Metodologias da Avaliação do Estado Nutricional II - PDF

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Este documento descreve metodologias da avaliação do estado nutricional II, focando em indicadores sociais. Explora diferentes áreas como saúde, educação, emprego e condições de habitação e bem-estar. Apresenta uma lista de indicadores utilizados em projetos de saúde pública na Europa.

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METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II INDICADORES SOCIAIS Definição de indicadores sociais  Indicador de estatística australiano (1995): Medidas de bem-estar social que fornecem uma visão das condições socia...

METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II INDICADORES SOCIAIS Definição de indicadores sociais  Indicador de estatística australiano (1995): Medidas de bem-estar social que fornecem uma visão das condições sociais e monitorizam a evolução numa variedade de aspetos sociais.  Nações Unidas (1994): Estatísticas que refletem condições sociais importantes e que facilitam o processo de análise dessas condições e da sua evolução. São usados para identificar problemas sociais que requerem intervenção, para definir prioridades e metas para ação e gastos, e ainda para avaliar programas e políticas.  OCDE (2000): Parâmetro ou valor derivado de parâmetros, que indica, fornece informações ou descreve o estado de um fenómeno, com maior significado que aquele apenas relacionado diretamente ao seu valor quantitativo. ...informa algo sobre um aspeto da realidade social ou sobre as mudanças que nesta ocorrem. Classificação dos Indicadores Sociais - segundo a área temática da realidade a que se referem  OCDE: Saúde, Educação, Emprego, Acesso a consumo, Segurança pessoal, Condições de habitação e do ambiente físico, Lazer, Participação social  Nações Unidas: População, Saúde, Educação, Atividade económica, Rendimento, Património, Uso do tempo, Segurança pública, Mobilidade social, Cultura, Comunicação, Lazer Definição de Indicador de Saúde  Variável que mede aspetos relevantes do estado de saúde (ou dos seus fatores determinantes) de uma população;  Medida/variável que ajuda a descrever um acontecimento numa dada população e mede mudanças associadas a esse acontecimento que se repercutem na saúde, ao longo de um período de tempo; Saúde e suas diversas dimensões  Condições Económicas  Relacionamento  Bem-Estar  Alimentação e Nutrição  Tratamento  Condições de Vida  Cuidado  Atividade Física O que é o Projeto ECHI (European Core Health Indicators)?  Projeto de investigação europeu cujo objetivo foi propor uma lista coerente de Indicadores de Saúde para a CE Quais os indicadores escolhidos para monitorizar a Saúde Pública na Europa? 1 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II O projeto ECHI propõe 88 indicadores, em 5 áreas diferentes: (2008, pequena revisão em 2010) 1. Demográficos e Socioeconómicos 2. Estado de saúde 3. Determinantes de saúde 4. Serviços de saúde 5. Promoção da saúde Dos 88 indicadores propostos pela shortlist do ECHI (2010), 64 estão a ser implementados e 24 a ser desenvolvidos. Para serem implementados tem de existir consenso na definição/fonte a usar e boa/razoável disponibilização. 1. Demográficos e Socio-Económicos 2. Estado de saúde 3. Determinantes de saúde 1. Population by sex/age (I) 10. Life expectancy (I) 42. Body mass index (I) 2. Birth rate, crude (I) 11. Infant mortality (I) 43. Blood pressure (I) 3. Mother's age distribution (I) 12. Perinatal mortality (I) 44. Regular smokers (I) 4. Total fertility rate (I) 13. Disease-specific mortality (I) 45. Pregnant women smoking (D) 5. Population projections (I) 14. Drug-related deaths (I) 46. Total alcohol consumption (I) 47. Hazardous alcohol 6. Population by education (I) 15. Smoking-related deaths (I) consumption (D) 7. Population by occupation (I) 16. …. …. 8. Total unemployment (I) 55. PM10 (particulate matter) 41. Health expectancy, others (I) 9. Population below poverty line exposure (I) and income inequality (I) 4. Serviços de saúde 5. Promoção da saúde 56. Vaccination coverage in 85. Policies on environmental Alimentação/Nutrição children (I) tobacco smoke (ETS) exposure (I) 42. Body mass index (I) (Proportion of 86. Policies on healthy nutrition 57. Influenza vaccination rate in adult persons (18+) who are obese, i.e. (D) elderly (I) whose body mass index (BMI) is ≥ 30 58. Breast cancer screening (I) 87. Policies and practices on kg/m²) 46. Total alcohol consumption (I) (Alcohol 59. Cervical cancer screening (I) healthy lifestyles (D) consumption among individuals aged 15+, 60. Colon cancer screening (I) 88. Integrated programmes in expressed in litres of pure ethanol 61. Timing of first antenatal visits setting, including workplace, consumed per person per year) among pregnant women (D) schools, hospital (D) 47. Hazardous alcohol consumption (D) 62. Hospital beds (I) 49. Consumption of fruit (I) Proportion of 63. Physicians employed (I) people reporting to eat fruits (excluding 64. Nurses employed (I) juice) at least once a day. ……… 50. Consumption of vegetables (I) 83. Cancer treatment quality (D) Proportion of people reporting to eat vegetables (excluding potatoes and juice) at 84. Diabetes control (D) least once a day. 51. Breastfeeding (D) 52. Physical activity (D) 2 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II Qual o interesse/utilidade do ECHI Project?  Fornecer a base para uma recolha comparável de dados na área da SP em todos os estados da CE  Promover a ligação entre as necessidades de informação e a recolha de dados  Identificar lacunas de informação e ajudar a estabelecer prioridades de recolha e harmonização de dados  Servir de guia para a produção de relatórios internacionais, nacionais ou regionais na área da SP  Servir de guia para o desenvolvimento de bases de dados e sistemas de informação computorizados  Servir de guia para fazer “follow-up” /monitorização de programas de ação na área da saúde WHO – 2015: definiu 100 indicadores (Global reference list of 100 Core Health Indicators) Os objetivos principais são:  Monitorização de resultados de saúde nacionais e globais  Reduzir os requisitos excessivos e a duplicação de informação  Aumentar a eficiência dos investimentos de recolha de dados nos países  Melhorar a disponibilidade e qualidade dos dados sobre os resultados  Melhorar a transparência e prestação de contas Esta lista de referência global deve ser usada como orientação normativa e não como uma lista requerida ou exclusiva. Exemplos de indicadores da ECHI shortlist e mais alguns 1) População por sexo e idade Número de indivíduos por faixas etárias: 0-14, 15-44, 45-64, 65-84, 85+; (0, 1-4, 5-14, 15-24, 25-34, 35-44, 45-54, 55-64, 65-74, 75-84, 85+) Total de homens e mulheres 2) Taxa bruta de natalidade Nº de nados vivos ocorrido durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população média existente nesse mesmo período; Habitualmente expressa em nº de nados vivos por 1000 habitantes 3) Distribuição etária das mães (gravidez em adolescentes e mães com idade avançada) Número de nascimentos por 1000 mulheres com 15-19; por 1000 mulheres com 20-34; por 1000 mulheres com 35-49 (Opção: especificar 18 anos) 3 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II 4) Taxa de fecundidade (fertilidade) nº de nados vivos observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao efetivo médio de mulheres em idade fértil (entre os 15 e os 49 anos) desse período; habitualmente expressa em nº de nados vivos por 1000 mulheres em idade fértil. reposição populacional assegurada: taxa não pode ser inferior a 2,1 filhos por mulher 5) Taxa de crescimento natural Saldo natural* observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população média desse período; Crescimento médio da população num determinado período de tempo; Indica o ritmo de crescimento médio anual de uma população; Habitualmente expressa por 100 ou 1000 habitantes. Saldo natural = diferença entre nº de nados vivos e nº de óbitos num dado período de tempo 6) Taxa de crescimento efetivo Variação populacional observada durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população média desse período. (considera outras variações que não apenas as advindas do Saldo Natural) 7) População por grau de educação Nº, % em 4 classes: elementary, lower secondary, upper secondary, tertiary 8) Taxa de desemprego Proporção (%) de população desempregada com idades entre 15-74 no total de pessoas aptas a trabalhar (desempregados e pessoas empregadas com idades entre 15-74) Proporção (%) de pessoas desempregadas de longa duração (pessoas que estão desempregadas há um ano ou mais) com idades entre 15-74, no total de pessoas aptas a trabalhar. (desempregados e pessoas empregadas com idades entre 15-74) 9) População abaixo da linha de pobreza % população com rendimento abaixo dos 60% da mediana nacional 10) Desigualdade de rendimentos Total de rendimentos auferidos pelos 20% com maiores rendimentos / total de rendimentos auferidos pelos 20% com menores rendimentos 11) Esperança de vida à nascença (e aos 65 anos) Número médio de anos que um indivíduo à nascença pode esperar viver, caso os padrões de mortalidade existentes na altura do seu nascimento se mantivessem constantes ao longo da sua vida 12) Taxa de mortalidade infantil nº de óbitos de crianças com menos de um ano de idade, observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados vivos do mesmo período; habitualmente expressa em nº de óbitos de crianças com menos um ano de idade por 1000 nados vivos. 4 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II 13) Taxa de mortalidade perinatal Nº de óbitos fetais de 28 ou mais semanas de gestação e óbitos de nados vivos com menos de 7 dias de idade, observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados vivos e fetos mortos de 28 ou mais semanas do mesmo período; Habitualmente expressa em nº de óbitos fetais de 28 ou mais semanas e óbitos de nados vivos com menos de 7 dias de idade por 1000 nados vivos e fetos mortos de 28 ou mais semanas. 14) Taxa de mortalidade neonatal precoce Nº de óbitos de nados vivos com menos de 7 dias de idade, observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados-vivos do mesmo período; Habitualmente expressa em nº. de óbitos de nados vivos com menos de 7 dias de idade por 1000 nados vivos. 15) Taxa de mortalidade neonatal Nº de óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade, observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados vivos do mesmo período; Habitualmente expressa em nº de óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade por 1000 nados vivos. 16) Taxa de mortalidade inferior a 5 anos Nº de óbitos de crianças com menos de 5 anos de idade, observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados vivos do mesmo período; Habitualmente expressa em nº de óbitos de crianças com menos de 5 anos por 1000 nados vivos. Segundo a UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância, a taxa de mortalidade inferior a 5 anos é o melhor indicador isolado da situação de saúde da infância de um país e mesmo do progresso desse país. 5 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II Razões:  Mede um resultado final do processo de desenvolvimento e não um só fator de contribuição;  representa o resultado de uma grande variedade de fatores de contribuição: a alimentação; os conhecimentos e cuidados de saúde da mãe; a disponibilidade de cuidados de saúde; o nível de imunização; a disponibilidade de água potável e saneamento básico e a segurança do meio ambiente de um modo geral;  menos influenciada pelo erro da média do que por ex. o PIB  até ao 1 ano de idade muitas crianças morrem por problemas de parto, malformações congénitas, morte súbita (TMI alta) e estão protegidas por amamentação e imunidade inata (TMI baixa);  entre o 1-5 anos de idade, caso não haja suficiente alimentação e cuidados maternos e de saúde a criança é mais vulnerável. 17) Taxa (bruta) de mortalidade Nº de óbitos observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população média desse período; Habitualmente expressa em nº. de óbitos por 1000 habitantes 18) Mortalidade por causa A EUROSTAT recolheu dados e criou uma lista com as causas de morte mais frequentes; a lista foi criada tendo em conta os seguintes grupos etários: dos 0- 64 e +65. Segundo a WHO: (causas mais comuns)  Países de baixo rendimento (447 de 1000): infeção respiratória baixa, doença cardíaca coronária, doenças diarreicas, HIV/SIDA  Países de alto rendimento (138 de 1000): doença cardíaca coronária, AVC’s (doença vascular cerebral), cancro de pulmão 19) Taxa de mortalidade materna Nº de óbitos de mulheres devido a complicações da gravidez, do parto e de puerpério, observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados vivos do mesmo período; Habitualmente expressa em nº de óbitos de mulheres nestas condições por 100.00O nados vivos ou nascimentos totais. 6 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II 20) Taxa de morbilidade Nº de portadores de determinada doença/condição, observado durante um determinado período, normalmente um ano civil, referido à população média do mesmo período; Habitualmente expressa em nº de doentes por 1000 ou 10000 habitantes. 21) Crianças com baixo peso à nascença Crianças que nascem com menos de 2500g; Habitualmente expressa em %. 22) Aleitamento materno Percentagem de crianças amamentadas aos 3 meses de idade; Percentagem de crianças amamentadas aos 6 meses de idade. Percentagem de crianças que fazem um ano no determinado ano civil em que foram amamentadas, pelo menos, parcialmente, quando tinham 3 e 6 meses de idade. 23) Índice de Massa Corporal % população com IMC >= 30 kg/m2. Proporção de adultos (18+) obesos 24) Consumo de álcool, fruta e vegetais Litros de álcool puro consumido por pessoa com mais de 15 anos por ano Proporção de pessoas com +15 anos que reportam comer frutas (excluindo sumos) pelo menos 1x por dia Proporção de pessoas com +15 anos que reportam que consomem vegetais (excluindo batatas e sumos) pelo menos uma vez por dia 25) Taxa de analfabetismo nº de pessoas sem saber ler nem escrever com 15 ou mais anos de idade, observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população total com 15 ou mais anos do mesmo período. 26) Índice de envelhecimento Habitualmente expressa por 100 pessoas dos 0-14 anos. 27) Índice de longevidade Habitualmente expressa por 100 pessoas com 65 ou mais anos. 28) Índice de dependência de idosos (ou crianças 0-14 anos) Relação entre a população idosa e a população em idade ativa, definida habitualmente como quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos; habitualmente expressa por 100 pessoas com 15-64 anos. 7 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II CLASSIFICAÇÃO DE INDICADORES SOCIAIS  Indicador simples: medida específica que reflete aspetos concretos de um sistema. Ex: Esperança média de vida à nascença; Taxa de mortalidade infantil; Taxa de alfabetização, …  Indicador composto/sintético/Índice: medida composta que combina vários indicadores. (agregação/associação/relação de vários indicadores) Ex: Índice de Desenvolvimento Humano-IDH, … DEFINIÇÃO DE IDH  Desenvolvido pelo economista paquistanês Mahubub Ul Haq, em 1990;  Utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento na elaboração dos relatórios anuais, desde 1993;  Medida sucinta e padronizada que mede as realizações médias (acontecimentos) de um país em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: vida longa e saudável, conhecimento e nível de vida digno.  Avalia e mede o bem-estar de uma população, de forma padronizada;  Permite comparar entre os diversos países do mundo fatores como a riqueza, educação, esperança média de vida, entre outros. Dimensões do IDH: Indicadores do IDH: CLASSIFICAÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS  Quantitativos - Objetivos referem a ocorrências concretas da realidade social (ex.: taxa de desemprego) vs.  Qualitativos - Medidas subjetivos construídas a partir da avaliação dos indivíduos sobre a realidade social (ex.: índice de confiança nas instituições)  Descritivos - descrevem características e aspetos da realidade que não são dotados de significados valorativos (ex.: taxa de mortalidade infantil) vs.  Normativos: refletem explicitamente juízos de valor ou critérios normativos (ex.: número de pobres) 8 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II  Indicadores recurso – input indicators: medidas associadas à disponibilidade de recursos humanos, financeiros ou equipamentos; quantificam os recursos disponibilizados nas diversas áreas políticas (ex.: nº de nutricionistas por mil habitantes; gasto per capita por estudante universitário)  Indicadores processo/fluxo – throughput indicators: indicadores intermediários, traduzem em medidas quantitativas o esforço operacional de alocação de recursos para obtenção de melhorias efetivas (ex.: nº de consultas de nutrição por mês; fruta escolar distribuída por aluno)  Indicadores resultado/produto - output indicators: referem-se às variáveis resultantes de processos sociais complexos; quantificam melhorias efetivas de bem-estar; retratam os resultados efetivos de determinadas políticas (ex.: esperança de vida ao nascer; nível de pobreza; % crianças for a do sistema de ensino) INDICADORES Têm origem em dados recolhidos de forma:  Contínua (óbitos, nascimentos…)  Periódica (recenseamento da população, BA, IOF…)  Ocasional (inquérito alimentar nacional…) FUNÇÕES/USOS DOS INDICADORES  Descrever a situação - diagnosticar  Analisar evolução e tendências - monitorizar  Planificar  Formular políticas  Avaliar  Investigar INDICADOR/ÍNDICE – PROPRIEDADES DESEJÁVEIS  Relevância social  Fiabilidade  Cobertura/Representatividade (maior ou menor cobertura populacional da área/região/país)  Simplicidade de cálculo / Fácil comunicação  Facilidade de obtenção / Periodicidade  Desagregabilidade  Estabilidade temporal (séries históricas extensas e comparáveis)  Validade (grau de proximidade entre o conceito e a medida; ex.: nível de pobreza - % famílias rendimento abaixo salário mínimo vs. rendimento médio per capita) 9 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II  Sensibilidade (capacidade de refletir mudanças significativas quando se alteram as condições que afetam a dimensão em estudo; ex.: programa diabetes – Taxa geral de mortalidade vs. Taxa de mortalidade por diabetes)  Especificidade (consegue refletir alterações ligadas somente às mudanças da dimensão em estudo; ex.: pior em conceitos mais abstratos, IDH) FONTES DE INFORMAÇÃO/SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA  Bases de dados/motores de busca centrados na recolha de dados básicos sobre a saúde da população e seus fatores determinantes;  Combinam a possibilidade de análise de dados temporais e de análises comparativas a nível nacional/europeu/internacional  Alguns não são apenas sistemas de informação, mas “sistemas integrados de conhecimentos”, combinam dados, informação analítica e descritiva, e conhecimentos já baseados na evidência.  Importância/utilidade: facilitar/permitir, diagnosticar, comparar/monitorizar, planear/gerir/implementar, avaliar Bases de dados nacionais:  INE  DGS  GEOSAUDE  PNPAS (Plano Nacional Para a Alimentação Saudável)  PORDATA  dados portugueses e europeus Bases de dados europeus:  EUROSTAT  ECHIM  HEIDI  EUPHIX – base de dados baseada na internet para profissionais de saúde, técnicos decretores de políticas e outros; apresenta informação sobre saúde pública com especial atenção às semelhanças e diferenças entre países da EU. Bases de dados mundiais:  OMS  Banco Mundial (World Bank)  Nações Unidas  OECD  UNICEF - publica anualmente o relatório de situação mundial de infância  GAPMINDER - site recente que junta informação de vários sítios e mostra a evolução ao longo do tempo 10 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II Onde procurar relatórios? Nacionais:  Anuário Estatístico de Portugal 2014 (INE)  Anuários Estatísticos Regionais 2014 (INE)  Estatísticas da Saúde 2014 (INE) Europeus:  The European Health Report 2015 (WHO)  Status Report on Alcohol and Health in 35 European Countries 2013 (WHO) Internacionais:  World Health Statistics 2015 WHO  A situação mundial da infância 2015 (UNICEF) – publica anualmente o relatório da situação mundial da infância  Relatório de Desenvolvimento Humano 2015 (UN)  GAPMINDER – site recente que junta informação de vários sítios e mostra a evolução ao longo do tempo Fontes de Informação Alimentação/Nutrição  European Food and Nutrition Action Plan (NOPA) 2015-2020 – relatório /plano de ação da OMS criada com a colaboração União Europeia cujo objetivo é fornecer informação comparável; contém dados e detalhes de mais de 300 políticas nacionais e subnacionais na Região Europeia. Estudos do Consumo Alimentar Indireto Direto Nacional Familiar Prospetivo Retrospetivo Questionário Inquéritos ao Diário Alimentar Questionário 24H Frequência Alimentar Orçamento Familiar INQUÉRITOS INDIVIDUAIS 2º Inquérito Alimentar Nacional (INSA 2009)  Os resultados constituirão a base cientifica para o aconselhamento governamental na elaboração de políticas de educação e promoção para a saúde, através de escolhas alimentares e estilos de vida saudáveis, adequados aos vários grupos da população portuguesa, como comtemplado no Plano Nacional de Saúde 2004- 2010 11 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II IAN AF  O conhecimento do consumo alimentar e da atividade física da população portuguesa é uma prioridade nacional, reconhecida nas Orientações Estratégicas do Plano Nacional de Saúde 2012-2016 SPCNA (Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação)  Está a realizar um estudo de avaliação nutricional que comtempla a avaliação da ingestão alimentar, dos estilos de vida (atividade física, consumo de bebidas alcoólicos, hábitos tabágicos) e de saúde de uma amostra representativa da população portuguesa.  Numa 1ª fase estão a ser inquiridos adultos e numa 2ª fase estão a ser inquiridas crianças e adolescentes.  A Nestlé é a entidade mecenas deste projeto, cujos protocolos do estudo foram desenvolvidos pela SPCNA, Instituição responsável pelo desenho do projeto, pelo treino dos inquiridores, pela verificação da sua execução e pela análise e divulgação dos dados. Direção Geral da Saúde  Portugal: Alimentação Saudável em Números (2013)  Portugal: Alimentação Saudável em Números (2015) European Nutrition and Health Report (ENHR II)  O principal objetivo do projeto é produzir um relatório compreensivo e atual sobre nutrição e a saúde na Europa, que se foque na dieta, nível de atividade física, hábitos tabágicos e consumo de bebidas alcoólicas.  Este relatório contribuirá para a identificação dos principais problemas nutricionais e ao nível da saúde na EU e para monitorizar e avaliar as políticas alimentares e nutricionais que estão em vigor nos Países Membros.  A metodologia implica a recolha e critica de informação disponível nos indicadores mais usados para a avaliação do estado nutricional e de saúde da população dos 25 países europeus.  Também irá disponibilizar informação sobre hábitos alimentares, indicadores de saúde relacionados com a dieta, tal como estabelecer politicas alimentares e nutricionais para os países da Europa. EFSA EFCOSUM (European Food Consumption Survey Method)  Tabelas de composição alimentar 12 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II COMO SE MEDEM? Medidas (formas de medir a frequência de determinado acontecimento) Relativas (quocientes; frequências relativas; expressões de uma Absolutas medida em função de outra; (números;frequências absolutas) habitualmente conta com tamanho populacional e/ou tempo) Número Razão Proporção Taxa Absoluto Razão  Mede a razão entre duas quantidades distintas (com características diferentes)  Quociente de duas quantidades cujo numerador não está incluído no denominador  Razão = A / B  Ex: razão de masculinidade = número de homens / número de mulheres Proporção  Quociente de duas quantidades cujo numerador está sempre incluído no denominador;  Exprime-se frequentemente em %  Proporção = A / A+B  Varia entre 0 e 1 e não tem dimensão  Ex: proporção de população idosa (+65) num determinado país; % mortes por tumores malignos Taxa  Medida de frequência com que um dado acontecimento ocorre numa população, num determinado período de tempo;  Quociente calculado por divisão de um numerador respeitante a um acontecimento ocorrido num período de tempo específico, por um denominador, geralmente a população média existente nesse mesmo período de tempo. 𝑛º 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑢𝑚, 𝑜𝑢 𝑑𝑢𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑢𝑚 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑓í𝑐𝑖𝑜 𝑇𝑎𝑥𝑎 = ×10𝑛 𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑢𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 13 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II  Componentes: numerador, denominador, tempo específico em que se verificou o acontecimento e, geralmente um coeficiente de multiplicação sob a forma de uma potência de 10  Mede a probabilidade ou risco de ocorrência de um determinado fenómeno ou acontecimento, por unidade de tempo.  Ex: Taxa de Mortalidade Geral (nº de óbitos/população geral, num período de tempo)  Ex: Taxa de Mortalidade Materna (nº óbitos mulheres por complicações gravidez – parto puerpério/nº nados vivos, num período de tempo)  Numa “verdadeira” taxa, tem-se em conta um período de tempo, mas não existe relação entre numerador e denominador.  Taxa = ∆A / ∆B  Varia entre 0 e +Ꝏ e tem dimensão Taxa Bruta de Natalidade  Nº de nados vivos ocorrido durante um determinado período de tempo, normalmente num ano civil, referido à população média existente nesse mesmo período.  Habitualmente expressa em nº de nados vivos por 1000 habitantes. 𝑛º 𝑑𝑒 𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝐵𝑁 = ×10𝑛 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 Taxa (Bruta) de Mortalidade  Nº de óbitos observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população média desse período;  Habitualmente expressa em nº de óbitos por 1000 habitantes. 𝑛º 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜 𝑛𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝐵𝑁 = ×10𝑛 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 Brutas ou Calculadas para a população total Gerais Taxas Específicas Calculadas para partes/subgrupos da população (ex: idade, sexo,...) Brutas, ou específicas, calculadas por forma a Ajustadas ou remover/eliminar o efeito de diferenças na Padronizadas estrutura da população em causa (ex: ajustada para a idade,...) 14 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA Prevalência  Descreve a existência de doença/condição (casos);  Nº de casos de determinada doença ou condição, presentes, numa população, num dado momento;  Mede a proporção de indivíduos com uma determinada doença ou condição numa população, num determinado momento.  Não tem dimensão / [0-1]  Útil para planeamento dos serviços de saúde (conhecimento das necessidades de cuidados médicos na população)  Tipo: o Instantânea ou Pontual – número de casos de uma doença/condições presentes numa população, num determinado momento (momento exato) 𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎\𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑢𝑚 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑃𝐼 = 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 o Periódica ou de Período – nº de casos de uma doença (condição presente, numa população, durante um determinado período de tempo (período de observação) 𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎\𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜 𝑑𝑢𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑃𝑃 = 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑎 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑝. 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑜 + 𝑝𝑜𝑝. 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 ( ) 2 Incidência  Descreve a ocorrência de “novos” casos de doença/condição;  Nº de “novos” casos de determinada doença ou condição, que surgem numa dada população durante um determinado período de tempo;  Mede a proporção de indivíduos de uma população que adquiriram determinada doença/condição, durante um determinado período de tempo;  Mede uma mudança de estado (não tinha e passou a ter)  risco;  Útil para explorar teorias de causalidade e avaliar efeito de medidas preventivas (avaliar efeitos de medidas preventivas/programas de prevenção);  Incidência Cumulativa (IC) = Risco = Proporção de Incidência  Taxa de Incidência (TI) = Densidade de Incidência 𝑛º 𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑣𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎\𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑢𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝐼𝐶 = 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑒𝑟 𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎 𝑛𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 Taxa de Incidência  Mede a rapidez de ocorrência/velocidade com que surgem novos casos de doença/condição, numa dada população, tendo em conta o fator pessoa-tempo. 15 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II 𝑛º 𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑣𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎\𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑢𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝐼 = 𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑢𝑚 𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑑𝑢𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 *TI calculada a partir de dados individualizados INQUÉRITOS FAMILIARES  Unidade de estudo: família  São mais económicos que inquéritos individuais  Não fornecem dados sobre distribuição alimentar dos membros da família  Os resultados são expressos em quantidade de alimento/pessoa  São mais úteis em estudos ecológicos – formação de hipóteses  Métodos utilizados:  Contabilização de alimentos  Inventário  Registo familiar  Método das listas Contabilização de alimentos  O responsável do agregado familiar (AF) mantém um registo detalhado das quantidades e preços dos produtos alimentares adquiridos para o lar (incluindo ofertas e autoprodução)  Estima-se também o consumo extra domiciliário, através de uma lista das aquisições diárias elaborada por cada um dos elementos do AF com mais de 15 anos. Inventário  Idêntico ao método anterior, mas inclui também a realização (pelo entrevistador ou responsável do AF) de um inventário de todos os produtos alimentar existentes no alojamento no inicio e no fim do período de observação  Vantagem: é mais preciso em relação à quantidade de alimentos realmente disponível para consumo em cada uma das famílias.  Desvantagem: alertar para os alimentos armazenados Registo Alimentar  São pesados ou quantificados por medidas caseiras todos os alimentos a consumir (crus ou cozinhados) tendo em conta desperdícios de preparação (parte edível)  São estimados e subtraídos gastos com visitas e os desperdícios finais (prato)  Também é feito o registo individual (consumo extra domicilio) e do gasto com animais domésticos  Exemplos:  Visita da manhã: o entrevistador recolhe informação sobre as quantidades de alimentos utilizados no pequeno-almoço, estima os desperdícios finais do jantar do dia anterior e pesa aquilo que vai ser utilizado no almoço 16 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II  Visita da tarde: o entrevistador estima os desperdícios finais do almoço e pesa o que vai ser utilizado no jantar  Técnica que combina registo com memória Método das Listas  Com o auxílio de um questionário estruturado (listagem de alimentos adequados aos hábitos alimentares da população a estudar – tipo QFA) é pedida ao representante do agregado familiar informação quantitativa e preço de todos os alimentos adquiridos (comprados, oferecidos ou produzidos) e consumidos pelo agregado familiar durante um período de tempo (habitualmente 1 semana)  Vantagem: fácil e económico (necessita apenas 1 visita 1 entrevistador)  Desvantagem: recorre à memória (importante avisar o responsável do AF antes da visita para que possa guardar talões de compra, o que pode distorcer padrões de compra) e não fornece informações sobre o consumo fora do domicilio, de visitas, dos diferentes elementos do AF. Disponibilidade Contabilização de Indicados em: Bruta alimentos ↑abastecimento exterior (indireta) Inventário ↑ nível educacional Os métodos utilizados estimam Disponibilidade Indicados em: Registo Familiar Líquida Listas ↑auto-produção (direta) ↓ nível educacional A escolha do método pode ser feita consoante:  Principal origem do abastecimento  Tipo de avaliação pretendida  Escolaridade dos inquiridos  Disponibilidade de inquiridores  Duração do estudo INQUÉRITOS AOS ORÇAMENTOS FAMILIARES  Há o registo de tudo o que é comprado pelo responsável do AF e é pedido a cada elemento do AF que registe o que adquire fora de casa em função do preço  É um exemplo típico do método de Contabilização de Alimentos  São realizados regularmente (anualmente até 5/5anos) por instituições governamentais com fins essencialmente económicos (receitas e despesas dos agregados familiares)  Em Portugal são feitos desde 1967, demoram geralmente 1 mês a serem realizados e inclui a sazonalidade  As questões sobre o consumo familiar reportam-se durante 1 mês e as questões sobre consumo extra reportam-se durante 15 dias  Uma vez que não são obtidos em função de quantidades /peso não são úteis para fins nutricionais.  Se tivesse fins nutricionais deveria incluir: 17 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II  Informação quantitativa sobre os produtos alimentares adquiridos num período de tempo  Um nível razoável de desagregação dos grupos de produtos alimentares utilizados  Informação sobre o número, idade e sexo dos componentes do agregado familiar Data Food NEtworking project (DATFNE project)  Reconhece a limitada quantidade, qualidade e comparabilidade das fontes alimentares europeias  Criada em 1990 pela Universidade de Medicina de Atenas com o apoio da Comissão Europeia  Objetivo: harmonizar a informação relativa aos inquéritos aos orçamentos familiares e informação socioeconómica dos vários países da Europa numa base de dados construída a baixo custo  Objetivos específicos:  Identificar disparidade de hábitos alimentares e seus determinantes sociodemográficos  Avaliar a evolução temporal das práticas alimentares  Identificar subgrupos populacionais com hábitos alimentares desajustados  Desenvolver medidas preventivas que visem alterar as escolhas dos consumidores e implementar uma alimentação saudável  Dividido em 14 grupos de alimentos, 35 subgrupos de alimentos, em rural/semi- urbano/urbano e educação primária/secundária/superior  A disponibilidade de alimentos e bebidas é calculada pela fórmula: Média per capita obtida pela razão da disponibilidade familiar diária e o número de membros do agregado familiar DAFNE-ANEMOSSoft  Disponibilidades familiares médias de alimentos /bebidas divididos em 15 grupos e alguns subgrupos)  A informação pode ser consultada por países, por localidade, educação, ocupação e tipo de agregado familiar. É possível observar: o Dados meteorológicos o Comparações dentro de um país o Comparações entre países o Evolução temporal  De acesso livre  O software apresenta a informação em vários formatos (tabelas, gráficos, mapas, etc) e com vários tipos de detalhe  Apresenta 3 principais funções de análise: o Tendências dentro de um país o Comparação entre países o Comparação nos países  Os resultados são apresentados por localização, educação, ocupação, tipo HH 18 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II INQUÉRITOS AOS ORÇAMENTOS FAMILIARES Vantagens:  Aplicados com regularidade em muitos países  Utilização de amostras com representatividade nacional  Conduzidos com metodologias semelhantes  Dados acessíveis a baixo custo  Permitem a ligação da informação alimentar com dados demográficos e socioeconómicos (agregado e membros do agregado familiar) Limitações:  Não idealizados para fins alimentares/nutricionais  Não consideram diferenças de idade/género dos membros do agregado familiar  Períodos de recolha diferentes por país  Falta de informação sobre consumo alimentar fora de casa Uteis para estudar:  Níveis e padrões alimentares  Evolução temporal  Comparação entre países  Adequação a recomendações alimentares  Identificar subgrupos populacionais com deficiências específicas  Associação entre alimentação e saúde  Influências sociodemográficas  Implementação e avaliação de políticas alimentares  Sistemas de monitorização e vigilância Portugal tem uma alimentação mediterrânica? Portugal é referido como país mediterrânico! Não só pela sua história, pelas suas práticas sociais e culturais, mas também pelos seus hábitos alimentares. MAI – Índice de Adesão ao Padrão Mediterrânico é calculado pela razão da energia dos Alimentos Mediterrânicos com os Alimentos Não-Mediterrânicos em percentagem. Alimentos mediterrânicos: cereais e derivados, leguminosas, batatas, hortícolas, fruta, frutos secos, peixe, óleos vegetais e vinho Alimentos não-mediterrânicos: leite e produtos lácteos, carne e derivados, ovos, gorduras animais, refrigerantes, açúcar e produtos açucarados. 19 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II BALANÇAS ALIMENTARES São métodos de avalização da disponibilidade alimentar de um país, num determinado período de tempo, habitualmente um ano civil. Conjunto de dados estatísticos (agrícolas e comerciais) referentes à disponibilidade de alimentos de um país, durante um determinado período de tempo, habitualmente um ano civil. É um balanço que resulta de entradas e saídas, à escala nacional, da quantidade de alimentos que se encontra disponível para consumo humano, durante um determinado período de tempo:  Entradas: produção + importação + variação de stocks  Saídas: exportação + utilização para fins não alimentares (sementes, alimentação animal, produtos processos) + perdas no armazenamento e transporte É um método de avaliação do consumo de alimentos de forma indireta, a nível nacional; representa o “consumo alimentar aparente”, a nível nacional; a disponibilidade alimentar não corresponde ao consumo alimentar As disponibilidades alimentares expressas per capita (por habitante):  Quantidade de produto alimentar – kg / per capita / ano ou g / per capita / ano  Energia – cal / per capita / dia  Macronutrientes – g / per capita / dia Tipos de Balanças Alimentares: Produção nacional de alimentos + Importações Geral ou Bruta - Exportações + Variações de stocks - Produtos alimentares não utilizados para fins alimentares - Limpa Perdas com transporte e armazenagem Retalho - Caseira Perdas ao nível do retalho - Perdas ao nível caseiro Metodologia  Âmbito geográfico: país  Período de referência: ano civil  Campo de observação: integra todos os produtos da agricultura, pescas e industria alimentar, cuja principal função seja a alimentação humana Limitações/Fontes de erro 20 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II  Não avaliam o consumo alimentar real (a produção caseira, o consumo de animais domésticos e ao nível dos domicílios não são quantificados)  Consideram o país um todo uniforme, sem distinção de diferentes grupos populacionais (idade, sexo, sociocultural, económico), zonas geográficas e sazonalidade.  Disponibilidade e fiabilidade dos dados estatísticos (diferentes de país para país)  Alimentos não comercializados/declarados (mercado negro, autoprodução, caça, pesca)  Stock/desperdícios de difícil contabilização (destruição para controlo de preços, etc)  Estimar população total no período (emigrantes ilegais, turistas, refugiados)  Passagem de alimentos a produtos primários equivalente  Passagem de alimentos a nutrientes Vantagens  Estatísticas recolhidas anualmente em quase todos os países  Metodologia semelhante  Reunidas numa base de dados única (FAO)  Dizem respeito tanto aos agregados domésticos privados como também ao setor não domiciliar (escolas, hospitais, restaurantes…)  Dados sobre “biodisponibilidade per capita” de itens alimentares, energia, macronutrientes, mas também quantidade produzidas, importadas, exportadas … Utilidade  Avaliar a evolução das disponibilidades alimentares de um país ao longo do tempo;  Comparar as disponibilidades alimentares entre países, num mesmo período de tempo;  Indicar em que medida as disponibilidades alimentares de um país estão adequadas às necessidades nutricionais;  Determinar o grau de autossuficiência de um país (produção/importação);  Permitir o estudo das relações entre disponibilidades alimentares e padrões de doença de um país;  Desenvolver e avaliar políticas alimentares a nível nacional (produção, distribuição e consumo) Portugal tem uma alimentação mediterrânica? MAI – Índice de Adesão ao Padrão Mediterrânico é calculado pela razão da energia dos Alimentos Mediterrânicos com os Alimentos Não-Mediterrânicos em percentagem. O mínimo é 0 e o máximo é +∞  Alimentos mediterrânicos: cereais e derivados, leguminosas, batatas, hortícolas, fruta, frutos secos, peixe, óleos vegetais e vinho 21 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II  Alimentos não-mediterrânicos: leite e produtos lácteos, carne e derivados, ovos, gorduras animais, refrigerantes, açúcar e produtos açucarados. Tem-se verificado um decréscimo da adesão ao padrão alimentar mediterrânico. Em 1961 era de 4,2, em 1969 era de 4 e em 2003 era aproximadamente 1,75. “Portugal está a afastar-se gradualmente da tradicional dieta Mediterrânica como a França, Grécia, Itália e Espanha. Notavelmente, as tendências da transição da dieta estão a decorrer de forma mais rápida em Portugal do que nos outros 4 países mediterrânicos.” (Chen Q, Marques- Vidal P. 2007) COMPARAÇÃO ENTRE DIFERENTES MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Transição Nutricional:  Fenómeno no qual ocorrem mudanças nos padrões nutricionais e de atividade física numa dada população, ao longo do tempo, sendo em geral uma passagem da desnutrição para a obesidade.  Englobam processos de mudança demográfica, epidemiológica e nutricional.  Transição demográfica: o Passagem de um padrão de elevada natalidade e mortalidade para um padrão de baixa natalidade e mortalidade e, consequentemente um aumento da esperança média de vida.  Transição epidemiológica: o Passagem de um padrão caracterizado por elevada prevalência de doenças infeciosas associadas à má nutrição, períodos de fome e más condições sanitárias para um outro caracterizado pela elevada prevalência de doenças crónicas não transmissíveis, associadas ao estilo de vida típico das sociedades urbanas e industrializadas  Transição nutricional: o passagem de um padrão caracterizado pela alta prevalência de desnutrição para um outro caracterizado pela prevalência de doenças crónicas não transmissíveis relacionadas com a alimentação e atividade física.  Considera-se que todos os países passam pelos 5 padrões/modelos nutricionais durante a sua evolução: o Paleolítico – recolector de alimentos o Fome o Recessão de fome – ausência de fome o Doenças crónicas não transmissíveis – doenças degenerativas o Mudanças/alterações comportamentais 22 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II Paleolítico Fome Recessão de fome DCNT Mudanças - Grande - Menor - Pouca variedade - Rica em - Rica em produtos variedade de variedade de de alimentos alimentos hortofrutícolas, alimento alimentos - Rica em processados, leguminosas e - Predominância - Predominância hortofrutícolas e alimentos de cereais integrais Alimentação de alimentos de de cerais alimentos de origem animal e - Pobre em origem vegetal e - Pobre em origem animal açúcar alimentos animais gorduras - Pobre em cereais - Rica em gordura processados e selvagens integrais total, colesterol e açúcar -Rica em HC e - Pobre em HC HC refinados - Rica em HC fibra complexos (amido) - Pobre em complexos, fibras, - Pobre em e gorduras gordura gordura insaturada gorduras polinsaturada e e micronutrientes (saturada) fibras - Elevada - Moderada - Baixa atividade - Aumento do -Atividade física Atividade Física atividade física atividade física física/sedentarismo sedentarismo /exercícios de lazer - Pouca massa - Diminuição da - Aumento da - Aumento da - Diminuição da gorda estatura estatura massa gorda massa gorda Estado Nutricional - Algumas - Aumento das - Manutenção de - Aumento da - Fortalecimento deficiências doenças algumas obesidade, ósseo nutricionais relacionadas deficiências osteoporose, - Diminuição da - Baixa com deficiências nutricionais doenças incidência de incidência de nutricionais (especialmente em cardiovasculares e doenças obesidade crianças e cancro degenerativas mulheres); muitas (prevenção e outras terapêutica) desapareceram - População - População - População jovem - Aumento da - Aumento da jovem jovem e idosa população idosa população idosa - Elevada - Elevada - Baixa - Baixa natalidade - Elevada esperança mortalidade mortalidade mortalidade - Aumento da média de vida à Demografia - Baixa materna e - Elevada esperança média nascença natalidade infantil natalidade de vida à - Baixa - Elevada nascença esperança média natalidade de vida à - Baixa nascença esperança média de vida à nascença - Processo - Inicio do - Processo de - Enumeras - Período auge da Tecnologia tecnológico armazenamento armazenamento de tecnologias de mecanização e da inexistente de alimentos alimentos (salga e processamento robotização desidratação) alimentar industrial - Tecnologia de - Novos alimentos enlatamento 23 METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL II Diagnóstico da Situação de Saúde / Alimentar / Nutricional 24

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