Meteorologia e Oceanografia - Apostilas PDF
Document Details
Uploaded by AppreciableParticle
Escola de Praticagem
Tags
Related
Summary
Esta apostila abrange os fundamentos da Meteorologia e Oceanografia. As informações incluem a variação dos elementos meteorológicos, circulação atmosférica, atividades convectivas, sistemas tropicais e sinóticos. Também cobre a interpretação de informações meteorológicas e oceanográficas, além de temas como ondas, vagas, mares e correntes.
Full Transcript
0 ESCOLA DE LN E RRA PRATICAGEM APOSTILA DE METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA 22 edição METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PAGINA | 01 SUMARIO ] METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA CAP 1 - VARIA...
0 ESCOLA DE LN E RRA PRATICAGEM APOSTILA DE METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA 22 edição METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PAGINA | 01 SUMARIO ] METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA CAP 1 - VARIAGAO DOS ELEMENTOS METEOROLOGICOS - PG 02 CAP 2 - CIRCULAGAO DO AR - PG 14 CAP 3 - DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES CONVECTIVAS - PG 22 CAP 4 - SISTEMAS TROPICAIS - PG 24 CAP 5 - SISTEMAS SINOTICOS - PG 27 CAP 6 - INTERPRETAGAO DE INFORMAGOES METEOROLOGICAS - PG 31 CAP 7 - TELECOMUNICAGCOES METEOROLOGICAS - PG 41 CAP 8 - ONDAS, VAGAS E MARULHOS - PG 53 CAP 9 - MARES - PG 65 CAP 10 - CORRENTES OCEANICAS E COSTEIRAS - PG 70 CAP 11 - ESTUDOS DOS OCEANOS - PG 75 CAP 13 - CLIMATOLOGIA E CARTAS PILOTO - PG 78 escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 02 CAPÍTULO 1 - VARIAÇÃO DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS METEOROLÓGICOS Este capítulo analisa as características da radiação solar, temperaturas do ar e superfície do mar, pressão atmosférica, umidade relativa do ar e as implicações da variabilidade desses fatores. A radiacdo solar é essencial para os eventos meteorolégicos e oceanograficos, sendo a principal fonte de energia que impulsiona tais fendmenos. Essa energia é manifestada através de tormentas e tempestades com ventos intensos e mares agitados. Nos processos meteorolégicos, a transferéncia de energia ocorre principalmente na forma de calor sensivel e calor latente, alcangando longas distancias e ajudando no equilibrio e regulação térmica do planeta. O fator mais critico que afeta a quantidade de energia solar recebida é o angulo em que os raios solares atingem a Terra. Quando os raios solares incidem verticalmente, a intensidade é a méaxima, e diminui conforme o angulo de incidéncia se reduz, dispersando a radiacdo por uma area maior. Esse angulo varia ao longo do dia, devido a rotacdo da Terra, e ao longo do ano, devido a sua translagéo. FIM DO DIA INÍCIO DO DIA No Hemisfério Sul, os equindcios e solsticios ocorrem nas seguintes datas: equinécio de outono em 21 de margo, solsticio de inverno em 22 de junho, equinécio de primavera em 23 de setembro e solsticio de verdo em 22 de dezembro. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 03 Quanto ao aquecimento da Terra, a maior parte da energia solar que chega à atmosfera terrestre é refletida de volta ao espaço, enquanto apenas uma fração menor atinge a superfície da Terra. Essa energia que atinge a superfície é vital para o aquecimento do planeta e ocorre apenas durante a presença de luz solar. Em relação ao resfriamento da Terra, o planeta é constantemente resfriado ao longo de todo o dia através da emissão de radiação infravermelha. Esse resfriamento é um componente crucial para manter o equilíbrio térmico do planeta. Além disso, a superfície terrestre se resfria por meio da evaporação da água e pela combinação de condução e convecção que ocorre através da circulação atmosférica direta. Nas regides tropicais, há um saldo energético positivo, enquanto que nas altas latitudes o saldo é negativo. O transporte de energia entre essas regides se da por meio da circulagdo geral da atmosfera e das correntes oceanicas. Essa energia é transportada em duas formas principais: como calor sensivel e calor latente. Duas principais fontes de energia alimentam os fenémenos meteorolégicos: o calor sensivel, que resulta do aquecimento da superficie terrestre, do ar e da agua do oceano, e o calor latente, que ocorre através da evaporagdo da água do mar. Este dltimo forma vapor d'dgua, essencial para a umidade do ar e crucial para o desenvolvimento de fendmenos meteorolégicos. A energia é redistribuida pelo planeta de duas formas principais. Na forma de calor sensivel, a superficie aquecida pelo sol transmite calor ao ar através de condução. Esse calor é entdo movido verticalmente por convecgdo e horizontalmente por advecção. Em relação ao calor latente, o ar imido leva este calor na forma de vapor de água, que ao condensar-se em outras areas, libera calor. Quanto as definicdes, a radiacdo térmica refere-se a emissdo de radiacdo eletromagnética por um corpo, sendo um modo de transferéncia de calor através de ondas eletromagnéticas. A condução é o processo de transferéncia de calor entre moléculas adjacentes devido a uma diferenca de temperatura. A convecção descreve o movimento vertical de matéria num fluido, enquanto a advecção relaciona-se ao deslocamento horizontal, especialmente de massas de ar. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 04 Temperatura do ar A temperatura do ar mostra uma variação vertical característica, onde a pressão atmosférica diminui com o aumento da altitude. Quando um gás se expande, sua temperatura cai proporcionalmente. Consequentemente, a temperatura do ar diminui à medida que se ascende na troposfera, um fenômeno que é fundamental para a formação de nuvens. A temperatura do ar varia horizontalmente de acordo com a latitude devido a vários fatores. Primeiramente, há uma variação diária na quantidade de energia solar recebida. Além disso, a variação sazonal no ângulo em que os raios solares atingem a superfície da Terra também afeta as temperaturas. Outro fator é o albedo, ou a capacidade das superfícies cobertas de neve de refletir a luz solar, que também influencia as temperaturas locais. Essas variações de temperatura ajudam a promover a circulação geral de massas de ar frio e quente e a formação de sistemas de frentes frias e quentes. Temperatura da superfície do mar (TSM) É bastante estável entre o dia e a noite, pois a maioria da energia solar absorvida é utilizada para a evaporação da água. Essa evaporação é uma contribuição significativa para o aumento da umidade do ar. A TSM muda muito gradualmente ao longo do ano, e variações diárias são geralmente imperceptíveis, exceto em áreas afetadas pela ressurgência. Mudanças significativas na TSM podem ocorrer devido às flutuações nas fronteiras de grandes correntes oceânicas de diferentes temperaturas. A TSM desempenha um papel crucial na interação entre o oceano e a atmosfera, influenciando a formação de nevoeiros ou intensificando processos convectivos, tormentas e furacões, dependendo se a TSM é menor ou maior que a temperatura do ar, respectivamente. Quanto à umidade, a quantidade de vapor d'água no ar e sua umidade relativa são medidas importantes. Termômetros comuns registram a temperatura do ar seco, enquanto psicrômetros, ou termômetros de bulbo úmido, medem a temperatura do ar quando umidade é artificialmente adicionada até que o ar atinja saturação, escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | O5 causando resfriamento no bulbo úmido. A temperatura registrada pelo termômetro de bulbo úmido será sempre menor que a do termômetro seco, fornecendo dados essenciais para o diagnóstico e prognóstico do tempo. n w UMIDADE RELATIVA ” [ UMIDADE RELATIVA (%) VEMPERATURA o H ———— t ES EE EJ Meia-noite 6 horas meia-dia I8horas Meia-noite A capacidade do ar de reter vapor d'água aumenta com a elevação da sua temperatura. Quando o ar atinge a saturação, ele contém a quantidade máxima de vapor d'água possível para aquela temperatura especifica. Se a temperatura desse ar saturado cair, sua capacidade de reter vapor d'água também diminuirá, resultando na condensação do excesso de vapor em pequenas gotas, formando nuvens. A umidade relativa do ar refere-se a proporgdo do vapor d'agua presente no ar em relagdo a quantidade maxima que ele poderia conter naquela temperatura, sendo expressa em porcentagem. Assim, quando a temperatura aumenta, a umidade relativa tende a diminuir, e o inverso ocorre quando a temperatura cai. Temperatura do Ponto de Orvalho (TPO) A Temperatura do Ponto de Orvalho (TPO) é definida como a temperatura na qual o vapor d'agua no ar comeca a condensar, transformando-se em goticulas liquidas. Isso ocorre quando a temperatura do ar baixa até igualar a TPO, resultando em uma umidade relativa de 100%, indicando que o ar atingiu a saturagdo de umidade. Esta condição é alcancada apenas pelo resfriamento natural do ar, sem adição de vapor d'agua. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 06 Para determinar a Temperatura do Ponto de Orvalho e a Umidade Relativa, utiliza- se um psicrômetro, que mede duas temperaturas específicas: a temperatura seca (T) e a temperatura úmida (TU). A diferença entre essas temperaturas (T-TU), conhecida como Depressão do Termômetro Úmido, permite encontrar a TPO utilizando uma tabela específica. Da mesma forma, a diferença entre a temperatura seca e a TPO (T-TPO) é usada para determinar a umidade relativa através de outra tabela. Pressão atmosférica Em relação à pressão atmosférica, seu registro contínuo por um barógrafo revela variações significativas ao longo do tempo, variando diariamente e até mesmo de hora em hora, sendo um dado crucial para a navegação. A pressão atmosférica diminui à medida que se ganha altitude. Uma massa de ar que ascende continuamente se expande devido a essa redução na pressão, levando ao seu resfriamento até atingir a TPO, o que frequentemente resulta na formação de nuvens. No movimento vertical ascendente do ar, ocorre uma rarefacdo nas camadas inferiores da atmosfera, levando a uma diminuição da pressdo nesses niveis e, consequentemente, o uma reducdo da pressdo na superficie. Por ALTITUDE (km) — E outro lado, no movimento vertical descendente, o ar nos niveis mais baixos é comprimido, resultando em um aumento da mg o o o pressão atmosférica na superficie. o 200 400 600 800 1000 PRESSÃO (hPa)——p Quanto ao gradiente horizontal de pressão, ele se refere às diferenças na pressão atmosférica entre diferentes áreas na superfície. Uma isóbara é uma linha que une locais que possuem a mesma pressão atmosférica. As cartas de pressão à superfície, ou cartas sinóticas, marcam os centros de baixa pressão (indicados por "B") e de alta pressão (indicados por "A"). escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 07 Um espaço reduzido entre as isóbaras sinaliza um gradiente de pressão acentuado, o que geralmente implica em ventos mais fortes. É essencial para os navegantes saberem interpretar essas cartas, pois elas ajudam a prever o comportamento atmosférico e suas influências sobre as condições marítimas. Evaporação A evaporação é o processo no qual a água passa do estado líquido para o gasoso, exigindo uma quantidade significativa de energia na forma de calor latente. Esta energia é absorvida do ambiente circundante, que, em consequência, se resfria. O vapor d'dgua gerado pode então transportar essa energia acumulada para diferentes regiões, onde pode ser liberada durante o processo de condensação. O termo "adiabática" refere-se a um tipo de transformação na qual não ocorrem trocas de calor com o meio ambiente. Isso significa que qualquer alteração na temperatura do sistema ocorre sem que haja ganho ou perda de calor com o entorno. ALTTIUDE () Í i e TEMPERATURA (C) ———> A adiabatica seca ocorre quando uma parcela de ar ndo saturado ascende e ainda está abaixo do nivel de condensacédo. Neste processo, o ar se resfria a uma taxa de aproximadamente 10°C por quilômetro, resultando em um aumento da sua umidade relativa até que atinja o ponto de orvalho (TPO), que é o nivel de condensacao. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PAGINA | 08 Já a adiabéatica úmida toma lugar quando o ar continua a ascender acima do nivel de condensagdo. Neste estagio, o ar resfria-se a uma taxa menor, aproximadamente 6°C por quildmetro, porque a condensacdo do vapor d'água libera calor latente, moderando o resfriamento do ar. Assim, a taxa de variagdo da temperatura diminui à medida que o ar se eleva e continua a liberar calor latente. Nebulosidade Quanto a nebulosidade, o tipo de nuvens formadas depende diretamente das condições atmosféricas. Em condições de ar estavel, formam-se nuvens estratiformes, que são extensas e uniformes. Por outro lado, em condições de ar instavel, predominam as nuvens cumuliformes, que são mais volumosas e verticalmente desenvolvidas. Frequentemente, linhas de instabilidade atmosférica apresentam uma série de nuvens cumulus. Além disso, a altura da base das nuvens, ou nivel de condensagéo, varia de acordo com as condições atmosféricas locais, o que também influencia a formacédo de nuvens em diferentes altitudes, seja baixas, médias ou altas. Nuvens As nuvens formam-se a partir da condensação ou sublimagdo do vapor d'agua no ar, iniciando a uma altitude superior a 50 pés. A quantidade de nebulosidade é medida em oitavos de céu encoberto, variando de 1/8 a 8/8, o que permite avaliar a extensão da cobertura de nuvens. No que diz respeito a classificagdo das nuvens, estas podem ser agrupadas em dois tipos principais, com base em seu processo de formacéo: Cumuliformes são nuvens densas e volumosas com contornos arredondados e bem definidos, que se desenvolvem verticalmente devido a correntes de ar ascendentes. Essas nuvens indicam uma atmosfera instavel, onde o ar está em movimento e propenso a mudangas meteoroldgicas. Stratiformes, por outro lado, sdo nuvens que se formam quando uma camada de ar escoladepraticagem.com — METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA ‘ ] PÁGINA | 09 se resfria até atingir seu ponto de orvalho, sem a presença de movimento vertical significativo. Essas nuvens, que aparecem como um véu ou uma camada, têm um desenvolvimento horizontal mais pronunciado e são típicas de condições atmosféricas estáveis. Cb Cumulonimbus — Stratocumulus* S Cu SNAA E Cumulus 7 | E= —— 1IRPITT TEAA As nuvens são classificadas com base na altitude de sua base em três categorias principais: Nuvens Altas (acima de 6.000 metros): Geralmente finas e formadas por cristais de gelo, essas nuvens incluem: « Cirrus (Ci): Nuvens isoladas que se parecem com filamentos brancos e fibrosos, através dos quais é possível ver o sol e as estrelas. Essas nuvens são indicativas de ventos em altas altitudes e geralmente prenunciam a chegada de frentes quentes, alertando para mudanças iminentes no tempo. Cirrostratus (Cs): Nuvens em forma de véu, transparentes e brancas, que dão ao céu um aspecto leitoso. Não distorcem visivelmente o sol ou a lua, mas podem criar um halo ao redor desses corpos celestes e frequentemente sinalizam chuva nas próximas 24 horas. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 10 * Cirrocumulus (Cc): Conhecidas pelo seu padrão que lembra "pequenos carneiros", essas nuvens formam alinhamentos perpendiculares à direção do vento e geralmente indicam bom tempo. Nuvens Médias (entre 2.000 e 6.000 metros): * Altocumulus (Ac): Com uma aparência "globular", essas pequenas nuvens agrupadas podem variar de branco a tons de cinza e podem prenunciar trovoadas ou a chegada de frentes frias. * Altostratus (As): Formando uma densa camada cinzenta ou azulada, cobrem o céu inteiramente ou parcialmente, com o sol ou a lua visíveis de forma difusa. Essas nuvens geralmente antecedem mau tempo e podem indicar a aproximação de uma frente fria. Nuvens Baixas (entre 50 pés e 2.000 metros): - Stratus (St): Nuvens cinzentas, baixas e uniformes que lembram nevoeiros elevados, frequentemente encontradas a menos de 100 metros do solo em condições de vento calmo. Estão associadas à estabilidade atmosférica e geralmente não representam perigo. * Nimbostratus (Ns): Camadas densas de nuvens escuras e quase uniformes, são as típicas nuvens de chuva. Após a passagem de uma frente fria, dominam o céu e continuam a provocar chuvas intensas, porém com maior estabilidade atmosférica. « Stratocumulus (Sc): Originadas de Cumulus, essas nuvens sdo mais baixas e podem estar associadas a garoas ou neve, seguidas frequentemente de noites claras. * Cumulus (Cu): Nuvens densas com desenvolvimento vertical pronunciado, formadas por ar ascendente que se resfria ao atingir altas altitudes. Estas nuvens são simbolos de bom tempo e aparecem como "pedacos” isolados no céu. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PAGINA | 11 « Cumulonimbus (Cb): Com bases baixas mas atingindo altos niveis de altitude (até 13.000 metros), sdo capazes de causar turbuléncia, gelo, relampagos, saraiva, precipitações intensas e até tornados. A presenca dessas nuvens indica fortes variacdes meteorolégicas e são tipicas em ciclones, frentes frias e trovoadas isoladas. Quando associadas a trovoadas isoladas, podem produzir precipitagdo intensa e rajadas de vento fortes mas de curta duracao. Precipitacdo Precipitacdo é o processo pelo qual a água acumulada na atmosfera cai para a superficie terrestre em forma de gotas liquidas, cristais de gelo ou particulas sélidas, como flocos de neve, quando seu tamanho e peso superam a resisténcia das correntes de ar ascendentes. A precipitação liquida inclui formas como chuva, chuvisco e garoa, enquanto a forma sélida engloba neve, granizo e saraiva. Baseando-se na continuidade, classifica-se a precipitacdo como continua, intermitente ou em pancadas, estas últimas associadas a nuvens convectivas. Pancadas de precipitacdo, seja sélida ou liquida, provém de nuvens convectivas e se caracterizam pela curta duração e intensidade flutuante, com um inicio e fim claramente demarcados, diferenciando-se das precipitagbes de nuvens estratificadas. A precipitagdo continua é aquela que perdura por uma hora ou mais sem interrupções, geralmente originaria de nuvens estratiformes. Já a precipitacdo intermitente ocorre em periodos menores que uma hora, com as nuvens desempenhando um papel crucial nessas observagoes. Além disso, a precipitacdo é categorizada por sua intensidade e impacto na visibilidade, variando de garoa a chuviscos fracos, moderados e fortes, estes últimos com visibilidade inferior a 500 metros. O processo de coalescéncia descreve a fusdo de duas ou mais particulas de agua em uma só, sendo um mecanismo fundamental na formagdo de chuva. As goticulas, impulsionadas pelas correntes de ar ascendentes e descendentes dentro escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 12 de uma nuvem, colidem e se fundem. Quando crescem demais para serem sustentadas pelo ar, começam a cair como chuva, um fenômeno que também Ocorre com a neve e o granizo. Visibilidade no mar Na navegação marítima, a visibilidade pode ser significativamente afetada pela formação de nuvens e nevoeiros, que ocorrem quando o ar atinge a saturação por resfriamento até a Temperatura do Ponto de Orvalho (TPO). Nuvens se formam quando o ar ascendente se expande e resfria, alcançando a TPO e condensando-se em altitudes mais elevadas. Nevoeiros, por outro lado, se formam mais próximo à superfície do planeta, quando o ar resfria até a TPO devido ao contato com uma superficie mais fria. Este fendmeno reduz consideravelmente a visibilidade para os navegantes. Há dois tipos principais de nevoeiro que são comuns: Nevoeiro de Advecgdo ocorre quando uma massa de ar quente e úmido se move horizontalmente sobre uma superficie mais fria, resfriando a camada inferior do ar. Este tipo de nevoeiro requer ventos fracos para uma mistura eficaz com as camadas superiores do ar e é mais frequente no final da tarde, dissipando-se com o aumento da temperatura ou com a intensificacdo dos ventos que promovem a mistura das camadas de ar. Nevoeiro de Radiação surge com o resfriamento do solo ap6s o pôr do sol, sendo mais comum nas primeiras horas da manhã e dissipa-se com o aquecimento do solo apds o nascer do sol. Os navegantes precisam monitorar varios fatores atmosféricos para prever a formação de nevoeiro, incluindo a circulagdo local do ar, a temperatura do ar e a umidade relativa sobre o continente, além das temperaturas do ponto de orvalho e da superficie do mar. A probabilidade de formação de nevoeiro aumenta quando a diferenca entre a temperatura do ar e a TPO é pequena, e a umidade relativa esta escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 13 próxima de 95%. Névoa é outro fenômeno que afeta a visibilidade no mar, formada quando o ar se resfria até a TPO. A névoa pode ser: - Úmida, com alta umidade e visibilidade reduzida devido as gotículas de água misturadas com poluentes atmosféricos, apresentando uma coloração acinzentada. « Seca, caracterizada pela presença de poluentes sólidos como poeira e fumaça, sem alcançar o nível de condensação das nuvens mais baixas. A cor da névoa seca pode variar dependendo do fundo visual, sendo azul-chumbo contra um fundo escuro ou amarela a alaranjada contra um fundo claro, com a umidade relativa geralmente abaixo de 80%. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 14 CAPÍTULO 2 - CIRCULAÇÃO DO AR | O objetivo deste estudo é avaliar as condições de estabilidade e instabilidade na atmosfera, bem como entender as principais caracteristicas das circulações atmosféricas, que incluem a diferenca entre ar estavel e ar instavel, a circulação em areas de alta e baixa pressédo, além de brisas e ventos e a circulacédo geral da atmosfera. Ar estavel e ar instavel O ar estavel e o ar instável são cruciais para compreender as mudancas meteorolégicas. O comportamento do ar em movimento vertical espontaneo é um fator determinante na evolugdo das condicdes climaticas. A estabilidade atmosférica caracteriza-se pela manutencdo do estado atual do tempo e por condições que desfavorecem movimentos verticais do ar, como quando o ar menos denso se situa acima do ar mais denso. Em contrapartida, a instabilidade atmosférica cria um ambiente propicio para a convecção ou circulagdo direta do ar, impulsionada por fatores como gradientes horizontais de temperatura e pressdo, convergéncia de ar nos niveis mais baixos e divergéncia nos niveis mais altos. Um elemento crucial na instabilidade atmosférica é a evolugdo da diferenca de temperatura entre a temperatura da superficie do mar (TSM) e a temperatura do ar (T). O aquecimento do ar préximo a superficie pode iniciar a convecgao. Além disso, inversdes térmicas, onde a temperatura aumenta com a altitude, impedem a circulagéo vertical espontanea do ar, favorecendo a acumulação de poluentes. Uma linha de instabilidade é uma zona onde ocorre circulação direta significativa, muitas vezes advectando ar mais quente em baixos niveis ou mais frio em altos escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 15 níveis, levando a condições de mau tempo. Essa linha pode formar-se como uma série de trovoadas severas que, embora frequentemente associadas a uma frente fria, podem se estender de 50 a 300 milhas além dela. Essas linhas de instabilidade podem surgir antes de uma frente fria, quando o ar em altitude flui sobre a frente, formando ondas atmosféricas. No vale dessas ondas, a formação de nuvens é inibida, enquanto na crista, que precede a frente fria, o ar é forçado a subir, criando condições para o desenvolvimento de nuvens e trovoadas em uma atmosfera instável. Centros de Baixa Pressão Os centros de baixa pressão, onde a pressão atmosférica diminui do exterior para o interior, são geralmente cercados por isóbaras quase circulares e são comumente chamados de ciclones. B : | A B ) \ f R L) W 10127 1012 1016 710167 1020 - ~ 1020 < - 10M 1024 Existem dois tipos principais de ciclones: * Ciclones tropicais, que se formam nas regiões tropicais, * Ciclones extratropicais, que ocorrem em latitudes médias. Nos centros de baixa pressão, a circulação do ar ocorre de forma horária no Hemisfério Sul (HS) e anti-horária no Hemisfério Norte (HN). Associada a essa circulação horizontal convergente, há um movimento vertical ascendente do ar na superfície. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 16 Centros de Alta Pressão Os centros de alta pressão, onde a pressão atmosférica aumenta da periferia para o centro, são delineados por múltiplas isóbaras quase circulares. Esses centros são comumente chamados de anticiclones. Nesses centros, a circulação do ar ocorre no sentido anti-horário no Hemisfério Sul (HS) e no sentido horário no Hemisfério Norte (HN). Essa circulação horizontal divergente na superfície está ligada a um movimento vertical descendente do ar, conhecido como subsidente. 1024 >=1020 - 1016 - 02 A movimentação de um anticiclone para fora de uma regido geralmente coincide com a aproximagdo de um ciclone, prenunciando mudancas nas condições meteoroldgicas. Uma regra pratica para os navegantes no Hemisfério Sul é: ao posicionarem-se de costas para o vento, o centro de baixa pressdo estará a direita e o centro de alta presséo a esquerda. Esta orientação ajuda a prever a direcdo das massas de ar e as mudancas climéticas associadas. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 17 Força de Coriolis À medida que a circulação do ar se afasta ou se aproxima do Equador, ela é influenciada pelo efeito da força de Coriolis, que causa um desvio no movimento. No Hemisfério Norte (HN), esse desvio é para a direita, enquanto no Hemisfério Sul (HS), o desvio é para a esquerda. Este fenômeno é fundamental para entender como os ventos e as correntes oceânicas são direcionados globalmente. Cavados e cristas Cavados e cristas são padrões atmosféricos que podem ser observados na disposição das isóbaras no mapa meteorológico. Cavados são extensões das isóbaras que se originam de um centro de baixa pressão. Eles se tornam mais evidentes à medida que as isóbaras se estendem do centro de baixa pressão em direção à periferia. Um cavado bem definido geralmente indica a circulação de ar frio movendo-se para regiões mais quentes, o que frequentemente está associado à presença de uma frente fria. Além disso, o eixo de um cavado sempre aponta em direção ao Equador. Cristas, por outro lado, são alongamentos das isóbaras que emanam de um centro de alta pressão. Elas se destacam à medida que as isóbaras se projetam do centro de alta pressão em direção à periferia. Uma crista bem marcada indica a circulação de ar quente deslocando-se para regiões mais frias. O eixo de uma crista sempre se orienta em direção às latitudes mais altas. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 18 Essas características são cruciais para entender a movimentação e a interação das massas de ar na atmosfera, influenciando diretamente o clima e o tempo. Convergéncia e Divergéncia A interacdo entre a circulacdo horizontal do ar e seu movimento vertical pode resultar em fenômenos de convergéncia e divergéncia. Em &reas de baixa presséo, observa-se a convergéncia do ar na superficie, o que leva ao movimento ascendente do ar. Em altitudes mais elevadas, esse ar tende a divergir. Por outro lado, em areas de alta presséo, ocorre a divergéncia do ar na superficie, promovendo a subsidéncia, ou seja, o movimento descendente do ar. Acima, nas altitudes mais altas, esse ar converge. Brisas e ventos A brisa terrestre e a brisa maritima são fenémenos de circulacdo de ar que ocorrem devido as diferencas de temperatura entre o continente e o mar ao longo do dia e da noite. Brisa Terrestre: Durante a madrugada e a manha, o ar flui do continente, que esta mais frio, em direcdo ao mar, que é mais quente. Este fluxo é resultado do resfriamento mais rapido da terra durante a noite. Brisa Maritima: No periodo da tarde até o inicio da noite, o movimento se inverte, com o ar se deslocando do mar, agora mais frio, em direção ao continente aquecido pelo sol diurno. As variacbes de pressdo atmosférica que acompanham esse ciclo diurno são pequenas, portanto, os ventos gerados são geralmente fracos a moderados e de alcance limitado, alcancando até 20 milhas para o interior e cerca de 5 a 6 milhas mar adentro. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 19 Vento O vento geralmente sopra do centro de alta pressão para o centro de baixa pressão. Influenciado pela força de Coriolis, o vento não segue um trajeto reto, mas sim paralelo às isóbaras com uma leve inclinação em direção ao centro de baixa pressão. A intensidade do vento está diretamente relacionada ao gradiente de pressão horizontal. O vento pode ser classificado em diferentes tipos para fins científicos e educacionais:. Vento Geostrófico: Um vento teórico que representa o equilíbrio entre a força do gradiente de pressão e a força de Coriolis, ocorrendo em trajetória reta e sem aceleração, típico de grandes altitudes acima da camada de atrito.. Vento Gradiente: Também teórico, este vento leva em conta a força do gradiente de pressão, Coriolis e força centrípeta, seguindo um caminho curvo sem alteração de velocidade e ocorrendo acima da camada de atrito. « Vento de Superficie: Este é o vento que realmente se observa, influenciado pelo gradiente de pressão, força de Coriolis, força centrípeta e a força de atrito da superfície terrestre. Instrumentos de Medição O vento é medido em termos de velocidade e direção. O anemômetro é usado para medir a velocidade do vento, enquanto o anemoscópio mede sua direção. Para a navegação, é crucial considerar três vetores de vento: « Vento Verdadeiro: A direção e velocidade do vento real. « Velocidade do Navio: O movimento do navio em relação ao mar. « Vento Relativo: O vento como é sentido a bordo, movendo-se junto ao navio. Os instrumentos a bordo medem o vento relativo, e o vento verdadeiro é determinado através de cálculos vetoriais baseados nesses dados e na velocidade do navio. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 20 Circulação geral da atmosfera A circulação geral da atmosfera desempenha um papel crucial no equilíbrio energético do planeta, com um saldo energético positivo nos trópicos e negativo nos polos. As diferenças de energia entre essas regiões impulsionam o transporte global de energia, um processo fundamental para manter o equilíbrio térmico da Terra. Este sistema de circulação ocorre em várias escalas: « Circulação Geral: Operando em uma escala planetária, essa circulação envolve movimentos amplos e complexos de massas de ar que regulam o clima global. « Circulação das Monções: São padrões de circulação regional que variam sazonalmente, afetando principalmente áreas continentais e adjacentes. « Circulação Meridional: Movimento do ar em larga escala de norte para sul ou de sul para norte, onde o ar frio se desloca dos polos em direção ao Equador em baixos níveis atmosféricos, e o ar quente do Equador se move em direção aos polos em altitudes elevadas. « Circulação Zonal: Circulação de leste para oeste ou vice-versa, predominantemente ao longo das linhas de latitude. Dentro da circulação meridional especifica, ocorrem fenômenos como: + Célula de Hadley: Onde o ar aquecido no equador sobe e se dispersa para os polos em altitudes elevadas, resfriando-se e descendendo em torno dos 30° de latitude em ambos os hemisférios. - Célula de Ferrel: Localizada entre 30° e 60° de latitude, é uma zona de transicdo onde o ar se move em padrdes mais complexos devido as interacdes entre as células de Hadley e as células polares. « Célula Polar: Extende-se de 60° de latitude até os polos, caracterizada por correntes de ar descendentes que fluem em direcdo ao Equador em niveis mais baixos. Essas trés células de circulagdo em cada hemisfério criam cinturdes de alta e baixa presséo, que são essenciais para a formação dos padrdes climéaticos globais. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 21 GELULA POLAR %cswu POLAR CELULA DE FERRELÚ QCELULA DE FERREL CÉLULA TROPICAL O O CELULA TROPICAL CÉLULA TROFICAL 0 O CELULA TROFICAL CELULADE FERREL% â CÉLULA DE FERREL cnuumun% s Ú âcéwu POLAR A circulação zonal, que ocorre principalmente ao longo das linhas de latitude, é significativamente influenciada pela força de Coriolis, um efeito que desvia os padrões de vento devido à rotação da Terra. Esse desvio é crucial para a formação dos vários sistemas de ventos que circulam ao redor do globo. « Ventos Equatoriais: Na faixa equatorial, os ventos predominam de leste para oeste, facilitados pela posição geográfica e pela força de Coriolis mínima ao redor do equador. « Ventos Alisios: Nos trópicos, os ventos alisios sopram predominantemente do nordeste no Hemisfério Norte e do sudeste no Hemisfério Sul, deslocando-se em direção ao equador. Esses ventos são gerados pela alta pressão subtropical que se desloca em direção às áreas de baixa pressão equatorial. « Ventos das Latitudes Médias: Nas latitudes médias, os ventos predominam de oeste para leste, contrastando com os padrões nos trópicos e no equador. Esse fenômeno é um resultado da interação entre as massas de ar frio que se movem equatorward das regiões polares e o ar mais quente que se desloca em direção aos polos, criando um fluxo dinâmico e complexo. Essa organização zonal dos ventos desempenha um papel fundamental na regulação do clima global, transportando calor e umidade através dos continentes e oceanos. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 22 CAPÍTULO 3 - DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES CONVECTIVAS O processo convectivo é caracterizado pela elevação natural e espontânea do ar aquecido próximo à superfície. Esse fenômeno começa quando o ar na superfície se aquece e começa a subir, diminuindo a pressão na superfície e causando uma convergência de ar para compensar a ascensão do ar quente. Quando o ar é úmido, contém uma quantidade significativa de calor latente, que é uma fonte robusta de energia para o processo convectivo, especialmente se o ar estiver muito úmido. Durante a convergência em torno de um centro de baixa pressão, ocorre o transporte horizontal e vertical de energia, incluindo o calor latente. Quando o ar úmido alcança o nível de condensação, onde a temperatura do ponto de orvalho é igualada e a umidade relativa atinge 100%, o calor latente é liberado à medida que o ar se expande e esfria. Isso contribui para a formação de nuvens Cumulonimbus, acompanhadas de turbulência em altitudes elevadas, trovoadas, relâmpagos e precipitação intensa. O processo convectivo também envolve a convergência do ar nos níveis baixos e sua divergência nos níveis altos. O ar que sobe se desloca horizontalmente e depois desce nas áreas adjacentes, promovendo a divergência nos níveis baixos e convergência nos níveis altos. A atividade convectiva pode ser estimulada por diversos fatores, como aquecimento da superfície, condições frontais, topografia (orografia), instabilidades atmosféricas e forte convergência em níveis baixos. Uma linha de instabilidade, por exemplo, sinaliza uma circulação direta e geralmente indica a aproximação de mau tempo. As nuvens Cumulonimbus, que se formam durante a convecção intensa, podem atingir grandes altitudes e apresentam um gradiente de temperatura considerável ao longo do seu desenvolvimento vertical. No interior dessas nuvens, existem gotas de chuva e cristais de gelo nos níveis superiores. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 23 z “ Os movimentos ascendentes e descendentes dentro da nuvem geram uma diferença de potencial elétrico, resultando frequentemente em relâmpagos. Além disso, essas nuvens podem provocar rápidas quedas de temperatura e variações acentuadas de pressão, que às vezes levam à formação de tornados. Sobre o mar, esses tornados são conhecidos como trombas d'água. No topo da nuvem Cumulonimbus, encontram-se frequentemente nuvens tipo cirrus, que se estendem devido à divergência em altos níveis. Os ventos antes de uma tempestade podem superar 30 nós, e a chuva pode ser forte e incluir granizo. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 24 CAPÍTULO 4 - SISTEMAS TROPICAIS m— Ventos alíseos Os ventos alíseos são uma componente integral da circulação atmosférica de grande escala e são notáveis por sua constância ao longo do ano, soprando regularmente na mesma direção. Esses ventos predominam nas regiões tropicais, fluindo das áreas de alta pressão nas latitudes médias em direção às zonas de baixa pressão perto do equador. No Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul, os ventos alíseos sopram de direções opostas e convergem na Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), cuja localização flutua com a mudança do Equador Térmico, variando entre 15°N durante o verão do Hemisfério Norte a 5°N durante o verão do Hemisfério Sul, e podendo alcançar até 5ºS no Oceano Índico. A ZCIT é marcada por intensa atividade convectiva, convergência de ventos, muita nebulosidade e condições meteorológicas adversas frequentemente associadas a Cumulonimbus. Influenciados pela força de Coriolis, os ventos alíseos nos dois hemisférios apresentam um escoamento quase paralelo ao chegarem na faixa equatorial, soprando predominantemente de leste. Nessa região, são comuns as calmarias, conhecidas como "Doldrums". Especificamente, a costa norte e nordeste do Brasil é significativamente afetada pela ZCIT durante os meses de março e abril, quando essa zona se desloca mais ao sul, trazendo maior nebulosidade e precipitação. Sistemas Tropicais Os sistemas tropicais, conhecidos por serem barotrópicos, apresentam variações de pressão mas não são afetados pelas mudanças sazonais, caracterizando-se por períodos alternados de maior ou menor pluviosidade. A combinação de ar quente e úmido com variações de pressão promove uma intensa atividade convectiva nessas regiões. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 25 Sistemas Extratropicais Em contraste, os sistemas extratropicais são baroclínicos, mostrando variações tanto de pressão quanto de temperatura. Essas variações são mais marcantes nas latitudes médias, onde os deslocamentos das massas de ar explicam as significativas mudanças no estado do tempo e do mar. As temperaturas variam sensivelmente entre o inverno e o verão, refletindo a dinâmica complexa do clima nessas regiões. Ciclones tropicais Ciclones tropicais são fenômenos meteorológicos intensos que se formam sob condições específicas, incluindo ar quente e úmido, instabilidade convectiva até grandes altitudes, influência da Força de Coriolis para iniciar a circulação ciclônica, e temperaturas da superfície do mar superiores a 27ºC. Esses sistemas começam como turbilhões de 50 a 100 milhas de diâmetro e podem expandir até 800 milhas. Eles apresentam um gradiente de pressão excepcional, isóbaras circulares e intensa atividade convectiva com grandes aglomerados de nuvens Cumulonimbus. Na região tropical do Atlântico Sul, a vasta extensão da Amazônia contribui para grandes ondas de Kelvin e um forte cisalhamento nos ventos de leste ao sul do Equador, o que impede a formação de furacões. No entanto, no Caribe, a menor extensão continental não oferece as mesmas condições, permitindo o desenvolvimento de tempestades tropicais. No Atlântico Norte, a geografia do continente africano influencia significativamente a temperatura do ar e a circulação dos ventos, criando condições favoráveis para a formação de furacões. Furacões Furacões são caracterizados por uma circulação ciclônica, convergência na superficie e fortes correntes ascendentes que formam áreas de Cumulonimbus. A intensificação dos furacões ocorre devido à alta temperatura da superfície do mar, que promove evaporação e, consequentemente, a liberação de calor latente. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 26 Os furacões tendem a dissipar-se ao atingir terra firme, e a intensidade dos ventos varia conforme a proximidade do olho do furacão e a posição relativa à sua trajetória. Imagens de satélite mostram que o olho do furacão é uma área clara sem nebulosidade. As ondas geradas por furacões se propagam em todas as direções, com alturas que podem exceder 15 metros, especialmente na direção da trajetória do furacão. A área em torno de um furacão é dividida em um semicírculo perigoso e um semicírculo navegável, determinados pela intensidade dos ventos, o estado do mar e os riscos à navegação. No Hemisfério Sul, o lado perigoso é o esquerdo da trajetória e o navegável é o direito; no Hemisfério Norte, a situação se inverte. Estratégias de Navegação em Furacões: * No semicírculo perigoso, os navios devem manter o vento verdadeiro pela boreste no Hemisfério Norte e pela bombordo no Hemisfério Sul. * No semicirculo navegável, os navios devem manter o vento verdadeiro pela proa de boreste no Hemisfério Norte e pela proa de bombordo no Hemisfério Sul. * Ao cruzar a trajetéria a frente do furacdo, os navios devem ajustar seu curso para alcancar o semicirculo navegavel o mais rapido possivel, dependendo do hemisfério. « Atras do centro do furacdo, é crucial evitar o centro e adaptar-se a possiveis mudangas na trajetéria do furacéo. Essas manobras são essenciais para minimizar os riscos durante a navegação em condições extremas de tempestades tropicais e furacões. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 27 CAPÍTULO 5 - SISTEMAS SINÓTICOS | Escoamento Zonal O escoamento zonal, caracteristicamente de oeste para leste, é interrompido por movimentos significativos em forma de redemoinho. No Hemisfério Norte, os ventos predominantes sdo do noroeste (NW) e no Hemisfério Sul, do sudoeste (SW), ambos associados a presenca de cavados que transportam ar frio de latitudes mais altas para latitudes mais baixas. A medida que o escoamento continua, os ventos se alteram para sudoeste (SW) no Hemisfério Norte e noroeste (NW) no Hemisfério Sul, em associacdo com as cristas. Esses ventos são responsaveis pelo transporte de ar quente de latitudes mais baixas para latitudes mais altas. Essa dinamica de transporte alternado de massas de ar frio e quente é fundamental na geração dos processos que levam a formação de frentes frias e frentes quentes. Estes eventos sdo cruciais na modulacdo dos padrdes climaticos e na ocorréncia de fendmenos meteoroldgicos variados. PN EQUADOR P CAVADO TE | CAVADO CAVADO | —— EQUADOR PS Massas de ar quentes e frias Uma massa de ar é uma extensa porção de atmosfera que possui características uniformes de temperatura e umidade ao longo de sua extensão horizontal. Normalmente, essas massas de ar mantêm-se estáveis em latitude quando o escoamento zonal, ou seja, o fluxo predominante de oeste para leste, está em equilíbrio. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 28 No entanto, quando esse equilíbrio zonal é perturbado, as massas de ar começam a se deslocar devido aos gradientes de temperatura e pressão existentes horizontalmente. É essa movimentação que dá origem às frentes frias e quentes. As frentes são basicamente zonas de transição entre duas massas de ar de diferentes temperaturas, e seu encontro é o que frequentemente resulta em mudanças meteorológicas significativas, incluindo a formação de tempestades e variações climáticas. Frente Uma frente é a intersecção entre a superfície frontal e o solo, marcando a separação entre duas massas de ar distintas na superfície. Quando as condições de escoamento zonal estão equilibradas, as massas de ar mantêm-se estacionárias em termos de latitude. No entanto, distúrbios nesse equilíbrio, causados por variações nos gradientes de temperatura e pressão, levam ao deslocamento dessas massas, resultando na formação de frentes frias e quentes. O ar quente é forçado a ascender, criando correntes de ar ascendentes e atividade convectiva. A intensidade da convecção é influenciada pela inclinação da superfície frontal, e a nebulosidade se concentra ao longo dessa superfície. Frentes frias possuem uma inclinação acentuada, o que gera uma atividade convectiva intensa. Quando o ar atinge o nível de condensação, inicia-se a formação de nuvens Cumulonimbus. Devido à inclinação pronunciada, a faixa de nebulosidade ao longo da frente é relativamente estreita. Frente fria escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 29 Em relação aos ventos na superfície, há uma clara diferenciação antes e após a passagem da frente. Durante a aproximação de uma frente fria, ocorre queda na pressão atmosférica e aumento na temperatura. Após a passagem, a pressão aumenta, a temperatura cai, e a visibilidade pode ser reduzida por pancadas de chuva e trovoadas. Frentes quentes têm uma inclinação mais suave, levando a uma ascensão mais gradual do ar quente enquanto o ar frio recua. Isso resulta em formação de nuvens estratificadas e precipitacéo leve e continua, predominantemente do lado do ar frio. Frente quente Frentes oclusas ocorrem quando uma frente fria alcança e sobe sobre uma frente quente devido à sua maior velocidade. Isso intensifica a circulagéo ciclénica e pode levar a condigdes meteorolégicas mais severas, incluindo chuva intensa. « Frente oclusa do tipo fria: Comum quando o ar que chega é mais frio do que o ar ja presente, comportando-se similarmente a uma frente fria na superficie. * Frente oclusa do tipo quente: Menos comum, ocorre quando o ar fresco e rápido da frente fria move-se sob o ar quente, mas sobre o ar frio. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 30 Frentes estacionárias são caracterizadas por massas de ar que, ao se encontrarem, não avançam significativamente, formando uma frente que pouco se move. Isso geralmente resulta em um período prolongado de precipitação e nebulosidade no lado frio da frente. A frente pode se comportar como uma frente fria ou quente, dependendo das condições locais e do movimento subsequente das massas de ar. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 31 CAPÍTULO 6 - INTERPRETAÇÃO DE INFORMAÇÕES METEOROLÓGICAS I Satélites Meteoroldgicos Os satélites meteorolégicos desempenham um papel crucial na observagédo e monitoramento do clima e dos sistemas meteorolégicos ao redor do globo. Eles são classificados principalmente em dois tipos: geoestacionarios e de 6rbita polar. Satélites Geoestacionarios: « Estes satélites estdo posicionados a aproximadamente 36.000 km de altitude acima do equador. « Eles permanecem fixos em relação a um ponto na Terra, cobrindo amplas areas geogréficas e compensando a falta de observações terrestres em regides remotas. - A sequéncia de imagens capturadas por esses satélites facilita o acompanhamento da evolugdo dos sistemas sinéticos. - Geralmente, esses satélites fornecem imagens uma ou duas vezes ao dia, o que é suficiente para monitorar mudancas graduais no clima. Satélites de Orbita Polar * Orbitam a Terra a uma altitude de cerca de 800 km. - Esses satélites cruzam os polos varias vezes ao dia, passando sobre um mesmo ponto na Terra uma vez durante o dia e outra durante a noite. * Cobrem faixas estreitas de 15 graus de largura, permitindo uma cobertura global ao longo do tempo. Tipos de Imagens de Satélite Imagem Visivel * Capta a luz solar refletida pelas nuvens e pela superficie da Terra. * As areas escuras na imagem indicam a auséncia de nuvens, enquanto as areas brancas indicam a presenca de nuvens que refletem a luz solar. * Embora essa técnica não diferencie tipos de nuvens, é útil para avaliar a escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 32 cobertura e a intensidade das nuvens, bem como a localização de sistemas de mau tempo. Este tipo de imagem só está disponível durante o dia. Imagem Infravermelha (IR). Baseia-se na detecção de radiação infravermelha emitida por objetos, o que permite medir a temperatura das nuvens, nevoeiros e da superfície terrestre e marítima. * As imagens de infravermelho podem identificar diferentes tipos de nuvens. Nuvens altas e bem desenvolvidas, como Cumulonimbus, aparecem mais brancas devido à sua baixa temperatura no topo. « Estas imagens são particularmente valiosas porque estão disponíveis dia e noite. Feições e Sistemas Meteorológicos Identificáveis * Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) * Nebulosidade estendendo da Amazônia ao Atlantico Sul - Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) - Alta da Bolivia, uma grande circulação anticiclônica em altitude com intensa convecção * Vórtices ciclônicos em baixos niveis « Regiões de convecção intensa * Áreas com baixas temperaturas superficiais O uso de imagens de satélite é essencial para a meteorologia moderna, fornecendo dados cruciais para previsões do tempo e monitoramento de eventos climáticos extremos. Os serviços radiometeorológicos de apoio ao navegante não são abordados nesta apostila pois são conteúdos disponibilizados nas Listas de Auxílio Rádio (LAR), também constantes da bibliografia. Como este conteúdo são constantemente atualizados, é recomendado estudá-los pela própria LAR, que está sempre atualizada. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 33 Cartas sinóticas As cartas sinóticas de pressão atmosférica à superficie são ferramentas essenciais na meteorologia, cruciais para avaliar as condições meteorológicas atuais e fundamentais para projetar a evolução do tempo e fazer previsões para as horas subsequentes em uma área específica de interesse, especialmente úteis para navegadores. Conforme as normas internacionais estabelecidas, essas cartas apresentam várias características padrão: * Isóbaras, que são linhas que conectam pontos de igual pressão atmosférica, desenhadas geralmente a cada 4 hPa, ajudando a visualizar o padrão de fluxo do ar na atmosfera e as áreas de alta (A) e baixa (B) pressão. * Representação de frentes, com frentes frias indicadas em azul e frentes quentes em vermelho, facilitando a identificação rápida dos movimentos de massas de ar frio e quente. * Cobertura de nuvens, que é frequentemente indicada em oitavos, oferecendo uma medida da quantidade de céu coberto por nuvens em cada região da carta. « Direção e velocidade do vento, que são representadas por símbolos especificos que indicam a direção de onde o vento está vindo e sua velocidade em nós. * Atividade convectiva, especialmente na Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que pode ser destacada para mostrar áreas de intensa formação de nuvens e precipitação. * Simbologia meteorológica, que fornece informações sobre o tempo atual, incluindo tipos de precipitação, nebulosidade, entre outros fenômenos atmosféricos observados no momento da análise. Essas cartas são atualizadas regularmente e são uma parte indispensável da caixa de ferramentas de qualquer meteorologista ou profissional que dependa de condições climáticas precisas para planejamento e operações, incluindo navegadores, pilotos, e gestores de eventos ao ar livre. escoladepraticagem.com METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA PÁGINA | 34 Análise sinótica As cartas sinóticas são ferramentas essenciais na meteorologia para a análise e previsão do tempo. Elas detalham a distribuição da pressão atmosférica na superficie e são vitais para entender a dinâmica do tempo atual e suas mudanças futuras, especialmente úteis para os navegadores. Sistemas Frontais * Frentes frias: Tipicamente, estas frentes se movem quase perpendicularmente ao litoral sul do Brasil, levando cerca de 48 horas para percorrer do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro. Conforme avançam pelas costas sul e sudeste, tendem a se afastar em direção ao oceano. Na Bahia, as frentes estão quase paralelas à costa e distantes, afetando principalmente embarcações em alto mar. No