Transição demográfica e epidemiológica PDF
Document Details
Tags
Summary
This document discusses demographic and epidemiological transitions, exploring the historical shifts in population growth rates and the associated changes in disease patterns. It analyzes different theories, including Malthusian and Marxist perspectives on population, and examines the stages of epidemiological transitions.
Full Transcript
Transição demográfica e epidemiológica Transição demográfica A população mundial apresentou diferentes ritmos de crescimento através das diversas épocas históricas. Transformações profundas nas sociedades – Capitalismo – Desenvolvimento da ciência moderna – Maior domínio sobre a n...
Transição demográfica e epidemiológica Transição demográfica A população mundial apresentou diferentes ritmos de crescimento através das diversas épocas históricas. Transformações profundas nas sociedades – Capitalismo – Desenvolvimento da ciência moderna – Maior domínio sobre a natureza (doenças, epidemias e fecundidade humana) Teoria malthusiana – As populações cresciam geometricamente – Os recursos necessários à sua sobrevivência cresceriam aritmeticamente – A miséria é a incapacidade de os pobres limitarem a sua prole e, portanto, a sua pobreza Teoria marxista – Cada fase do desenvolvimento social teria sua própria lei populacional – O desenvolvimento das forças produtivas forneceria os meios materiais para o incremento da produção segundo as necessidades sociais – A miséria é a distribuição desigual da riqueza Século XX → Teoria da transição demográfica TEORIA DA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA: É a passagem de um contexto populacional onde prevalecem altos coeficientes de mortalidade e natalidade, para outro, onde esses coeficientes alcançam valores muito reduzidos Fases – Uma sociedade passa, em termos demográficos, por quatro fases ou estágios – Relaciona as transformações demográficas com o processo de industrialização Fase ou Estágio 1 – PRÉ INDUSTRIAL Típica das sociedades pré-industriais Coeficientes de natalidade e mortalidade (principalmente a infantil) muito altos Crescimento populacional lento (“equilíbrio populacional”) Esta fase abrange a história da humanidade desde suas origens até aproximadamente meados do século XVIII (Revolução Industrial) Fase ou Estágio 2 - INDUSTRIALIZAÇÃO Fase intermediária → países em processo de industrialização O coeficiente de mortalidade se reduz de forma importante O coeficiente de natalidade continua elevado Explosão populacional Fase ou Estágio 3 – CONSOLIDAÇÃO DA SOCIEDADE INDUSTRIAL O coeficiente de natalidade inicia redução O coeficiente de mortalidade continua decrescente O crescimento demográfico continua sendo relativamente alto O efeito mais importante é o envelhecimento populacional Fase ou Estágio 4 – PÓS INDUSTRIAL Típica das sociedades pós-industriais Coeficientes de mortalidade e natalidade reduzidos O crescimento da população volta a alcançar um estado de equilíbrio Gera aumento da expectativa de vida e envelhecimento da população TAXA DE FECUNDIDADE Fertilidade refere-se à capacidade fisiológica que uma mulher tem de conceber uma criança. Conceito biológico / funcional / individual. Fecundidade indica o desempenho reprodutivo efetivo de um grupo de mulheres que já completaram o período reprodutivo, em uma dada população, reportando-se ao número médio de filhos por mulher. – Período reprodutivo ou período de idade fértil → da menarca até a idade da menopausa (15 e 49 anos completos) Coeficiente geral de fecundidade é calculado dividindo-se o número de nascidos vivos (em um determinado local e período) pela população de mulheres de 15 a 49 anos de idade (da mesma área e período). TAXA DE NATALIDADE Natalidade - frequência com que ocorrem os nascimentos em uma determinada população – É calculado dividindo-se o número de nascidos vivos (em um determinado local e período) pela população (da mesma área e período), em geral expresso na base 1.000 Mortalidade geral - indica a probabilidade de morrer em uma dada população – Calcula-se o coeficiente por meio da divisão do número total de óbitos pela população (da mesma área e período), em geral expresso na base 1.000 Coeficiente de mortalidade infantil - indica a probabilidade de morrer antes de completar um ano de idade – Calcula-se pela divisão do número de óbitos em menores de um ano pelos nascidos vivos da mesma área e período, em geral expresso na base 1.000 Envelhecimento Demográfico ou Envelhecimento da População é o acúmulo progressivo de maiores contingentes populacionais nas faixas etárias mais avançadas – Redução da participação relativa de crianças e jovens – Aumento proporcional dos adultos e dos idosos 1. Queda da mortalidade geral e da mortalidade infantil 2. Aumento da expectativa de vida 3. Queda da fecundidade TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA Século XIX os países centrais da economia mundial apresentaram mudanças em seu perfil epidemiológico: 1. Alterações associadas à estrutura etária da população (transição demográfica) 2. Alterações nos padrões de morbidade e de mortalidade; Substituição gradual das doenças infecciosas e parasitárias e das deficiências nutricionais pelas doenças crônico-degenerativas e relacionadas a causas externas. Omram (1972) → Durante a sua história as sociedades apresentavam mudanças no perfil de morbimortalidade; Três grandes eras/estágios para a transição epidemiológica. Primeira Transição Epidemiológica: “Era da Pestilência e da Fome”; Até o final da Idade Média ; Mortalidade elevada com predominância da desnutrição e das doenças infecciosas e parasitárias, em caráter endêmico e epidêmico (às vezes pandêmico) Segunda Transição Epidemiológica; “Era do Declínio das Pandemias”; Da Renascença até o início da Revolução Industrial Redução progressiva das grandes pandemias e epidemias (apesar de que as doenças infecciosas e parasitárias continuarem a ser uma das principais causas de morte); Melhoria geral do padrão de vida; Aumento da esperança de vida para 40 a 50 anos de idade; Falta de saneamento, habitações inadequadas, condições de trabalho insalubres e baixo nível de escolaridade. Terceira Transição Epidemiológica: “Era das Doenças Degenerativas e das Provocadas pelo Homem”: Da Revolução Industrial até o período contemporâneo; Redução ou estabilização da mortalidade em níveis baixos; diminuição das doenças infecciosas e parasitárias e aumento doenças crônico-degenerativas (doenças cardiovasculares e neoplasias) e causas externas; Progressiva melhoria das condições sociais da população Revolução científica: descoberta dos agentes etiológicos, antibióticos e vacinas; Queda da fecundidade e envelhecimento da população; A expectativa de vida ao nascer aumentou Século XX - elevação nas condições de vida; Ampliação das ações de saneamento urbano; Melhoria nas condições de nutrição; Elevação do grau de escolaridade; Desenvolvimento de novas tecnologias em saúde; Ampliação da cobertura dos serviços. A Quarta Transição Epidemiológica, também conhecida como fase híbrida da transição epidemiológica ou “Era das Doenças Degenerativas Tardias”, é caracterizada pelo envelhecimento populacional , com aumento da população idosa com 80 anos ou mais e declínio das taxas de mortalidade específicas por idade. As causas degenerativas de morte que eram comuns na terceira fase de transição epidemiológica continuam a ser as principais causas de morte nesta quarta fase. A Quinta Transição Epidemiológica é caracterizada pelo ressurgimento de doenças infecciosas e parasitárias na última parte do século XX; este período é conhecido como a "fase de ressurgimento de doenças infecciosas e parasitárias". Por outro lado, esta fase de transição epidemiológica é marcada por um aumento da prevalência da obesidade e do sedentarismo. A Quinta Transição Epidemiológica ocorreu devido a condições inteiramente novas que levaram a um aumento nas doenças infecciosas. Essas condições incluem um aumento significativo no número de populações imunocomprometidas à medida que a população global envelhece, tratamentos de câncer e um número crescente de indivíduos infectados pelo HIV, especialmente em prisões. Portanto, o ressurgimento de doenças infecciosas é um fenômeno completamente novo. CRÍTICA à teoria: Caráter determinista e historicamente limitado; Insuficiente e parcial, tomando somente como referência estudos sobre os países desenvolvidos; A substituição das doenças infecciosas e parasitárias pelas crônico degenerativas nem sempre foi verificada nos vários países; As previsões de que a medicina controlaria definitivamente as doenças infecciosas e parasitárias revelaram-se equivocadas; Doenças tais como a malária, as leishmanioses, a tuberculose e as hepatites virais ainda são as maiores causadoras de morte em muitas partes do mundo. Modelo Tardio-polarizado: Justaposição de processos infecciosos e parasitários com os crônico degenerativos, Dupla carga de doenças Contra-transição; retorno de doenças pressupostamente controladas – Variação das eras sugeridas por Omran em diversos países; Grupos sociais distintos que apresentam distintos padrões epidemiológicos. Diferente exposição aos fatores de risco e acesso aos bens e serviços de saúde por parte dos diversos grupos populacionais. Polarização epidemiológica; coexistência de distintos padrões de morbimortalidade numa mesma população, em seus diferentes subgrupos. “Nova” Transição para as Enfermidades Infecciosas e Parasitárias; O advento da Aids (1980) contrapõe a ideia de que as enfermidades infecciosas caminhavam para o desaparecimento; O comportamento das doenças infecciosas e parasitárias não apresentou o perfil evolucionista linear descrito pela teoria da transição epidemiológica; “readaptações” biológicas e ecológicas entre agentes, reservatórios e seres humanos; Doenças infecciosas e parasitárias emergentes e reemergentes: Novos agentes infecciosos e o ressurgimento de infecções que até pouco tempo estavam presumivelmente controladas. A transformação dos perfis epidemiológicos no Brasil (toda a América Latina) não se adequa ao modelo de substituição das doenças infecciosas e parasitárias por doenças crônico-degenerativas, acidentes e violências. Há uma superposição dos contextos epidemiológicos ao longo do tempo: Desafios para a saúde pública tanto doenças infecciosas e parasitárias quanto as crônico-degenerativas e outros agravos não-infecciosos Cenários como a reintrodução de processos infecciosos (dengue e cólera), ou a persistência e o recrudescimento (malária, a tuberculose, a hanseníase e as leishmanioses) sinalizam para uma natureza não unidirecional. Principais características das mudanças no padrão epidemiológico no Brasil: Permanência de grandes endemias em algumas regiões do país ; Coeficientes de mortalidade ainda elevados quando comparados com os dos países desenvolvidos; Importantes variações geográficas quanto aos padrões epidemiológicos e aos serviços de saúde.