RESUMOS ESPN Produtos Naturais PDF
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2023
Gabriela Gil
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These summaries cover the effectiveness and safety of natural products, exploring ethnobotany, ethnopharmacology, secondary metabolism, and medicinal plant use in therapy. The document provides an overview of various plant-derived compounds and their applications. It also highlights the importance of factors influencing the accumulation of metabolites.
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Eficácia e Segurança de Produtos Naturais RESUMOS Gabriela Gil 2023/24 Caros colegas, Uma vez que a matéria desta cadeira se encontrava repartida por diversos documentos, decidi compilar a informação mais importante de forma a...
Eficácia e Segurança de Produtos Naturais RESUMOS Gabriela Gil 2023/24 Caros colegas, Uma vez que a matéria desta cadeira se encontrava repartida por diversos documentos, decidi compilar a informação mais importante de forma a ser mais acessível. Fi-lo, também, porque foi uma cadeira que me cativou, não só pela matéria realmente interessante, como também pelas experiências que me foram proporcionadas. Espero que estes resumos facilitem o vosso estudo! Beijocas, Gabi Gil Aula nº 1: A Etnobotânica e a Etnofarmacologia como ferramentas para a descoberta de produtos de origem natural 1. Etnobotânica Estudos relativos ao uso de plantas pelos povos aborígenes ou primitivos. 2. Etnofarmacologia Inventariação das práticas tradicionais de preparação e uso de medicamentos à base de plantas para tratamentos das doenças que afetam as populações indígenas. Teve um grande papel na validação dos usos tradicionais e na procura de novos agentes terapêuticos. 3. Formulação galénica: como um medicamento é formulado Aula nº 3: Metabolismo Secundário 1. Aplicações comerciais dos metabolismo secundários - Corantes: -> antraquinonas (vermelho) -> flavonóides (amarelo) -> alcalóide (indigo) - Aromas - Fármacos: estima-se que 25% dos medicamentos são obtidos ou derivados de plantas - Venenos - Pesticidas e reguladores de crescimento - Alimentação No mercado, as principais espécies com relevância são: Citrus sinensis; Mentha arvensis; Eucalyptus globulus; Cymbopogon winterianus; Mentha x piperita; Citrus limon; Corymbia citriodora; Syzygium aromaticum; Juniperus virginiana; Litsea cubeba e Cymbopogon citratus. Na Europa são utilizadas 2000 plantas medicinais, sendo ⅔ destas espontâneas e os maiores produtores França, Espanha; Bulgária e Hungria. 2. Fatores que influenciam a acumulação de metabolitos secundários - Sazonalidade - Altitude - Saúde/doença - Idade As plantas podem produzir diferentes metabolitos perante condições diferentes. 3. Alcalóides Os alcalóides são substâncias nitrogenadas* de estrutura complexa, e de caráter geralmente básico, exceto no caso da colquicina e das bases xânticas. Têm, na sua maioria, origem vegetal, existindo alguns de origem animal e microbiana. São metabolitos muito ativos, normalmente tóxicos. Ocorrem na forma livre, de sal ou ligados a taninas e ácidos gordos. Existem alcalóides; pseudoalcalóides (ex. xantinas) e protoalcalóides. *o alcalóide tem sempre o N na sua estrutura química 3.1. Nicotina - atua no SNC através da libertação de neurotransmissores - causa aumento da PA, volume sistólico e ritmo cardíaco - altera a produção de estrogénios, causando a sensação de relaxamento (sistema neuromuscular) -> produzida nas folhas da planta tabaco para defesa Nicotiana tabaco 3.2. Colquicina - antimitótico: causa bloqueio da mitose na metafase, podendo ser cancerígena, pelo que é usada na floricultura para limitar o crescimento de flores muito “farfalhudas” - atividade anti-inflamatória - gera sensação de relaxamento - pode ser utilizada como tratamento para crises agudas de gota, com vigilância médica -> produzida nas sementes e bolbo da planta cólquico Colchicum autumnale Cólquico 3.3. Atropina - midriática: utilizada para observação oftalmológica - broncodilatadora: dilata as pupilas - vasoconstritora - anti-espasmódica: inibe a motilidade da musculatura intestinal, sendo utilizada em situação de cólicas gastrointestinais e biliares -> produzida nas folhas e flores da beladona Atropa belladona Beladona 3.4. Quinina - 1º medicamento eficaz para a cura da malária - causa perda de apetite, enfartamento e flatulência - é flavorizante da água tónica -> digestivo -> produzida nas cascas da planta quina Cinchona Quina 3.5. Morfina, codeína e papaverina - analgésico -> morfina (pode fazer hemissíntese*) - antitússico -> codeína (tmb analgésico) - espasmolítico e vasodilatador -> papaverina -> produzidos nas cápsulas da papoila-dormideira Papaver somniferum Papoila-dormideira a) morfina b) codeína c) papaverina *síntese química de uma molécula feita a partir de compostos naturais que já têm parte da molécula alvo. 3.6. Outros 4. Compostos fenólicos Os compostos fenólicos são substâncias não azotadas com pelo menos um anel de benzeno que, por sua vez, se liga a pelo menos um grupo hidroxilo. As principais classes de compostos fenólicos são: 4.1. Ácido Rosmarínico (ácido fenólico) - carminativa: favorece a eliminação de gases - colerética: aumenta e estimula a secreção de bílis - colagoga: estimula o fluxo biliar - hipocolesteromiante - anti-espasmódico - anti-inflamatório - anti-reumático - anti-séptico - tonificante - cicatrizante Rosmarinus officinalis -> produzido pelas folhas do alecrim Alecrim* * também apresenta outros compostos: flavonóides e óleo essencial 4.2. Taninos - propriedades adstringentes: boca áspera - antissépticas - fecha os poros da pele -> produzidos nas folhas da planta chá, entre outros (café, chocolate, vinho) Camellia sinensis Chá 4.3. Flavonóides - sedativo, antiespasmódico: trata insónia, ansiedade e nervosismo - antioxidante - ação venotrópica - anti-inflamatório - antitumoral - anti-hepatotóxica - antimicrobiana - antiviral - anti-alérgica - gastrointestinal - inibição enzimática - atividade estrogénica Passiflora incarnata Maracujá* -> produzidos nas partes aéreas do maracujá * também produz glicósidos, cianogénicos e óleo essencial 4.4. Antocianinas - atividade venotrópica: diminui a permeabilidade e aumenta a resistência dos capilares -> produzidas no extrato do fruto do mirtilo Vaccinium myrtillus Ruta graveolens e na arruda Mirtilo Arruda Nota: estão em tudo o que tiver cores berrantes 4.5. Linhanos - hepatoprotetora - antioxidante - anti-inflamatória - anti-alérgica - trata cirrose hepática, hepatite viral, alterações hepáticas consequentes de medicamentos Amanita e envenenamento pela Amanita (único antídoto) Silybum marianum -> produzidos nos frutos secos do cardo mariano Cardo mariano 5. Terpenos Os terpenos são derivados dos isoprenos e são classificados quanto ao nº de unidades de isopreno: - hemiterpenos (C5) - monoterpenos (C10) - sesquiterpenos (C15) - diterpenos (C20) - triterpenos (C30) São ainda divididos em 4 grupos: 1) Terpenos -> estruturas diferentes às dos óleos essenciais; moléculas mais pesadas 2) Saponinas -> triterpénicas e esteróides; sabonetes 3) Óleos essenciais -> monoterpenos e sesquiterpenos 4) Cardiotónicos -> derivados de isopreno do tipo esteróide; atuam no coração 5.1. Lactonas Sesquiterpénicas (terpenos) - sesquiterpenos diferentes dos que ocorrem nos óleos essenciais - antimalárico: tem artemisinina -> produzidas nas folhas da artemísia Artemisia annua Nota: em Portugal temos a Artemisia absinto (neurotóxica) Artemísia 5.2. Saponinas - formam espuma - tensoativos - detergentes - Glisenósidos: ginsenina - adaptogénio: para a fadiga -> produzidas nas raízes com 4-5 anos do ginseng-chinês Panax ginseng Nota: em Portugal temos saponárias Ginseng-chinês 5.3. Cardiotónicos - atividade sobre o coração: a) aumenta contratilidade cardíaca b) diminuição da excitabilidade, condutividade e ritmo -> produzido nas folhas da dedaleira Digitalis spp./Dedaleira 5.4. Óleos essenciais - mistura de compostos voláteis - moléculas pequenas e lipofílicas - podem existir em qualquer órgão da planta - não se podem sintetizar; obtêm-se por destilação Nota: O 1,8-cineol / eucaliptol pode ter efeitos relaxantes sobre o músculo liso das artérias pulmonares, contribuindo para a vasodilatação e ajudando a reduzir a pressão arterial pulmonar. 6. Produtos aromáticos obtidos das plantas 6.1. Óleo essencial MÉTODOS EXTRATIVOS Os óleos essenciais são obtidos por destilação ou expressão (p.ex.: cascas dos citrinos). A destilação pode ser realizada de três formas: água (hidrodestilação); água e vapor ou vapor. Como resultado da destilação temos: a) destilado b) óleo essencial c) hidrolato (p.ex.: água de rosas) No caso da rosa e do jasmim é realizado o processo de enfleurage, porém, o produto final não é um óleo essencial puro. Enfleurage MÉTODOS ANALÍTICOS a) Cromatografia gás-líquido de alta resolução b) Espectrometria de massa -determinação de índices de retenção -comparação com índices de compostos de referência -interpretação de espetros -comparação com espetros de compostos de referência APLICAÇÕES - Indústria alimentar e de bebidas: aromatizantes e conservantes - indústria de perfumes, saboaria e cosméticos - Agricultura: inseticidas; nematodicidas; pesticidas e fungicidas - Apicultura: protetor de colmeias contra pestes - Criação animal: alimentação e produção de leite - Indústria farmacêutica: corretivos de sabor e odor (orais); aromatizantes e interesse terapêutico 6.2. Concretos e absolutos - obtidos por um intermédio de um solvente orgânico (ex.: hexano, cloreto de metileno, …) - mistura de óleo essencial com outros componentes (ex.: pigmentos, ceras, resinas, esteróis,...) 7. Variabilidade química - influência de fatores a) Fisiológicos: tipo de órgão, tipo de estrutura secretora; ontogenia;... b) Ambientais e edáficos: clima (temperatura, humidade, luz); solo (nutrientes, água);... exemplo: a Mentha x piperita produz menos mentol e mais mentofuranos a altitudes elevadas, produzindo mais mentol e menos mentofuranos a altitudes menores. c) Genéticos: químiotipos ou variedades químicas; só acontece em plantas aromáticas. Aula nº 4: Plantas Medicinais como agentes terapêuticos 1. Formas de utilização de plantas medicinais na terapêutica Na terapêutica pode dar-se o uso direto dos constituintes da planta, assim como a utilização destes como material de base para a hemissíntese de medicamentos, a obtenção de derivados sintéticos do protótipo natural ou a síntese de um medicamento à base de plantas. Esta última pede certos requisitos. 1.1. Uso direto dos constituintes da planta - Morfina: analgésico; uso direto do metabolismo secundário da planta Papaver somniferum (pág. 3) - Digoxina / digitoxina: cardiotónico; da planta Digitalis spp. (pág.6) - Artemisinina: antimalárico; da planta Artemisia annua (pág. 6) - outros: 1.2. Material de base para a hemissíntese/semi-síntese de medicamentos Dá-se a transformação de um composto inativo num composto com atividade farmacológica ou melhora as características de um composto ativo, como a sua solubilidade, absorção e toxicidade. Exemplos: A molécula 10-desaceti-bacatina III é semelhante ao taxol, podendo ser transformada nesta molécula a partir da hemissíntese. Esta reação é particularmente importante, porque o taxol é utilizado no tratamento de cancros e apresenta uma elevada taxa ecológica: são necessárias 3000 árvores para a obtenção de 1Kg de taxol. 1.3. Obtenção de derivados sintéticos do protótipo natural Dá-se a síntese completa de um composto ativo, tendo como modelo um outro composto natural. 1.4. Medicamento à base de plantas Medicamentos cujas substâncias ativas são, obrigatoriamente, derivadas de plantas, preparações à base de plantas ou uma associação das duas anteriores. Devem demonstrar o cumprimento das exigências de qualidade; segurança e eficácia. a) substâncias derivadas de plantas: planta completa ou fragmentos desta; algas, fungos ou líquenes secos, frescos ou exsudados, mas não transformados Nota: isto não inclui metabolitos secundários b) preparações à base de plantas: obtidas após tratamentos - extração; destilação; expressão; fracionamento; purificação; fermentação; infusões p. e.: óleos essenciais Nota: podem ser processados MEDICAMENTOS TRADICIONAIS À BASE DE PLANTAS (subgrupo) 1. medicamentos à base de plantas que se são concebidos para ser utilizados sem a vigilância de um médico (diagnóstico; prescrição ou tratamento) 2. devem ser administrados de acordo com a dosagem e posologia especificadas 3. podem ser tomados por vias oral, externa ou inalatória 4. têm uma longa tradição de utilização 5. são comprovadamente não nocivos nas condições especificadas 6. demonstram efeitos farmacológicos ou de eficácia plausível, tendo em conta a utilização tradicional 2. Interações planta-medicamento Perante a presença de diversas espécies químicas com ações distintas como constituintes das plantas e medicamentos, é necessária uma especial atenção à interação entre estas e evitar a POLIMEDICAÇÃO, estando esta associada a certos níveis de toxicidade. Estas interações planta-medicamento podem ser farmacodinâmicas ou farmacocinéticas. 2.1. Interações farmacodinâmicas Quando um fármaco modifica a sensibilidade/resposta dos tecidos a outro fármaco, por terem o mesmo efeito (agonista) ou efeito bloqueador (antagonista). Estes efeitos dão-se geralmente a nível do recetor. 2.2. Interações farmacocinéticas Quando um fármaco modifica a absorção, distribuição, ligação às proteínas, biotransformação ou excreção de outro fármaco, tendo como resultado: - alteração da quantidade de fármaco disponível - alteração da magnitude e duração do efeito (o efeito em si não é alterado!) 2.3. Como minimizar as interações? (aula nº 5) 3. Plantas medicinais - formas comerciais 3.1. Suplementos alimentares* Têm o objetivo de manter, apoiar ou otimizar os processos fisiológicos normais (manutenção homeostasia do organismo), sem alterar ou bloquear essas funções. Não pode alegar propriedades de prevenção, tratamento ou cura de doenças humanas e seus sintomas e não pode apresentar atividade terapêutica. *não confundir com alimentos funcionais: alimentos que, além de fornecerem nutrientes básicos, têm efeitos benéficos adicionais para a saúde. Como, por exemplo, iogurtes com probióticos (actimel p.ex.). 3.2. Produtos fronteira São produtos com a mesma substância mas que são produzidos e comercializados com requisitos diferentes (legislação alimentar ou legislação de medicamentos). A dificuldade de enquadramento levou à abordagem da questão a partir do conceito de homeostasia (como já explicado para os suplementos alimentares no ponto anterior). -> definição de medicamento no contexto de homeostasia: - altera as funções fisiológicas para que retornem à normalidade, recuperando a homeostasia do organismo e também previne doenças - também é possível que afetem as funções fisiológicas para que estas se afastem da normalidade (p.e.: contraceptivos) 4. Plantas da medicina tradicional portuguesa 4.1. Alecrim - trata doenças dispépticas; anorexia; dermatites seborreicas e outras patologias dermatológicas - estimula o couro cabeludo - ext: reumatismo; problemas circulatórios -> partes utilizadas: partes aéreas floridas; folhas; óleo essencial e hidrolato Rosmarinus officinalis 4.2. Alcachofra - trata doença do fígado e perda de apetite - diminui colesterol total - diurético -> partes utilizadas: folhas basais (1ºano) Cynara cardunculus 4.3. Cebola - trata hipertensão; perda de apetite - previne arteriosclerose - diminui colesterol - sumo+bolbo tratam acne; cicatrização de feridas e infeções respiratórias Allium cepa -> partes utilizadas: bolbo 4.4. Arruda - trata varizes; hemorróidas; perturbações menstruais - vermífugo -> partes utilizadas: partes aéreas floridas; folhas Ruta graveolens 4.5. Erva-das-verrugas - trata espasmos intestinais e das vias biliares - elimina verrugas, condilomas e papilomas (ação direta do látex) -> partes utilizadas: partes aéreas floridas; látex recente Chelidonium majus 4.6. Dente-de-leão - raízes: tratam alteração do fluxo biliar e estimulam a diurese - folhas: tratam perda de apetite - trata doenças cutâneas -> partes utilizadas: raízes; folhas Taraxacum officinale 4.7. Erva cidreira - trata transtornos de sono de origem nervosa e alterações no trato digestivo - extrato seco: contra infeções do herpes simplex (topicamente) -> partes utilizadas: folhas; partes aéreas floridas; óleo essencial Melissa officinalis 4.8. Erva de São Roberto - trata diarreia - top: inflamações osteoarticulares;feridas; ulcerações dérmicas; vulvovaginites -> partes utilizadas: partes aéreas floridas Geranium robertianum 4.9. Eucalipto - folhas: tratam catarro das vias respiratórias - óleo essencial: trata inflamação com hipersecreção das mucosa das vias respiratórias; problemas reumáticos (ext) - trata gripe; bronquite; tosse e, externamente, infeções cutâneas; ciática Eucalyptus globulus -> partes utilizadas: folhas; óleo essencial 4.10. Funcho - frutos+óleo essencial: trata dispepsias; cólicas gastrointestinais; flatulência - trata catarros das vias respiratórias sup; amenorreia; dismenorreia - ext: inflamações das mucosas oculares e da orofaringe Foeniculum vulgare -> partes utilizadas: frutos; folhas; óleo essencial 4.11. Hipericão - int: trata ansiedade; depressão moderada; problemas de sono em idosos; nevralgias; ciática; dores musculares -> partes utilizadas: partes aéreas floridas Hypericum perforatum 4.12. Hortelã pimenta - trata perturbações digestivas; catarros do trato respiratório; mialgias; neuralgias - óleo essencial: trata cólicas gastrointestinais -> partes utilizadas: folhas; óleo essencial Mentha x piperita 4.13. Louro - trata dispepsias hipossecretoras; falta de apetite; espasmos gastrointestinais - óleo essencial: dores musculares; micoses; psoríase (ext) -> partes utilizadas; folhas; óleo essencial Laurus nobilis 4.14. Limonete - trata dispepsias hipossecretoras; falta de apetite; flatulência; vómitos -> partes utilizadas: folhas; óleo essencial Aloysia citriodora 4.15. Sabugueiro - trata gripe - top: feridas; queimaduras; peles inflamadas; gretadas - fruto: trata edema; inflamação reumatismal - flor: trata hemorróidas; fragilidade capilar -> partes utilizadas: flores; frutos Sambucus nigra 4.16. Salva - int: trata dispepsias hipossecretoras; transpiração excessiva - ext: trata inflamações bucofaríngeas - trata amenorreia; dismenorreia; climatério -> partes utilizadas: folhas; partes aéreas floridas; óleo essencial Salvia officinalis 4.17. Tomilho - trata bronquite; tosse - banhos: alívio de dores -> partes utilizadas: partes aéreas floridas; óleo essencial Thymus spp. Aula nº 5: Plantas Tóxicas As plantas tóxicas são as que, pela inalação, ingestão ou contacto podem causar efeitos nocivos ou distúrbios no organismo humano ou animal. Estes são os possíveis efeitos: 1. Irritação cutânea 1.1. plantas com espinhos ou pêlos urticantes - Escoriações - Hiperemia: aumento da quantidade de sangue no local - Prurido -> ex.: urtiga; cato; coroa de cristo 1.2. Plantas que provocam alergias - Dermatite alérgica - Prurido; eritrema (rubor); edema; vesículas; bolhas -> ex.: gramíneas; tasneirinha 1.3. Fitofotodermatose As plantas furanocumarinas absorvem a luz UV, gerando radicais livres que lesam DNA e RNA. Assim, estas plantas são fototóxicas e levam à formação de queimaduras. - Dor - Eritema; edema; vesículas -> ex.: arruda; citrinos 2. Irritação na mucosa 2.1. Plantas com cristais de oxalato (microagulhas no tecido vegetal) A libertação destes cristais provoca irritação que agrava pela entrada simultânea de enzimas proteolíticas e ácido oxálico. a) irritação por ingestão - hipersalivação - dor - edema de cavidade oral; faringe e glote - dificuldade em engolir; náusea; vómitos b) irritação subcutânea - dermatite de contacto c) irritação ocular - ceratoconjuntivite; lacrimejamento - edema - fotofobia -> ex.: orelha-de-elefante; copo-de-leite; monstera; tinhorão; comigo-ninguém pode 2.2. Plantas com látex Os sintomas surgem imediatamente após contacto. a) irritação por ingestão - hipersalivação - dor e queimaduras na mucosa oral, língua e lábios - edema de cavidade oral; faringe e glote - dificuldade em engolir b) irritação cutânea (=) c) irritação ocular - ceratoconjuntivite; lacrimejamento - edema - fotofobia - irritação com congestão - ulceração da córnea -> ex.: bico-de-papagaio; urtiga; chapéu-de-napoleão; coroa-de-cristo 3. Distúrbios respiratórios 3.1. Glicosídeos cianogénicos Tipos de glicosídeos cianogénicos: a) Amigdalina: na semente de pêssego e maçã; amêndoa amarga b) Durrina: no sorgo; gramíneas c) Linamarina: na mandioca-brava; feijão (só alguns) - Náuseas; vómitos; cólicas; diarreia; acidose metabólica; hálito a amêndoas (30min-2h após ingestão) - Sonolência; letargia; torpor; convulsões; coma - Dispneia; apneia; asfixia; cianose (pele azul) -> ex.: mandioca; semente de maçã; rabo-de-gato; sorgo 3.2. Toxoalbuminas As toxoalbuminas são proteínas vegetais tóxicas que inativam os ribossomas e, consequentemente, a síntese proteica também. Tipos de toxoalbuminas: a) Ricina: no rícino b) Curcina: no pinhão paraguaio; pinhão roxo c) Abrina: no jequiriti - Náuseas; vómitos; cólicas; diarreia - Irritação da orofaringe; esófago; estômago - Hipotensão; taquicardia; choque - Vertigem; sonolência; torpor; prostração; coma; convulsões - Distúrbio hidro-eletrolítico e ácido-base grave 3.3. Glicoalcalóides (solaninas) As glicoalcalóides agem sobre a butirilcolinesterase e a acetilcolinesterase, afetando o SNC. Ao agir sobre as membranas, causam também danos hemolíticos e hemorrágicos e excesso de fluido nas cavidades. Como age sobre enzimas hepáticas, esta causa hepatotoxicidade. 3.4. Glicosídeos (saponinas) Os glicosídeos são termolábeis, ou seja, o seu efeito pode atenuar ou inativar com o cozimento. Podem ser: a) Hemolíticas b) Irritantes c) Ictiotóxicas - Náuseas; vómitos; cólicas; diarreia -> ex.: soja; espinafres; aspargos 4. Distúrbios cardíacos 4.1. Glicosídeos cardiotónicos Os glicosídeos cardiotónicos inibem a bomba Na-K-ATPase aumenta a concentração de Ca2+ intracelular, aumentando também a capacidade de contração do miocárdio. Tem como manifestação clínica a intoxicação digitálica: - Náuseas; vómitos; cólicas intensas; diarreia hipercalemica (muito potássio no sangue) - Confusão mental; fadiga; mal estar; tontura; sonolência; torpor; midríase; convulsões; coma - Bradicardia; hipotensão; arritmias -> óbito -> ex.: dedaleira; dedal-de-dama; espirradeira; chapéu-de-napoleão 5. Distúrbios neurológicos 5.1. Alcalóides Os alcalóides, mais concentrados nas sementes, inibem a acetilcolina nos receptores do SN autónomo. Apresentam uma elevada toxicidade (mais na raiz), pelo que a ingestão de mais de 5 bagas pode ser letal. - Boca seca; náuseas; vómitos - Pele quente; seca; rubor; hipertermia - Taquicardia sinusal; hipo/hipertensão - Agitação; confusão; delírios; alucinações; convulsões; coma; midríase - Disúria; oligúria; retenção urinária -> ex.: beladona; saia-branca; estramónio; dama-da-noite 6. Plantas abortivas 6.1. Alecrim - uso interno - doses elevadas 6.2. Arruda - irritante e narcótico: ação direta no útero - hemorragia em grávidas 6.3. Canela - doses excessivas: irritações mucosas; hematúria (sangue na urina) e aborto 6.4. Artemísia - ação local 6.5. Papoula / hibiscos - ação citostática, citotóxica e anti-espermatogénica 7. Acidente com plantas - o que fazer? 8. Como minimizar a interação planta-medicamento - conhecer os fármacos tomados pelo doente, assim como a alimentação e o consumo de álcool - prescrever o menor nº de fármacos, doses mais baixas; mínima duração e máxima margem de segurança possível - determinar efeitos de todos os fármacos ingeridos - monitorizar e observar efeitos adversos no doente - consultar a literatura ou um especialista em interações medicamentosas para o ajuste e/ou substituição de fármacos se necessário Nota: Interações medicamentosas -> alterações dos efeitos do fármaco devido ao uso recente de um outro fármaco(s) (interações farmacológicas); ingestão de alimentos (interações fármaco-nutriente) ou ingestão de suplementos alimentares (interação suplemento-fármaco) Aula nº 11: Da etnomedicina às soluções de saúde baseadas em plantas 1. Plantas medicinais - + de 80% da população mundial depende de plantas medicinais para tratamento de doenças - + de 70% dos medicamentos derivados de plantas foram descobertos por investigação etnofarmacológica - existem cerca de 400.000 plantas, das quais 10% já foram estudadas sob ponto de vista fitoquímico e farmacológico - cerca de 35% dos medicamentos com prescrição médica têm compostos de origem natural - 60% dos medicamentos para tratamento de cancro derivam de matrizes naturais: p.e. paclitaxel, vimblastina e vincristina - 25% dos medicamentos são obtidos/derivados de plantas 2. Como identificar extratos e compostos naturais bioativos ETNOMEDICINA área de pesquisa ou aplicação da etnologia cujo objeto são as práticas voltadas para a conservação e recuperação da saúde 3. 6 pilares da investigação 1) Valorização do conhecimento da medicina tradicional e do território 2) Desenvolvimento de soluções de saúde à base de plantas (compostos isolados) 3) Alimentos vegetais na prevenção de doença: valorização da DM e reintrodução de espécies pouco usadas na atualidade 4) Desenvolvimento de estratégias de conservação de coleções biológicas com extratos de plantas 5) Criação de laboratórios piloto em países em vias de desenvolvimento para alavancar a sua investigação e economia 6) Promoção da literacia relacionada com o uso de plantas medicinais Notas importantes Os glucosinolatos são compostos que se encontram em grandes quantidades em plantas da família Brassicaceae, como por exemplo brócolos, couves, couves de Bruxelas, rúcula e couve-flor. Os glucosinolatos encontram-se na sua forma inativa e por ação da enzima mirosinase sofrem hidrólise e originam isotiocianatos, sendo estes dotados de atividade biológica muito relevante. Os prebióticos, ao serem fermentados pelas bactérias no intestino, promovem a produção de ácidos gordos de cadeia curta. REGRA DOS 3 P’s 1. Probióticos: microrganismos vivos que, quando em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Ajudam a equilibrar a microbiota intestinal, competindo com microrganismos patogénicos, produzindo substâncias antimicrobianas, e modulando o sistema imunológico. 2. Prebióticos: componentes alimentares não digeríveis que promovem o crescimento e a atividade de microrganismos benéficos no intestino. Servem como alimento para os probióticos, ajudando a aumentar suas populações e melhorar a saúde do microbioma intestinal. Prebióticos ajudam a aumentar a produção de ácidos gordos de cadeia curta, que são benéficos para a saúde intestinal. 3. Polifenóis: compostos bioativos encontrados em plantas, conhecidos pelas suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Modulam a microbiota intestinal, promovendo o crescimento de bactérias benéficas e inibindo microrganismos patogénicos. Também contribuem para a saúde geral do intestino e podem influenciar o metabolismo e a função imunológica. ○ Exemplos: flavonóides, ácidos fenólicos, e taninos presentes em alimentos como frutas, vegetais, chá, café e vinho tinto. A interação entre probióticos, prebióticos e polifenóis é fundamental para a manutenção de um microbioma intestinal saudável. Os probióticos fornecem microrganismos benéficos diretamente, os prebióticos alimentam esses microrganismos, e os polifenóis ajudam a modular a comunidade microbiana e protegem as células intestinais contra danos. Aqui estão as correlações que já saíram em exame: Moléculas Efeito Plantas Cristais de Oxalato Irritação na mucosa Furanocumarinas Lesões na pele Alcalóides Distúrbios neurológicos Abortivo Canela, alecrim, arruda Linhanos Hepatoprotetor Sybilum marianum Glicosídeos cardíacos Cardiotónico Digitallis Morfina Analgésico Papaver somniferum Saponinas Adaptogénico Panax ginseng Atropina Midriático Atropa belladona Taninos Adstringente Camellia sinensis Óleo Essencial Expetorante Eucalyptus globulus Toxialbuminas Distúrbios gastrointestinais Glicosídeos cianogénicos Distúrbios respiratórios Colchicina Antimitótico Colchicum autumnale Nicotina Relaxamento Nicotiana tabaccum Óleo essencial Anti-espasmódico Mentha x piperita Codeína Anti-tússico Papaver somniferum