça A contração muscular: Produz calor à manter temperatura corporal Mantém a postura à permite-nos estar em pé Assiste a comunicação à falar Ventilação à respirar Capítulo 4 PAPEL DOS MÚSCULOS-ESQUELÉTICOS A contração muscular produz tensão e ao atuar sobre os ossos produz movimento O corpo humano é constituído por aproximadamente 660 músculos esqueléticos As inserções musculares ao nível ósseo ocorrem em 2 localizações: A inserção proximal à Origem A inserção distal à Inserção Alguns músculos podem ter múltiplas origens e inserções O músculo (parte tendinosa) tem de atravessar uma articulação de forma a que o movimento Capítulo 4 aconteça PAPEL DOS MÚSCULOS-ESQUELÉTICOS Vários pontos de origem e inserção muscular podem abranger uma única articulação, por exemplo, o vasto lateral. Este músculos são uniarticulares por só produzem movimento numa articulação. Em alguns músculos a sua origem e inserção abrange 2 articulações à multiarticulares e produzem, por isso, movimento em 2 articulações como é o exemplos dos isquiotibiais: Flexores do joelho Extensores da anca Capítulo 4 PAPEL DOS MÚSCULOS-ESQUELÉTICOS Um músculo diminui quando se contrai puxando as suas terminações (origem e inserção), no entanto o movimento apenas ocorre numa parte. Uma terminação permanecerá fixa ou estável pela contração muscular e/ou pela massa do ponto de fixação esquelético Em outras situações o movimento ocorre no local da inserção contudo o movimento pode também ocorrer na origem. Um exemplo é o músculo psoas que faz parte da anca: Em pé a sua contração irá fletir a anca (movimento na inserção) Na posição de deitado, com os membros inferiores estáveis, a contração irá produzir flexão da anca por Capítulo 4 elevação do tronco (por exemplo fazer um ”abdominal”) provocando assim movimento na origem PAPEL DOS MÚSCULOS-ESQUELÉTICOS Quando um músculo se contrai produz um movimento específico conhecido como agonista. O músculo que realiza o movimento oposto é designado por antagonista. Por exemplo na flexão do cotovelo o bicípite braquial é o agonista e o tricípite braquial é o antagonista. Contudo, quando baixamos um peso (extensão do cotovelo) o bicípite braquial já se torna o antagonista e o tricípite braquial o agonista deste movimento Os músculos antagonistas têm de relaxar parcialmente para permitir que o movimento do Capítulo 4 músculo agonista ocorra PAPEL DOS MÚSCULOS-ESQUELÉTICOS A contração dos músculos antagonistas desempenha um papel fundamental na estabilidade articular, desacelerando o movimento do músculo agonista e assim, reduzindo o risco de lesão. Quando um músculo: se contrai para estabilizar ou a origem ou a inserção do músculo associado/correspondente é designado como estabilizador ou fixador. se contrai para eliminar o movimento de um músculo multiarticular é designado por neutralizador Por exemplo, no caso dos isquiotibiais (extensor da anca e flexor do joelho), quando só a extensão da anca ocorre os grupo muscular do quadricípite irá se contrair par eliminar a flexão do joelho. Capítulo 4 Os músculos podem alternar os seus papéis consoante a função e/ou movimento realizado. ADAPTAÇÕES NEURO- MUSCULO- ESQUELÉTICAS FORMAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR É uma função fundamental para a normal função muscular Embora a quantidade de fibras permaneça relativamente constante, novas fibras são formadas para substituir as fibras velhas ou danificadas como parte do remodeling tecidular. Miogénese: processo de formação de novas fibras musculares As células satélite (células estaminais) derivam da lâmina basal e migram para a área da formação de fibras As células satélite proliferam e diferenciam-se em células mais funcionais designadas por mioblastos que depois se fundem formando os miotúbulos. Os miotúbulos formam a estrutura das novas fibras Capítulo 4 musculares e a sua maturação permite criar nova fibra muscular. FORMAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR Capítulo 4 Capítulo 4 TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES O tipo de fibra muscular reflete o tipo de estimulação a que as mesmas recebem do Sistema nervoso 2 grandes tipos de classificação predominam baseado no tipo de propriedades contráteis e metabólicas: Contração lenta – tipo1 à predominante para endurance Contração rápida – tipo 2 à predominante para força ou potência Cada tipo de fibra possui as suas características distintas modelando o seu perfil de endurance ou força/potência Capítulo 4 TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES Embora exista esta classificação geral das fibras musculares, a nível muscular elas existem num formato contínuo, ou seja, existem fibras intermediárias sendo possível classificar as mesmas em 6 subtipos TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES Embora exista esta classificação geral das fibras musculares, a nível muscular elas existem num formato contínuo, ou seja, existem fibras intermediárias sendo possível classificar as mesmas em 6 subtipos Capítulo 4 FIBRAS MUSCULARES EM ATLETAS Os músculos esqueléticos são compostos tanto por fibras musculares lentas como rápidas. É a proporção entre os dois tipos que determina a sua capacidade funcional. Por exemplo, os gémeos são predominantemente constituídos por fibras rápidas enquanto que o solear é constituído por fibras lentas Nos atletas de endurance (corredores de longas e médias distâncias, ciclistas, etc) apresentam grandes quantidades de fibras tipo 1, pelo contrário, atleta de força/potência (sprinters, atiradores de peso, halterofilistas e saltadores) apresentam uma grande quantidade de fibras tipo 2. Embora o tipo de predomínio das fibras esteja associado à função de cada músculo a componente Capítulo 4 genética também tem o seu peso e é um atributo que pode levar os atletas a escolher o seu desporto de eleição TRANSIÇÕES DE FIBRAS MUSCULARES Embora as proporções de fibras musculares tipo 1 e 2 sejam determinadas maioritariamente por genética, demonstrou-se que ocorrem transições em subgrupos populacionais. Fibras IIX à IIAX à IIA Alterações na cadeia pesada de miosina podem ocorrer logo após os primeiros treinos que precedem as alterações dos tipos de fibras Treino de resistência Treino aeróbico de intensidade moderada a alta Capítulo 4 TRANSIÇÕES DE FIBRAS MUSCULARES A vantagem deste tipo de transição é que mais força pode ser gerada ao longo do tempo. Embora as fibras IIX sejam mais fortes o seu grau de fatigabilidade é baixo. Contudo a intensidade do treino tem de ser elevado para ativar estas fibras Pelo lado contrário, a ausência de treino resulta num aumento do tipo de fibras IIX e redução das fibras IIA por possível overshoot das fibras IIX uma larga percentagem é visualizada após a ausência de treino em relação ao que já existia antes deCapítulo 4 começar a treinar TRANSIÇÕES DE FIBRAS MUSCULARES Atualmente está bem estudada a transição entre fibras do mesmo tipo muscular, contudo o que tem interessado também aos cientistas é a transição entre tipos de fibras musculares, ou seja, entre tipo I ßà II Persiste a dúvida contudo a existência de fibras perto da transição: IIC para IC dá alguma sustentação a esta teoria, contudo muitas dúvidas se levantam: Efeito genético “abençoado” em determinados indivíduos? Efeitos do treino? Capítulo 4 TRANSIÇÕES DE FIBRAS MUSCULARES Então se um corredor de média distância parar de correr e começar a fazer treino de força com levantamento de peso? Ou se um halterofilista deixar de levantar pesos e se dedicar a corrida de longa distância? Mais investigação é necessária!!! Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR Um aumento do tamanho do músculo é uma adaptação comum encontrada no treino anaeróbico, especialmente em treino de resistência Existe uma relação positiva entre o tamanho muscular e a sua capacidade potencial de força Um músculo maior à músculo mais forte A hipertrofia muscular pode resultar: Aumento da síntese de proteína Diminuição da degradação de proteína Capítulo 4 Combinação de ambos HIPERTROFIA MUSCULAR A síntese proteica aumenta a seguir a um treino e pode manter-se elevada até 48h após um treino de exercício elevado A degradação proteica é comum enquanto se realiza treino de levantamento de pesos mas a síntese proteica (e crescimento muscular) ocorre durante o período de recuperação A repetição do padrão de síntese e degradação proteica eventualmente leva a uma supercompensação resultando em crescimento muscular Capítulo 4 Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR Uma síntese proteica melhorada após treino depende de vários fatores: Disponibilidade de aminoácidos proveniente da ingestão de nutrientes O timing da ingestão de nutrientes (antes, durante ou imediatamente após o treino) A intensidade e o volume do treino (stress mecânico) Fatores hormonais e de crescimento HIPERTROFIA MUSCULAR As alterações na proteína muscular ocorrem com apenas alguns treinos, contudo um longo período de tempo (>8 treinos) é necessária para demonstrar um crescimento muscular significativo e que só é atingido se o estímulo introduzido durante o treino ultrapassar o limiar do condicionamento. Os homens apresentam um maior grau de hipertrofia muscular devido a maiores concentrações de testosterona quando comparado com as mulheres. O crescimento muscular ocorre tipicamente numa maior amplitude no ventre muscular em Capítulo 4 comparação com a periferia HIPERTROFIA MUSCULAR TIPOS DE FIBRAS Crescimento muscular ocorre tanto nas fibras tipo I como nas fibras tipo II O potencial de crescimento é maior nas fibras tipo II As fibras tipo I aumentam em tamanho até um determinado patamar mas como desempenham um papel vital na endurance muscular muita hipertrofia pode ser contraproducente. Uma área menor de fibras tipo I pode melhorar a sua captação de Capítulo 4 oxigénio para o próprio músculo melhorando a sua endurance HIPERTROFIA MUSCULAR FATORES QUE INFLUENCIAM A HIPERTROFIA MUSCULAR Fatores mecânicos à tensão/força produzidos pelas fibras musculares Tipo de movimento treinado O volume e intensidade do treino “Dano muscular” provocado pelo treino Fatores circulatórios à fluxo sanguíneo e metabolismo muscular durante o treino Fatores nutricionais à dieta, uso de suplementos, drogas anabólicas Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR QUE FATORES SÃO IMPORTANTES? Maiores ganhos são alcançados quando os movimentos são realizados de forma excêntrica O stress mecânico induzido pelo alongamento nas fibras musculares aumenta a síntese proteica e o n.º de sarcómeros em série e com a tensão adicional (e potencial dano muscular) dos movimentos excêntricos com carga representa um potente estímulo para o crescimento muscular Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR QUE FATORES SÃO IMPORTANTES? A tensão muscular (derivado da intensidade e volume de treino) aumenta o crescimento muscular de diversas formas: O treino de resistência pode alterar a atividade de cerca de 70 genes. A tensão muscular rompe as membranas das fibras musculares aumentando a produção de fatores de crescimento muscular A via de atividade da miogenina é aumentada levando ao crescimento muscular É um estímulo para a hormona anabólica e influencia positivamente os seus receptores Aumenta uma multiplicidade de vias intracelulares que sinalizam os mecanismos que influenciam positivamente a hipertrofia muscular Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR QUE FATORES SÃO IMPORTANTES? Fatores circulatórios relacionados com o fluxo sanguíneo ou a sua escassez desempenham um papel no crescimento muscular Estudos com limitação do fluxo sanguíneo durante o levantamento de peso com baixa cargas (10- 50% do 1RM) de forma a aumentar a produção de metabolitos como o ácido lático tornando o treino mais anaeróbico demonstraram aumentos acentuados de crescimento muscular quando comparados com levantamento de pesos com cargas mais elevadas e sem restrição do fluxo sanguíneo Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR QUE FATORES SÃO IMPORTANTES? O conteúdo de água a nível muscular O aumento de água a nível celular diminui a degradação e aumenta síntese proteica Por exemplo, a utilização de suplementação com creatina aumenta a hidratação celular e leva a um aumento do ganho de peso e em última estância ao crescimento muscular com o treino de exercício. Capítulo 4 Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR QUE FATORES SÃO IMPORTANTES? Influência dos fatores nutricionais A ingestão de hidratos de carbono e proteínas pode afetar de forma significativa a síntese proteica Os hidratos de carbono aumento a síntese e secreção de uma potente hormona anabólica – insulina A insulina desempenha um papel de revelo na regulação da massa muscular As recomendações para um atleta: 6 g de hidratos de carbono / kg Dependendo da intensidade, volume e 1,7-2,2 g de proteína/kg frequência do treino A principal fonte de nutrientes deve vir da alimentação normal. Só se a mesma se revelar insuficiente é que deve existir suplementação! Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR OUTRAS MODALIDADES DE TREINO Treino de sprint e de potência podem levar a um aumento do tamanho muscular mas em menor extensão Treino de sprint, agilidade e pliometria requerem altos níveis de força e potência, assim o recrutamento de fibras é elevado em especial as fibras rápidas. As transições nas fibras musculares e subsequente crescimento muscular ocorrem, contudo em menor expressão do que aquele ganho em treino de levantamento de pesos. Capítulo 4 HIPERTROFIA MUSCULAR OUTRAS MODALIDADES DE TREINO O treino aeróbico resulta em não existir crescimento muscular ou até na sua redução. Reduções no tamanho muscular ocorrem mais nas fibras tipo I e IIC Treino simultâneo de força e aeróbico resulta em aumentos substanciais da seção transversa das fibras musculares do tipo IIA. Capítulo 4 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS O treino de resistência aumenta: À medida que a síntese proteica aumenta, as o n.º de miofibrilas proteínas aparentam ser sintetizadas a densidade do sarcoplasma relativamente à sua distribuição dentro dos o retículo sarcoplasmático músculos de forma a manter a sua proporção ótima. os túbulos T a atividade da bomba sódio-potássio ATPase O rácio actina-miosina permanece constante, as proteínas estruturais aumentam em proporção e o comprimento do sarcómero mantem-se constante embora o n.º de sarcómeros aumente Capítulo 4 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS O treino de endurance O treino de sprint melhora demonstrou uma redução na cinética/fluxo do cálcio o que cinética/fluxo do cálcio e contribui para o desenvolvimento aumenta a atividade da bomba da velocidade sódio-potássio ATPase Capítulo 4 OUTRAS ALTERAÇÕES O treino de sprint e o treino de O treino aeróbico: resistência: aumentam a conteúdo de substrato anaeróbico, aumenta a atividade das enzimas aeróbicas altera a atividade enzimática aumenta a densidade mitocondrial e capilar (mas aumenta a capacidade de reserva do músculo o treino de resistência tem efeito inverso) Capítulo 4 OUTRAS ALTERAÇÕES O treino de resistência influencia positivamente a regulação dos recetores anabólicos hormonais O tecido conectivo do músculo esquelético aumenta em capacidade, o que ajuda a suportar o desenvolvimento de força e hipertrofia A comprimento dos fascículos e a orientação das fibras musculares pode alterar-se em resposta ao treino de sprint e treino de resistência Favorece a produção de força e de potência ADAPTAÇÕES NO TECIDO CONJUNTIVO Capítulo 5 TECIDO O aumento do músculo em tamanho, força, endurance e potência só pode ser maximizado quando as estruturas de CONJUNTIVO suporte se adaptam proporcionalmente Assim, é necessário que o próprio tecido conjuntivo aumente em: Tamanho Força Endurance O tecido conjuntivo inclui: ossos, tendões, ligamentos, fáscia e cartilagem. Capítulo 5 TECIDO CONJUNTIVO As adaptações nestas estruturas derivadas do treino de exercício são fundamentais para que a forma como a força muscular é transmitida ao osso, a existência de estabilidade articular e a prevenção de lesões sejam possíveis. Capítulo 5 ESTÍMULOS PARA A ADAPTAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO O tecido conjuntivo (TC) só se pode adaptar quando é submetido progressivamente a sobrecarga pelo aumento do stress O stress mecânico é definido força interna (Fi) observada divido pela área de secção transversa (aST) da estrutura do TC !" Stress Mecânico = #$% Por definição, menos stress mecânico é imposto no TC quando a área de secção transversa aumenta por nível de força encontrado. Assim, o TC aumenta a sua tolerância à carga imposta pelo aumento do tamanho ou por alterações das propriedades estruturais. Capítulo 5 ESTÍMULOS PARA A ADAPTAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO As adaptações do tecido conjuntivo necessitam de ocorrer para acomodar as alterações da performance muscular, contudo as mesmas ocorrem de uma forma mais lenta no TC do que a nível muscular. Esta alterações são de importância fundamental para prevenção de lesões no desporto e na transmissão de força do músculo para o osso. Capítulo 5 ESTÍMULOS PARA A ADAPTAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO TIPOS DE STRESS As 4 formas mais comuns de stress mecânico imposto ao TC são: Tensão Compressão Forças de cisalhamento (shear) Torção O resultado final do stress é a deformação do TC que leva por consequência a uma adaptação que é proporcional ao nível de stress encontrado Capítulo 5 ESTÍMULOS PARA A ADAPTAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO RELAÇÃO TENSÃO-ESTIRAMENTO (Stress-Strain) Tensão (stress) é o nível de força ao qual um tecido foi sujeito Estiramento (strain) é a magnitude de deformação que ocorre proporcionalmente à quantidade de tensão aplicada. Estiramento linear resulta de tensões compressivas ou de tração onde o tecido conjuntivo (tendões e ligamentos) alteram o seu comprimento e a quantificação é expressa em percentagem relativa ao comprimento em repouso Estiramento de cisalhamento (shear strain) resulta da flexão do tecido (osso) e é quantificado pelo ângulo de deformação. Capítulo 5 ESTÍMULOS PARA A ADAPTAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO RELAÇÃO TENSÃO-ESTIRAMENTO (Stress-Strain) Capítulo 5 ESTÍMULOS PARA A ADAPTAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO RELAÇÃO TENSÃO-ESTIRAMENTO (Stress-Strain) A propriedade do TC regressar ao seu comprimento original após ter sido estirado designa-se por elasticidade. Contudo, o estiramento realizado de forma repetida ou prolongada (cronicamente) no tecido pode provocar uma deformação transitória ou permanente. O tecido fica pelo menos parcialmente alongado e não regressa inteiramente ao seu comprimento original. Esta propriedade é designada como plasticidade Pode ser boa à resposta dos tendões a um treino de alongamento Pode ser má à resposta dos ligamentos ao dano/lesão repetida ao longo do tempo ADAPTAÇÕES NO TECIDO CONJUNTIVO DENSO Capítulo 5 COMPONENTES DENSOS DO TECIDO CONJUNTIVO Tendões e ligamentos são estruturas densas de tecido conjuntivo compostas predominantemente por: Água (60-70%) Fibroblastos (células produtoras de colagénio) Fibrócitos (células desenvolvidas) Elastina (proteína que confere elasticidade) Colagénio (proteína mais forte e abundante presente no corpo humano) Substâncias base (estabilidade estrutural ao TC) https://open.lib.umn.edu/largeanimalsurgery/chapter/tendon-and-ligament-structure-and-function/ Capítulo 5 COMPONENTES DENSOS DO TECIDO CONJUNTIVO Os tendões têm uma grande proporção de colagénio enquanto que os ligamentos possuem uma grande proporção de elastina. O conteúdo de colagénio tanto ao nível tendinoso como ligamentar é maior do que aquele encontrado ao nível ósseo e ainda mais do que aquele encontrado a nível muscular Os tendões proporcionam grande resistência e absorção passiva de energia Os ligamentos tendem a ser mais flexíveis Estas propriedades são críticas já que os tendões conectam músculos e ossos enquanto que os ligamentos conectam ossos com outros ossos. Capítulo 5 COMPONENTES DENSOS DO TECIDO CONJUNTIVO O TC que envolve e separa diferentes níveis organizacionais dentro do músculo esquelético é designado por fáscia A fáscia contém feixes de fibras de colagénio dispostas em diferentes planos para proporcionar resistência a forças de diferentes direções. dentro do músculo esquelético converge para formar um tendão através do qual a força da contração muscular é transmitida ao osso. Capítulo 5 TENDÃO – LIGAMENTO – FÁSCIA à ADAPTAÇÕES AO TREINO DE EXERCÍCIO Num processo semelhante à mecanotransdução no osso o maior estímulo para o crescimento de tendões, ligamentos e fáscia é carga mecânica O grau de adaptação é proporcional à intensidade do exercício Os locais onde o TC pode aumentar em resistência são: nas junções entre tendões e ligamentos nas junções entre tendões e superfície óssea no corpo do tendão/ligamento na rede fascial dentro do músculo esquelético Capítulo 5 TENDÃO – LIGAMENTO – FÁSCIA à ADAPTAÇÕES AO TREINO DE EXERCÍCIO O exercício inicia o processo de adaptação tendinosa: O exercício agudo (aeróbio e anaeróbio) resulta inicialmente na degradação do colagénio; Nos dias seguintes, a taxa de síntese de colagénio aumenta significativamente A síntese de colagénio tipo 1 pode aumentar durante a realização de exercício prolongado podendo melhorar a organização da estrutura do tecido, resultando, ao fim de algum tempo, num aumento da seção de área transversa do tendão Capítulo 5 TENDÃO – LIGAMENTO – FÁSCIA à ADAPTAÇÕES AO TREINO DE EXERCÍCIO A rigidez do tendão (força transmitida por unidade de tensão) aumenta como resultado do treino de resistência e pode incluir alterações na reestruturação organizacional do colagénio levando a um aumento da força do tendão inicialmente, na ausência de hipertrofia Capítulo 5 TENDÃO – LIGAMENTO – FÁSCIA à ADAPTAÇÕES AO TREINO DE EXERCÍCIO De grande importância é a intensidade, uma vez que cargas pesadas (80% de 1 RM) aumentam a rigidez do tendão, mas cargas leves (20% de 1 RM) podem não aumentar Curiosamente, a resposta ao treino pode ser mais proeminente nos homens do que nas mulheres A síntese de colagénio no músculo esquelético foi demonstrada durante o treino, indicando adaptações que ocorrem na fáscia para acomodar o crescimento do músculo esquelético Capítulo 5 ADAPTAÇÕES AO NÍVEL DA CARTILAGEM EM RESPOSTA AO TREINO DE EXERCÍCIO A cartilagem é composta por: Fluídos (60-80%) Colagénio tipo 2 Eletrólitos Outras substâncias Cartilagem articular (hialina) – cobre as partes terminais dos ossos longos ao nível articular e é encontrada nas placas de crescimento Cartilagem fibrosa – é encontrada no conteúdo dos discos intervertebrais, meniscos e no ponto de inserção no osso dos tendões e ligamentos Cartilagem elástica – é flexível e encontrada ao nível no ouvido A imagem Esta Fotografia de Autor Desconhecido está licenciada ao abrigo da CC BY Capítulo 5 ADAPTAÇÕES AO NÍVEL DA CARTILAGEM EM RESPOSTA AO TREINO DE EXERCÍCIO As cartilagens articulares e fibrosas são os tipos centrais para as adaptações resultantes do exercício, uma vez que, coletivamente: proporcionam uma superfície lisa para o movimento articular atuam como um amortecedor de choques e ajudam a dar força às ligações dos tendões e ligamentos ao osso A cartilagem tem como particularidade o facto de não possuir um suprimento sanguíneo próprio e ter de receber os seus nutrientes do líquido sinovial. A compressão e descompressão da cartilagem cria um gradiente de pressão através do qual o líquido sinovial pode ser absorvido pela cartilagem Capítulo 5 ADAPTAÇÕES AO NÍVEL DA CARTILAGEM EM RESPOSTA AO TREINO DE EXERCÍCIO Uma grande preocupação relativamente à cartilagem articular é o potencial de degeneração da articulação. A degeneração da cartilagem articular pode resultar numa condição patológica conhecida como osteoartrite Nos seres humanos, o exercício moderado parece reduzir a degradação da cartilagem: Por exemplo, os corredores de longa data não demonstraram uma maior prevalência de osteoartrite em comparação com controlos sedentários da mesma idade Capítulo 5 ADAPTAÇÕES AO NÍVEL DA CARTILAGEM EM RESPOSTA AO TREINO DE EXERCÍCIO No entanto, as lesões articulares e o exercício intenso altamente repetitivo sobre sobre as articulações lesionadas ou incorretamente cicatrizadas constituem um cenário onde pode ocorrer degeneração articular: Os atletas de desportos que exigem uma carga de grande impacto, por exemplo, futebol, futebol americano, basebol, hóquei no gelo, ténis, demonstraram ser mais suscetíveis à osteoartrite, principalmente devido a lesões anteriores. Buckwalter & Martin (2004) sugeriram que os atletas mais suscetíveis à degeneração articular são aqueles com anatomia articular anormal, lesão articular e/ou cirurgia prévia, instabilidade articular, peso corporal elevado, força muscular inadequada ou inervação muscular alterada. ADAPTAÇÕES NO TECIDO ÓSSEO Capítulo 5 REMODELAÇÃO ÓSSEA O osso passa constantemente por um processo de: destruição – reabsorção óssea e reconstrução – osteossíntese Capítulo 5 REMODELAÇÃO ÓSSEA Para este processo ocorra células funcionais necessitam de ser ativadas: A osteossíntese é realizada pelo osteoblastos Os osteoblastos secretam uma substância base rica em colagénio que ajuda na formação da matriz óssea São secretadas pelo periósteo e pelo endósteo que secretam uma substância designada por ostecalcitonina. Os osteoblastos secretam uma enzima fosfatase alcalina que é utilizada como marcador sanguíneo do metabolismo ósseo Capítulo 5 REMODELAÇÃO ÓSSEA Para este processo ocorra células funcionais necessitam de ser ativadas: Os osteoclastos são células envolvidas na reabsorção óssea pela degradação da matriz de osso mineralizado através de ácidos e enzimas lisosómicas. Tanto os osteoblastos como os osteoclastos desenvolvem-se a partir de células estaminais e são ativados através de: Fatores hormonais Fatores de crescimento Células do sistema imunitário Nutrientes Atividade física Capítulo 5 REMODELAÇÃO ÓSSEA Para este processo ocorra células funcionais necessitam de ser ativadas: O processo de remodelação óssea demora cerca de 3-4 meses para completa um ciclo de reabsorção óssea, formação e mineralização. As mudanças detetáveis na massa óssea podem ser medidas entre 6 a 8 meses. Capítulo 5 CRESCIMENTO ÓSSEO O crescimento ósseo ocorre em comprimento e largura. O crescimento longitudinal ocorre nos anos da fase de crescimento de qualquer ser humano. Este crescimento ocorre em 2 formas: Crescimento resultante das membranas de tecido conjuntivo – Ossificação Intermembranosa Crescimento resultante da cartilagem – Ossificação endocondral CRESCIMENTO ÓSSEO Fonte: https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/formacao-de-osso-ossificacao Capítulo 5 CRESCIMENTO ÓSSEO Um aumento na área de seção transversa permite ao osso tolerar maior quantidade de carga Ganhos de força e tamanho muscular impõem um aumento da força exercida sobre os ossos Este aumento de força impõe mais stress mecânico no osso, ”obrigando” o mesmo aumentar em tamanho para acomodar as mudanças musculares O processo de resposta óssea é conhecido genericamente por mecanotransdução Capítulo 5 ADAPTAÇÕES DO TECIDO ÓSSEO AO EXERCÍCIO O exercício coloca um forte nível de tensão (stress) sobre o sistema esquelético, contudo este nível de tensão tem de alcançar um certo nível para existir adaptação por parte do tecido ósseo. O conceito de tensão mínima essencial (“minimal essential strain”) foi definido como o mínimo de limiar de estímulo (volume e intensidade) que é necessário para a formação de osso novo. Se o exercício não alcança este limiar então Alguns estudos demonstraram que nenhum efeito ocorre no tecido ósseo com intensidades baixas não há necessidade do tecido ósseo de se O nível de tensão mínima essencial depende nível de treino e idade adaptar favoravelmente do indivíduo ADAPTAÇÕES DO O exercício necessita de ter intensidade e volume suficientes para aumentar a densidade mineral óssea (DMO). TECIDO ÓSSEO Este conceito – DMO – é utilizado para avaliar as adaptações AO EXERCÍCIO ósseas ocorridas A tensão mínima essencial, sugerida, é de cerca de 1/10 da força necessária para existir fratura nesse mesmo osso. Os melhores exercícios para o aumento da DMO entre outros são os de caráter dinâmico, cargas elevadas, suporte de peso, levantamento de peso, desportos de contacto, exercícios e/ou atividades que necessitam de corrida, saltos. Capítulo 5 A natação é menos eficaz devido à flutuabilidade da água, o que diminui a tensão sobre o sistema esquelético Capítulo 5 ADAPTAÇÕES DO TECIDO ÓSSEO AO EXERCÍCIO Segundo as guidelines da American Coleague of Sports Medicine (ACSM) as recomendações para o aumento da DMO deve incluir exercícios com ênfase: Endurance com suporte de peso/carga em atividades que envolvam saltar e treino de resistência Intensidades moderadas a altas Frequência de 3-5 dias por semana para endurance e 2-3 por semana de treino de resistência Exercícios de 30-60 minutos por dia envolvendo múltiplas modalidades de treino (resistência, endurance) Capítulo 5 TREINO PARA AUMENTO DO TAMANHO DO TECIDO ÓSSEO E FORÇA Os programas de treino necessitam de incluir especificidade da carga, a velocidade e a direção da carga, o volume, a seleção adequada do exercício, a sobrecarga progressiva e a variação Exercícios multiarticulares: Squat Power clean Dead lifts Bench press TREINO PARA AUMENTO DO TAMANHO DO TECIDO ÓSSEO E FORÇA ? Squat Dead Lift Power Clean Bench press Capítulo 5 TREINO PARA AUMENTO DO TAMANHO DO TECIDO ÓSSEO E FORÇA Velocidades rápidas de contração A carga deve ser alta e com são preferidas visto que a força é volume moderado a baixo (10 reps proporcional à aceleração e ou menos) aumentar a mesma, incrementa a tensão transmitida ao tecido ósseo Os tempos de repouso devem ser Variação na tensão de treino é na ordem dos 2-3 min para tolerar importante para alterar o a melhor carga a cada série estímulos no osso Fim Obrigado pela vossa atenção Dúvidas?