Sebenta de Anatomia – Articulações PDF
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2012
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This document is a chapter from a notebook about anatomy. It focuses on the pelvic girdle (bacia) and its various structures including the sacroiliac joint and the pubic symphysis, along with their ligaments and movements in the context of human anatomy.
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Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 6. ARTROLOGIA DA CINTURA PÉLVICA (BACIA OU PÉLVIS) A bacia, também denominada de cintura pélvica ou pélvis, é constituída por um anel osteoarticular formado por três peças ósseas, o...
Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 6. ARTROLOGIA DA CINTURA PÉLVICA (BACIA OU PÉLVIS) A bacia, também denominada de cintura pélvica ou pélvis, é constituída por um anel osteoarticular formado por três peças ósseas, os dois ossos ilíacos ou coxais e o sacro, bem como pelas ligações entre eles através de três articulações, duas articulações sacro-ilíacas, atrás, e a sínfise púbica, à frente (Figura 150). Figura 150 - Vista ântero-superior da cintura pélvica A cintura pélvica constitui a base do tronco, suporta a cavidade abdominal e faz a ligação com o membro inferior. 213 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 A bacia apresenta uma morfologia diferente segundo o género sexual, designando-se estas diferenças de dismorfismo sexual: a bacia da mulher é mais larga e menos alta do que a do homem. Esta diferença das dimensões está relacionada com a gravidez na mulher para possibilitar uma compatibilidade feto-pélvica. As articulações da cintura pélvica desempenham um papel importante na estática do tronco, sobretudo na posição erecta. Também são fundamentais para o mecanismo de parto, no final da gravidez. Estabelecem a comunicação funcional entre o membro inferior e a coluna vertebral. 6.1. Articulação sacro-ilíaca É a articulação que une o sacro ao osso ilíaco ou coxal. Classificação: Efipiartrose ou diartrodia. Alguns autores não a classificam com uma articulação sinovial, sendo que a sua classificação não é consensual e gera muita polémica. Superfícies articulares: Ilíaco A superfície articular é constituída pela face auricular do ilíaco existente na região póstero-inferior da face medial deste osso. A sua superfície apresenta uma forma de meia-lua e é irregular, com depressões e saliências (Figura 151). 214 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Sacro Em cada uma das faces laterais do sacro, na sua região mais superior, existe uma superfície articular denominada de face auricular do sacro. É uma superfície irregular e com o relevo inverso à face auricular do ilíaco (Figura 151). Ambas as superfícies articulares são revestidas por cartilagem hialina com grande espessura e que se adaptam perfeitamente entre si. Figura 151 - Vista lateral das faces auriculares do ilíaco e do sacro e vista superior do relevo das superfícies articulares da articulação sacro-ilíaca em diferentes níveis Meios de união: Cápsula articular: com inserção na periferia das cartilagens das superfícies articulares. É reforçada por vários ligamentos capsulares. 215 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Ligamentos: Ligamento sacro-ilíaco anterior – vai da asa do sacro e da região lateral da face anterior do sacro para a porção posterior da fossa ilíaca, junto à face auricular do ilíaco. Tem como função limitar o movimento de nutação do sacro, pelo que denomina de freio da nutação (Figura 152). Figura 152 - Vista anterior da articulação sacro-ilíaca e dos seus ligamentos Ligamento sacro-ilíaco posterior – é constituído por vários feixes que se encontram em três planos ligamentares diferentes. Limitam o movimento de contra-nutação do sacro, daí a sua designação como freios da contra-nutação. 216 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Plano superficial − Ligamentos ílio-articulares – vários feixes ligamentares que vão da região póstero-inferior da tuberosidade ilíaca e da região vizinha da espinha ilíaca póstero-superior para os tubérculos da crista sagrada medial [tubérculos sagrados póstero-internos do sacro] (Figura 153). Figura 153 - Vista posterior da articulação sacro-ilíaca e dos seus ligamentos do plano superficial Plano intermédio Neste plano constam cinco ligamentos que unem a tuberosidade ilíaca e a crista ilíaca aos tubérculos da crista sagrada lateral. Correspondem ao 217 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 ligamento ílio-transverso sacral e aos ligamentos ílio-transversos conjugados (Figura 154): − Ligamento ílio-transverso sacral – insere-se na porção posterior da crista ilíaca e na região superior do primeiro processo transverso do sacro. − Ligamento ílio-transverso conjugado primeiro – insere-se na porção posterior da crista ilíaca e vai para o primeiro tubérculo da crista sagrada lateral. − Ligamento ílio-transverso conjugado segundo – insere-se na porção posterior da crista ilíaca e região vizinha da espinha ilíaca póstero- superior e dirige-se para o segundo tubérculo da crista sagrada lateral. − Ligamentos ílio-transversos conjugados terceiro e quarto – vão da espinha ilíaca póstero-superior para o terceiro e quarto tubérculos da crista sagrada lateral, respectivamente. Plano profundo − Ligamento sacro-ilíaco interósseo – vai da tuberosidade ilíaca para a tuberosidade sacral [fossetas crivadas do sacro] (Figura 155). 218 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Figura 154 - Vista posterior da articulação sacro-ilíaca e dos seus ligamentos do plano intermédio Figura 155 - Vistas superior e posterior da articulação sacro-ilíaca e dos seus ligamentos do plano profundo 219 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Também existem ligamentos que estabilizam esta articulação à distância e são designados como ligamentos acessórios, pois de acordo com a sua localização não se encontram a unir directamente as superfícies articulares. Ligamento ílio-lombar – é constituído por dois feixes que ligam os processos transversos da quarta e quinta vértebras lombares à crista ilíaca (Figura 152, Figura 153 e Figura 154). − feixe inferior: vai do vértice do processo transverso da quinta vértebra lombar para a parte mais posterior da crista ilíaca. − feixe superior: vai do vértice do processo transverso da quarta vértebra lombar para a crista ilíaca. Com menos importância, insere-se lateralmente ao feixe inferior. Ligamento sacro-tuberal [grande ligamento sacro-ciático] – vai da espinha ilíaca póstero-superior e da espinha ilíaca póstero-inferior, da incisura inominada, da porção adjacente da face glútea do ilíaco, da porção posterior da crista ilíaca e da incisura isquiática maior – dirigindo-se para as margens laterais do sacro e das duas primeiras vértebras coccígeas – e depois para a porção póstero-medial da tuberosidade isquiática e aponevrose do músculo obturador interno. Este ligamento limita a nutação pelo que também é um freio da nutação (Figura 152, Figura 153, Figura 156 e Figura 157). Ligamento sacro-espinhal [pequeno ligamento sacro-ciático] – encontra-se anteriormente em relação ao ligamento sacro-tuberal. Vai da margem lateral do sacro e das duas primeiras vértebras coccígeas para a espinha isquiática. Também é um freio da nutação (Figura 152, Figura 153, Figura 156 e Figura 157). 220 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 O ligamento sacro-tuberal e o ligamento sacro-espinhal formam dois orifícios, situados entre o ilíaco e as margens laterais do sacro e do cóccix (Figura 156 e Figura 157): − Forâmen isquiático maior – delimitado em cima e por fora pela incisura isquiática maior, por dentro pelo ligamento sacro-tuberal e em baixo pelo ligamento sacro-espinhal. Este orifício é atravessado pelo músculo piriforme e pelos vasos e nervos glúteos superiores e inferiores, e pelos nervos ciático e glúteo inferior. − Forâmen isquiático menor – limitado lateralmente pela incisura isquiática menor, em baixo e por dentro pelo ligamento sacro-tuberal e em cima pelo ligamento sacro-espinhal. Neste orifício passa o músculo obturador interno e os vasos e nervo pudendo internos. Figura 156 - Vista lateral do sacro e do ilíaco com os ligamentos e orifícios 221 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Membrana obturadora – é uma lâmina fibrosa que encerra o forâmen obturador quase na sua totalidade. Insere-se nas margens do forâmen obturador com a excepção da sua porção superior, onde fica livre, formando um canal osteofibrótico com o sulco obturador, o canal obturador (Figura 156 e Figura 157). No canal obturador passam os vasos e nervo obturadores. Figura 157 - Vista medial de corte sagital do sacro e do ilíaco com os ligamentos e orifícios Membrana sinovial Reveste interiormente a cápsula articular, de forma acidentada e apresentando inúmeras franjas. 222 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Movimentos: Os movimentos que ocorrem nesta articulação são de pequena amplitude entre as superfícies articulares do sacro e do ilíaco (Figura 158): − Nutação: movimento do sacro sobre o ilíaco em que a base do sacro se dirige para a frente e o vértice do sacro posterioriza − Contra-nutação: movimento do sacro sobre o ilíaco em que a base do sacro se dirige para trás e o vértice do sacro anterioriza Figura 158 - Movimentos da articulação sacro-ilíaca: nutação e contra-nutação 6.2. Sínfise púbica É a ligação entre os dois púbis, com a sua localização na região anterior da cintura pélvica (Figura 159). 223 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Classificação: Anfiartrose Superfícies articulares: As superfícies articulares são as faces sinfisiais existentes nas margens mediais de cada um dos púbis. Estas superfícies são revestidas por uma camada de cartilagem que nivela as irregularidades que o osso apresenta. Meios de União: Cápsula articular: Não tem cápsula articular. Ligamentos: Disco interpúbico – é um ligamento interósseo, com uma composição fibrocartilagínea, que ocupa o espaço entre as faces sinfisiais. Tem uma constituição semelhante ao disco intervertebral, com uma camada periférica mais fibrosa e a sua parte mais central pode apresentar uma cavidade. É mais desenvolvido anteriormente do que posteriormente (Figura 159). O disco interpúbico é reforçado por uma espécie de “coifa fibrosa periférica” que é constituída por quatro ligamentos: − ligamento anterior – é o mais desenvolvido e encontra-se situado na região anterior da sínfise púbica, inserindo-se nas faces anteriores dos púbis; − ligamento posterior – situado na região posterior da sínfise púbica, insere-se nas faces posteriores dos púbis; − ligamento superior – situado na região superior da sínfise púbica, insere-se nas margens superiores dos púbis; − ligamento inferior – situado na região inferior da sínfise púbica, insere- se nas margens inferiores dos púbis. 224 Sebenta de Anatomia – Articulações José Esteves & Raul Oliveira 2012 Figura 159 - Sínfise púbica e disco interpúbico Movimentos: É uma articulação muito pouco móvel apesar de apresentar movimentos de deslize em todos os sentidos. Funciona mecanicamente em conjugação com as articulações sacro-ilíacas. No final da gravidez, os ligamentos tornam-se mais laxos permitindo o movimento de abertura da sínfise púbica com o afastamento dos púbis. 225