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Aula 4 - Patrimônio e técnicas retrospectivas (teóricos)_compressed.pdf

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CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - CAMPUS BC Disciplina: 24620 – PATRIMÔNIO e TÉCNICAS RETROSPECTIVAS Período: 5° Professora: Alessandra Devitte TEORIAS DE RESTAURO CONCEITOS TEÓRICOS E CARTAS & TÉCNICAS & INTERVENÇÕES TEOR...

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - CAMPUS BC Disciplina: 24620 – PATRIMÔNIO e TÉCNICAS RETROSPECTIVAS Período: 5° Professora: Alessandra Devitte TEORIAS DE RESTAURO CONCEITOS TEÓRICOS E CARTAS & TÉCNICAS & INTERVENÇÕES TEORIAS DOCUMENTOS INVENTÁRIO Homem - sentido de fazer perdurar no tempo todos os objetos que fossem úteis às suas necessidades, reparando aquilo que tivesse alguma função específica. Prioritário não era preservar testemunhos históricos, mas sim reparar algo que deixou de exercer as funções. Reparar e refazer com formas mais grandiosas baseadas nas exigências do momento RESTAURAR O objetivo do restauro é perpetuar a memória e a glória do povo romano tornando o imortal. Romanos e gregos Não tinham desenvolvido de técnicas específicas para o restauro. Edificava-se sobrepondo-se novas construções às ruínas ou aos monumentos já existentes. Olhava-se principalmente à funcionalidade. A reutilização era feita em função das necessidades contingentes. Na arquitetura, restaurar consistia na substituição dos elementos originais degradados por outros de fabricação nova. Em alguns casos procedia-se a substituição de materiais pobres por materiais mais nobres. ORIGINALMENTE, O EDIFÍCIO NÃO É COMPREENDIDO COMO UM BEM QUE POSSUI VALOR HISTÓRICO OU CULTURAL, MAS SIM COMO UM BEM ÚTIL OU QUE REPRESENTA ALGO NESSA ÉPOCA SÓ NESTE CASO FARÁ SENTIDO FAZER O EDIFÍCIO PERDURAR NO TEMPO. Atividade de restauro tem origem nos séculos XVIII e XIX. Até esta data, os monumentos sofreram diversas ações de conservação, alteração de uso e renovação, que não devem ser designadas de restauro, tal como hoje é entendido. Assim como a história da arquitetura se modificou ao longo dos anos, alterando técnicas de construção e fundamentalmente os estilos de concepção e decoração, também edifícios já existentes conheceram novas fachadas e ornamentações. Os novos conhecimentos de arquitetura, os novos instrumentos e as novas técnicas são aplicados sobre o existente, como se se tratasse de um enxerto, resultando edifícios alterados sem distinção entre o presente e o passado. O gosto pela história e pela literatura antiga fomentaram uma cultura inspirada nos ideais do mundo clássico, que viria a favorecer a alteração do gosto em relação às formas góticas. Francisco Petrarca: uma das primeiras vozes autorizadas que se levantou contra o estado de abandono dos velhos monumentos. REVOLUÇÃO FRANCESA Vandalismo - degradação e o desaparecimento de alguns monumentos - urgente promover o interesse público pelos monumentos e a intervenção do Estado na sua salvaguarda. inicia a discussão sobre a metodologia de conservação e restauro. Vitet e Merimée - debater e desenvolver os critérios. Estes desenvolvimentos são seguidos pelo resto da Europa = resultando em diferente teorias e práticas. Na Itália surge uma tendência que se viria a denominar de “restauro arqueológico”, com influência dos escritos do O INÍCIO DA Papa Leão XIII acerca da Basílica de São Pedro em Roma, PROTEÇÃO alvo de divergências sobre a sua reconstrução na época: Aos edifícios históricos eram retirados todos os acréscimos de épocas anteriores que não fizessem parte do projeto DOS original do monumento, até ser encontrado o aspecto primitivo. Os monumentos eram estudados e analisados, MONUMENTOS de modo a perceber como seriam na época da sua construção, e obter a recomposição do edifício mediante, se possível, utilização de partes originais (anastilosis), tornando-o numa unidade completa e perfeita. Anfiteatro de Arles, França. Arquitetura romana construído em I d.C., serviu de refúgio à população arliense que construiu as casas no seu interior, elevou duas torres de entrada e transformou o monumento numa cidade fortificada. O restauro ocorrido entre 1809 e 1830 restituiu a Arles o seu exemplo de arquitetura romana. Pode-se considerar um restauro moderno, com respeito pelo valor histórico e estético, colocando em primeiro lugar o monumento arqueológico, sem lhe atribuir nenhuma utilização funcional e intervindo somente por razões culturais. Visita dísponível em: https://www.hisour.com/es/arles-amphitheatre-roman- monuments-and-romans-of-arles-56361/ Coliseu de Roma – mudanças ao longo do tempo - consolidaram os anéis exteriores, cujas estruturas de sustentação se encontravam gravemente arruinadas por causa dos danos. Varias intervenções de restauro são realizadas. POMPÉIA, ITÁLIA. FONTE: HTTP://WWW.DESCOBRIRITALIA.COM EUGENE VIOLLET-LE-DUC (1814 – 1879) A INTRODUÇÃO DO MÉTODO - RESTAURO ESTILÍSTICO ( ADQUIRIU SEU AUGE NA RUSSIA, ALEMANHA, ESPANHA E ITALIA) FOI O PRIMEIRO A COMPILAR DE FORMA SISTEMÁTICA OS PRINCÍPIOS DE UMA TEORIA DE RESTAURAÇÃO ARQUITETÔNICA. (GONZÁLEZ-VARAS, 2008). CORRENTE INTERVENCIONISTA Francês. Arquiteto, historiador de arquitetura, escritor, desenhista, construtor; Busca da unidade estilística arquitetônica / uso de complementos; Posição do arquiteto criador da obra; Um dos responsáveis pelo reconhecimento do gótico como uma das mais importantes etapas da história da arte ocidental. Influenciado pela obra do arquiteto Henri Labrouste, voltou à Paris, onde passou a trabalhar na comissão encarregada da preservação dos monumentos históricos. Intenção de refazer uma obra incompleta, a fim de conferir coerência e lógica ao organismo; Em 1866, após vários anos de prática em obras de restauração, publica o oitavo volume do seu Dictionnaire Raisonné de l'Architecture Française du XIème au XVIème Siècle. “Restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê- lo, é restabelecê-lo num estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento.” Violet Le Duc Esquema ideal de Le-Duc: 1- entender profundamente o sistema de projeto e construção 2 – conceber um modelo ideal 3 – impor ao projeto / edifício o esquema idealizado Viollet pretende levar a catedral a um estado ideal que nunca chegara a ter, defendendo a reconstrução da fachada com a restituição das duas torres e do pináculo central com 96 metros de altura, uma vez que o pináculo é uma marca fundamental no conjunto da construção. VEJA AS INTERVENÇÕES NESTE VÍDEO: HTTPS://YOUTU.BE/G2WKWBZV_P LE CHÂTEAU DE PIERREFONDS – FRANÇA (ANTIGAMENTE). LE CHÂTEAU DE PIERREFONDS – FRANÇA (ATUALMENTE). DEFENDIA A PESQUISA DETALHADA SOBRE O OBJETO DO RESTAURO E A AMPLA DOCUMENTAÇÃO SOBRE AS INTERVENÇÕES REALIZADAS, PRINCÍPIOS VÁLIDOS ATÉ OS DIAS ATUAIS. La Sainte-Chapelle après restauration, dessin d'Eugène Viollet-le-Duc. Médiathèque de l'architecture et du Patrimoine (Archives Photographiques) © CMN. Fonte: http://www.merimee.culture.fr. Acesso em 05/03/15. Tentou estabelecer princípios de intervenção em monumentos históricos e uma metodologia para esse trabalho. Suas teorias e projetos foram muito questionados. Após sua morte é que suas teorias foram revistas e avaliadas dentro do contexto em que foram produzidas, evidenciando a contribuição do seu trabalho para o restauro contemporâneo, principalmente em relação à metodologia de projeto (importância dos levantamentos detalhados do edifício); Atualidade de muitas das suas formulações e sua aplicabilidade nas intervenções de restauro atuais: a restauração tanto da função portante do edifício como de sua aparência; O estudo do projeto original como fonte de conhecimento para resolução de problemas estruturais; A importância dos levantamentos detalhados da condição existente; A reutilização do edifício para sua sobrevivência e, principalmente, a atuação baseada em circunstâncias e especificidades de cada projeto. CORRENTE ANTI- INTERVENCIONISTA JOHN RUSKIN (1819 – 1900) Arquiteto, escritor, crítico de arte, sociólogo e possuía paixão pelo desenho e pela música; Valorizava as ruínas (recomendava que projetos arquitetônicos fossem pensados considerando seu estado de conservação após alguns séculos de sua construção); Condenava os complementos arquitetônicos; Assim como os homens, as obras não foram feitas para serem eternas; A influência de seu pensamento foi mais difundida no início do século XX; Não devemos fazer nada nos edifícios, restauro = destruição; Restauro romântico. Os monumentos de hoje devem possuir um valor histórico e os de épocas passadas devem ser Para Ruskin conservados como nossa maior herança; Algumas intervenções até eram permitidas, porém, apenas para conservar a edificação; Defendia a não intervenção nos monumentos antigos, por considerar que quaisquer interferências imprimem novo caráter à obra, tirando sua autenticidade; Considerava a arquitetura um dos principais legados de qualquer organização social, pois apresenta um importante significado histórico ao relatar a evolução nacional de certo povo; Em 1853 escreveu The Stones of Venice - importância do total e absoluto respeito à matéria original das edificações e descreve sua aderência ao ruinismo, como um defensor das construções do passado. Podemos saber mais da Grécia e de sua cultura pelos seus destroços do que pela poesia e pela história. John Ruskin RESTAURO CIENTÍFICO CAMILO BOITO (1836 – 1914) Nasceu em Roma; Foi arquiteto, restaurador, crítico, historiador, professor e teórico; Posição intermediária entre Ruskin e Le-Duc - do primeiro, à medida que não aceitava a morte certa dos monumentos e, do segundo, não aceitando levá-los a um estado que poderia nunca ter existido antes. Os complementos aos edifícios devem ser diferentes do original, em material e em forma, evidenciando sua própria época. As contribuições dos diversos períodos pelos quais passou o monumento devem ser respeitadas. Os acréscimos devem ser evitados. Sobre a arquitetura recaía, em sua opinião, a maior complexidade: Distanciamento de Le Duc e Ruskin: Do primeiro, à medida que não aceitava a morte certa dos monumentos; Do segundo, não aceitando levá-los a um estado que poderia nunca ter existido antes. "Para bem restaurar, é necessário amar e entender o monumento, seja estátua, quadro ou edifício, sobre o qual se trabalha (...) Ora, que séculos souberam amar e entender as belezas do passado? E nós, hoje, em que medida sabemos amá-las e entendê-las?" Camil0 Boito Desenvolvimento do princípio da conservação com base em diversos instrumentos técnicos e modernas tecnologias construtivas; Proposta de uma intervenção mínima restauradora, admitindo novas adições apenas como medida extrema de consolidação e exigindo que estas permaneçam por completo diferenciáveis da obra antiga e reconhecidas como acrescentos modernos. Boito contribuiu de forma direta para a formulação dos princípios modernos de restauração e defendia: 1. o respeito à matéria original da preexistência; 2. a reversibilidade e distinção das intervenções; 3. o interesse por aspectos conservativos e de mínima Em relação às Esculturas: intervenção; 4. a manutenção dos acréscimos de A regra geral para a escultura era a de que não épocas passadas, entendendo-as como parte da houvesse complementos, excetuando-se quando história da edificação; 5. harmonizar as arquiteturas fossem devidamente documentados, pois eles do passado e do presente a partir da distinção de sua poderiam desfigurar a obra, levando-a por um caminho totalmente diferente do que aquele previsto materialidade. por seu autor. Os conservadores são tidos como “homens necessários e beneméritos” ao passo que os restauradores são quase sempre “supérfluos e perigosos”. Camilo Boito, Os Restauradores A restauração do Arco de Tito, desenvolvido inicialmente por Stern (1817-1819) e, depois, por Giuseppe Valadier (entre 1819 e 1821) e o Capitólio de Bréscia as peças originais reintegraram-se na construção; as lacunas refizeram-se com um material pétreo diferente do primitivo, utilizando-se o travertino em vez do mármore. A incorporação de nova arquitetura no interior de uma mais antiga pode ser a solução que Reichstag - evitará a morte da preexistência. É preciso observar, contudo, se esse Berlim tipo de coexistência permite que o sentido do antigo espaço permaneça. No Brasil Exemplo: Solar do Unhão Solar do Unhão Imagem: Wikipedia O projeto de restauro do complexo arquitetônico do Solar do Unhão, onde se encontra o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), exigiu uma adaptação à estrutura tombada do século XVI Imagens: Nelson Kon RESTAURO CIENTÍFICO GUSTAVO GIOVANONNI (1873-1947) Considerado uma prolongação do posicionamento restaurador de Camilo Boito;mas com espirito mais crítico (propõe a documentação para realizar qualquer restauração) Refuta a falsificação - flexibiliza os critérios; Defende a necessidade da conservação dos Monumentos para a historia (valores documentais), para a arte (valores estéticos) e para a vida presente (valores de uso). Se opõe às atitudes que estão a favor de uma museificação dos centros históricos; Sua teoria está fundamentada na valoração tanto histórica como artística dos monumentos e na absoluta necessidade de veracidade; onde a restauração deve estar baseada em dados concretos conhecidos, nunca em hipóteses. Divide os monumentos em três grupos: 1) Segundo seu estado de conservação: - mortos: como ruínas e fortificações da idade Média, sugerindo cuidadosa conservação; - vivos: os que fossem possíveis de uso e recomenda a mínima intervenção, respeitando os valores de todas as épocas. As intervenções menores tinham que ser realizadas de forma simplificada Amplia o conceito de (neutral), em edifícios importantes conservação para o entorno deveria ser respaldada por do monumento e a documentos (analogia do passado). importância ao urbanismo, Contribui com alguns procedimentos sustentando o conceito de utilizados hoje em dia, como a patrimônio urbano e a prospecção de paredes, para indicar salvaguarda de centros a cor original, o uso de fotografias. históricos. TIPOS DE INTERVENÇÕES 1. Consolidação: para garantir a estabilidade do bem; 2. Recomposição: técnica da anastilose. Exemplo: Partenon; 3. Liberação: eliminação de elementos agregados, sem valor artístico; 4. Complementação: recuperar a unidade formal, sem modificar o aspecto original; 5. Inovação: inserção de novas partes, essenciais para a edificação, esteticamente integrada. TEMPLO DE HÉRCULES - LIBERAÇÃO O restauro não pode ser decidido visando apenas sanar problemas estéticos, mas solucionar questões mais complexas e profundas. Para tanto, torna-se necessário um estudo documental e arquivístico que possibilite o conhecimento histórico das modificações às quais o monumento foi submetido ao longo de sua vida, criando-se assim um equilíbrio entre a verdade histórica e os problemas de natureza estética que a obra exige Gustavo Giovanonni CARTA DE ATENAS Princípios do RESTAURO CIENTÍFICO em relação ao estado de conservação dos monumentos: 1. Monumento Arruinado: 3. Monumento Ileso com alterações e Nunca se reconstrói. Mas é preciso fazer tudo acréscimos não atuais: É preciso conservar para conservar os valores históricos ou artísticos, os acréscimos de todas as épocas, mesmo distinguindo claramente os materiais de que fique quebrada a unidade primitiva. consolidação. 4. Monumento Ileso com necessidade de 2. Monumento Danificado: “Complementação” (acréscimo de área Se for preciso a reconstrução da parte construída): Se a complementação se impõe, danificada, não se imite nunca o antigo, mas seja feita em forma nova, mas “NEUTRAL” haja o cuidado de não criar desarmonias. (nunca a arquitetura moderna ou contemporânea). 5. Paisagem Urbana: Purificar de todos os erros, mas não suprimir nenhum acréscimo adventício que tenha valor histórico, ou artístico, qualquer que seja a sua época. Ao construir edifícios novos nos centros históricos, deve-se respeitar a fisionomia própria do ambiente. Por isso, deve-se evitar nesses centros a manifestação da arquitetura de estilos e massas diferentes. RESTAURO CRIATIVO CESARE BRANDI (1906-1988) Um dos principais nomes do restauro moderno. Em 1966 escreveu a Teoria da restauração, obra baseada nas diretrizes da Carta de Atenas; Conhecendo o objeto já em estado deteriorado, não é possível ter certeza de como havia sido quando novo, sendo necessária uma intervenção baseada no estado em que se encontra quando restaurado e não no que se pensa ter sido seu “estado original”, o que levaria o espectador a incorrer em um erro de interpretação; Cada caso é um caso; Dois momentos do restauro: o do reconhecimento da obra de arte e a prática do restauro propriamente dita. As reintegrações devem ser reconhecíveis. As lacunas devem ser tratadas caso a caso, para atuarem como fundo da obra que é figura. Os acréscimos e reconstruções devem ser respeitadas, respeitando a unidade da obra de arte. 1º AXIOMA: “RESTAURA-SE SOMENTE A MATÉRIA DA OBRA DE ARTE ANTONELO DA MESSINA. ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO DE BRANDI Restauro da unidade potencial da obra, sem cometer falsificação histórica “SE AS CONDIÇÕES DA OBRA DE ARTE FOREM TAIS A PONTO DE EXIGIREM SACRIFÍCIO DE UMA PARTE DA SUA CONSISTÊNCIA MATERIAL, O SACRIFÍCIO, OU, DE QUALQUER MODO, A INTERVENÇÃO, DEVERÁ CONCLUIR-SE SEGUNDO AQUILO QUE EXIGE A INSTÂNCIA ESTÉTICA. E SERÁ ESSA INSTÂNCIA A PRIMEIRA EM QUALQUER CASO, PORQUE A SINGULARIDADE DA OBRA DE ARTE EM RELAÇÃO AOS OUTROS PRODUTOS HUMANOS NÃO DEPENDE DA SUA CONSISTÊNCIA MATERIAL E TAMPOUCO DA SUA DÚPLICE HISTORICIDADE, MAS DA SUA ARTISTICIDADE, DONDE SE ELA PERDER-SE NÃO RESTARÁ NADA ALÉM DE UM RESÍDUO. "A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo” CESARE BRANDI, 2008, p. 33 Reconhecer o objeto e sua relação com a história! RESTAURO CRIATIVO ALOIS RIEGEL (1906-1988) O CULTO MODERNO DOS MONUMENTOS: compreender os valores dos monumentos para a sociedade, pois entendia que apenas assim seria possível fundar uma prática responsável de conservação e intervenção no patrimônio. VALORES DE REMEMORAÇÃO: Valor de Antiguidade, valor Histórico e valor de Rememoração Intencional. VALORES DE CONTEMPORANEIDADE: Valor de Uso, valor de Novidade, valor de Arte Relativo. “O valor histórico considera o monumento original intocável. Trata-se de conservar um documento o mais autêntico possível. As destruições passadas, imputáveis aos agentes naturais, não podem ser anuladas e, do ponto de vista do valor histórico, elas não devem também ser reparadas” ALOIS RIEGL PRIMEIRA DIVISÃO DOS MONUMENTOS Monumento Histórico: representa um conjunto de valores e limitações de uma determinada sociedade em uma determinada época. Encarado apenas em sua carga histórica é específico e imutável: transmite um conhecimento factual. Monumento Artístico: representa o estágio mais avançado das práticas sociais de determinada sociedade em uma determinada época. Pode ser encarado objetivamente, como artefato histórico, mas também de forma subjetiva, estimulando interpretações (ao contrário da dimensão factual/precisa do monumento histórico). SEGUNDA DIVISÃO DOS MONUMENTOS Monumentos Intencionais: são aqueles aos quais é atribuído valor de monumento em sua época de construção, e têm por função específica rememorar um feito de um povo ou indivíduo. Por isso, quase todos os monumentos intencionais têm caráter mais escultórico que arquitetônico. Exemplos: arcos triunfais, mausoléus, torres, colunas e obeliscos, etc. Monumentos Não Intencionais (ou Históricos): são aqueles cujo valor é atribuído posteriormente à época da sociedade que o construiu. Monumentos Antigos: marcam muito claramente a passagem do tempo, permitindo atribuição de valor mediante a percepção do tempo de desenvolvimento da sociedade que o ergueu. VALOR DE REMEMORAÇÃO Valor de Antiguidade: O valor de antiguidade reside na falta de integridade da construção (aspecto desgastado), na tendência à dissolução das formas e cores. Para o valor de antiguidade, o monumento é considerado intocável, pois toda conservação ou restauração impedirá o desgaste, que é a representação do tempo decorrido. O valor de antiguidade postula que seja visível o máximo de tempo decorrido possível, ou seja, que o monumento sofra com o máximo de desgaste. Quanto maior o desgaste, maior o valor de antiguidade. VALOR DE REMEMORAÇÃO Valor HISTÓRICO: “O valor histórico de um monumento reside no fato de que representa para nós um estado particular, de alguma forma único, no desenvolvimento de um domínio humano. O que nos interessa no monumento não são traços das forças destrutivas da natureza, da forma como são exercidas depois de seu nascimento, mas seu estado inicial como obra humana. O valor histórico é tanto maior quanto mais puramente se revela o estado original e acabado do monumento, tal como se apresentava no momento de sua criação: para o valor histórico, as alterações e degradações parciais são perturbadoras”. “[...] para que um monumento que apresente marcas de degradação possa satisfazer ao valor moderno que descrevemos, é necessário, antes de tudo, que se desembarace dos traços de envelhecimento, e que reencontre, por meio da restauração completa de sua forma e cores, o caráter de novidade da obra que acaba de nascer. O valor de novidade só pode, então, ser preservado por medidas contrárias ao culto do valor de antiguidade” Alois riegel Fontes: Breve história da teoria da conservação e do restauro Eduarda Luso, Paulo B. Lourenço e Manuela Almeida. Universidade do Minho, Guimarães, Portugal https://issuu.com/angkni/docs/guia_patrim onio_angela_mariane_paul

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