Exame Nacional do Ensino Médio - Prova de Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias - 1º Dia - Caderno 1 - Azul PDF
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This is a high school exam paper from Brazil that contains questions related to linguistics, codes and technologies and human sciences. The exam paper consists of multiple-choice questions and a written essay. The questions cover various topics, and the summary cannot be provided without the full context of the document.
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01 1ºº DIA EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS CADERNO...
01 1ºº DIA EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS CADERNO 1 AZUL ATENÇÃO: transcreva no espaço apropriado do seu CARTÃO-RESPOSTA, com sua caligrafia usual, considerando as letras maiúsculas e minúsculas, a seguinte frase: Você é do tamanho do seu sonho LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES: 1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação, dispostas da seguinte maneira: a) questões de número 01 a 45, relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b) Proposta de Redação; c) questões de número 46 a 90, relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. ATENÇÃO: as questões de 01 a 05 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às questões relativas à língua estrangeira (inglês ou espanhol) escolhida no ato de sua inscrição. 2. Confira se a quantidade e a ordem das questões do seu CADERNO DE QUESTÕES estão de acordo com as instruções anteriores. Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito ou apresente qualquer divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis. 3. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde corretamente à questão. 4. O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. 5. Reserve tempo suficiente para preencher o CARTÃO-RESPOSTA e a FOLHA DE REDAÇÃO. 6. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 7. Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO. 8. Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES e o CARTÃO-RESPOSTA/FOLHA DE REDAÇÃO. 9. Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao deixar em definitivo a sala de prova nos 30 minutos que antecedem o término das provas. *010175AZ1* *010175AZ2* LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS QUESTÃO 03 Questões de 01 a 45 Things We Carry on the Sea Questões de 01 a 05 (opção inglês) We carry tears in our eyes: good-bye father, good-bye QUESTÃO 01 [mother We carry soil in small bags: may home never fade in our [hearts We carry carnage of mining, droughts, floods, genocides We carry dust of our families and neighbors incinerated [in mushroom clouds We carry our islands sinking under the sea We carry our hands, feet, bones, hearts and best minds [for a new life We carry diplomas: medicine, engineer, nurse, [education, math, poetry, even if they mean [nothing to the other shore The average american tosses 300 pounds of food We carry railroads, plantations, laundromats, each year, making food the number one contributor to [bodegas, taco trucks, farms, factories, nursing America’s landfills. Eat your leftovers and keep your [homes, hospitals, schools, temples... built on perishables in the fridge – the Earth is counting on it. [our ancestors’ backs We carry old homes along the spine, new dreams in our Disponível em: https://mir-s3-cdn-cf.behance.net. Acesso em: 29 out. 2021 (adaptado). [chests Esse cartaz de campanha sugere que We carry yesterday, today and tomorrow A os lixões precisam de ampliação. We’re orphans of the wars forced upon us B o desperdício degrada o ambiente. We’re refugees of the sea rising from industrial wastes C os mercados doam alimentos perecíveis. And we carry our mother tongues D a desnutrição compromete o raciocínio. [...] E as residências carecem de refrigeradores. As we drift... in our rubber boats... from shore... to shore... [to shore... QUESTÃO 02 PING, W. Disponível em: https://poets.org. Acesso em: 1 jun. 2023 (fragmento). No man is an island, Ao retratar a trajetória de refugiados, o poema recorre à Entire of itself; imagem de viagem marítima para destacar o(a) Every man is a piece of the continent, A risco de choques culturais. A part of the main. B impacto do ensino de história. [...] C importância da luta ambiental. Any man’s death diminishes me, D existência de experiências plurais. Because I am involved in mankind. E necessidade de capacitação profissional. DONNE, J. The Works of John Donne. Londres: John W. Parker, 1839 (fragmento). Nesse poema, a expressão “No man is an island ” ressalta o(a) A medo da morte. B ideia de conexão. C conceito de solidão. D risco de devastação. E necessidade de empatia. 2 –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– *010175AZ3* QUESTÃO 04 QUESTÃO 05 Spanglish pues estoy creando Spanglish bi-cultural systems scientific lexicographical inter-textual integrations two expressions existentially wired two dominant languages continentally abrazándose in colloquial combate imperio spanglish emerges sobre territorio bi-lingual las novelas mexicanas mixing with radiorocknroll immigrant/migrant nasal mispronouncements hip-hop, street salsa, spanish pop “Oh, you’ll love working here. Nobody treats you any standard english classroom differently just because of your age, race, or gender.” with computer technicalities Disponível em: www.cartoonstock.com. Acesso em: 25 out. 2021. spanglish is literally perfect LAVIERA, T. Benedición: The Complete Poetry of Tato Laviera. Ao retratar o ambiente de trabalho em um escritório, esse Houston: Arte Público Press, 2014 (fragmento). cartum tem por objetivo Nesse poema de Tato Laviera, o eu lírico destaca uma A criticar um padrão de vestimenta. A convergência linguístico-cultural. B destacar a falta de diversidade. B característica histórico-cultural. C indicar um modo de interação. C tendência estilístico-literária. D elogiar um modelo de organização. D discriminação cultural. E salientar o espírito de cooperação. E censura musical. –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– 3 *010175AZ4* Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 02 Me niego rotundamente QUESTÃO 01 A negar mi voz, TEXTO I Mi sangre y mi piel. QUÉ ME PASA?: ? Y me niego rotundamente ? PorQUÉ ME CUESTA TANTO ESTUDIAR? A dejar de ser yo, ? pORQUÉ ME CUESTA TANTO CONCENTRARME? A dejar de sentirme bien ? PoRQUÉ...... Cuando miro mi rostro en el espejo ? pORQUÉ...... Con mi boca...... Rotundamente grande, PORQUé NO CONSIGO APRENDER COMO LOS DEMÁS? Y mi nariz ? Rotundamente hermosa, Y mis dientes Rotundamente blancos, Y mi piel valientemente negra. Y me niego categóricamente A dejar de hablar Mi lengua, mi acento y mi historia. Y me niego absolutamente A ser parte de los que callan, De los que temen, De los que lloran. Porque me acepto Rotundamente libre, Disponível em: www.otrasvoceseneducacion.org. Acesso em: 8 nov. 2022. Rotundamente negra, TEXTO II Rotundamente hermosa. Ishaan Awashi es un niño de 8 años cuyo mundo está CAMPBELL BARR, S. Disponível em: https://negracubanateniaqueser.com. plagado de maravillas que nadie más parece apreciar: Acesso em: 25 out. 2021. colores, peces, perros y cometas, que simplemente no son Para enfatizar características e atitudes que reforçam a identidade da mulher negra, o poema da escritora importantes en la vida de los adultos, que parecen más costarriquenha apresenta interesados en cosas como los deberes, las notas o la limpieza. E Ishaan parece no poder hacer nada bien en clase. A advérbios como “rotundamente” e “categóricamente”. Cuando los problemas que ocasiona superan a sus padres, B verbos reflexivos como “me niego” e “me acepto”. es internado en un colegio para que le disciplinen. Las cosas C adjetivos como “grande” e “hermosa”. no mejoran en el nuevo colegio, donde Ishaan tiene además D substantivos como “sangre” e “piel”. que aceptar estar lejos de sus padres. Hasta que un día, E adjetivos possessivos como “mi” e “mis”. el nuevo profesor de arte, Ram Shankar Nikumbh, entra en escena, se interesa por el pequeño Ishaan y todo cambia. Disponível em: https://elfinalde.com. Acesso em: 26 out. 2021 (adaptado). O filme Como estrellas en la tierra aborda o tema da dislexia. Relacionando o cartaz do filme com a sinopse, constata-se que o(a) A olhar diferenciado para com o outro gera mudanças. B estudante com dislexia apresenta um tom questionador. C abordagem para lidar com a dislexia é pautada na disciplina. D contato com os pais prejudica o acompanhamento da dislexia. E mudança de interesses ocorre na transição da infância para a vida adulta. 4 –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– *010175AZ5* QUESTÃO 03 Nesse texto, a expressão “cortina de humo” revela que o manipulador “Caramelos” en sus suelos A amadurece tardiamente. Las tierras de España, tu vista enamoran; B busca mascarar a verdade. sus gentes; te amistan; ¿“cocinas”?, ¡“te molan”! C rejeita questionamentos alheios. ¿El plato común?, ¡pues «tortilla/patatas»!; D aproxima-se de pessoas indefesas. en bares, figones, o tascas, ¡las «tapas»!; E faz-se presente de forma controladora. “sabor nacional”, ¡el «gazpacho», sus «vinos», «sangría», y «jamón» de sabrosos cochinos! QUESTÃO 05 (Cual “sellos”, te grabas sus «Típicos Platos»; ¡sabrás por dó pasas, por sólo tu olfato!, Que quede claro ¡si en cada lugar, un sabor peculiar, Cómo es posible que se cierren “al paso” cautiva tu buen paladar!). tantas bocas, tantos ojos, ¡Son más que “recetas”!, ¡será “alegoría”!, tantas puertas, muchas mentes ante un ¡será “identidad”! (¡hay “reserva” en su «Guía»!); acto xenofóbico sin precedentes. son platos allende un “timón conductor”, Presidentes, ministros, cancilleres, ¡son mar, ríos, sierras!, ¡son valles, son flor!, autoridades, responsables. ¡y aportan “Conventos” a gastronomía, ¿Quién pagará el daño causado a familiares? sus «dulces»! (sabor “celestial”, ¡de ambrosía!). Por un loco del estrada sin modales. [...] QUIROZ Y LÓPEZ, M. Disponível em: https://pt.calameo.com. Acesso em: 25 out. 2021. Nesse poema, o eu poético enaltece a Se alejó de aquel lugar donde su color era mucho más que su color, era su raza. A característica amistosa do povo espanhol. Persiguiendo un sueño que desapareció, B beleza das paisagens naturais da Espanha. que se fusionó y terminó en una pesadilla. [...] C variedade de pratos na gastronomia espanhola. D relação entre os sentidos do paladar e do olfato na Déjame que te cuente esta historia gastronomia. que sucedió en el metro de Barcelona, E gastronomia como representação da identidade cuando aquella mañana la injusticia cultural de um povo. y xenofobia se juntaron de la mano, protagonizando una de las más feas escenas de racismo. QUESTÃO 04 En aquel vagón viajaba un ángel de color diferente, Técnicas de manipulación y el resultado en su camino se interpuso aquel inconsciente, Manipular es sembrar en la conciencia y en la mente que aún sabiendo lo que hacía, de la gente ideas, actitudes, conceptos y aspiraciones seguía hablando con su gente. — incluso falsas e inmorales — que sirvan a los objetivos Le dio al ángel dos patadas en su cara, de sus manipuladores. se rió de ella sin cambiar la mirada. Manipular es una de las primeras cosas que Y aún anda suelto, aún anda suelto... aprendemos en la vida. A muy temprana edad, los bebés ORISHAS. In: Cosita buena. Delaware: Suerte Publishing LLC, 2008 (fragmento). descubren el poder del llanto, el berrinche, los pataleos, la risa o alguna “gracia” como recursos para demandar A letra da canção Que quede claro, da banda cubana Orishas, revela o(a) atención, exigir comida, pedir ayuda o simplemente mantener ocupada a la gente. Nuestras actitudes de A indignação diante do desrespeito à diversidade. adultos reflejan lo mucho o poco que algunos maduraron, B violência característica das grandes metrópoles. procesaron y rebasaron ese periodo. C preconceito da sociedade com relação ao misticismo. Para que exista un manipulador, debe haber una D descuido da população com os sonhos dos imigrantes. base de ciudadanos indefensos, dóciles, desinformados. E falta de segurança existente no transporte público El manipulador es celoso, a veces casi paranoico; urbano. no admite cuestionamientos ni quiere que nadie ocupe su espacio, sabe que su vigencia depende de presencia controladora. Todos los días, hay que marcar la línea de discurso, incidir en el debate. El ridículo vale la pena si con ello se logra una cortina de humo. Disponível em: www.forbes.com.mx. Acesso em: 7 out. 2021 (adaptado). –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– 5 *010175AZ6* LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS QUESTÃO 08 Questões de 06 a 45 De quem é esta língua? QUESTÃO 06 Uma pequena editora brasileira, a Urutau, acaba de A sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI) lançar em Lisboa uma “antologia antirracista de poetas aprovou uma mudança histórica e inédita no lema estrangeiros em Portugal”, com o título Volta para a tua terra. olímpico, criado em 1894 pelo Barão Pierre de Coubertin O livro denuncia as diversas formas de racismo a que para expressar os valores e a excelência do esporte. Mais os imigrantes estão sujeitos. Alguns dos poetas brasileiros de 120 anos depois, o lema tem sua primeira alteração antologiados queixam-se do desdém com que um grande para ressaltar a solidariedade e incluir a palavra “juntos”: número de portugueses acolhe o português brasileiro. mais rápido, mais alto, mais forte — juntos. A mudança É uma queixa frequente. foi aprovada por unanimidade pelos membros do COI e celebrada pelo presidente da entidade. “Aqui em Portugal eles dizem / — eles dizem — / que Disponível em: https://ge.globo.com. Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado). nosso português é errado, que nós não falamos português”, escreve a poetisa paulista Maria Giulia Pinheiro, para De acordo com o texto, a alteração do lema olímpico teve como objetivo a concluir: “Se a sua linguagem, a lusitana, / ainda conserva a palavra da opressão / ela não é a mais bonita do mundo./ A unificação do lema anterior ao atual. Ela é uma das mais violentas”. B aproximação entre o lema olímpico e o COI. AGUALUSA, J. E. Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado). C junção do lema olímpico com os princípios esportivos. D associação entre o lema olímpico e a cooperatividade. O texto de Agualusa tematiza o preconceito em relação ao português brasileiro. Com base no trecho citado pelo E vinculação entre o lema olímpico e os eventos atléticos. autor, infere-se que esse preconceito se deve QUESTÃO 07 A à dificuldade de consolidação da literatura brasileira em outros países. Mais iluminada que outras B aos diferentes graus de instrução formal entre os Tenho dois seios, estas duas coxas, duas mãos que me falantes de língua portuguesa. são muito úteis, olhos escuros, estas duas sobrancelhas que C à existência de uma língua ideal que alguns falantes preencho com maquiagem comprada por dezenove e noventa lusitanos creem ser a falada em Portugal. e orelhas que não aceitam bijuterias. Este corpo é um corpo D ao intercâmbio cultural que ocorre entre os povos dos faminto, dentado, cruel, capaz e violento. Movo os braços diferentes países de língua portuguesa. e multidões correm desesperadas. Caminho no escuro com o rosto para baixo, pois cada parte isolada de mim tem sua E à distância territorial entre os falantes do português própria vida e não quero domá-las. Animal da caatinga. Forte que vivem em Portugal e no Brasil. demais. Engolidora de espadas e espinhos. Dizem e eu ouvi, mas depois também li, que o estado do Ceará aboliu a escravidão quatro anos antes do restante do país. Todos aqueles corpos que eram trazidos com seus dedos contados, seus calcanhares prontos e seus umbigos em fogo, todos eles foram interrompidos no porto. Um homem — dizem e eu ouvi e depois também li — liderou o levante. E todos esses corpos foram buscar outros incômodos. Foram ser incomodados. ARRAES, J. Redemoinho em dia quente. São Paulo: Alfaguara, 2019. Nesse texto, os recursos expressivos usados pela narradora A revelam as marcas da violência de raça e de gênero na construção da identidade. B questionam o pioneirismo do estado do Ceará no enfrentamento à escravidão. C reproduzem padrões estéticos em busca da valorização da autoestima feminina. D sugerem uma atmosfera onírica alinhada ao desejo de resgate da espiritualidade. E mimetizam, na paisagem, os corpos transformados pela violência da escravidão. 6 –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– *010175AZ7* QUESTÃO 09 De acordo com o texto, a análise de características da linguagem empregada por perfis automatizados contribui Na Idade Média, as notícias se propagavam com para o(a) surpreendente eficácia. Segundo uma emérita professora de A controle da atuação dos profissionais de TI. Sorbonne, um cavalo era capaz de percorrer 30 quilômetros B desenvolvimento de tecnologias como os “trolls”. por dia, mas o tempo podia se acelerar dependendo do interesse da notícia. As ordens mendicantes tinham um papel C flexibilização dos turnos de trabalho dos controladores. importante na disseminação de informações, assim como D necessidade de regulamentação do funcionamento os jograis, os peregrinos e os vagabundos, porque todos dos “bots”. eles percorriam grandes distâncias. As cidades também E identificação de padrões de disseminação de tinham correios organizados e selos para lacrar mensagens informações inverídicas. e tentar certificar a veracidade das correspondências. QUESTÃO 11 Graças a tudo isso, a circulação de boatos era intensa Maio foi colorido de amarelo, e o foi porque e politicamente relevante. Um exemplo clássico de fake mundialmente amarelo é a cor convencionada para as news da era medieval é a história do rei que desaparece advertências. No trânsito, essas advertências têm sido na batalha e reaparece muito depois, idoso e transformado. fatais. A estimativa, caso nada seja feito, é a de que se Disponível em: www.elpais.com.br. Acesso em: 18 jun. 2018 (adaptado). atinjam assustadoras 2,4 milhões de mortes no trânsito em 2030 em todo o mundo. A propagação sistemática de informações é um A pressa constante, o sentimento de invencibilidade, fenômeno recorrente na história e no desenvolvimento a certeza de invulnerabilidade, a necessidade de poder, das sociedades. No texto, a eficácia dessa propagação a falta de civilidade, a certeza de impunidade, a ausência está diretamente relacionada ao(à) de solidariedade, a inexistência de compaixão e o A velocidade de circulação das notícias. desrespeito por si próprio são circunstâncias reais que, não raro, concorrem para o comportamento violento no B nível de letramento da população marginalizada. trânsito. C poder de censura por parte dos serviços públicos. O Maio Amarelo, que preconiza a atenção pela vida, D legitimidade da voz dos representantes da nobreza. é uma das iniciativas nesse sentido. E é precisamente E diversidade dos meios disponíveis em uma época a atenção pela vida que está esquecida. Essa atenção, histórica. por certo, requer menos pressa, mais civilidade, limites assegurados, consciência de vulnerabilidade, QUESTÃO 10 solidariedade, compaixão e respeito por si e pelo outro. Reafirmar e praticar esses princípios e valores talvez seja Se a interferência de contas falsas em discussões um caminho mais seguro e menos violento, que garanta políticas nas redes sociais já representava um perigo a vida e não celebre a morte. para os sistemas democráticos, sua sofisticação e maior Disponível em: http://portaldotransito.com.br. Acesso em: 11 dez. 2018 (adaptado). semelhança com pessoas reais têm agravado o problema Considerando os procedimentos argumentativos pelo mundo. utilizados, infere-se que o objetivo desse texto é O perigo cresceu porque a tecnologia e os métodos A enumerar as causas determinantes da violência no evoluíram dos robôs, os “bots” — softwares com tarefas trânsito. on-line automatizadas —, para os “ciborgues” ou “trolls”, B contextualizar a campanha de advertência no cenário contas controladas diretamente por humanos com ajuda mundial. de um pouco de automação. C divulgar dados numéricos alarmantes sobre acidentes Mas pesquisadores começam agora a observar outros de trânsito. padrões de comportamento: quando mensagens não são D sensibilizar o público para a importância de uma programadas, sua publicação se concentra só em horários direção responsável. de trabalho, já que é controlada por pessoas cuja profissão E restringir os problemas da violência no trânsito a é exatamente essa, administrar um perfil falso durante o dia. aspectos emocionais. Outra pista: a pobreza vocabular das mensagens publicadas por esses perfis. Um funcionário de uma empresa que supostamente produzia e vendia perfis falsos explica que às vezes “faltava criatividade” para criar mensagens distintas controlando tantos perfis falsos ao mesmo tempo. GRAGNANI, J. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 16 dez. 2017. –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– 7 *010175AZ8* QUESTÃO 12 QUESTÃO 13 Ainda daquela vez pude constatar a bizarrice dos Girassol da madrugada costumes que constituíam as leis mais ou menos constantes do seu mundo: ao me aproximar, verifiquei que o Teu dedo curioso me segue lento no rosto Sr. Timóteo, gordo e suado, trajava um vestido de franjas Os sulcos, as sombras machucadas por onde a e lantejoulas que pertencera a sua mãe. O corpete [vida passou. descia-lhe excessivamente justo na cintura, e aqui Que silêncio, prenda minha... Que desvio triunfal e ali rebentava através da costura um pouco da carne [da verdade, aprisionada, esgarçando a fazenda e tornando o prazer de Que círculos vagarosos na lagoa em que uma asa vestir-se daquele modo uma autêntica espécie de suplício. Movia-se ele com lentidão, meneando todas as suas franjas [gratuita roçou... e abanando-se vigorosamente com um desses leques de madeira de sândalo, o que o envolvia numa enjoativa onda Tive quatro amores eternos... de perfume. Não sei direito o que colocara sobre a cabeça, O primeiro era moça donzela, assemelhava-se mais a um turbante ou a um chapéu O segundo... eclipse, boi que fala, cataclisma, sem abas de onde saíam vigorosas mechas de cabelos O terceiro era a rica senhora, alourados. Como era costume seu também, trazia o rosto O quarto és tu... E eu afinal me repousei dos pintado — e para isto, bem como para suas vestimentas, apoderara-se de todo o guarda-roupa deixado por sua mãe, [meus cuidados também em sua época famosa pela extravagância com que ANDRADE, M. Poesias completas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013 (fragmento). se vestia — o que sem dúvida fazia sobressair-lhe o nariz enorme, tão característico da família Meneses. Perante o outro, o eu lírico revela, na força das memórias evocadas, a CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. A vergonha das marcas provocadas pela passagem do Pela voz de uma empregada da casa, a descrição tempo. de um dos membros da família exemplifica a renovação B indecisão em face das possibilidades afetivas do da ficção urbana nos anos 1950, aqui observada na presente. A opção por termos e expressões de sentido ambíguo. C serenidade sedimentada pela entrega pacífica ao B crítica social inspirada pelo convívio com os patrões. desejo. C descrição impressionista do fetiche do personagem. D frustração causada pela vontade de retorno ao D presença de um foco narrativo de caráter impreciso. passado. E ambiência de mistério das relações entre familiares. E disponibilidade para a exploração do prazer efêmero. 8 –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– *010175AZ9* QUESTÃO 14 QUESTÃO 15 Dão Lalalão As cinzas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas no mês de setembro de 2018, Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém são mais do que restos de fósseis, cerâmicas e espécimes precisava urgente de querer vir por escutar a novela do raros. O museu abrigava, entre mais de 20 milhões de rádio. Ouvia-a, aprendia-a, guardava na ideia, e, retornado peças, os esqueletos com as respostas para perguntas ao Ão, no dia seguinte, a repetia a outros. que ainda não haviam sido respondidas — ou sequer Assim estavam jantando, vinham os do povoado feitas — por pesquisadores brasileiros. E o incêndio receber a nova parte da novela do rádio. Ouvir já pode ter calado para sempre palavras e cantos indígenas tinham ouvido tudo, de uma vez, fugia da regra: falhara ancestrais, de línguas que não existem mais no mundo. ali no Ão, na véspera, o caminhão de um comprador O acervo do local continha gravações de conversas, de galinhas e ovos, seo Abrãozinho Buristém, que cantos e rituais de dezenas de sociedades indígenas, carregava um rádio pequeno, de pilhas, armara um fio muitas feitas durante a década de 1960 com antigos no arame da cerca... Mas queriam escutar outra vez, gravadores de rolo e que ainda não haviam sido por confirmação. — “A estória é estável de boa, mal digitalizadas. Alguns dos registros abordavam línguas já que acompridada: taca e não rende...” — explicava o extintas, sem falantes originais ainda vivos. “A esperança Zuz ao Dalberto. é que outras instituições tenham registros dessas línguas”, Soropita começou a recontar o capítulo da novela. diz a linguista Marilia Facó Soares. A pesquisadora, que Sem trabalho, se recordava das palavras, até com trabalha com os índios Tikuna, o maior grupo da Amazônia clareza — disso se admirava. Contava com prazer de brasileira, crê ter perdido parte de seu material. “Terei demorar, encher a sala com o poder de outros altos que fazer novas viagens de campo para recompor meus personagens. Tomar a atenção de todos, pudesse contar arquivos. Mas obviamente não dá para recuperar a fala de aquilo noite adiante. Era preciso trazer luz, nem uns nativos já falecidos, geralmente os mais idosos”, lamenta. enxergavam mais os outros; quando alguém ria, ria de Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 10 dez. 2018 (adaptado). muito longe. O capítulo da novela estava terminando. A perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu ROSA, J. G. Noites do sertão (Corpo de baile). São Paulo: Global, 2021. Nacional tem impacto potencializado, uma vez que Nesse trecho do conto, o gosto dos moradores do A exige a retomada das pesquisas por especialistas de povoado por ouvir a novela de rádio recontada por diferentes áreas. Soropita deve-se ao(à) B representa danos irreparáveis à memória e à identidade A qualidade do som do rádio. nacionais. B estabilidade do enredo contado. C impossibilita o surgimento de novas pesquisas na área. C ineditismo do capítulo da novela. D resulta na extinção da cultura de povos originários. D jeito singular de falar aos ouvintes. E inviabiliza o estudo da língua do povo Tikuna. E dificuldade de compreensão da história. –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– 9 *010175AZ10* QUESTÃO 16 O uso não padrão dos colchetes para nomear a revista atribui-lhes uma nova função e está correlacionado ao(à) Mandioca, macaxeira, aipim e castelinha são nomes diferentes da mesma planta. Semáforo, sinaleiro e farol A perfil de público-alvo, constituído por leitores exigentes também significam a mesma coisa. O que muda é só o e especializados em leitura acadêmica. hábito cultural de cada região. A mesma coisa acontece B propósito do editor, chamando a atenção para o rigor com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Embora ela normativo nos textos da revista. seja a comunicação oficial da comunidade surda no Brasil, C exclusividade na seleção temática, direcionada para existem sinais que variam em relação à região, à idade e até a área das ciências humanas. ao gênero de quem se comunica. A cor verde, por exemplo, possui sinais diferentes no Rio de Janeiro, Paraná e São D identidade da revista, voltada para a recepção e a Paulo. São os regionalismos na língua de sinais. promoção de ideias circulantes em livros. Essas variações são um dos temas da disciplina E padrão editorial dos artigos, organizados em torno de Linguística na língua de sinais, oferecida pela Universidade uma proposta de design inovador. Estadual Paulista (Unesp) ao longo do segundo semestre. QUESTÃO 18 “Muitas pessoas pensam que a língua de sinais é universal, o que não é verdade”, explica a professora e chefe do TEXTO I Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas Alegria, alegria da Unesp. “Mesmo dentro de um mesmo país, ela sofre O sol nas bancas de revista variação em relação à localização geográfica, à faixa etária e até ao gênero dos usuários”, completa a especialista. Me enche de alegria e preguiça Os surdos podem criar sinais diferentes para identificar Quem lê tanta notícia lugares, objetos e conceitos. Em São Paulo, o sinal de Eu vou “cerveja” é feito com um giro do punho como uma meia-volta. Por entre fotos e nomes Em Minas, a bebida é citada quando os dedos indicador e Os olhos cheios de cores médio batem no lado do rosto. Também ocorrem mudanças históricas. Um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos O peito cheio de amores vãos costumes da geração que o utiliza. Eu vou Disponível em: www.educacao.sp.gov.br. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado). Por que não, por que não? Nesse texto, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) VELOSO, C. Alegria, alegria. Rio de Janeiro: Polygram, 1990 (fragmento). A passa por fenômenos de variação linguística como TEXTO II qualquer outra língua. Anjos tronchos B apresenta variações regionais, assumindo novo Uns anjos tronchos do Vale do Silício sentido para algumas palavras. Desses que vivem no escuro em plena luz C sofre mudança estrutural motivada pelo uso de sinais diferentes para algumas palavras. Disseram vai ser virtuoso no vício D diferencia-se em todo o Brasil, desenvolvendo cada Das telas dos azuis mais do que azuis região a sua própria língua de sinais. Agora a minha história é um denso algoritmo E é ininteligível para parte dos usuários em razão das mudanças de sinais motivadas geograficamente. Que vende venda a vendedores reais Neurônios meus ganharam novo outro ritmo QUESTÃO 17 E mais, e mais, e mais, e mais, e mais Como é bom reencontrar os leitores da Revista da VELOSO, C. Meu coco. Rio de Janeiro: Sony, 2021 (fragmento). Cultura por meio de uma publicação com outro visual, Embora oriundas de momentos históricos diferentes, conteúdo de qualidade e interesses ampliados! ]cultura[, essas letras de canção têm em comum a este nome simples, e eu diria mesmo familiar, nasce entre dois colchetes voltados para fora. E não é por acaso: A referência às cores como elemento de crítica a hábitos são sinais abertos, receptivos, propícios à circulação de contemporâneos. ideias. O DNA da publicação se mantém o mesmo, afinal, B percepção da profusão de informações gerada pela por longos anos montamos nossas edições com assuntos tecnologia. saídos das estantes de uma grande livraria — e assim C contraposição entre os vícios e as virtudes da vida continuará sendo. Literatura, sociologia, filosofia, artes... moderna. nunca será difícil montar a pauta da revista porque os livros nos ensinam que monotonia é só para quem não lê. D busca constante pela liberdade de expressão individual. HERZ, P. ]cultura[, n. 1, jun. 2018 (adaptado). E crítica à finalidade comercial das notícias. 10 –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– *010175AZ11* QUESTÃO 19 O que acontece então quando a palavra é destruída “São tantas formas de matar um preto e, com ela, a linguagem? Que para alguns sua morte é justificada Durante séculos, em diferentes sociedades e Devia tá fazendo coisa errada línguas, é importante lembrar, a linguagem serviu — e ainda serve — para manter privilégios de grupos de Se não era bandido, um dia ia ser poder e deixar todos os outros de fora. Quem entende Por ser PRETO sua morte é defendida linguagem de advogados, juízes e promotores, linguagem O PRETO sempre merece morrer”. de médicos, linguagem de burocratas, linguagem de A estrofe acima é do poeta e educador social Baticum cientistas? A maior parte da população foi submetida à Proletário, que atua na periferia de Fortaleza, no Ceará, violência de propositalmente ser impedida de compreender preparando jovens — em quase sua totalidade negros a linguagem daqueles que determinam seus destinos. — para enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo Se o princípio é o verbo, o fim pode ser o silenciamento. estrutural no país. Mesmo que ele seja cheio de gritos entre aqueles que já não É a partir da arte que Baticum consegue envolver têm linguagem comum para compreender uns aos outros. a juventude em um projeto de fortalecimento dessa BRUM, E. Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 5 nov. 2021. população ao promover batalhas de rimas, slams e saraus com temáticas que discutem os problemas sociais. Não por Nesse texto, a estratégia usada para convencer o leitor de acaso, o tema mais explorado nas rimas, versos e prosas que uma grande parcela da população não compreende é a violência. De acordo com o mais recente Atlas da a linguagem daqueles que detêm o poder foi violência, em 2019, os negros representaram 77% das A revelar a origem religiosa da linguagem. vítimas de homicídios, quase 30 assassinatos por 100 mil B questionar o temor sobre o futuro da linguagem. habitantes, a maioria deles jovens. C descrever a relação entre sociedade e linguagem. O Atlas revela ainda que um negro tem quase 2,7 D apresentar as consequências do esfacelamento da vezes mais chance de ser morto do que um branco, o que linguagem. justifica o movimento de resistência crescente no Brasil. E criticar o obstáculo promovido pelos usos especializados MENDONÇA, F. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado). da linguagem. O uso de citação e de dados estatísticos nesse texto tem QUESTÃO 21 o objetivo de Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal A ressaltar a importância da poesia para denunciar a do Ceará desenvolveu um dicionário para traduzir sintomas morte de negros, que cresce a cada dia. de doenças da linguagem popular para os termos médicos. B destacar o crescimento exponencial da temática do Defruço, chanha e piloura, por exemplo, podem ser termos preconceito na produção literária no Brasil. conhecidos para muitos, mas, durante uma consulta médica, C demonstrar o incremento no quantitativo de expressões o desconhecimento pode significar um diagnóstico errado. artísticas na discussão de problemas sociais. “Isso é um registro histórico e pode ser muito útil para D evidenciar argumentos que reforçam a ideia de que os estudos dessas comunidades, na abordagem médica delas. negros são vítimas em potencial da violência. É de certa forma pioneiro no Brasil e, sem dúvida, um instrumento E salientar o aumento da participação de jovens nos de trabalho importante, porque a comunicação é fundamental movimentos de resistência na área da cultura. na relação médico-paciente”, avalia o reitor da instituição. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado). QUESTÃO 20 Ao registrarem usos regionais de termos da área médica, No princípio era o verbo. A frase que abre o primeiro pesquisadores capítulo do Evangelho de João e remete à criação do A apontaram erros motivados pelo desconhecimento da mundo, assim como também faz o Gênesis, é a mais variedade linguística local. famosa da Bíblia. A ideia de que o mundo é criado pela B explicaram problemas provocados pela incapacidade palavra, porém, é tão estruturante que está presente de comunicação. em outras religiões, para muito além das fundadas no cristianismo. Como humanos, a linguagem é o mundo que C descobriram novos sintomas de doenças existentes habitamos. Basta tentar imaginar um mundo em que não na comunidade. podemos usar palavras para dizer de nós e dos outros D propiciaram melhor compreensão dos sintomas dos para compreender o que isso significa. Ou um mundo pacientes. em que aquilo que você diz não é entendido pelo outro, E divulgaram um novo rol de doenças características e o que o outro diz não é entendido por você. da localidade. –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– 11 *010175AZ12* QUESTÃO 22 TEXTO II Alguém muito recentemente cortara o mato, que na Masculino e feminino são campos escorregadios que época das chuvas crescia e rodeava a casa da mãe de só se definem por oposição, sempre incompleta, um do Ponciá Vicêncio e de Luandi. Havia também vestígios outro. São formações imaginárias que buscam produzir de que a terra fora revolvida, como se ali fosse plantar uma uma diferença radical e complementar onde só existem, pequena roça. Luandi sorriu. A mãe devia estar bastante de fato, mínimas diferenças. O resto é questão de estilo. forte, pois ainda labutava a terra. Cantou alto uma cantiga Até pelo menos a segunda metade do século 19, o divisor que aprendera com o pai, quando eles trabalhavam na terra de águas era claro: os homens ocupavam o espaço público. dos brancos. Era uma canção que os negros mais velhos As mulheres tratavam da vida privada. Privada de quê? ensinavam aos mais novos. Eles diziam ser uma cantiga de voltar, que os homens, lá na África, entoavam sempre, De visibilidade, diria Hannah Arendt. De visibilidade pública. quando estavam regressando da pesca, da caça ou de Do que as mulheres estiveram privadas até o século 20 algum lugar. O pai de Luandi, no dia em que queria agradar foi de presença pública manifesta não em imagem, mas à mulher, costumava entoar aquela cantiga ao se aproximar em palavra. A palavra feminina, reservada ao espaço de casa. Luandi não entendia as palavras do canto; sabia, doméstico, não produzia diferença na vida social. porém, que era uma língua que alguns negros falavam KHEL, M. R. Disponível em: https://alias.estadao.com.br. Acesso em: 19 out. 2021 (adaptado). ainda, principalmente os velhos. Era uma cantiga alegre. Luandi, além de cantar, acompanhava o ritmo batendo com A representação da mulher apresentada no Texto I pode as palmas das mãos em um atabaque imaginário. Estava ser explicada pelo Texto II no que diz respeito à(às) de regresso à terra. Voltava em casa. Chegava cantando, A censura a formas de expressão femininas. dançando a doce e vitoriosa cantiga de regressar. EVARISTO, C. Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2018. B ausência da figura feminina na vida pública. A leitura do texto permite reconhecer a “cantiga de voltar” C construções imaginárias cristalizadas na sociedade. como patrimônio linguístico que D limitações inerentes às figuras femininas e masculinas. A representa a memória de uma língua africana extinta. E dificuldade na atribuição de papéis masculinos e B exalta a rotina executada por jovens afrodescendentes. femininos. C preserva a ancestralidade africana por meio da QUESTÃO 24 tradição oral. D resgata a musicalidade africana por meio de palavras #JuntasSomosMaisFortes inteligíveis. Disque 180 A Defensoria não para! E remonta à tristeza dos negros mais velhos com saudade da África. QUESTÃO 23 TEXTO I Em tempos de isolamento social por conta da pandemia de Zapeei os canais, como há dezenas de anos faço, e pá: covid-19, a Defensoria Pública parei num que exibia um episódio daquela velha família do alerta para o aumento da futuro, Os Jetsons. violência contra a mulher! Nesse episódio em particular, a Jane Jetson, esposa Não se cale! Denuncie! do George, tratava de dirigir aquele veículo voador Disponível em: www.defensoriapublica.mt.gov.br. Acesso em: 29 out. 2021 (adaptado). deles. Meu queixo foi caindo à medida que as piadinhas machistas sobre mulheres dirigirem foram se acumulando. Esse anúncio publicitário, veiculado durante o contexto Impressionante! Que futuro careta aqueles roteiristas da pandemia de covid-19, tem por finalidade imaginavam! Seriam incapazes de projetar algo melhor, e não A divulgar o canal telefônico de atendimento a casos de apenas em termos de tecnologias, robôs e carros voadores? violência contra a mulher. Será que nossa máxima visão de futuro só atinge as coisas, B informar sobre a atuação de uma entidade defensora e jamais as pessoas? Como a Jane, uma mulher de 33 anos no desenho, poderia ser o que foram as minhas bisavós? da mulher vítima de violência. O futuro, naquele desenho, se esqueceu de ser melhor C evidenciar o trabalho da Defensoria Pública em relação nas relações entre as pessoas. Aliás... tão parecido com a vida. ao problema do abuso contra a mulher. Fiquei de cara, como dizemos aqui, ou como dizíamos D alertar a sociedade sobre o aumento da violência na minha adolescência, pobre adolescência, aprendendo, contra a mulher em decorrência do coronavírus. sem querer e sem muita defesa, um futuro tão besta quanto E incentivar o público feminino a denunciar crimes o passado. de violência contra a mulher durante o período de RIBEIRO, A. E. Disponível em: www.rascunho.com br. Acesso em: 21 out. 2021 (adaptado). isolamento. 12 –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– *010175AZ13* QUESTÃO 25 QUESTÃO 27 Passado muito tempo, resolvi tentar falar, porque E assim as coisas continuaram acontecendo entre os estava sozinha me embrenhando na mesma vereda que dois, em quase sustos, um grande por acaso com cacoetes Donana costumava entrar. Ainda recordo da palavra que de gestos definitivos. Com o Nunca Mais se oferecendo escolhi: arado. Me deleitava vendo meu pai conduzindo o tempo todo, bastaria dizer foi um prazer ter te conhecido, o arado velho da fazenda carregado pelo boi, rasgando bastaria não trocar telefones nem e-mails e enterrar a terra para depois lançar grãos de arroz em torrões a casualidade com a cal da sabedoria — nada poderia marrons e vermelhos revolvidos. Gostava do som redondo, ser definitivo, os encontros duravam duas horas ou duas fácil e ruidoso que tinha ao ser enunciado. “Vou trabalhar no décadas ou duas vezes isso, mas em algum momento arado.” “Vou arar a terra.” “Seria bom ter um arado novo, necessariamente seria o fim. De todos os grandes amores. esse arado tá troncho e velho.” O som que deixou minha De todos os pequenos. De todas as juras, das promessas, boca era uma aberração, uma desordem, como se no de todos os na-alegria-e-na-tristeza. De todos os não lugar do pedaço perdido da língua tivesse um ovo quente. amores, os desamores, os casamentos para sempre, Era um arado torto, deformado, que penetrava a terra de os rancores para sempre, de todas as paralelas que só tal forma a deixá-la infértil, destruída, dilacerada. VIEIRA JR., I. Torto arado. São Paulo: Todavia, 2019. se viabilizam na abstração da geometria, de todas as pequenas paixões e de todas as grandes paixões, de tudo Com a perda de parte da língua na infância, a narradora que para na antessala da paixão, de todos os vínculos não tenta voltar a falar. Essa tentativa revela uma experiência que experimentados, de todos. A reflete o olhar do pai sobre as etapas do plantio. LISBOA, A. Rakushisha. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. B metaforiza a linguagem como ferramenta de lavoura. O recurso que promove a progressão textual, contribuindo C explicita, na busca pela palavra, o medo da solidão. para a construção da ideia de que as relações amorosas D confirma a frustração da narradora com relação à terra. têm um enredo comum, é a E sugere, na ausência da linguagem, a estagnação do A repetição do pronome indefinido “todos”. tempo. B utilização do travessão na marcação do aposto. QUESTÃO 26 C retomada do antecedente pelo pronome “isso”. D contraposição de ideias marcada pela conjunção “mas”. A escravidão Esses meninos que aí andam jogando peteca não E substantivação de expressões pela anteposição do viram nunca um escravo... Quando crescerem, saberão artigo. que já houve no Brasil uma raça triste, votada à escravidão e ao desespero; e verão nos museus a coleção hedionda QUESTÃO 28 dos troncos, dos vira-mundos e dos bacalhaus; e terão A garganta é a gruta que guarda o som notícias dos trágicos horrores de uma época maldita: filhos arrancados ao seio das mães, virgens violadas em pranto, A garganta está entre a mente e o coração homens assados lentamente em fornos de cal, mulheres Vem coisa de cima, vem coisa de baixo e de nuas recebendo na sua mísera nudez desvalida o duplo ultraje das chicotadas e dos olhares do feitor bestial. [...] [repente um nó (e o que eu quero dizer?) Mas a sua indignação nunca poderá ser tão grande como Às vezes, acontece um negócio esquisito a daqueles que nasceram e cresceram em pleno horror, Quando eu quero falar eu grito, quando eu quero no meio desse horrível drama de sangue e lodo, sentindo [gritar eu falo, o resultado dentro do ouvido e da alma, numa arrastada e contínua melopeia, o longo gemer da raça mártir — orquestração Calo. satânica de todos os soluços, de todas as impressões, de ESTRELA D’ALVA, R. Disponível em: https://claudia.abril.com.br. todos os lamentos que a tortura e a injustiça podem arrancar Acesso em: 23 nov. 2021 (fragmento). a gargantas humanas. A função emotiva presente no poema cumpre o propósito BILAC, O. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 29 out. 2021. do eu lírico de Publicado em 1902, o texto de Olavo Bilac enfatiza as A revelar as desilusões amorosas. mazelas da escravidão no Brasil ao B refletir sobre a censura à sua voz. A descrever de modo impessoal as consequências da C expressar a dificuldade de comunicação. exploração racial sobre as gerações futuras. B contrapor a infância privilegiada das crianças da época D ressaltar a existência de pressões externas. à infância violentada das crianças escravizadas. E manifestar as dores do processo de criação. C antecipar o futuro apagamento das marcas da escravidão no contexto social. D criticar a atenuação da violência contra os povos escravizados nas memórias retratadas pelos museus. E imaginar a reaç ão de indiferenç a de seus contemporâneos com os escravizados libertos. –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– 13 *010175AZ14* QUESTÃO 29 Sob a perspectiva do menino que narra, os fatos ficcionais oferecem um esboço do momento político vigente na Era um gato preto, como convinha a um cultor das boas década de 1970, aqui representado pelo letras, que já lera Poe traduzido por Baudelaire. Preto e gordo. E lerdo. Tão gordo e lerdo que a certa altura observei A culto ao medo, infiltrado em situações do cotidiano. que ia perdendo inteiramente as qualidades características B sentimento de dúvida quanto à veracidade das da raça, que são em suma o ódio de morte aos ratos. Já nem informações. os afugentava! Os ratos de Ouro Preto são também dignos C ambiente de sonho, delineado por imagens e solenes — não ria — tradicionalistas... descendentes de perturbadoras. outros ratos que naqueles mesmos casarões presenciaram D incentivo ao desenvolvimento econômico com acontecimentos importantes da nossa história... No sobrado a iniciativa privada. do desembargador Tomás Antônio Gonzaga, imagine o E espaço urbano marcado por uma política de isolamento senhor uma reunião dos sonhadores inconfidentes, com das crianças. os antepassados daqueles ratos a passearem pelo sótão ou mesmo pelo assoalho por entre as pernas dos homens QUESTÃO 31 absortos na esperança da independência nacional! E depois, os ancestres daqueles roedores que eu via agora Migalhas deslizar sutilmente no meu quarto podiam ter subido Entre a toalha branca e um bule de café pelo poste da ignomínia colonial, onde estava exposta a seria inapropriado dizer cabeça do Tiradentes! E quando as órbitas se descarnaram eu não te amo mais. ignominiosamente, podiam até ter penetrado no recesso Era necessário algo mais solene, daquele crânio onde verdadeiramente ardera a literatura, um jardim japonês com a simplicidade do heroísmo, a febre nacionalista... para as perdas pensadas, ALPHONSUS, J. Contos e novelas. Rio de Janeiro: Imago; Brasília: INL, 1976. um noturno de tempestade Descrevendo seu gato, o narrador remete ao contexto para arrebentar de dor, e a protagonistas da Inconfidência para criar um efeito uma praia de pedras para chorar desconcertante centrado no em silêncio, uma cama alta A desenho imaginativo do casario colonial de Ouro Preto. para o incenso da despedida, B efeito de apagamento de limites entre ficção e realidade. uma janela C vínculo estabelecido entre animais urbanos e literatura. dando para o abismo. D questionamento sutil quanto à sanidade dos inconfidentes. No entanto você abaixa os olhos E contraste entre austeridade pomposa e imagem e recolhe lentamente as migalhas de pão repugnante. sobre a mesa posta para dois. QUESTÃO 30 MARQUES, A. M. A vida submarina. São Paulo: Cia. das Letras, 2021. Enquanto estivemos entretidos com os urubus outras Nesse poema, a representação do sentimento amoroso coisas andaram acontecendo na cidade. A Companhia recupera a tradição lírica, mas se ajusta à visão baixou novas proibições, umas inteiramente bobocas, só contemporânea ao pelo prazer de proibir (ninguém podia cuspir pra cima, nem A invocar o interlocutor para uma tomada de posição. carregar água em jacá, nem tapar o sol com peneira, como se todo mundo estivesse abusando dessas esquisitices); B questionar a validade do envolvimento romântico. mas outras bem irritantes, como a de pular muro pra cortar C diluir em banalidade a comoção de um amor frustrado. caminho, tática que quase todo mundo que não sofria de D transformar em paz as emoções conflituosas do casal. reumatismo vinha adotando ultimamente, principalmente E condicionar a existência da paixão a espaços idealizados. os meninos. E não confiando na proibição só, nem na força dos castigos, que eram rigorosos, a Companhia ainda mandou fincar cacos de garrafa nos muros. Achei isso um exagero, e comentei o assunto com mamãe. Meu pai ouviu lá do quarto e veio explicar. Disse que em épocas normais bastava uma coisa ou outra; mas agora a Companhia não podia admitir nenhuma brecha em suas ordens; se alguém desobedecesse à proibição podia se cortar nos cacos; se alguém conseguisse pular um muro quebrando o corte de alguns cacos, ou jogando um couro por cima, era apanhado pela proibição, nhoc — e fez o gesto de quem torce o pescoço de um frango. VEIGA, J. J. Sombras de reis barbudos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. 14 –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– *010175AZ15* QUESTÃO 32 Quase cinquenta obras de Lasar Segall foram confiscadas pelo regime totalitário alemão na primeira metade do O sol começa a descer por trás da vegetação da Ilha século XX, entre elas a obra Eternos caminhantes, da Restinga, na outra margem do rio Paraíba, colorindo considerada degenerada por o céu de amarelo, laranja e lilás. Então se ouvem as A representar uma estética tida como inconveniente para primeiras notas do Bolero, do compositor francês Maurice o ideário político vigente. Ravel, executadas pelo saxofonista Jurandy. É assim o B manifestar um posicionamento político-cultural pôr do sol da praia do Jacaré, em Cabedelo (Grande João concebido por grupos de oposição. Pessoa). Depois do Bolero, Jurandy toca Asa branca, C expressar a cultura artística por meio da representação de Luiz Gonzaga, e Meu sublime torrão, de Genival parcial do corpo humano. Macedo, espécie de hino não oficial da Paraíba. PINHEIRO, A. Sol se põe embalado pelo Bolero de Ravel. Disponível em: D apresentar uma composição que antecipa o imaginário http://tools.folha.com.br. Acesso em: 16 set. 2012 (adaptado). artístico germânico. A interpretação musical de Jurandy do Sax, codinome E estimular discussões sobre o papel da arte na construção coletiva de cultura. de José Jurandy Félix, apresenta um repertório caracterizado pela QUESTÃO 34 A inter-relação de referenciais estéticos aparentemente TEXTO I distanciados. B valorização de músicas que revelam mensagens Logo no início de Gira, um grupo de sete bailarinas de serenidade. ocupa o centro da cena. Mãos cruzadas sobre a lateral C consagração do repertório erudito como cultura esquerda do quadril, olhos fechados, troncos que pendulam dominante. sobre si mesmos em vaguíssimas órbitas, tudo nelas sugere o transe. Está estabelecido o caráter volátil do que D iniciativa de estímulo à vocação turística da cidade. se passará no palco dali para frente. Mas engana-se quem E divisão hierárquica entre gêneros e estilos musicais. pensa que vai assistir a uma representação mimética dos QUESTÃO 33 cultos afro-brasileiros. TEXTO I TEXTO II Disponível em: www.grupocorpo.com.br. Acesso em: 2 jul. 2019. SEGALL, L. Eternos caminhantes. Óleo sobre tela, 138 x 184 cm. Museu Lasar Segall, IbramMinc, São Paulo, 1919. No diálogo que estabelece com religiões afro-brasileiras, TEXTO II sintetizado na descrição e na imagem do espetáculo, a dança exprime uma Em 1933, a obra Eternos caminhantes ingressou A crítica aos movimentos padronizados do balé clássico. em uma das primeiras edições das exposições de Arte Degenerada, promovida por membros do partido nazista B representação contemporânea de rituais ancestrais alemão. Nos anos seguintes, ela voltaria a ser exibida na extintos. mostra denominada Exposição da Vergonha, promovida C reelaboração estética erudita de práticas religiosas por pequenos grupos abastados. Em 1937, essa obra foi populares. confiscada pelo Ministério da Propaganda daquele país, na D releitura irônica da atmosfera mística presente no culto grande ação nacional-socialista contra a “Arte Degenerada”. a entidades. SCHWARTZ, J. Perseguição à Arte Moderna em tempos de E oposição entre o resgate de tradições e a efemeridade guerra. São Paulo: Museu Lasar Segall, 2018 (adaptado). da vida humana. –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– 15 *010175AZ16* QUESTÃO 35 QUESTÃO 37 A indústria do esporte eletrônico é um mercado que O uso das redes sociais como forma de ampliar está crescendo em um ritmo mais rápido do que a economia universos foi uma descoberta recente para o artista Wolney mundial. Sua popularidade cresceu muito e no Brasil não é Fernandes, que começou a criar quando o ambiente em diferente. De acordo com os dados de uma pesquisa, mais de Goiás era mais árido em relação às artes visuais. “Hoje, ser 64% dos brasileiros que jogam videogame já ouviram falar de diferente é uma potência e quem sabe o que quer com esporte eletrônico. No entanto, o que chama a atenção é o a própria arte encontra espaço”, diz. As colagens artísticas crescimento superior a 10% do público praticante comparado do goiano aparecem em capas de obras literárias pelo ao ano anterior, que subiu de 44,7% para 55,4%. Trata-se Brasil e exterior. de um percentual expressivo, já que o Brasil está no top 3 Disponível em: https://opopular.com.br. Acesso em: 15 nov. 2021 (adaptado). dentre os países que têm maior número de espectadores de esporte eletrônico do mundo. Comparado ao ano anterior, O artista goiano Wolney Fernandes busca expor seu em 2020, o Brasil teve um marco de crescimento de 20% trabalho por meio de plataformas virtuais com o objetivo de na audiência. Mundo afora, a árdua dedicação de grandes A dar suporte à técnica de colagem em Artes Visuais, gamers contribuiu para o reconhecimento do Comitê Olímpico contornando dificuldades práticas. Internacional, aliado a outras cinco federações esportivas B aproximar-se da estética visual própria da editoração e suas desenvolvedoras de jogos, que direcionaram um de obras artísticas, como capas de livros. olhar mais atento ao assunto, permitindo dar o primeiro C oferecer uma vitrine internacional para sua produção passo para concretizar, pela primeira vez na história dos artística, a fim de dar mais visibilidade a suas obras. jogos eletrônicos, um evento olímpico oficial. D enfatizar o caráter original e inovador de suas criações Disponível em: https://chicoterra.com. Acesso em: 19 nov. 2021 (adaptado). artísticas, diferenciando-se das artes tradicionais. O contexto em que o esporte eletrônico é apresentado no E trazer um sentido tecnológico às suas colagens, uma texto demonstra o(a) vez que as imagens artísticas são recorrentes nas redes sociais. A condição favorável à expansão dessa modalidade. B promoção dessa prática por jogadores profissionais. QUESTÃO 38 C impulsionamento de um processo de marketing. O mais antigo grupo de rap indígena do país, Brô MCs, D favorecimento de fabricantes dos jogos. surgiu em 2009, na aldeia Jaguapiru, em Dourados, Mato E modificação da audiência televisiva. Grosso do Sul. Os integrantes conheceram o rap pelo rádio, ouvindo um programa que apresentava cantores e grupos QUESTÃO 36 brasileiros desse gênero musical. O Brô MCs conseguiu O Marabaixo é uma expressão artístico-cultural influenciar outros a fazerem rap e a lutarem pelas causas formada nas tradições e na identificação cultural entre as indígenas. Um dos nomes do movimento, Kunumí MC, comunidades negras do Amapá. O nome remonta às mortes é um jovem de 16 anos, da aldeia Krukutu, em São Paulo. de escravizados em navios negreiros que eram jogados na O adolescente enxerga o rap como uma cultura da defesa água. Em sua homenagem, hinos de lamento eram cantados e começou a fazer rimas quando percebeu que a poesia, mar abaixo, mar acima. Posteriormente, o Marabaixo se pela qual sempre se interessou, podia virar música. integrou à vivência das comunidades negras em um ciclo Nas letras que cria, inspiradas tanto pelo rap quanto pelos de danças, cantorias com tambores e festas religiosas, ritmos indígenas, tenta incluir sempre assuntos aos quais recebendo, em 2018, o título de Patrimônio Cultural do Brasil. acha importante dar voz, principalmente, a questão da Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: 15 nov. 2021 (adaptado). demarcação de terras. Disponível em: www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado). A manifestação do Marabaixo se constituiu em expressão de arte e cultura, exercendo função de O movimento rap dos povos originários do Brasil revela o(a) A ressignificar episódios dramáticos em novas práticas A fusão de manifestações ar tísticas urbanas culturais. contemporâneas com a cultura indígena. B adaptar coreografias como imitação dos movimentos B contraposição das temáticas socioambientais do mar. indígenas às questões urbanas. C lembrar dos mortos no passado escravista como forma C rejeição da indústria radiofônica às músicas indígenas. de lamento. D distanciamento da realidade social indígena. D perpetuar uma narrativa de apagamento dos fatos E estímulo ao estudo da poesia indígena. históricos traumáticos. E ritualizar a passagem de atos fúnebres nas produções coletivas com espírito festivo. 16 –LC 1º DIA CADERNO 1 AZUL– *010175AZ17* QUESTÃO 39 QUESTÃO 41 A petição on-line criada por um cidadão paulista “Ganhei 25 medalhas em mundiais, sete em Jogos surtiu efeito: casado há três anos com seu companheiro, Olímpicos, e sou uma sobrevivente de abuso sexual.” ele pedia a alteração da definição de “casamento” no Foi assim que Simone Biles se apresentou ao comitê do tradicional dicionário Michaelis em português. Na definição Senado norte-americano que investiga as supostas falhas anterior, casamento aparecia como “união legítima entre do FBI no caso Larry Nassar. Biles e outras três atletas, homem e mulher” e “união legal entre homem e mulher, vítimas dos abusos do ex-médico da equipe de ginástica para constituir família”. feminina dos EUA, exigiram que os agentes da investigação O novo verbete não traz em nenhum momento as sejam processados por falta de ação prévia contra Nassar, palavras homem ou mulher — agora a definição de agora preso. Biles esclareceu que culpa Larry Nassar casamento se refere a “pessoas”. e “todo o sistema que o permitiu e o perpetrou”, acusando Para o diretor de comunicação do site onde a petição foi a Federação de Ginástica e o Comitê Olímpico dos Estados publicada, a iniciativa mostra a “eficiência da mobilização”. Unidos de saberem “muito antes” que ela havia sofrido “Em dois dias, mudou-se uma definição que permanecia abusos. A melhor ginasta do mundo é um ícone. Nos Jogos a mesma há décadas”, afirma. E conclui: “A plataforma Olímpicos de Tóquio, uma lesão psicológica a impediu de serve para todos os tipos de causas, para as mudanças competir como previa. No entanto, ela chegou ao topo como que importam para as pessoas.”. SENRA, R. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 29 out. 2015. uma líder no trabalho de acabar com o preconceito com os problemas de saúde mental. “Não quero que nenhum A notícia trata da mudança ocorrida em um dicionário da outro atleta olímpico sofra o horror que eu e outras centenas língua portuguesa. Segundo o texto, essa mudança foi suportamos e continuamos suportando até hoje”, afirmou. impulsionada pela Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 31 out. 2021 (adaptado). A inclusão de informações no verbete. O fato relatado na notícia chama a atenção acerca da B relevância social da instituição casamento. necessidade de reflexão sobre a relação entre o esporte e C utilização pública da petição pelos cidadãos. A o desempenho atlético internacional. D rapidez na disseminação digital do verbete. B a dimensão emocional dos atletas. E divulgação de plataformas para a criação de petição. C os comitês olímpicos nacionais. D as instituições de inteligência. QUESTÃO 40 E as federações esportivas. A neozelandesa Laurel Hubbard fez história nos Jogos Olímpicos. Apesar de ter ficado de fora da disputa por QUESTÃO 42 medalhas, a levantadora de peso deixou sua marca na O acesso às Práticas Corporais/Atividades Físicas edição de Tóquio por ser a primeira mulher abertamente transgênero a participar de uma competição olímpica. (PC/AF) é desigual no Brasil, à semelhança de outros No início da carreira, na década de 1990, a neozelandesa indicadores sociais e de saúde. Em geral, PC/AF prazerosas, par ticipava de disputas na categoria masculina. diversificadas, mais afeitas ao período de lazer estão Em 2001, aos 23 anos, ela se afastou da atividade. concentradas nas populações mais abastadas. As atividades “A pressão de tentar me encaixar em um mundo que talvez físicas de deslocamento, trajetos a pé ou de bicicleta para não tenha sido feito para pessoas como eu se tornou um fardo muito grande para suportar.” Em 2012, Laurel começou estudar ou trabalhar, por exemplo, são mais frequentes sua transição de gênero por meio de terapias hormonais e, na classe social menos favorecida. Aqui, há uma relação em 2013, declarou abertamente ser uma mulher trans. Para inversa e perversa