Dimensão Territorial das Desigualdades na Bahia PDF
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This document analyzes the territorial dimension of inequalities in Bahia's economy. It examines four pillars of the contemporary economy, including the complementing industry, agriculture integration, and the formation of "modernity islands" in the rural areas. The study highlights the low economic dynamism in the semi-arid region and the unequal distribution of wealth across Bahia's municipalities.
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**A dimensão territorial das desigualdades na Bahia** Em sua história, a estrutura da economia baiana foi moldada, sobretudo, pelo padrão de "industrialização por substituição de importações", adotado no Brasil entre as décadas de 1930 e 80 e reorientado a partir dos anos 90, ganhando ênfase na pro...
**A dimensão territorial das desigualdades na Bahia** Em sua história, a estrutura da economia baiana foi moldada, sobretudo, pelo padrão de "industrialização por substituição de importações", adotado no Brasil entre as décadas de 1930 e 80 e reorientado a partir dos anos 90, ganhando ênfase na produção de commodities para atender à posição do Brasil na nova ordem mundial. Esse processo rendeu, à economia do estado, um modelo globalizado, concentrado espacial, setorial e socialmente e marcado por uma grande desigualdade social e regional. São quatro os pilares dessa economia contemporânea: 1\. A implantação de uma indústria complementar à matriz industrial brasileira, e que se baseia na produção de insumos (principalmente os relacionados a química e petroquímica). 2\. A integração do agronegócio do estado aos mercados nacional e mundial, com destaque para a produção de grãos, frutas, papel e celulose. 3\. O estabelecimento de uma agricultura familiar espalhada por toda a Bahia, com maior concentração em regiões de clima semiárido, formando bolsões de pobreza. 4\. A formação das "ilhas de modernidade": áreas do território rural baiano com atividades econômicas ligadas ao setor primário de alta produtividade, como o fornecimento de matérias-primas e/ou alimentos para mercados e empresas ligadas aos mercados nacional e global. Entre elas, podem-se citar as áreas de mineração do urânio em Caetité e a produção irrigada de frutas na Chapada Diamantina. A partir desses pilares, entende-se que a inserção da economia baiana na divisão nacional do trabalho se dá pelo fato de que a Bahia é, para o país, um centro de geração de divisas baseadas no agronegócio e no turismo, e que o estado é um produtor de bens intermediários e matérias-primas para a indústria instalada no Sudeste do Brasil. Além disso, a Bahia mantém um grande mercado consumidor de produtos finais originários do Sudeste e Sul. E, apesar da forte retração nos processos migratórios, o estado ainda se configura como um fornecedor de mão de obra cada vez mais qualificada para grandes e médios centros urbanos do país. A economia baiana tem, ainda, duas características fundamentais. De um lado, vê-se a baixa integração econômica do seu território: as regiões dinâmicas estão concentradas em sua faixa litorânea e nos extremos do estado. Essa concentração, quando aferida pelo PIB, indica que apenas 20 dos 417 municípios acumulam 70% da riqueza estadual. Por outro lado, as regiões com dinamismo econômico mais acentuado mantêm mais relações econômicas interestaduais. Esse fator moldou, na Bahia, uma economia especializada na produção de insumos industriais petroquímicos e de commodities agrícolas e minerais vinculadas ao capital financeiro e industrial (nacional e global). Tais tendências fazem com que o semiárido baiano --- o "miolo do estado" ---, que tem condições climáticas adversas, tenha baixo dinamismo econômico e, consequentemente, grandes bolsões de pobreza. Nesta região, há predominância de áreas de agricultura familiar de subsistência, mas com algumas poucas "ilhas de modernidade" --- espaços conhecidos por seu maior dinamismo. A contribuição do semiárido equivale a menos de um terço do PIB estadual. O cenário se agrava pela insuficiência do sistema de transporte da região, que dificulta a integração com as áreas baianas de economia mais próspera. O fenômeno da pobreza e das desigualdades, no entanto, não é exclusivo das regiões de baixo dinamismo econômico: está presente, de forma acentuada e diferenciada, em todos os 417 municípios da Bahia. Além disso, cada subespaço produtivo do estado, seja ele economicamente dinâmico ou não, tem características e dimensões diferentes de pobreza que se associam a outros fatores, como a estrutura fundiária, os ciclos de atividades agrícolas, o mercado de trabalho microrregional e o provimento de políticas e serviços de saúde, educação, moradia e outros. Estar na condição de ente federativo municipal com uma economia fraca e periférica acarreta baixa arrecadação fiscal, o que torna os habitantes e os próprios territórios muito dependentes de transferências de renda dos governos estadual e federal. Essas "manchas de pobreza" são um complexo problema estrutural, que impõe dificuldades aos governos locais no que tange à promoção de políticas de desenvolvimento regionais inclusivas voltadas para o bem-estar e capazes de diminuir a pobreza, melhorar a educação, o atendimento à saúde e a infraestrutura de saneamento. Além das especificidades do seu desenvolvimento econômico e agrário, a condição da Bahia implica limites à sua autonomia quanto à ação regulatória, gestão e fiscalização do mercado de trabalho. Neste sentido, é válido lembrar que a dinâmica macroeconômica tem dimensões nacionais --- e tem se orientado para a desregulamentação estatal em favor da autorregulação do mercado e da franca abertura a agentes econômicos internacionais, deixando o investimento em políticas sociais em plano secundário. Resta aos governos estaduais, portanto, atuar junto a seus parlamentares e à sociedade civil e buscar apoio internacional (em especial na Organização Internacional do Trabalho) para diminuir a fragilidade estrutural do trabalho imposta pelo mercado. Em síntese, a configuração espacial heterogênea e segmentada do estado da Bahia, com um alto dinamismo econômico nos extremos, baixo dinamismo no "miolo" e uma pobreza espalhada por todo o seu território, acaba por destacar a importância da integração regional. Trata-se de uma potente forma de dinamizar a região do semiárido e, assim, combater a pobreza. **Índices de pobreza e extrema pobreza batem recordes na Bahia e em Salvador em 2021, aponta IBGE** **No ano passado, 46,5% da população baiana, ou 6,949 milhões de pessoas, podiam ser consideradas pobres, levando em conta apenas o critério da renda.** Por g1 BA Em 2021, tanto na Bahia quanto em Salvador a pobreza e a extrema pobreza atingiram índices recordes nos nove anos de série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), iniciada em 2012. A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (2). Segundo informações do IBGE, no ano passado, **46,5% da população baiana**, ou 6,949 milhões de pessoas, podiam ser consideradas pobres, levando em conta apenas o critério da renda. Elas viviam com um rendimento domiciliar per capita médio inferior a R\$ 475 por mês. Com a quarta maior população em geral entre as 27 unidades da Federação, a Bahia tinha, em 2021, o segundo maior número absoluto de pessoas na pobreza (6,949 milhões), atrás apenas de São Paulo, estado mais populoso do país, onde 8,150 milhões de pessoas podiam ser consideradas pobres (17,5% de todos os paulistas). Entretanto, o percentual de pobres na Bahia (46,5%) era apenas o 11° mais elevado, em um ranking liderado por Maranhão (57,5% ou 4,1 milhões de pobres), Alagoas (51,7% ou 1,7 milhão) e Pernambuco (51,0% ou 4,9 milhões). Frente a 2020, quando a proporção de pessoas em pobreza monetária na Bahia tinha sido a menor da série histórica (37,5% ou 5,593 milhões em números absolutos), o número de pobres no estado aumentou 24,2%. Isso significou mais 1,356 milhão de pessoas em situação de pobreza, em apenas um ano - o maior crescimento desse grupo em toda a série histórica. Mesmo comparando com 2012, primeiro ano da série e, até então, o recordista em índice de pobreza na Bahia (quando 46% da população do estado, ou 6,632 milhões de pessoas podiam ser consideradas pobres), houve uma piora do quadro em 2021, com mais 317 mil pobres, em um aumento de 4,8%. **Semelhança em Salvador** Em 2021, 33,2% dos moradores da capital baiana estavam abaixo da linha da pobreza em Salvador, o que significa que 937 mil pessoas viviam com rendimento domiciliar per capita inferior a R\$ 475 por mês. Quarta capital brasileira em população total, Salvador tinha, no ano passado, o terceiro maior número absoluto de pessoas abaixo da linha da pobreza, abaixo apenas de São Paulo (2,1 milhões, 16,9% da população) e Rio de Janeiro (1,1 milhão, 16,6% da população). Percentualmente, porém, a capital baiana estava em 12ª posição, em um ranking liderado por Boa Vista (40,7%, 169 mil pessoas), Rio Branco (39,4%, 165 mil pessoas) e Manaus (38,6%, 870 mil pessoas). Além de Salvador ter registrado a maior proporção e o maior número absoluto de pobres dos últimos nove anos (desde 2012), houve um crescimento expressivo frente a 2020, de 44,2% ou mais 284 mil pessoas em situação de pobreza, em um ano. MAPA DE BIOMAS DA BAHIA Mapa de biomas da Bahia \| Biomas, Mapa Características de cada Bioma **Caatinga** - O clima da Caatinga é o Semiárido, marcado por temperaturas elevadas e por pouca chuva. O solo** **da Caatinga é extremamente fértil, porém muito raso e pedregoso. A rede hidrográfica da Caatinga é pequena e formada, no geral, por rios intermitentes. A Caatinga possui um alto grau de vulnerabilidade ambiental, em razão de suas características físicas, muito específicas das suas áreas de abrangência. Nos últimos anos, o bioma vem apresentando altas taxas de desmatamento. O impacto ambiental é verificado em razão do desenvolvimento de atividades produtivas, como a produção de lenha e a pecuária extensiva. **Cerrado** - É conhecido como savana brasileira e possui uma grande biodiversidade. Sua vegetação possui características predominantes, como árvores de tronco grosso e tortuoso, além de gramíneas e de arbustos. O clima do Cerrado é tropical sazonal, apresentando duas estações definidas: uma seca e outra chuvosa. Os solos desse bioma são geralmente pobres em nutrientes e apresentam coloração avermelhada e alta porosidade. Infelizmente, o Cerrado é uma formação vegetal que vem sendo bastante devastada, principalmente pela expansão de atividades agropecuárias, o que tem causado inúmeras perdas de biodiversidade. **Mata Atlântica -** A maior da parte da mata tem como condição climática a influência Tropical. Esse clima apresenta verões** **chuvosos e invernos secos. Na parte litorânea do Brasil, temos a presença da massa de ar Tropical Atlântica, quente e úmida, favorecendo a Mata com bastante índices pluviométricos regulares durante o ano.. Referências O enfrentamento das desigualdades na Bahia. Anete Brito Leal Ivo (com contribuições de Edgard Porto, Cesar Vaz, Nadia Hage Fialho, Inaiá Carvalho e Maria Thereza Marcilio) Coordenação do grupo de trabalho e revisão de conteúdo: Othon Jambeiro, 2022. https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2022/12/02/pobreza-e-a-extrema-pobreza-atingem-patamares-recordes-na-bahia-e-em-salvador-aponta-ibge.ghtml