Resumo de Histologia - Medicina - UPF - Agosto de 2024 PDF
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Universitat Pompeu Fabra
2024
Solange Dieterich
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Summary
Este documento é um resumo das aulas 1 e 2 de Histologia da professora Solange Dieterich, no UPF, de Agosto de 2024. O texto cobre tópicos como a preparação de tecidos para estudo histológico, corantes, componentes e artefatos. Inclui também informações sobre os principais tecidos animais, estruturas celulares e o citoesqueleto.
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Histologia – Medicina - Introdução – Aulas 1e 2 – RESUMO / UPF – professora Solange Dieterich / agosto 2024 1. Preparação de Tecidos para Estudo Histológico. (a) fixação – processo realizado imediatamente após uma biópsia com o objetivo de preservação da estrutura para estudo histológico; o fixador...
Histologia – Medicina - Introdução – Aulas 1e 2 – RESUMO / UPF – professora Solange Dieterich / agosto 2024 1. Preparação de Tecidos para Estudo Histológico. (a) fixação – processo realizado imediatamente após uma biópsia com o objetivo de preservação da estrutura para estudo histológico; o fixador mais usado é uma solução aquosa de formaldeído a 37%, que interrompe o metabolismo celular, evita a autólise, mata microrganismos patogênicos e endurece o tecido; (b) inclusão – a peça já fixada é, rotineiramente, incluída em parafina, a fim de se obter um “bloco parafinado” para que a peça possa ser cortada (com um micrótomo) em cortes muito delgados (4 a 6 μm); (c) coloração do corte em lâmina – a coloração do corte permite o exame da peça com maior precisão. 2. Coloração com hematoxilina-eosina. Inicialmente, o tecido é corado com hematoxilina dissolvida em água. Após desidratação da peça já corada com a hematoxilina, realiza-se a coloração com eosina dissolvida em álcool. Os elementos teciduais que apresentam basofilia, coram-se com a hematoxilina. A hematoxilina é um mordente (corante que não é básico mas comporta-se como se fosse). Os corantes básicos (e a hematoxilina), apresentam carga positiva na superfície do pigmento do corante. Desta forma, os corantes básicos ligam-se a grupos químicos negativos (PO43- e SO42-), encontrados especialmente nos ácidos nucleicos (DNA e RNA) e em polissacarídeos; assim, estas estruturas teciduais coram-se em tons de roxo ou azul escuro. Os elementos teciduais que apresentam acidofilia têm afinidade pelos corantes ácidos, que têm carga negativa na superfície do pigmento do corante; desta forma, substâncias como as proteínas, com grupos químicos positivos (ex.: NH3+), coram-se em vermelho ou rosado. 3. Componentes conservados (retidos) nos cortes de tecidos após fixação com formaldeído e coloração com hematoxilina-eosina: ácidos nucleicos, complexos proteicos e alguns fosfolipídios. Componentes perdidos: pequenos ácidos nucleicos (RNAt) e pequenas proteínas, lipídios neutros de armazenamento, como os triglicerídios (dissolvidos por solventes orgânicos), carboidratos de grande peso molecular, como o glicogênio e os glicosaminoglicanos (perdidos durante a fixação com formaldeído). 4. Metacromasia. A metacromasia é o efeito resultante da mudança no espectro de absorção de corantes básicos que se ligam a polímeros poliânions (SO3- e PO43-); quando corados com uma solução concentrada de corante básico (ex.: azul de toluidina), as moléculas de corante ficam muito próximas e formam agregados diméricos e poliméricos, que absorvem em comprimento de onda inferior, aparecendo como agregados metacromáticos vermelhos. 5. Artefatos. Representam erro no processamento dos tecidos; podem ser gerados em todos os estágios de processamento da amostra de tecido. O que se observa ao microscópio é o resultado final de uma série de processos que começam com a fixação e terminam com a coloração do corte. Uma causa de distorção é a retração produzida pelo fixador, pelo etanol ou pelo calor da parafina usada para inclusão (pode ser atenuada pela inclusão em resina). A retração pode ser observada pelo aparecimento de espaços artificiais nas células e entre as células e outros componentes de tecido. Outra fonte de espaços artificiais é a perda de moléculas que não foram mantidas corretamente nos tecidos durante a as etapas de desidratação e clareamento (ex.: glicogênio e lipídios). 6. Principais Tecidos Animais: tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso. Algumas estruturas celulares: (a) matriz citoplasmática: espaço entre as organelas, de consistência variável entre um sol e um gel aquoso, com íons (ex.: Na+, K+, Ca2+) e moléculas orgânicas (metabólitos intermediários, carboidratos, lipídios, proteínas, aminoácidos, vitaminas e ácido ribonucleico); (b) citoesqueleto: é representado por uma rede de proteínas estruturais (microfilamentos, filamentos intermediários e microtúbulos). Funções do citoesqueleto: manutenção da arquitetura celular, adesão intercelular, facilitação da motilidade celular, transporte de componentes celulares pelo citosol, subdivisão do citosol em áreas funcionalmente distintas. 7. Proteínas do citoesqueleto: (a) microfilamentos de actina – constituídos de monômeros de actina organizados em dímeros que formam os microfilamentos de actina. Os microfilamentos de actina são importantes na composição do córtex celular, na sustentação dos microvilos, na adesão intercelular e na contração celular. As proteínas filamina, espectrina, α-actinina, vinculina e catenina atruam conjuntamente com os filamentos de actina. O córtex celular é uma trama tridimensional flexível formada por microfilamentos de actina e proteínas de associação (ex.: filamina e espectrina) e forma uma camada adjacente à superfície citosólica da membrana plasmática. 8. Proteínas do citoesqueleto: (b) filamentos intermediários – são estruturas tecido-específicas que se formam continuamente e apresentam um domínio em forma de bastonete, central e variável, e domínios globulares rigorosamente conservados em ambas as extremidades. Exemplos de filamentos intermediários: citoqueratinas (nos epitélios); desmina (nos músculos); proteína ácida fibrilar glial (GFAP) (nos astrócitos); proteínas dos neurofilamentos (nos neurônios); lâminas nucleares (no núcleo de todas as células) e vimentina (em células de origem mesenquimal). Além de participarem da sustentação celular, os filamentos intermediários participam da resposta agressomal; nesta condição, em células danificadas, os filamentos intermediários reúnem o material celular danificado em torno do centrossomo, para facilitar a remoção dos mesmos por autodigestão e permitir a recuperação celular. 9. Proteínas do citoesqueleto: (c) microtúbulos – estruturas presentes em todas as células (exceto nas hemácias); auxiliam na manutenção do posicionamento de organelas e direcionam movimentos no transporte intracelular; microtúbulos são tubos com 13 protofilamentos (protofilamentos são formados por heterodímeros de tubulina α e tubulina β). Os microtúbulos crescem (se formam) a partir de centros organizadores de microtúbulos (COMTs). Microtúbulos são a base de sustentação dos centríolos (padrão 9 x 3), dos cílios (padrão 9 x 2 + 2) e dos corpúsculos basais dos cílios (padrão 9 x 3). (ver imagens) 10. Centríolo (padrão 9 x 3). Um centríolo consiste em um feixe cilíndrico com 27 microtúbulos. Os centríolos existem em pares, organizados em ângulo reto entre si. Os centríolos se localizam nos COMTs (centros organizadores de microtúbulos). O centro organizador de microtúbulos também é conhecido como “centrossomo” ou “centro celular”. Os microtúbulos são estabilizados, na sua origem, por “proteínas associadas a microtúbulos” (MAPs ou PAMs). Os centríolos participam: (a) da organização da rede de microtúbulos citoplasmáticos tanto em células normais como em divisão, (b) da estruturação dos cílios móveis e (c) da reorganização celular durante a resposta agressomal. Epitélios de Revestimento 11. Histogênese dos Epitélios de Revestimento. Os epitélios de revestimento tem origem nos três folhetos embrionários (endoderme, mesoderme e ectoderme). Da endoderme tem origem os epitélios de revestimento dos tratos respiratório e gastrintestinal e também o fígado e o pâncreas. Da mesoderme são originados os epitélios do endotélio do sistema circulatório, do mesotélio das serosas (revestimento das cavidades corporais), dos túbulos renais e do sistema genital. Da ectoderme são originados os epitélios que recobrem a pele (epiderme), os olhos (córnea), as mucosas nasal e bucal e ainda o revestimento de glândulas da pele e glândulas mamárias. 12. Características gerais dos epitélios. Os epitélios recobrem as superfícies corporais e revestem as cavidades corporais internas. As cavidades corporais podem ser fechadas (sistema circulatório) ou abertas, que se comunicam com o exterior (sistemas respiratório, digestório, genital e urinário). Os epitélios também formam a porção secretora (parênquima) das glândulas e seus ductos. O epitélio é um tecido avascular, porém inervado. A nutrição dos epitélios depende dos vasos sanguíneos localizados abaixo dos epitélios (tecido conjuntivo). Os epitélios podem também funcionar como receptores para sensações especiais (olfato, paladar, audição e visão). 13. Características principais das células epiteliais. As células dos epitélios (de revestimento ou de cobertura) estão intimamente apostas e aderem umas às outras por meio de moléculas de adesão intercelulares específicas, que formam junções celulares especializadas. As células epiteliais também exibem polaridade funcional e morfológica associada a diferentes domínios celulares (domínio de superfície livre ou apical, domínio lateral e domínio basal). A superfície basal está fixada à uma lâmina ou membrana basal (camada acelular, rica em proteínas e polissacarídeos). 14. Tecidos epitelioides. São tecidos com características de epitélios, mas que não tem superfície livre, nem conexão com a superfície. As células estão intimamente apostas umas às outras e apoiadas sobre uma membrana basal. Constituem agregados de células derivadas de células mesenquimatosas progenitoras (células indiferenciadas de origem embrionária, encontradas no tecido conjuntivo). A organização epitelioide é típica da maioria das glândulas endócrinas (ex.: células intersticiais de Leydig nos testículos; células luteínicas do ovário; células das ilhotas de Langerhans no pâncreas; células das glândulas suprarrenais e da adeno-hipófise; células reticuloepiteliais do timo). 15. Classificação dos epitélios de revestimento. A classificação dos epitélios de revestimento é descritiva e tem como base o número de camadas celulares e o formato das células superficiais (células pavimentosas, cúbicas e colunares). A terminologia reflete a estrutura, e não a função do epitélio. Por estas características a classificação dos epitélios de revestimento é feita em 4 grupos: (1) Epitélios Simples; (2) Epitélios Estratificados; (3) Epitélios Pseudoestratificados (especialização do simples); (4) Epitélios De Transição (estratificado ou pseudoestratificado – em estudos). 16. Exemplos de epitélios. (1) Epitélios simples pavimentosos: endotélio dos vasos e mesotélio das serosas; (2) Epitélios simples cúbicos: superfície do ovário e túbulos renais; (3) Epitélios simples colunares: estômago, intestino delgado e vesícula biliar; (4) Epitélios pseudoestratificados: traqueia e epidídimo; (5) Epitélios estratificados pavimentosos: epiderme e esôfago; (6) Epitélios estratificados cúbicos: ductos de glândulas sudoríparas e de glândulas salivares; (7) Epitélios estratificados colunares: grandes ductos de glândulas salivares e junção anorretal; (8) Epitélios de Transição: urotélio. 17. Queratinócitos e Não-queratinócitos. As células de epitélios estratificados pavimentosos (queratinizados ou não) são denominadas “queratinócitos”. Qualquer outra célula, permanente ou transitória, encontrada entre os queratinócitos são denominadas não-queratinócitos. As células epiteliais “queratinócitos” apresentam filamentos de citoqueratina e estão todas interligadas entre si por desmossomos. As células “não-queratinócitos” representam uma variedade de tipos celulares (melanócitos, com grânulos de melanina; células de Langerhans, com grânulos de Birbeck e que apresentam ação imunológica; células de Merkel, associadas a fibras nervosas e, portanto, com atividade sensorial e células inflamatórias, como linfócitos e plasmócitos). Muitos não-queratinócitos aparecem como “células claras” (apresentam um halo claro ao redor do núcleo, uma vez que o citoplasma destas células se retrai durante a preparação das peças para estudo histológico). As células de Merckel não apresentam halo claro, devido a apresentarem desmossomos que as fixam às células próximas, de forma a não sofrerem retração. 18. Especializações da Superfície Apical: (a) microvilosidades: representam projeções celulares sustentadas por um eixo de actina, ancorado na trama terminal. As microvilosidades apresentam movimentos passivos devido a contrações da trama terminal; a principal função das microvilosidades é aumentar a atividade absortiva das células. As microvilosidades formam uma borda estriada na superfície livre do epitélio (no intestino, de origem endodérmica) ou uma borda em escova (nos túbulos , de origem mesodérmica), quando observadas ao microscópio óptico. 19. Especializações da Superfície Apical: (b) cílios e flagelos: são estruturas de superfície sustentadas por microtúbulos. Todos os cílios apresentam corpúsculos basais, que dão origem à estrutura ciliar. Cílios móveis (traqueia, brônquios e tuba uterina) apresentam movimento ativo rápido para frente; o padrão de microtúbulos é do tipo 9 x 2 + 2 (ver imagem). Os cílios móveis transportam material na superfície dos epitélios. Cílios longos e únicos (flagelos) participam da movimentação dos espermatozoides. Cílios primários, encontrados, por exemplo, em alguns túbulos renais, especialmente nos túbulos contorcdos proximais. O padrão de microtúbulos nos cílios primários é 9 x 2 + 0; estes cílios atuam como sensores do fluxo de líquido tubular; a deflexão do cílio primário abre canais de Ca2+ do mecanorreceptor; os canais são formados pelas proteínas policistina-1 e policistina-2. Por fim, há os cílios nodais, que são encontrados no embrião; apresentam movimento ativo rotacional e padrão de microtúbulos 9 x 2 + 0. Os cílios nodais são responsáveis pelo desenvolvimento da assimetria direita-esquerda dos órgãos no embrião. 20. Especializações da Superfície Apical: (c) estereocílios: são também conhecidos como estereovilosidades, uma vez que a estrutura de sustentação dos estereocílios é a mesma das microvilosidades, ou seja, microfilamentos de actina. Os estereocílios são microvilosidades diferenciadas (longas e com pontes citoplasmáticas de alfa-actinina). Os estereocílios apresentam movimento passivo, decorrente de fluxo de líquidos. No epidídimo tem função absortiva e nas células pilosas da orelha interna, tem função mecanorreceptora. 21. Especializações da Superfície Lateral. As especializações encontradas nas membranas laterais das células epiteliais são classificadas em 3 categorias: Junções de Oclusão (zônula de oclusão), Junções de Aderência (zônula de adesão e desmossomos) e Junções Comunicantes (junções GAP ou nexos). A palavra “zônula” indica a existência de um “cinturão” em torno da célula. 22. Junções de Oclusão. As junções de oclusão formam o componente mais apical da superfície lateral das células epiteliais, em forma de zônula contínua. As junções de oclusão são constituídas por fusões focais intercelulares e são consideradas junções impermeáveis. As zônulas de oclusão dificultam a entrada ou saída de moléculas diversas e água pelos espaços intercelulares. Para isso, são constituídas por diversas proteínas transmembrana como, por exemplo: ocludinas, claudinas e JAM (molécula de adesão juncional). 23. Junções de aderência (zônula de adesão). A zônula de adesão é uma das estruturas da superfície lateral das células epiteliais. Junto com os desmossomos constituem as denominadas “Junções de aderência”. A zônula de adesão é geralmente encontrada logo abaixo da zônula de oclusão. A zônula de adesão interage com a rede de actina intracelular, tendo as caderinas e as nectinas interagindo no meio extracelular. As caderinas são moléculas de adesão celular homotípicas. As moléculas de Adesão Celular (CAM) incluem: (1) Ligações homotípicas: caderinas e superfamília das imunoglobulinas – SFIg e (2) Ligações heterotípicas: selectinas e integrinas. 24. Junções de aderência (desmossomos). Estruturas que formam um “ziper de caderinas” entre células epiteliais. A adesão celular é mediada por proteínas integrais transmembranares (desmogleínas e desmocolinas), que são membros da família das caderinas (CAM). Na superfície interna das membranas celulares, há placas de adesão em formato de disco (áreas elétron-densas), nas quais os filamentos intracelulares se encontram inseridos, especialmente os filamentos intermediários (citoqueratinas ou tonofilamentos, no caso de células epidérmicas). 25. Junções Comunicantes (GAP). Geralmente as junções comunicantes estão localizadas mais próximas do domínio basal das células epitelias de revestimento. As junções comunicantes são constituídas por proteínas denominadas conexinas que, em conjunto, formam os “conexons”, que se comportam como poros por meio dos quais pequenas partículas (ex.: íons) podem passar de uma célula à outra, e vice-versa. Este tipo de junção, além de equilibrar íons e pequenas moléculas entre células vizinhas, para que atuem em “sintonia”, também contribui para a fixação das células entre si. 26. Especializações da Superfície Basal. São dois os principais tipos de especializações basais nas células epiteliais, com o objetivo principal de fixar o epitélio à uma estrutura de sustentação: (1) Hemidesmossomos (estruturas semelhantes aos desmossomos), que fixam a célula epitelial diretamente à lâmina basal, por meio de proteínas do tipo integrina e colágeno tipo XVII. Internamente, os hemidesmossomos fixam filamentos intermediários do citoesqueleto, desta forma fixando-os também à lâmina basal. (2) Adesões Focais (estruturas que fixam a célula epitelial à lâmina basal e também fixam os microfilamentos intracelulares de actina). 27. Lâmina Basal: estrutura de sustentação dos epitélios, à qual estão associadas as especializações da superfície basal dos epitélios (hemidesmossomos e adesões focais). A lâmina basal é uma estrutura acelular constituída por uma lâmina lúcida e uma lâmina densa). A lâmina basal é formada por porções extracelulares das CAM, receptores de fibronectina e laminina, glicoproteínas (laminina e entactina), proteoglicanos (perlecan), colágeno tipo IV e colágeno tipo VII. A lâmina basal, em alguns casos, é diferenciada e recebe a denominação de “membrana basal”. A membrana basal é formada: (a) por duas lâminas basais associadas ou (b) por uma lâmina basal + uma lâmina reticular. A membrana basal é mais espessa e mais resistente do que a lâmina basal; assim, as membranas basais são encontradas geralmente abaixo de epitélios que sofrem maiores tensões. 28. Unidades Funcionais em Superfícies. Os epitélios que revestem cavidades internas em contato com a superfície externa, como o revestimento dos tratos digestorio, respiratório e genitourinário são denominadas “Membranas Mucosas”. O revestimento das cavidades peritonial, pericárdica e pleural, sem contato com o meio externo, são denominadas “Membranas Serosas”. O epitélio de revestimento das membranas serosas é denominado mesotélio”. 29. Alteração epitelial adaptativa – Metaplasia. A estrutura metaplásica não é uma condição normal dos tecidos. A metaplasia epitelial, por exemplo, refere-se à conversão reversível de um tipo de célula epitelial madura em outro tipo de célula epitelial madura. A metaplasia geralmente é uma resposta adaptativa ao estresse, à inflamação crônica ou a outros estímulos anormais. As células originais são substituídas por células mais adequadas ao novo ambiente e mais resistentes aos efeitos dos estímulos anormais. A metaplasia resulta da reprogramação das células-tronco (epiteliais, mais frequentemente) que modifica os padrões de sua expressão gênica. Epitélios Glandulares 30. Origem das glândulas. A maioria das glândulas se origina de um epitélio de revestimento. Células epiteliais proliferam e penetram no tecido conjuntivo. Se mantiverem contato com o epitélio de origem, formam-se glândulas exócrinas, e se o contato for desfeito, formam-se glândulas endócrinas (ver imagem). As que mantêm contato com a superfície são denominadas glândulas exócrinas e liberam seu produto na superfície epitelial por meio de ductos. Adenômero é o nome que designa a unidade de secreção das glândulas exócrinas, formada por ácinos ou túbulos secretores e os ductos associados (ver imagem). As glândulas que se separam do epitélio de origem tornam-se glândulas endócrinas e seu produto é lançado diretamente em vasos sanguíneos que circundam as células secretoras. 31. Classificação geral das glândulas. As glândulas, primariamente, classificadas em: (a) glândulas exócrinas, que secretam seu produto em superfícies epiteliais); (b) glândulas endócrinas, que secretam seu produto diretamente na circulação sanguínea; (c) glândulas parácrinas, que secretam seu produto no tecido extraglandular da vizinhança, por onde alcançam células próximas por difusão tecidual e (d) glândulas autócrinas, que lançam seu produto no exterior das células para que atuem sobre receptores da própria célula que os secretou (autorregulação). 32. Classificação própria das glândulas endócrinas. As glândulas endócrinas são classificadas em dois grupos: (a) glândulas endócrinas cordonais, cujas céulas secretoras se organizam em grupos circundados diretamente por capilares sanguíneos, nos quais as células lançam seus produtos diretamente (ex.; paratireoides) e (b) glândulas endócrinas foliculares, cujas céulas secretoras se organizam em vesículas, onde seus produtos ficam armazenados para serem liberados para a circulação somente de acordo com sinais estimulantes/reguladores. 33. Classificação das glândulas exócrinas. As glândulas exócrinas podem ser classificadas de diversas maneiras. (1) Quanto ao número de células, em (a) glândulas unicelulares e (b) glândulas multicelulares. (2) Quanto à ramificação dos ductos e ao formato das unidades secretoras, em (a) glândulas simples e (b) compostas. (3) Quanto ao produto de secreção, em (a) glândulas de secreção serosa; (b) glândulas de secreção mucosa; (c) glândulas de secreção seromucosa e (d) glândulas de secreção lipídica. (4) Quanto ao modo de secreção, em (a) glândulas merócrinas, quando a secreção é feita por exocitose, sem perda de material celular, como as glândulas salivares; (b) glândulas apócrinas, quando a secreção é lançada juntamente com parte da célula secretora, como as glândulas sudoríparas e (c) glândulas holócrinas, quando a secreção é lançada juntamente com toda a célula secretora, como as glândulas sebáceas. 34. Glândulas de secreção mista. Há glândulas de secreção endócrina e exócrina, como por exemplo o fígado e o pâncreas. O fígado secreta substâncias produzidas em suas células (hepatócitos) diretamente em capilares sanguíneos do tipo sinusoides (secreção endócrina) e também em ductos biliares (secreção exócrina, liberada na vesícula biliar e, depois, no intestino delgado). O pâncreas apresenta um parênquima rico em ácinos serosos e ductos, para a secreção exócrina, lançada no intestino delgado, e células organizadas em “ilhotas de Langerhans”, que lançam seus produtos endócrinos (hormônios tipo insulina e glucagon), diretamente em capilares sanguíneos.