Introdução à Toxicologia (PDF)
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Summary
This document provides an introduction to toxicology, covering fundamental concepts including definitions of toxicology, toxic agents, and various branches of toxicology. It also includes discussion on factors influencing toxicity, categorization of toxic substances, and general information about intoxication.
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introdução à toxicologia: ★ conceitos: ○ toxicologia: ciência que estuda os efeitos nocivos (e sua ocorrência, natureza, incidência, mecanismo de ação e fatores de risco) decorrentes da interação de substâncias químicas com o organismo, sob condições específica...
introdução à toxicologia: ★ conceitos: ○ toxicologia: ciência que estuda os efeitos nocivos (e sua ocorrência, natureza, incidência, mecanismo de ação e fatores de risco) decorrentes da interação de substâncias químicas com o organismo, sob condições específicas de exposição ○ um efeito é considerado tóxico se: ao ser produzido numa exposição prolongada, resulte em transtornos da capacidade funcional ou da capacidade do organismo em compensar a sobrecarga; diminui perceptivelmente a capacidade do organismo de manter sua homeostasia; aumenta a suscetibilidade a efeitos indesejáveis de outros fatores ambientais, químicos, físicos, biológicos ou sociais ○ agente tóxico ou toxicante: substância química capaz de causar dano ao organismo, alterando seriamente sua funcionalidade ou levando à morte, sob condições específicas de exposição. aspecto quantitativo: significa que praticamente toda substância que é tóxica em certas doses pode ser desprovida de perigo em doses muito baixas. aspecto qualitativo: significa que uma substância nociva para uma espécie pode ser desprovida de perigo para outra espécie ○ antídoto: substância química capaz de antagonizar os efeitos nocivos de agentes tóxicos ○ toxicidade: capacidade e potência do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. avaliada pela DL50 ○ ação tóxica: maneira pela qual o agente tóxico exerce sua atividade sobre as estruturas do organismo ○ intoxicação: manifestação dos efeitos tóxicos ○ xenobiótico: substância química estranha ao organismo, ou substância química estranha ao organismo em determinadas quantidades ★ áreas da toxicologia: ○ toxicologia analítica: detecção do agente químico ou de algum outro parâmetro relacionado com a exposição ao agente tóxico. objetivo: prevenir ou diagnosticar intoxicações. monitoramento farmacoterapêutico. monitoramento biológico da exposição ocupacional. antidoping ○ toxicologia médica ou clínica: atendimento de pacientes expostos a agentes tóxicos, para prevenir ou diagnosticar intoxicações e tratá-las ○ toxicologia experimental: estudo para elucidar os mecanismos de ação do toxicante sobre o organismo, avaliar os efeitos decorrentes dessa ação, determinar a toxicidade de substâncias ○ ecotoxicologia: estudos dos efeitos nocivos causados por praguicidas e herbicidas sobre a fauna e a flora ○ toxicologia ambiental: estudos dos efeitos nocivos causados por agentes químicos presentes no ambiente sobre o ser humano ○ toxicologia ocupacional: estudos dos efeitos nocivos causados por agentes químicos do ambiente de trabalho sobre os trabalhadores ○ toxicologia de alimentos: estudos dos efeitos nocivos causados por agentes químicos presentes nos alimentos ○ toxicologia de medicamentos e cosméticos: estudos dos efeitos nocivos causados pela interação de medicamentos e cosméticos sobre o organismo ○ toxicologia social: estudos dos efeitos nocivos decorrentes do uso não-médico de drogas ou fármacos fases da intoxicação: ★ processo fisiopatológico: ○ passagem do estado normal ou fisiológico para o estado patológico ○ pré-patogênese > patogênese > fase subclínica ou clínica > desfecho (cura, cronificação, invalidez, morte) ★ fase de exposição: ○ o que é: período que o organismo fica exposto ao agente tóxico ○ deve-se considerar a dose e concentração do agente tóxico, via de exposição (tempo de absorção e biodisponibilidade do toxicante por essa via), frequência e duração da exposição, propriedades físico-químicas do agente tóxico, suscetibilidade individual ○ a concentração e a dose determinam o tipo e a magnitude da resposta biológica ○ categoria de toxicidade: determinada pela DL50 (estudada em ratos). quanto maior a DL50, menos tóxica é a substância extremamente tóxica: DL50 ≤ 1 mg/kg praticamente não tóxica: DL50 > 5 g/kg ○ vias de exposição: o que significa quando temos um agente tóxico que possui uma dose letal dérmica maior do que a dose letal oral? o agente é mais tóxico pela via oral o que significa quando as doses letais por via oral e dérmica são similares a dose administrada por via intravenosa? substância facilmente absorvida pelas vias oral e dérmica, substância praticamente absorvida por completo a via de exposição pode influenciar na toxicidade da substância química, atuando como barreira biológica ○ duração e frequência da exposição: exposição aguda: contato de curta duração, absorção rápida do agente tóxico exposição a médio prazo: exposições frequentes ou repetidas durante um mês ou menos (sobreaguda) ou um a três meses (subcrônica) exposição crônica: exposições repetidas durante meses, anos ou a vida toda ★ toxicocinética: ○ compreende os processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. dela resulta a qtde de agente tóxico disponível para interagir com o sítio de ação e exercer a atividade tóxica ○ absorção: processo pelo qual o agente tóxico atravessa as membranas celulares para alcançar a corrente sanguínea tipos de transporte: transporte passivo: sem gasto de energia, a favor do gradiente de concentração físico-químico do agente tóxico. filtração: passagem de moléculas polares pelos poros aquosos da membrana. difusão simples ou lipídica: passagem de moléculas apolares por difusão através da membrana. difusão facilitada: molécula polar transportada por carregadores sem gasto de energia endocitose: pinocitose (líquido) e fagocitose (sólido) transporte ativo: com gasto de energia, contra o gradiente de concentração. proteínas carregadores seletivas e saturáveis fatores que influenciam no transporte das substâncias químicas pelas membranas relacionados com a substância química: propriedades físico-químicas, solubilidade, coeficiente de partição óleo/água (maior que 1 = lipossolúvel, menor que 1 = hidrossolúvel), grau de ionização (pKa), tamanho e carga da partícula absorção pela via respiratória: substâncias sólidas, líquidas, gasosas e voláteis coeficiente de partição sangue/ar: alto = substância passa facilmente do ar para o sangue, baixo = substância pouco difundida para o sangue mucosa nasal: partículas > 5 µm retidas, substâncias hidrossolúveis, lesão local região traqueobronquial: partículas de 2 a 5 µm retidas alvéolo pulmonar: partículas > 1 µm retidas, absorção para o sangue ou a linfa absorção dérmica: pele permeável a agentes tóxicos sólidos, gasosos e líquidos que sejam lipossolúveis. alguns agentes tóxicos atuam localmente na pele, causando efeitos nocivos locais, como corrosão, sensibilidade, mutações gênicas. outros agentes tóxicos, com elevado coeficiente de partição óleo/água são absorvidos por difusão passiva, folículos pilosos e glândulas sudoríparas absorção pela via gastrointestinal: o agente tóxico pode ser absorvido desde a boca até o reto mucosa do trato gastrointestinal favorece a absorção de substâncias lipossolúveis por difusão passiva agente tóxico é absorvido na porção do TGI onde existe a maior quantidade de sua forma não-ionizada absorção favorecida se estômago vazio ○ distribuição: feita pelo sangue e pela linfa, depende do fluxo sanguíneo nos diferentes órgãos, ligação do agente tóxico às proteínas plasmáticas, pH regional e lipossolubilidade do agente tóxico agente tóxico transportado para seu sítio de ação e para seus sítios de armazenamento volume de distribuição: elevado: agente tóxico presente em quase todo os compartimentos do organismo. baixo: maior fração do agente tóxico permanece no plasma fase inicial: agente tóxico chega primeiro aos órgãos altamente irrigados. posteriormente: agente tóxico chega aos órgãos menos irrigados, da mesma forma que demora mais para chegar, o agente tóxico demora mais para sair desses órgãos e pode se acumular nos órgãos pelo qual possui maior afinidade. equilíbrio: rápido em órgãos altamente irrigados, lento em órgãos menos irrigados ligação a proteínas plasmáticas: o agente tóxico ligada a proteínas plasmáticas não consegue atravessar membranas e nem exercer seu efeito tóxico. já o agente tóxico livre pode atravessar membranas e chegar ao seu sítio de ação para causar os efeitos nocivos. quanto maior a afinidade do agente tóxico por proteínas plasmáticas, maior é sua concentração no sangue e menor é sua concentração nos tecidos (sítios de ação). qualquer fator que aumenta ou diminui o grau de ligação a proteínas plasmáticas pode afetar a distribuição do xenobiótico. por ex: diminuição das proteínas plasmáticas pode levar ao aumento da toxicidade de um fármaco que se liga a proteínas para ser transportado, mesmo em doses terapêuticas barreiras biológicas: estruturas que possuem maior capacidade seletiva para agentes tóxicos. ex: barreira hematoencefálica e placentária ○ biotransformação: mudanças na estrutura química do agente tóxico, forma substâncias mais polares e hidrossolúveis reações de fase I: oxidação, redução e hidrólise conferem polaridade aos agentes tóxicos através da inserção de grupos sulfudrila, hidroxila, amina ou carboxila metabólitos podem possuir maior toxicidade que o composto original (bioativação) catalisadas por enzimas do citocromo P450 ou enzimas de ampla distribuição tecidual e plasmáticas (carboxilesterases, pseudocolinesterases, paroxonases) reações de fase II: glicuronidação, conjugação com ácido sulfídrico, metilação, acetilação, conjugação com glutationa moléculas são complexadas com moléculas endógenas ○ excreção: urina - substâncias hidrossolúveis pulmões - gases e substâncias voláteis fezes - substâncias não absorvidas no TGI ou excretadas pela bile ★ toxicodinâmica: ○ interação do agente tóxico com seu sítio de ação, causando os efeitos tóxicos ○ mecanismo de ação tóxica: inespecífico ou específico (quanto menor for a distribuição do sítio de ação pelo organismo, mais seletiva será a ação do agente tóxico) ○ a favor do efeito: absorção, distribuição para o local de ação, reabsorção, bioativação. contra o efeito: eliminação pré-sistêmica, distribuição para fora do local de ação, excreção, desintoxicação ○ interação de agentes tóxicos com receptores: o agente tóxico se liga ao receptor no lugar do ligante endógeno, exercendo efeito agonista (exacerbado) ou antagonista (não é o efeito que normalmente ocorre) ○ interferência nas funções de membranas excitáveis: abertura ou bloqueio de canais iônicos > alteração no potencial de ação > despolarização ou hiperpolarização ○ inibição da fosforilação oxidativa: inibição da síntese de ATP através do bloqueio do fornecimento de oxigênio, bloqueio do transporte de elétrons, bloqueio da liberação de hidrogênio para a cadeia transportadora de elétrons. em consequência, ocorre alteração na integridade da membrana, no funcionamento de bombas iônicas e na síntese proteica energia começa a ser produzida por anaerobiose > acidose metabólica > destruição de tecidos ○ complexação com biomoléculas: lipídios, enzimas, proteínas, ácidos nucleicos (desencadeia processos neoplásicos) inibição dessas moléculas ○ perturbação da homeostase cálcica: cálcio = segundo mensageiro para regulação de funções celulares vitais para as células influxo elevado de cálcio, liberação de cálcio do estoque intracelular, bloqueio do efluxo de cálcio ★ fase clínica: ○ aparecimento de sinais e sintomas da intoxicação ou alterações laboratoriais causadas pelo agente tóxico patologias tóxicas da pele: ★ o que determina a toxicidade? quantidade de pele exposta ao agente tóxico, concentração do agente tóxico, tempo de exposição ao agente tóxico ★ absorção: ○ formas de absorção: glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, folículos pilosos: porta de entrada para agentes tóxicos estrato córneo: porta de entrada para agentes tóxicos lipossolúveis por difusão passiva epiderme: barreira mecânica contra a entrada de toxicantes, se houver lesão nessa barreira, a epiderme se torna porta de entrada direta para agente tóxicos ○ fatores que interferem na absorção: características físico-químicas do agente tóxico: tamanho e peso molecular, grau de ionização, solubilidade, coeficiente de partição. quanto mais lipossolúvel, mais facilmente o agente tóxico é absorvido pela pele hidrólise do composto nas condições do pH da derme e epiderme (pH = 5,5 a 6,5) estruturas das diferentes áreas da pele: temperatura (aumento da temperatura leva à dilatação dos poros e facilita a absorção), hidratação (maior hidratação facilita a absorção, pois pode aumentar a lipossolubilidade do agente tóxico; menor hidratação favorece o surgimento de lesões, que servem de porta de entrada para agentes tóxicos), fluxo sanguíneo (maior fluxo sanguíneo aumenta a absorção), espessura da camada cutânea (maior espessura dificulta a absorção), abundância de folículos pilosos (servem de porta de entrada para agentes tóxicos) integridade da pele, área de exposição fatores ambientais: umidade, temperatura, luz solar ★ afecções da pele por causas tóxicas - processos irritativos e cáusticos: ○ ácidos, álcalis e agentes oxidantes: soda cáustica, limpadores de fogão, desentupidores, produtos de limpeza oxidantes ○ cáustico alcalino (pH > 11,5): afinidade por lipídios (destruição dos lípidos das membranas celulares), rápida penetração, causa lesões profundas, necrose por liquefação ○ cáustico ácido (pH < 2,0): desnaturação de proteínas, forma um coágulo que delimita a extensão da lesão, necrose por coagulação ○ manifestações clínicas: edema, dor intensa, sensação de queimadura da pele, pode evoluir para necrose. bases: pele com aspecto esponjoso devido saponificação dos lipídios, ulcerações profundas. ácidos: coágulo forma camada protetora, melhor prognóstico ○ tratamento: remoção de roupas, acessórios e corpos estranhos contaminados, descontaminação cutânea com água fria, imunização antitetânica ○ não fazer neutralização!!! ★ afecções da pele por causas tóxicas - relacionadas às glândulas sudoríparas: ○ aumento do suor: tópico (álcoois, propionaldeído, organofosforados), sistêmico (CO, barbitúricos) ○ diminuição do suor: tópico ou sistêmico (sais metálicos, ácido cítrico, anticolinérgicos) ★ afecções da pele por causas tóxicas - relacionadas às glândulas sebáceas: ○ obstrução dos poros e formação de abscessos inflamados: anabolizantes ○ cloracne: acne gerada pela exposição crônica a agentes que possuem cloro em sua composição (hidrocarbonetos aromáticos clorados, organoclorados, dioxinas). absorção por contato ou via sistêmica. aparecimento meses após a exposição, dependendo da severidade manifesta-se durante décadas após o contato. cloracne é um marcador de exposição sistêmica. ocorre frequentemente com trabalhadores expostos a derivados de cloro durante o trabalho. formação de comedões, pode evoluir para quisto, abscesso, escaras e cicatrizes ★ afecções da pele por causas tóxicas - dermatite de contato: ○ anestésicos locais, antibióticos, antihistamínicos tópicos, filtros solares ○ reação de hipersensibilidade local ○ para induzir a sensibilidade, a substância deve penetrar a barreira lipídica, ser detectada pelo sistema nervoso e se ligar a proteínas transportadoras. para isso, a substância deve possuir baixo peso molecular, capacidade de atravessar a pele, capacidade de formar ligações covalentes com as proteínas ★ afecções da pele por causas tóxicas - urticária de contato: ○ diferentes substâncias presentes em plantas e artrópodes, cloreto de cobalto, dimetilsulfóxido ○ distribuição sistêmica: prurido e eritema pelo corpo todo ○ reação de hipersensibilidade com liberação de histamina, bradicinina e outras substâncias vasoativas ○ pode levar a crise anafilática e morte ★ fotossensibilidade: ○ hidrocarbonetos aromáticos, tetraciclinas, sulfonamidas, tiazidas, agentes tóxicos que necessitam da exposição à luz solar para causar os efeitos nocivos ○ exposição local ou sistêmica ○ reações cutâneas anormais que aparecem após exposição à luz solar ○ fototoxicidade: substância absorve a radiação luminosa e libera radicais livre, que causam danos celulares. pele avermelhada, pode evoluir para bolhas. minutos a horas após exposição ○ fotoalergia: na presença de luz, a substância se transforma em um composto antigênico. eritema, vesiculação e prurido. dura dias a semanas ★ lúpus eritematoso de origem tóxica: ○ penicilina, tetraciclina, estreptomicina, carbamazepina, metildopa ○ doença autoimune relacionada a um desvio da resposta imune, que promove a produção de anticorpos contra constituintes do próprio organismo ○ febre, anorexia, erupções exantemáticas, ulcerações de mucosas, poliartrite patologias tóxicas do sistema digestório: ★ cáusticos: ○ boca, faringe e esôfago (atingidos primeiro): intensa reação inflamatória, provocando eritema e edema das camadas superficiais ○ faringe: esofagites cáusticas, resistente à ação cáustica, álcalis com pH > 11 produzem ulceração, álcalis com pH > 12,5 produzem necrose esofágica em segundos e perfuração ○ estômago: necrose coagulativa (na curvatura pré-pilórica), mais protegido pela secreções (HCl, pepsina) e pela mucosa espessa ○ ácidos (pH < 2): desnaturação de proteínas, formando escaras e coágulos que delimitam a extensão das lesões, lesões esofágicas moderadas devido a trânsito rápido, lesões no estômago devido a maior tempo de contato (curvatura pré-pilórica) ○ álcalis (pH > 11): saponificação de lipídios e solubilização de proteínas, morte celular devido a emulsificação e ruptura das membranas celulares, ocorrendo trombose de vasos venosos e arteriais, pH > 11 leva à ulceração, pH > 12,5 leva à necrose esofágica em segundos e perfuração, lesões desde o início do contato na boca, pode causar uma reação de fechamento de glote e dificuldade respiratória ○ manifestações clínicas: irritação da mucosa e distensão das paredes da porção superior do TGI, que estimulam o centro do vômito e provocam reflexo emético, que resulta na grave perda de eletrólitos, líquidos e proteínas e pode levar a hipovolemia, hipotensão e insuficiência cardiocirculatória. 3 a 4 dias: inflamação aguda, sensação de queimação, edema e eritema de mucosas, vômitos, hemorragia digestiva alta. 4 a 21 dias: granulação latente e descamação da mucosa, dor torácica, hipotensão, sinais de peritonite aguda e febre são sugestivos de perfuração visceral. perfuração e extravasamento do conteúdo cáustico > peritonite química > transtornos neurovegetativos, vasomotores e desequilíbrio eletrolítico, pode levar ao choque e morte ○ tratamento geral: não induzir vômitos, não é recomendado lavagem gástrica, não pode fazer neutralização, estabilização do intoxicado, controle das lesões identificadas, observar complicações ○ tratamento sintomático: anestésicos tópicos, corticoides, antibiótico ○ exames: endoscopia com cautela, radiografia de tórax, hemograma, ureia, creatinina, glicemia, gasometria intoxicação por salicilatos: [𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑛ã𝑜 𝑖𝑜𝑛𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎] [𝐹𝑁𝐼] ★ para ácido fraco: 𝑝𝐾𝑎 − 𝑝𝐻 = 𝑙𝑜𝑔 [𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑖𝑜𝑛𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎] ; para base fraca: 𝑝𝐻 − 𝑝𝐾𝑎 = [𝐹𝐼] ★ pico plasmático: 30 min a 2 horas ★ ligação a proteínas plasmáticas: 50 a 80% (albumina) ★ distribuição: quase todos os tecidos ★ meia-vida: 2 a 3 horas (doses baixas), 15 a 30 horas (doses elevadas/overdoses, formação de complexos que estimulam liberação prolongada do salicilato) ★ biotransformação: conjugação com glicina ou com ácido glicurônico ★ excreção: urina. depende da dose (quanto maior a dose, maior a excreção), pH urinário (alcalino - maior excreção do salicilato), presença de fármacos que também se ligam à albumina ★ influência do pH: quanto maior a concentração da forma não ionizada, maior a absorção. AAS possui pKa = 3, logo, possui maior forma não ionizada quando está no estômago (pH ácido), tendo maior absorção nesse local ★ efeitos metabólicos: ○ desacoplamento da fosforilação oxidativa mitocondrial, inibição das desidrogenases específicas do ciclo de Krebs e das aminotransferases > inibição da produção de ATP > estímulo da via glicolítica > aumento de lactato e piruvato > acidose metabólica ○ aceleração do metabolismo, aumento da demanda periférica de glicose > aumento da glicogenólise > hiperglicemia e glicosúria > tecidos utilizam a glicose > hipoglicemia ○ produção, acúmulo e excreção de ácidos orgânicos > acidose metabólica ○ inibição da síntese de aminoácidos e carboidratos, aumento do metabolismo de lipídios > produção de corpos cetônicos > acidose metabólica ★ efeitos respiratórios: ○ estímulo indireto da respiração: estímulo do consumo de O2 + estímulo da ventilação alveolar > aumento de CO2 > acidose respiratória ○ estímulo direto no centro respiratório: aumento da ventilação pulmonar e da frequência respiratória > diminuição de CO2 > alcalose respiratória > aumento da excreção renal de bicarbonato, sódio e potássio (mecanismo compensatório) > alcalose respiratória compensada + pH volta ao normal > aumento de dose ou uso prolongado > depressão medular do centro respiratório > aumento de CO2 > acidose respiratória ★ obs: acidose metabólica + acidose respiratória > diminuição da reabsorção tubular de bicarbonato + aumento da excreção de sódio, potássio e água + hiperventilação + sudorese > desidratação ★ efeitos gastrointestinais: irritação gástrica, ação direta sobre a mucosa gástrica causando inibição da síntese de PG gástrica, hemorragia, erosão da mucosa, úlceras ★ efeitos sobre o sangue e plaquetas: anemia, trombocitopenia, agranulocitose, aumento do risco de hemorragia ★ efeitos renais: toxicidade aguda ★ efeitos hepáticos: hepatomegalia, anorexia, náusea, icterícia ★ efeitos cardiovasculares: aumento do risco de eventos cardiovasculares pela inibição da COX-2 ★ efeitos na gestação: prolongamento do tempo de gravidez ★ intoxicação aguda: ○ distúrbios ácido-base e hidroeletrolíticos: alcalose ou acidose respiratória, acidose metabólica ○ manifestações neurológicas: surdez, vertigem, cefaleia, confusão mental, alucinações, coma, edema cerebral ○ distúrbios da coagulação: disfunção plaquetária ○ manifestações gastrointestinais: náusea, vômito, gastrite, hemorragias, perfuração gástrica ○ manifestações sistêmicas: edema pulmonar agudo, lesão tubular renal, disfunção de múltiplos órgãos, hipersensibilidade ○ síndrome de Reye: falência hepática e encefalopatia ★ intoxicação crônica: ○ sintomas inespecíficos: confusão, desidratação, acidose metabólica, pneumonia, gastroenterite ○ idosos: febre, desorientação, queda, agitação, surdez, alucinação, déficit de memória ★ tratamento: não existe antídoto, assistência ventilatória, tratamento sintomático, lavagem gástrica, carvão ativado, carbonato de cálcio (tratamento da acidose metabólica) ★ exames: gasometria, pH urinário, glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, hemograma, provas de coagulação, dosagem sérica de salicilatos após 6 horas de ingestão intoxicação por paracetamol: ★ no caso de ingestão de altas doses, os mecanismos seguros de biotransformação do paracetamol se esgotam, e a reação de fase I ocorre pela N-hidroxilação, como via alternativa. essa reação gera o metabólito reativo NAPQI, que é conjugado com glutationa até que as reservas celulares de glutationa se esgotem. com o esgotamento, o NAPQI passa a se ligar covalentemente a proteínas hepáticas, gerando os efeitos tóxicos. na ingestão de doses terapêuticas, esgotamento de glutationa não acontece e o paracetamol é biotransformado pelas outras vias mais seguras ★ o paracetamol atinge o pico de absorção entre 30 a 120 minutos. esse tempo é importante para analisar a possibilidade de intoxicação ou não dentro desse período e se será necessário usar N-acetilcisteína, fazer lavagem gástrica ou diálise, etc ★ mecanismo de toxicidade do paracetamol: lesões oxidativas nos hepatócitos e eritrócitos ★ em crianças, a via de metabolização pelo citocromo p450 é menor, gerando menos NAPQI, visto que a principal via de metabolização do paracetamol, em crianças, é a sulfatação ★ antídoto: N-acetilcisteína, que se conjuga com o NAPQI, promovendo a excreção desse metabólito, além de auxiliar na recuperação dos níveis de glutationa ★ exames: dosagens diárias da função hepática (AST, ALT, CK) e renal (ureia e creatinina), hemograma e provas de coagulação