Histologia - Cartilagem e Osso PDF

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This document provides detailed information about cartilage and bone tissue, including their components and functions. The text covers topics like cell types, matrix composition, and mechanisms of growth and development in these tissues. The document appears to be a textbook or lecture notes.

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TATIANA MONTANARI No adulto, em determinadas situações ou locais, como 4.7.1 – Componentes na medula óssea, elas podem surgir dos fibroblastos. 197,198 As células são os condroblastos e os condrócitos....

TATIANA MONTANARI No adulto, em determinadas situações ou locais, como 4.7.1 – Componentes na medula óssea, elas podem surgir dos fibroblastos. 197,198 As células são os condroblastos e os condrócitos. O sufixo blasto indica que a célula está crescendo ou secretando matriz extracelular ativamente, enquanto o sufixo cito indica a célula diferenciada, em baixa atividade de síntese.203 Os condroblastos são células alongadas (Figura 3.26), com pequenas projeções que aumentam a superfície, facilitando as trocas com o meio.204 Possuem núcleo grande, com nucléolo proeminente e Figura 3.25 – Desenvolvimento da célula adiposa citoplasma basófilo, devido ao retículo unilocular a partir do lipoblasto, originado da célula endoplasmático rugoso desenvolvido por sintetizar as mesenquimal. Baseado em Junqueira, L. C.; Carneiro, J. Histologia básica. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, proteínas da matriz, ou claro e vacuolizado pela 1999. p. 101. presença de glicogênio e lipídios.205 Os condrócitos são mais esféricos, mas a sua superfície também é irregular. Medem 10 a 30m de O fator de transcrição receptor gama peroxissômico diâmetro. Exibem núcleo ovoide, predominantemente ativado por proliferação (PPARγ) e o receptor de retinoide X (RXR) regulam a diferenciação das células eucromático, retículo endoplasmático rugoso e Golgi mesenquimais em lipoblastos e destes em células bem desenvolvidos, implicados na síntese proteica e adiposas uniloculares.199 glicídica. Há poucas mitocôndrias, o que reflete a Quando a proteína dedo de zinco conhecida como obtenção de energia a partir da glicólise anaeróbica. domínio PR 16 (PRDM16) é ativada, as células Possuem ainda gotículas lipídicas e agregados de mesenquimais sintetizam vários membros da família do glicogênio. Como sofrem retração durante o processo coativador do PPARγ-1 (PGC-1) dos fatores de histológico, eles se afastam da matriz cartilaginosa, e transcrição. Esses fatores regulam a expressão dos genes este espaço é a lacuna (Figura 3.26).206,207 que controlam a diferenciação nas células adiposas multiloculares, como, por exemplo, UCP-1, que codifica A matriz cartilaginosa consiste em fibrilas a proteína não acopladora (UCP-1) ou termogenina.200 colágenas (colágeno do tipo II), fibras elásticas e/ou fibras colágenas (colágeno do tipo I), agregados de proteoglicanas e ácido hialurônico e glicoproteínas de adesão.208 A obesidade (do latim, obesus, gordura) decorre da proliferação acentuada dos precursores dos adipócitos As fibrilas colágenas, assim como as fibras (forma hipercelular ou hiperplásica) e/ou do aumento no colágenas, resistem à tensão.209 As cargas negativas volume das células adiposas (forma hipertrófica), ambas dos glicosaminoglicanos, por atraírem Na+, tornam a situações causadas por um excesso de alimentação.201 matriz bastante hidratada, fazendo com que suporte a O indivíduo é considerado obeso quando a compressão.210 As glicoproteínas de adesão ligam as porcentagem de gordura excede a porcentagem média células aos componentes da matriz. A condronectina, para a idade e o sexo. Índice de massa corporal (IMC = por exemplo, possui sítios de ligação para as peso/altura2) de aproximadamente 25kg/m2 é normal, integrinas, os glicosaminoglicanos e o colágeno do mas acima de 27kg/m2 indica excesso de peso, o que representa risco para a saúde, podendo gerar doenças tipo II.211 cardiovasculares, diabetes e câncer. 202 4.7.2 – Origem e crescimento 4.7 – Tecido cartilaginoso 203 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 63. 204 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 127-128. 205 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 63, 66. 197 206 ALBERTS et al. Op. cit., p. 1301. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 136. 198 207 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 117. OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 134, 138. 199 208 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 263. GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 133, 136. 200 209 Ibid. pp. 265, 270-271. ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 204. 201 210 GENESER. Op. cit., p. 184. ALBERTS et al. Op. cit., p. 1092. 202 211 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 269. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 136. 60 HISTOLOGIA As células mesenquimais tornam-se arredondadas A cartilagem hialina (do grego hyalos, vidro) e diferenciam-se em condroblastos, que sofrem caracteriza-se pela presença de uma matriz mitoses e secretam a matriz cartilaginosa. Quando os homogênea e vítrea, já que as fibrilas de colágeno condroblastos são circundados pela matriz e (colágeno do tipo II) não são visíveis ao microscópio diminuem a sua síntese, são chamados condrócitos. de luz. Elas são muito finas (20nm de diâmetro), não Eles ainda são capazes de se dividir, de modo a se ter se agregam em fibras e têm o mesmo índice de um grupo de duas, quatro ou mais células em uma refração do resto da matriz. Fibras colágenas lacuna, o grupo isógeno (Figura 3.26). À medida que (colágeno do tipo I) não estão presentes, mas há mais matriz é depositada, os condrócitos afastam-se colágenos dos tipos VI, IX, X e XI. É rica na uns dos outros, proporcionando o crescimento da substância fundamental e em água (60 a 80%), sendo cartilagem a partir de seu interior: o crescimento que a maior parte desta está ligada aos intersticial. Com o aumento da rigidez da matriz pelas glicosaminoglicanos, o que dá consistência de gel interações entre as fibrilas colágenas e os rígido à matriz.219,220 glicosaminoglicanos, esse tipo de crescimento deixa de ser viável. Há, no entanto, nos ossos longos, uma região de cartilagem, o disco epifisário, onde o O colágeno do tipo VI é encontrado na periferia dos crescimento intersticial ocorre até os 20 anos do condrócitos e ajuda a adesão das células à matriz. O indivíduo.212 colágeno do tipo IX localiza-se na superfície das fibrilas de colágeno e facilita a interação com as proteoglicanas e As células mesenquimais na periferia da com outros componentes. O colágeno do tipo X organiza cartilagem em desenvolvimento originam os as fibrilas colágenas em uma rede tridimensional, que é fibroblastos, que constituem um tecido conjuntivo importante para a função mecânica. O colágeno do tipo denso modelado.213 Essa região é denominada XI regula o tamanho das fibrilas colágenas.221 pericôndrio (do grego, peri, ao redor; chondros, cartilagem) (Figura 3.26).214 Os fibroblastos mais internos diferenciam-se em condroblastos, que A cartilagem hialina é geralmente envolvida pelo produzem a matriz cartilaginosa e assim promovem o pericôndrio (Figura 3.26). Ele não está presente nos crescimento aposicional da cartilagem.215 Os locais em que a cartilagem forma uma superfície livre, condroblastos estão próximos ao pericôndrio em como nas cartilagens articulares, e nos locais em que a lacunas ovais, achatadas, no sentido paralelo à cartilagem entra em contato direto com o osso.222 superfície. Os condrócitos localizam-se mais profundamente na cartilagem, em lacunas mais A cartilagem hialina é firme, flexível e tem grande arredondadas.216 resistência ao desgaste. Ela é o primeiro esqueleto do feto, tendo a vantagem de, além de servir de suporte, crescer rapidamente. Nas crianças e nos adolescentes, A diferenciação das células mesenquimais ou dos constitui os discos epifisários entre a diáfise e a fibroblastos em condroblastos é desencadeada pela epífise dos ossos longos, que são os locais de expressão de SOX-9. A expressão desse fator de crescimento do osso em comprimento. Nas transcrição coincide com a síntese de colágeno do tipo articulações dos ossos longos, a cartilagem hialina II.217 Os condrócitos secretam metaloproteinases que diminui a superfície de fricção e amortece impactos. É degradam a matriz, permitindo a sua expansão. 218 ainda encontrada no nariz, na laringe (cartilagens tireoide, cricoide e aritenoide), na traqueia e nos brônquios, mantendo essas vias abertas para a 4.7.3 – Classificação, ocorrência e funções passagem do ar.223,224,225,226,227 – Cartilagem hialina A fresco, a cartilagem hialina tem um aspecto branco perolado, ligeiramente transparente. Com HE, o pericôndrio e a matriz próxima, por causa do colágeno, 219 GENESER. Op. cit., pp. 208-211. 220 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 205-207, 216. 212 221 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 128-129, 141. Ibid. pp. 175, 206. 213 222 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 131. Ibid. p. 209. 214 223 HAM & CORMACK. Op. cit., p. 349. GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 133, 136. 215 224 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 213. GENESER. Op. cit., pp. 208, 211. 216 225 GENESER. Op. cit., p. 209. HAM & CORMACK. Op. cit., p. 348. 217 226 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 213. OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 132-133. 218 227 Ibid. p. 207. ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 204, 209, 212, 216. 61 TATIANA MONTANARI são eosinófilos, enquanto a matriz em torno dos A osteoartrite ocorre em articulações como as dos condrócitos, devido aos glicosaminoglicanos, é basófila quadris, joelhos, vértebras, mãos e pés. Os condrócitos (Figura 3.26). Devido à carga negativa desses açúcares, a produzem interleucina-1 (IL-1) e o fator de necrose matriz é metacromática com azul de toluidina. Com tumoral (TNF-∞), que inibem a produção de colágeno do PAS, as glicoproteínas da matriz são coradas (Figura tipo II e de proteoglicanas e estimulam a síntese de 3.27).228,229,230 metaloproteinases, as quais degradam a cartilagem articular. A quantidade de proteoglicanas diminui com o envelhecimento, o que acarreta a perda da capacidade de reter água e consequentemente de resistir à compressão. A fricção das superfícies ósseas descobertas provoca um edema doloroso da articulação.231,232 A artrite reumatoide é uma doença autoimune que causa lesão na membrana sinovial e na cartilagem articular. A membrana sinovial espessa-se e infiltra-se por células do sistema imune, e a cartilagem articular lesada é substituída por tecido conjuntivo denso. 233 – Cartilagem elástica A cartilagem elástica também possui pericôndrio. Além das fibrilas de colágeno (colágeno do tipo II) e da substância fundamental, a matriz cartilaginosa contém fibras elásticas, o que lhe dá mais flexibilidade. Está presente na orelha (no pavilhão auricular, na parede do canal auditivo externo e na tuba auditiva) e na laringe (epiglote, cartilagens corniculata e cuneiforme) (Figuras 3.28 e 3.29).234,235 T. Montanari Figura 3.26 - Cartilagem hialina da traqueia, onde se observam o pericôndrio (P) com fibroblastos, os A fresco, a cartilagem elástica é amarelada. Com condroblastos ( ), os condrócitos ( ), os grupos HE, as fibras elásticas são refráteis e eosinófilas; com isógenos (I) e a matriz cartilaginosa. HE. Objetiva de 40x resorcina-fucsina, coram-se em violeta escuro; com (550x). orceína, coram-se em marrom avermelhado (Figura 3.28), e, com hematoxilina de Verhoeff, em preto (Figura 3.29).236,237,238 T. Montanari, UNICAMP Diferente da cartilagem hialina, a cartilagem elástica não se calcifica com o envelhecimento.239 – Cartilagem fibrosa Como está associada ao tecido conjuntivo denso, não há pericôndrio. Os condrócitos originam-se dos 231 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 261. Figura 3.27 - Cartilagem hialina da traqueia. PAS. Objetiva 232 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 205. 10x. 233 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 261. 234 Ibid. pp. 66-67. 235 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 210-212, 220-221. 228 236 BÉLANGER, L. F. Os tecidos esqueléticos. In: WEISS, L.; GREEP, R. GENESER. Op. cit., p. 161. 237 O. Histologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1981. p. 172. OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 137. 229 238 HAM & CORMACK. Op. cit., pp. 349, 351. ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 178-179, 202, 210-211. 230 239 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 134. OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 137. 62 HISTOLOGIA fibroblastos. A matriz contém fibras colágenas T. Montanari (colágeno do tipo I), além das fibrilas colágenas (colágeno do tipo II) e da substância fundamental. Os condrócitos podem estar enfileirados entre as fibras colágenas (Figura 3.30).240 T. Montanari Figura 3.30 - Cartilagem fibrosa da inserção do tendão no osso. HE. Objetiva de 40x (550x). A presença das fibras colágenas faz com que a cartilagem fibrosa resista à tração e à deformação sob estresse. Ela é encontrada nas articulações Figura 3.28 - Cartilagem elástica do pavilhão auditivo. Há temporomandibulares, esternoclaviculares e dos pericôndrio (P). Orceína. Objetiva de 40x (550x). ombros, na inserção de alguns tendões nos ossos, no anel fibroso dos discos intervertebrais, na sínfise púbica e nos meniscos das articulações dos T. Montanari, UNICAMP joelhos.242,243 A relação entre o colágeno do tipo I e do tipo II na cartilagem fibrosa modifica-se com a idade. Nos idosos, há mais colágeno do tipo II.244 4.7.4 – Nutrição e inervação A cartilagem é desprovida de vasos sanguíneos e linfáticos e de nervos, embora vasos sanguíneos Figura 3.29 - Cartilagem elástica da epiglote. Hematoxilina possam atravessá-la. Os gases e nutrientes difundem- de Verhoeff. Objetiva de 40x. se dos vasos do tecido conjuntivo vizinho ou do líquido sinovial das articulações.245 Os condrócitos estão adaptados à baixa tensão de oxigênio (por Com HE, as fibras colágenas coram-se com a eosina, exemplo, realizam glicólise, que é anaeróbica) e mais e os glicosaminoglicanos, com a hematoxilina (Figura do que isso: a baixa tensão de oxigênio provoca 3.30).241 242 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 133, 135, 137-138. 243 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 210-212, 222. 240 244 Ibid. p. 136. Ibid. p. 211. 241 245 Ibid. JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 126. 63 TATIANA MONTANARI diferenciação das células mesenquimais em As células mesenquimais diferenciam-se em células condroblastos.246 osteoprogenitoras expressando o fator de ligação central ∞-1 (Cbfa1). Esse fator de transcrição promove a expressão de genes característicos do fenótipo do Quando a lesão da cartilagem é pequena, o reparo é osteoblasto.254 possível pela diferenciação dos condroblastos a partir do As células osteoprogenitoras sofrem divisão mitótica pericôndrio (crescimento aposicional) ou por mitoses dos e, sob a influência da família de proteínas condrócitos (crescimento intersticial). Quando a área morfogenéticas ósseas (BMP de bone morphogenetic lesada é maior, os fibroblastos vizinhos produzem uma proteins) e do fator de crescimento de transformação-β cicatriz de tecido conjuntivo denso. 247 (TGF-β de transforming growth factor-), diferenciam- O desenvolvimento de vasos sanguíneos no local de se em osteoblastos, mas, em situações de pouca cicatrização pode estimular o surgimento de tecido ósseo oxigenação, podem originar condroblastos. 255 ao invés da cartilagem.248 Os osteoblastos produzem a matriz óssea e, por 4.8 – Tecido ósseo isso, são observados adjacentes a ela. Ficam dispostos lado a lado, em comunicação uns com os outros por junções gap nos seus prolongamentos. Sua forma é É caracterizado pela rigidez e dureza, mas é cúbica ou poligonal quando em atividade sintética e dinâmico, adaptando-se às demandas impostas ao alongada quando inativos. Medem 15 a 30µm de organismo durante o seu crescimento.249 diâmetro. O núcleo é excêntrico, eucromático e com nucléolo proeminente. Devido ao retículo endoplasmático rugoso bem desenvolvido, o 4.8.1 – Funções citoplasma é basófilo. O complexo de Golgi é volumoso, e há muitas vesículas com glicoproteínas, dando uma aparência vacuolizada a essa região da Além da sustentação, os ossos, associados aos célula (Figura 3.31).256,257,258,259 músculos, possibilitam o movimento do corpo. Alojam a medula óssea e os órgãos vitais, protegendo- Os osteoblastos sintetizam o componente orgânico os. Armazenam íons, como o cálcio e o fosfato, da matriz óssea, o osteoide, o qual consiste em fibras contribuindo para a homeostase dos seus níveis colágenas (colágeno do tipo I), proteoglicanas, sanguíneos.250 glicosaminoglicanos e glicoproteínas de adesão. Eles ainda participam da mineralização da matriz óssea.260,261 4.8.2 – Componentes Os osteoblastos realizam a exocitose de vesículas As células do tecido ósseo são: as células ricas nos íons cálcio (Ca 2+) e fosfato (PO 43-), nas enzimas osteoprogenitoras, os osteoblastos, os osteócitos e os fosfatase alcalina e pirofosfatase e em outras substâncias. osteoclastos.251 As células osteoprogenitoras, os As vesículas da matriz apresentam bombas de Ca2+, concentrando esse íon. Os cristais de hidroxiapatita osteoblastos e os osteócitos são variações funcionais Ca10(PO4)6(OH)2 formados rompem a membrana e são do mesmo tipo celular. depositados entre as fibrilas colágenas, atuando como As células osteoprogenitoras são derivadas das ninhos de cristalização e promovendo a calcificação da células mesenquimais e dão origem aos osteoblastos. matriz ao redor.262,263 São fusiformes, com núcleo ovoide ou alongado, eucromático e com nucléolo(s) proeminente(s). Elas se situam na superfície da matriz óssea (Figuras 3.31 e 3.32).252,253 254 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 231, 241. 255 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 140. 246 256 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 134, 138. Ibid. pp. 140-142. 247 257 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 129. LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 248-250. 248 258 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 214-215. OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 144-145, 150. 249 259 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 246. ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 231-233. 250 260 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 147. GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 140, 142, 154. 251 261 Ibid. p. 145. LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 250, 252-253. 252 262 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 140-141. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 154. 253 263 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 248-249. LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 252-253. 64 HISTOLOGIA Os osteoblastos também secretam enzimas que degradam o osteoide, permitindo a atividade dos osteoclastos sobre a matriz mineralizada.264 Após os osteoblastos serem aprisionados pela matriz óssea são denominados osteócitos. Os espaços por eles ocupados são as lacunas (Figuras 3.31 e 3.32). Os osteócitos possuem núcleo eucromático, retículo endoplasmático rugoso e Golgi, envolvidos na manutenção da matriz. Estão em comunicação uns com os outros através das junções gap nos prolongamentos. As fendas na matriz óssea onde estão os prolongamentos são os canalículos.265 Os osteócitos podem sintetizar matriz, bem como participar da sua degradação. Essas atividades ajudam a manter a homeostase do cálcio.266 Os osteócitos respondem às forças mecânicas aplicadas ao osso. Por exemplo, a ausência de peso ou redução na carga leva à expressão do RNAm de metaloproteinases da matriz, as quais degradam o colágeno, e até mesmo à alteração do mecanismo apoptótico. A morte dos osteócitos resulta em reabsorção da matriz óssea. 267 Os precursores dos osteoclastos são originados na medula óssea e podem ser também detectados em circulação no sangue. Pertencem à linhagem de monócitos-macrófagos. Migram para os sítios de reabsorção óssea, onde se fundem, por intermédio da E-caderina, em osteoclastos, células gigantes, T. Montanari multinucleadas (2 a 100 núcleos).268 A maioria dos Figura 3.31 - Corte da mandíbula em formação a partir do osteoclastos deve ter menos de 10 núcleos.269 Eles mesênquima (M). As células osteoprogenitoras ( ) medem 40 a mais de 100m de diâmetro. A superfície diferenciam-se em osteoblastos ( ), que produzem a em contato com a matriz óssea é bastante irregular, matriz óssea. Circundados por ela, são os osteócitos ( ). com uma borda pregueada, o que aumenta a área de Dois osteoclastos realizam reabsorção óssea. HE. Objetiva absorção. Na membrana, há integrinas, as quais de 40x (550x). realizam a adesão à matriz extracelular, e bombas de H+, que acidificam o ambiente. A superfície óssea A diferenciação das células precursoras da linhagem onde se situam os osteoclastos, devido à erosão, de granulócitos/monócitos em osteoclastos é promovida geralmente apresenta uma depressão.270 O citoplasma por fatores secretados pelo estroma da medula óssea, do osteoclasto jovem é basófilo, mas depois se torna como o fator estimulador da colônia de monócitos (CFS- bem acidófilo. Há abundância de mitocôndrias e M de macrophage colony-stimulating factor), o fator de lisossomos (Figuras 3.31 e 3.32).271 necrose tumoral (TNF) e interleucinas (IL-1, IL-6 e IL- 11).272 Os precursores dos osteoclastos expressam dois fatores de transcrição importantes: c-fos e NFκB. Depois 264 é expresso, na superfície, o receptor ativador do fator GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 142. 265 nuclear κ B (RANK), o qual interage com a molécula ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 225, 233-234. 266 Ibid. pp. 233-234. ligante do RANK (RANKL), presente na superfície do 267 Ibid. estroma. O mecanismo de sinalização RANK-RANKL é 268 ROODMAN, G. D. Advances in bone biology: the osteoclast. essencial para a diferenciação e a maturação do Endocrine Reviews, v. 17, n. 4, pp. 308-332, 1996. osteoclasto.273 269 PIPER, K.; BOYDE, A.; JONES, S. J. The relationship between the number of nuclei of an osteoclast and its resorptive capability in vitro. O marcador fenotípico mais precoce expresso pelas Anatomy and Embryology, v. 186, n. 4, pp. 291-299, 1992. 270 272 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 144, 152. ROODMAN. Op. cit. 271 273 GENESER. Op. cit., p. 218. ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 235-237. 65 TATIANA MONTANARI células da linhagem de osteoclasto é a metaloproteinase pregueada para o local onde o osteoclasto está aderido ao da matriz 9) (MMP-9). Posteriormente as células osso, diminuindo o pH. Íons Cl- seguem passivamente precursoras mononucleadas expressam altos níveis de esses íons. O componente inorgânico da matriz é fosfatase ácida resistente a tartarato (TRAP de tartrate- dissolvido à medida que o ambiente se torna ácido. As resistant acid phosphatase), anidrase carbônica e pp60c- enzimas lisossômicas são liberadas e digerem a parte src, uma tirosina quinase. Essas enzimas são importantes orgânica da matriz óssea descalcificada. Os minerais e os para a degradação da matriz. Há ainda a expressão dos produtos de degradação das glicoproteínas são receptores para vitronectina (membro da família das endocitados pelos osteoclastos e depois liberados nos integrinas) e para calcitonina.274 capilares.281 A membrana celular dos osteoblastos contém Além da liberação de cálcio para o sangue, a receptores para o paratormônio, o qual é secretado pelas reabsorção óssea remodela o osso, fazendo com que paratireoides quando os níveis de cálcio no sangue caem. os componentes da matriz alinhem-se para resistir ao Com a ligação desse hormônio, os osteoblastos deixam estiramento e à compressão.282 de produzir a matriz óssea e sintetizam fatores, como o M-CSF, interleucinas (IL-1, IL-6 e IL-11) e o ligante da osteoprotegerina (OPGL), que fazem com que os A remodelação do tecido ósseo da arcada dentária precursores dos osteoclastos proliferem e se pelo aparelho ortodôntico permite a movimentação dos diferenciem.275,276 dentes a fim de corrigir a má-oclusão.283 O próprio paratormônio atua sobre os precursores dos osteoclastos estimulando a sua diferenciação e fusão.277 Os osteoclastos reabsorvem a matriz óssea liberando o cálcio para o sangue.278 Quando concluem a reabsorção óssea, os Os osteoclastos contêm receptores para a calcitonina, osteoclastos sofrem apoptose.284 secretada pelas células parafoliculares da tireoide quando os níveis séricos de cálcio estão elevados. A calcitonina estimula a atividade da adenilato-ciclase, a qual gera um A ligação do estrogênio a receptores nos osteoblastos acúmulo de AMPc que resulta na imobilização dos ativa a secreção da matriz óssea e suprime a síntese de osteoclastos e na sua contração para longe da superfície IL-6 e IL-1, estimuladores da proliferação e da fusão dos do osso, assim não ocorre a reabsorção óssea. Esse osteoclastos.285 Portanto, com a diminuição do estrogênio hormônio também inibe a formação dos osteoclastos. 279 na menopausa, há uma produção acentuada de Além de sofrerem a influência dos fatores osteoclastos, e a reabsorção óssea é maior do que a sintetizados pelas células do estroma da medula óssea e deposição pelos osteoblastos, levando à osteoporose.286 pelos osteoblastos, os osteoclastos também secretam Um grupo de medicamentos chamados de fatores estimuladores, como a IL-1, a IL-6 e o fator que bifosfonatos reduz a incidência de fraturas causadas pela estimula o osteoclasto-1 (OSF-1 de osteoclast osteoporose.287 Eles são derivados de pirofosfatases. stimulatory factor-1) e fatores inibidores da proliferação Inibem a reabsorção óssea e promovem a apoptose dos e da fusão dos seus precursores, como o TGF-, osteoclastos.288 regulando a sua atividade na reabsorção óssea e/ou o surgimento de novos osteoclastos. 280 A matriz óssea consiste em uma parte orgânica, o osteoide, com fibras colágenas (colágeno do tipo I), Os osteoclastos reabsorvem a matriz óssea da proteoglicanas, glicosaminoglicanos (ácido seguinte maneira: a enzima anidrase carbônica catalisa a hialurônico) e glicoproteínas de adesão (osteonectina, produção intracelular de ácido carbônico (H2CO3) a osteocalcina, osteopontina e sialoproteína óssea), e partir do CO2 e da H2O. O ácido carbônico é instável e dissocia-se no interior das células em íons H+ e uma parte inorgânica, com cálcio, fosfato, bicarbonato, HCO3-. Os íons bicarbonato, acompanhados bicarbonato, citrato, magnésio, sódio e potássio. A de íons Na+, atravessam a membrana do osteoclasto e entram nos capilares vizinhos. Os íons H + são transportados ativamente por bombas na borda 281 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 144. 274 282 ROODMAN. Op. cit. LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 253. 275 283 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 142, 157. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 138. 276 284 ROODMAN. Op. cit. ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 238. 277 285 Ibid. ROODMAN. Op. cit. 278 286 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 256. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 157. 279 287 ROODMAN. Op. cit. Ibid. 280 288 Ibid. ROODMAN. Op. cit. 66 HISTOLOGIA parte orgânica perfaz cerca de 35%, enquanto a parte locais. Entre as trabéculas de matriz óssea, surgem do inorgânica, 65% da matriz.289 mesênquima tecido mieloide e vasos sanguíneos.296 As células osteoprogenitoras e os osteoblastos Há também colágenos do tipo III, V, XI e XIII. 290 dipostos na superfície da matriz óssea compõem o endósteo, importante para a manutenção e o reparo do tecido (Figura 3.32). A parte periférica do mesênquima que não sofre ossificação passa a As fibras colágenas conferem resistência à tração. constituir o periósteo, cuja porção externa é de tecido As proteoglicanas e os glicosaminoglicanos suportam conjuntivo denso não modelado e a interna, de células a compressão, ligam-se a fatores de crescimento e osteoprogenitoras, servindo de fonte de osteoblastos podem inibir a mineralização. As glicoproteínas de para o crescimento e o reparo do osso.297,298 adesão associam-se às células e aos componentes da matriz extracelular. O cálcio e o fosfato são os íons Esse tipo de ossificação forma os ossos chatos do mais abundantes e estão principalmente na forma de crânio, a maior parte da clavícula e a parede cortical cristais de hidroxiapatita. Esses cristais são dos ossos longos e curtos. As fontanelas nos ossos responsáveis pela dureza e rigidez do osso.291,292,293 frontal e parietais ("moleira") do recém-nascido é uma área de membrana conjuntiva ainda não ossificada.299,300,301 O tecido ósseo armazena cerca de 99% do cálcio do A ossificação endocondral ocorre sobre um corpo. Esse íon é importante para vários processos modelo cartilaginoso e é responsável pela formação biológicos, como permeabilidade da membrana, adesão dos ossos curtos e longos. Esse tipo de ossificação celular, coagulação sanguínea, transmissão do impulso nervoso e contração muscular.294 inicia na clavícula entre a quinta e a sexta semana de vida embrionária e nos ossos longos, entre a sétima e A vitamina D estimula a síntese da osteocalcina e da osteopontina. A deficiência de vitamina D provoca o a oitava semana. A cartilagem hialina origina-se do raquitismo nas crianças e a osteomalacia nos adultos. mesênquima e assume a forma aproximada do futuro Sem a vitamina D, a mucosa intestinal não consegue osso. No caso de um osso longo, isso inclui a haste (a absorver cálcio, levando à formação de uma matriz óssea diáfise) e as expansões em cada extremidade (as pouco calcificada. Crianças com raquitismo apresentam epífises).302,303 ossos deformados, particularmente das pernas, porque não resistem ao próprio peso. No adulto, o tecido ósseo Na diáfise, o pericôndrio transforma-se em formado na remodelação óssea não se calcifica de modo periósteo, com células osteoprogenitoras que se adequado.295 diferenciam em osteoblastos. Estes produzem um colar ósseo ao redor da diáfise (ossificação intramembranosa), que evita a difusão de nutrientes para o centro do molde de cartilagem, causando a 4.8.3 – Tipos de ossificação morte dos condrócitos e resultando na cavidade medular. Os osteoclastos perfuram o colar ósseo, e vasos sanguíneos e nervos entram na diáfise. As A ossificação pode ser intramembranosa ou células osteoprogenitoras trazidas pelo sangue endocondral. estabelecem o centro primário de ossificação. O tecido Na ossificação intramembranosa, as células ósseo substitui a cartilagem calcificada do modelo mesenquimais diferenciam-se em células original. A diáfise aumenta em diâmetro pela osteoprogenitoras, e estas, em osteoblastos, que deposição de matriz óssea na superfície externa e pela produzem a matriz óssea. Os osteoblastos sua reabsorção na superfície interna. A remodelação aprisionados na matriz passam a ser denominados pelos osteoclastos produz uma rede de trabéculas osteócitos (Figuras 3.31 e 3.32). Os osteoclastos ósseas no centro da diáfise.304,305 remodelam o osso conforme as tensões mecânicas 296 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 251, 253, 256-257. 297 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 135-136. 298 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 148. 289 299 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 139-140. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 148. 290 300 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 224. GENESER. Op. cit., p. 220. 291 301 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 140. LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 256-257. 292 302 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 144. GENESER. Op. cit., p. 226. 293 303 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 224-225, 248. LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 256-258. 294 304 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 138, 156. GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 150-151. 295 305 Ibid. pp. 140, 158. LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 257-258. 67 TATIANA MONTANARI Próximo ao nascimento, os vasos sanguíneos maturidade sexual precoce interrompe o seu crescimento penetram as epífises, levando as células em altura mais cedo.314 osteoprogenitoras, e têm-se os centros secundários de ossificação. A cartilagem das epífises, com exceção da superfície articular, é substituída pelo tecido O aumento na circunferência da diáfise é ósseo.306 promovido pela formação de tecido ósseo na Durante a infância e a adolescência, os ossos superfície externa. Como a reabsorção não é tão ativa longos continuam a crescer em comprimento e em na superfície interna, essa camada de osso espessa-se, largura.307 o que é importante para suportar o aumento do peso corporal e da atividade física.315 O aumento em comprimento deve-se a uma placa de cartilagem em proliferação na junção entre a epífise e a diáfise: o disco epifisário. Nele a região de 4.8.4 – Classificação cartilagem hialina junto à epífise é dita zona de cartilagem em repouso, e aquela onde os condrócitos dividem-se é a zona de cartilagem em proliferação Segundo a sua constituição, o tecido ósseo pode (ou seriada). Essa é uma região onde ocorre o ser classificado em primário ou secundário. crescimento intersticial da cartilagem. Os condrócitos acumulam glicogênio e lipídios, tornando-se O tecido ósseo primário é o primeiro a ser volumosos na zona de cartilagem hipertrófica. Eles elaborado, sendo substituído pelo secundário. Possui sintetizam fosfatase alcalina, que promove a maior quantidade de células e de substância calcificação da cartilagem. Com a deposição de fundamental, é pouco mineralizado, e as fibras fosfato de cálcio na matriz, os condrócitos sofrem colágenas não apresentam uma organização definida, apoptose, deixando cavidades vazias: é a zona de o que tornam esse osso mais fraco. No adulto, persiste cartilagem calcificada. Tais espaços são invadidos próximo às suturas dos ossos do crânio, nos alvéolos por células da medula óssea, incluindo os precursores dentários, em alguns pontos de inserção dos tendões e de células osteoprogenitoras. Essas células colocam-se nos locais de reparo ósseo.316,317 sobre os tabiques de matriz cartilaginosa calcificada O tecido ósseo secundário tem menos substância (basófila, isto é, roxa com HE), diferenciam-se em fundamental, é mais calcificado, e as fibras colágenas osteoblastos e produzem a matriz óssea (acidófila, isto estão dispostas paralelamente, em lâminas (lamelas), é, rosa com HE). Essa região é a zona de ossificação tornando a matriz resistente.318,319 (Figura 3.33).308,309,310 Devido à maior quantidade de substância A invasão vascular é promovida pela liberação do fundamental, o tecido ósseo primário cora-se mais com fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF de hematoxilina, enquanto o tecido ósseo secundário, com vascular endothelial growth factor) pelos condrócitos menos substância fundamental, mais calcificado e com hipertróficos. Com os vasos chegam fatores indutores da mais fibras colágenas, cora-se com a eosina.320,321,322 apoptose desses condrócitos.311 No tecido ósseo secundário, as lamelas podem ser Por volta dos 20 anos de idade, a proliferação dos depositadas em camadas concêntricas a partir da condrócitos cessa. A cartilagem do disco epifisário é periferia das trabéculas ósseas até alcançar o vaso substituída por uma mistura de cartilagem e osso sanguíneo, formando o sistema de Havers (ou ósteon). calcificados, que é reabsorvida pelos osteoclastos. 312 A substituição da cartilagem epifisária por tecido ósseo é As fibras colágenas de cada lamela são paralelas, mas influenciada pelos hormônios sexuais testosterona e orientadas quase perpendicularmente em relação às estrógeno.313 Portanto, o indivíduo que sofre uma fibras das lamelas adjacentes.323 314 306 Ibid. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 158. 315 307 Ibid. p. 257. LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 257, 259. 316 308 HAM & CORMACK. Op. cit., pp. 402-403. JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 136, 139. 317 309 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 141-142. ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 229-231. 318 310 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 257-258. JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 137. 319 311 ARROTÉIA, K. F.; PEREIRA, L. A. V. Osteoblastos. In: ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 231. 320 CARVALHO, H. F.; COLLARES-BUZATO, C. B. Células: uma JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 137. 321 abordagem multidisciplinar. Barueri: Manole, 2005. p. 38. OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 145, 148, 151. 312 322 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 152-153. ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 231. 313 323 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 145. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 147. 68 HISTOLOGIA O sistema de Havers é então um cilindro com T. Montanari várias lamelas ósseas concêntricas (quatro a 20) e um canal central, o canal de Havers, que contém vasos sanguíneos (uma arteríola e uma vênula ou somente um capilar) e nervos. Os canais de Havers possuem 20 a 100µm de diâmetro. Eles são canais longitudinais, isto é, correm ao longo do eixo maior do osso e se comunicam entre si, com a cavidade medular e com a superfície externa do osso, por meio de canais transversais ou oblíquos, os canais de Volkmann. Diferentemente dos canais de Havers, os canais de Volkmann não são circundados por lamelas concêntricas. Assim como a superfície das trabéculas ósseas, os canais de Havers e de Volkmann são revestidos pelo endósteo.324,325 Segundo o seu aspecto estrutural, o tecido ósseo pode ser denominado esponjoso ou compacto. O osso esponjoso (ou trabecular) é encontrado no interior dos ossos e é constituído por trabéculas de matriz óssea, cujos espaços são preenchidos pela medula óssea. A rede trabecular é organizada de maneira a resistir às tensões físicas aplicadas sobre o osso, atuando como um sistema de vigas internas (Figura 3.32).326 Figura 3.33 - Zonas do disco epifisário: cartilagem em repouso (R), cartilagem seriada (S) ou em proliferação, cartilagem hipertrófica (H), cartilagem calcificada (C) e ossificação (O). HE. Objetiva de 4x (55x). O osso compacto (ou cortical) está na periferia dos ossos e forma um envoltório resistente à deformação. Ele tem uma aparência macroscópica densa, mas, ao microscópio de luz, são observados os T. Montanari sistemas de Havers, com o canal de Havers e as lamelas concêntricas de matriz óssea, e os canais de Figura 3.32 - Corte de osso esponjoso descalcificado. O Volkmann (Figura 3.34). Os osteócitos localizam-se endósteo ( ), constituído por células osteoprogenitoras e entre as lamelas e comunicam-se por junções gap nos osteoblastos, reveste a superfície interna das trabéculas prolongamentos. Os espaços na matriz óssea deixados ósseas. Os osteócitos ( ) são observados nas lacunas, circundados pela matriz óssea, e o osteoclasto encontra-se pelos osteócitos são as lacunas, e aqueles devido aos na cavidade medular, adjacente à matriz. HE. Objetiva de seus prolongamentos, os canalículos (Figuras 3.34 e 40x (550x). 3.35). Os espaços entre os sistemas de Havers são preenchidos pelas lamelas intersticiais, remanescentes da remodelação óssea (Figura 3.34). As lamelas circunferenciais internas encontram-se na parte interna do osso, junto ao canal medular, o qual é 324 Ibid. pp. 147-148. revestido pelo endósteo, e as lamelas circunferenciais 325 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 227-229, 252-253. 326 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 247-248. 69 TATIANA MONTANARI externas, na periferia do osso, próximas ao 4.8.5 – Nutrição periósteo.327,328 O sangue entra no tecido ósseo a partir da T. Montanari cavidade medular e sai pelas veias do periósteo. Os canais de Volkmann são a principal via de entrada. Vasos sanguíneos menores entram nos canais de Havers, que contêm uma arteríola e uma vênula ou um único capilar. Um suprimento sanguíneo menor para as porções externas do osso compacto é formado pelos ramos das artérias periosteais.329 SH Como não há difusão de substâncias pela matriz H calcificada, os osteócitos, através dos seus prolongamentos, captam os nutrientes dos vasos sanguíneos que correm nos canais. Aqueles mais distantes recebem íons e pequenas moléculas dessas células pelas junções comunicantes entre os prolongamentos.330 v Em uma fratura, os vasos sanguíneos também são danificados, e a hemorragia localizada gera um coágulo que posteriormente será removido pelos macrófagos. Figura 3.34 - Fragmento de osso compacto, mostrando Dentro de 48h da lesão, as células osteoprogenitoras do sistemas de Havers (SH), canais de Havers (H), canais de periósteo, do endósteo e da medula óssea diferenciam-se Volkmann (V) e lacunas ( ). Método de Shmorl. Objetiva em osteoblastos, que produzem matriz óssea em torno de 10x (137x). das extremidades do osso rompido, formando o calo ósseo em uma semana.331 Ele mantém os fragmentos ósseos unidos temporariamente.332 Devido à baixa oxigenação, já que o leito vascular foi danificado e ainda não foi refeito, muitas células osteoprogenitoras diferenciam-se em condroblastos, e matriz cartilaginosa é depositada na porção externa do calo. Assim, além da ossificação intramembranosa, que ocorre graças às células osteoprogenitoras do periósteo e do endósteo, ocorre ossificação endocondral nessa área de cartilagem. 333 O tecido ósseo inicial é o primário. Os osteoclastos removem o excesso de material nas superfícies do osso e reconstroem a cavidade medular. Por alguns meses, o calo e os fragmentos ósseos são remodelados conforme as forças mecânicas aplicadas: pressões levam à reabsorção, enquanto a tração resulta em mais síntese. O tecido ósseo primário é substituído pelo secundário. 334 T. Montanari Lâminas histológicas de osso podem ser obtidas por descalcificação ou por desgaste. Figura 3.35 - Sistema de Havers. É possível observar os Na descalcificação, a peça macroscópica com o canalículos irradiando-se das lacunas para as vizinhas e tecido ósseo é colocada em uma solução ácida para para o canal de Havers. Método de Shmorl. Objetiva de 40x (550x). 329 Ibid. p. 229. 330 GENESER. Op. cit., pp. 213, 218. 331 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 155. 332 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 249. 327 333 Ibid. pp. 247-249, 251. GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 156. 328 334 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 225-228, 233, 252-253. Ibid. pp. 138, 156. 70 HISTOLOGIA retirar os sais de cálcio. 335 O osso fica mole de maneira a Nas primeiras seis semanas de desenvolvimento, os permitir que a peça, após incluída em parafina, seja eritrócitos em circulação são principalmente derivados cortada no micrótomo. Os cortes são dispostos em do saco vitelino. Entretanto são células primitivas: lâminas de vidro e corados, por exemplo, com HE. A grandes e nucleadas. 341 matriz óssea, devido à presença de fibras colágenas, A hematopoese intraembrionária inicia no fim da cora-se fortemente pela eosina.336 Além da matriz, as quarta semana, em ilhotas no mesoderma lateral células podem ser observadas (Figuras 3.31 e 3.32). esplâncnico associado com a parede ventral da aorta Pelo método de desgaste (método de Shmorl), dorsal (grupos para-aórticos) e logo depois na região pedaços de osso compacto são lixados até uma espessura AGM (de aorta/ genital ridge/ mesonephros – aorta/ bastante fina que permita a passagem da luz do gônada/ mesonefro). Células-tronco hematopoéticas microscópio para a formação da imagem. Esses dessa região migram, através do sangue, para o saco fragmentos são colocados em lâminas de vidro e, embora vitelino, a placenta e o fígado, assim como aquelas do não corados, a presença de ar nos canais de Havers e de saco vitelino e da placenta vão para o fígado. Da sexta à Volkmann, nas lacunas e nos canalículos desvia a luz, oitava semana, o fígado substitui o saco vitelino como tornando essas estruturas escuras. 337 O contraste pode ser principal fonte de hemácias. Os eritrócitos do fígado são aumentado abaixando a lente condensadora (Figuras 3.34 anucleados, com uma vida curta (50 a 70 dias) e com e 3.35). hemoglobina fetal, que tem uma afinidade maior pelo oxigênio do que a forma adulta. 342 Genes das famílias Hoxa e Hoxb regulam a 4.9 – Tecido mieloide ou tecido hematopoético proliferação das células-tronco hematopoéticas, e BMP- 4, Indian hegdehog e Wnt estimulam e mantêm a atividade dessas células.343 4.9.1 – Ocorrência e função No saco vitelino e nos sítios embrionários de hematopoese, as células endoteliais retêm por um curto período a capacidade hematopoética. Na região AGM, a sinalização de óxido nítrico, resultante do estresse É denominado tecido mieloide por se localizar na causado pelo fluxo sanguíneo sobre as células medula óssea (do grego mielos, medula) e tecido endoteliais, pode induzir sua transformação em células- hematopoético por realizar a hematopoese (do grego tronco hematopoéticas.344 hemato, sangue; poiein, produzir), ou seja, produzir as No fim do período embrionário, células-tronco células sanguíneas.338 A medula óssea é encontrada no hematopoéticas colonizam o baço, e, do terceiro ao canal medular dos ossos longos e nas cavidades dos quinto mês, esse órgão e o fígado são os principais sítios ossos esponjosos.339 Porém, anterior ao surgimento de hematopoese. Mais tarde, o baço torna-se infiltrado dos ossos e, portanto, da medula óssea, já há por linfócitos. 345 hematopoese. O fígado continua a produzir eritrócitos até o início do período neonatal, mas sua contribuição começa a declinar no sexto mês, quando a medula óssea assume a Na terceira semana de desenvolvimento, os vasos atividade hematopoética. Essa mudança é controlada sanguíneos começam a se organizar no mesoderma pelo cortisol secretado pelo córtex da adrenal do feto. Na extraembrionário do saco vitelino, do córion e do ausência desse hormônio, a hematopoese permanece pedúnculo do embrião e no mesoderma intraembrionário confinada ao fígado. A medula óssea produz eritrócitos (exceto o mesoderma pré-cordal e a notocorda). Eles anucleados, com hemoglobina do tipo adulto.346 surgem a partir da confluência de ilhotas sanguíneas, com células denominadas hemangioblastos. No saco vitelino, Indian hegdehog, secretado pelo endoderma extraembrionário, estimula o mesoderma A medula óssea do recém-nascido é chamada extraembrionário a produzir BMP-4, que desencadeia a medula óssea vermelha, por causa do grande número formação das ilhotas sanguíneas. As células periféricas de eritrócitos formados. Entretanto, com o avançar da na ilhota diferenciam-se nas células endoteliais, idade, a maior parte da medula não é mais ativa e é respondendo a Hoxa-3, e as células internas, nas rica em células adiposas, sendo designada medula hemácias, sob a influência de Runx-1. As células da óssea amarela. Em torno dos 20 anos, o canal medular ilhota podem ainda derivar as células musculares lisas dos ossos longos possui somente medula óssea dos vasos.340 335 Ibid. p. 139. 336 341 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 145, 148, 151. Ibid. pp. 408-410. 337 342 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 132. Ibid. pp. 409-411. 338 343 HAM & CORMACK. Op. cit., p. 279. Ibid. p. 410. 339 344 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 238. Ibid. p. 409. 340 345 CARLSON, B. M. Human Embryology and Developmental Biology. Ibid. p. 344. 346 5.ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2014. pp. 107, 109, 408. Ibid. pp. 409-410. 71

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