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This document is a presentation about sport and globalization. The document discusses various aspects of globalization, including its impact on sports, culture, and society. It delves into how communication systems have influenced global phenomena, and the way sports have become intertwined with broader social and cultural trends.

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Desporto e Globalização Maria Teresa Espeçada [email protected] 12/2010 Ficha do Projecto Título: Desporto e Globalização Área(s) de Formação: Educação Física e Desporto Resumo: O mundo do desporto, pelas suas características, não foge ao efeito globalizante e pode mesmo ser considera...

Desporto e Globalização Maria Teresa Espeçada [email protected] 12/2010 Ficha do Projecto Título: Desporto e Globalização Área(s) de Formação: Educação Física e Desporto Resumo: O mundo do desporto, pelas suas características, não foge ao efeito globalizante e pode mesmo ser considerado como um fenómeno social total. É composto por diversas vertentes: social, económica, política e cultural. Pela mediatização, chega a várias sociedades com características estruturais diferentes. Com a globalização, costumes, estilos e práticas tendem a uma dinâmica de influência mútua entre as várias sociedades que povoam este nosso planeta. Palavras-chave: estrutura, acção, dualidade da estrutura, poder e globalização. Bibliografia/Webgrafia: GIDDENS, A. (2000). Dualidade da Estrutura. Oeiras: Celta Editora. GIDDENS, A. (2000) (2005)(5ªed.). O Mundo na Era da Globalização. Lisboa: Editorial Presença. MARIVOET, S. (1998). Aspectos Sociológicos do Desporto. Lisboa: Livros Horizonte. COAKLEY, J. e DUNNING, E. (2002). Handbook of Sport Studies. London: Thousand Oaks & New Deli. Desporto e Globalização Objec(vos: Pretende-se que no final do circuito de aprendizagem inerente à exploração deste Objecto de Aprendizagem, o utilizador seja capaz de: v Compreender o efeito da dualidade das estruturas; v Identificar mecanismos e dinâmicas subjacentes ao processo de globalização; v Compreender os efeitos da globalização inerentes ao campo desportivo. Desporto e Globalização Estrutura e Desenvolvimento Programático: 1. A Acção e a Estrutura 1.1 O Tempo e o Espaço 1.2 A Acção 1.3 A Estrutura 1.4 Regras e Recursos 1.5 O Poder 1.6 A Dualidade da Estrutura 2. Desporto e Globalização 2.1 Globalização 2.2 Globalização do Desporto 2.3 Globalização e o Desporto Moderno 2.4 A Era do “Risco” Desporto e Globalização 1. A Acção e A Estrutura A acção e a estrutura pressupõem-se uma à outra e a sua relação é dialéctica. 1.1 O tempo e o espaço A actividade social surge-nos sempre constituída através de três momentos de diferença entrecruzados temporalmente, paradigmaticamente e espacialmente. As práticas sociais são sempre actividades situadas (…) e só nos é possível entendermos o tempo e o espaço quando em relação com objectos e acontecimentos: o tempo e o espaço são os modos através dos quais os objectos e os acontecimentos “são” ou “acontecem”. (Giddens, 2000: 12/13) Desporto e Globalização 1.2 A acção Acção não se refere a uma série de actos discretos combinados entre si, mas a um fluxo contínuo da conduta. (…) O conceito de acção envolve a “intervenção” num mundo-objecto potencialmente maleável e relaciona-se directamente com uma noção mais generalizada de praxis. (…) Uma característica primordial de acção é a de que, algures no tempo, o agente pudesse ter agido de outro modo, quer em termos positivos, ao tentar intervir no processo dos acontecimentos do mundo, quer em termos negativos, ao abster-se perante os mesmos. (Ibidem: 15) Desporto e Globalização A racionalização da acção, enquanto traço básico da conduta diária, é uma característica normal do comportamento de agentes sociais competentes, sendo de facto a base principal a partir da qual a sua “competência” é julgada pelos outros. (Ibidem: 18) Desporto e Globalização 1.3 A estrutura Os sistemas sociais surgem padronizados tanto no tempo como no espaço através da continuidade da reprodução social. Um sistema social é, deste modo, uma “totalidade estruturada”. (…) As actividades e as práticas são criadas no contexto de conjuntos de regras que se sobrepõem e se articulam entre si, ganhando coerência através do seu envolvimento na constituição dos sistemas sociais no movimento do tempo. (Ibidem: 33) Desporto e Globalização 1.4 Regras e recursos Os sistemas sociais implicam relações regularizadas de interdependência entre indivíduos e grupos. (…) São sistemas de interacção social dado que envolvem actividades localizadas dos seres humanos e existem em termos sintagmáticos no fluxo do tempo. (…) Os sistemas possuem estruturas e as estruturas são propriedades dos sistemas ou das colectividades e são caracterizadas pela ausência de um sujeito. Estudar a estruturação de um sistema social corresponde a estudar os modos através dos quais esse mesmo sistema se produz e reproduz através da interacção. (Ibidem: 35) Desporto e Globalização As regras sociais têm componentes que tanto são constitutivas como reguladoras. (…) Conhecer uma regra é saber como jogar de acordo com a mesma e é vital dado que estabelece uma articulação entre regras e práticas. As regras geram – ou são o meio de produção e de reprodução das práticas. (Ibidem: 36) 1.5 O poder Os recursos são as bases, ou “veículos”, do poder, incluindo das estruturas de dominação, mobilizados pelas partes em interacção e reproduzidos através da dualidade da estrutura. (Ibidem: 42) Desporto e Globalização O uso de poder em interacção pode ser entendido em termos dos meios que os participantes trazem consigo e mobilizam como elementos da produção dessa mesma interacção, influenciando assim o seu curso. (…) As relações de poder são relações de autonomia e de dependência, mas mesmo o mais autónomo dos agentes encontra-se até certo ponto dependente, do mesmo modo que o mais dependente dos actores, ou partes de um relacionamento, mantém alguma autonomia. As estruturas de dominação implicam assimetrias dos recursos empregues na manutenção das relações de poder no interior e entre os sistemas de interacção. (ibidem: 91) Desporto e Globalização O poder não deve ser definido em termos de conflito apesar de (…) o uso do poder estimular frequentemente o conflito ou poder ocorrer em contextos contenciosos, tal não se deve à existência de qualquer conexão inevitável entre poder e conflito, mas sim devido às relações substantivas que frequentemente existem entre poder, conflito e interesses. (…) O poder e o conflito, tal como o poder e a prossecução dos interesses, encontram-se frequentemente, mesmo que de modo contingente, associados um ao outro. (ibidem: 92/93) Desporto e Globalização 1.6 A dualidade da estrutura Por dualidade da estrutura entende-se as propriedades estruturais dos sistemas sociais que são simultaneamente o meio e o resultado das práticas que constituem esses mesmos sistemas. (…) A estrutura tanto capacita como constrange. De acordo com esta concepção, as mesmas características estruturais são parte integrante tanto do sujeito (o actor) como do objecto (a sociedade). A estrutura confere simultaneamente forma à “personalidade” e à “sociedade” mas não de forma exaustiva devido ao peso significativo das consequências não intencionais da acção, quer devido às condições da acção que permanecem não conhecidas. (ibidem: 44) Desporto e Globalização 2. Desporto e Globalização 2.1 Globalização Falar de globalização é falar de comunicação. Com a evolução das sociedades e dos meios tecnológicos de comunicação um acontecimento, por mais íntimo que seja, chega a percorrer todo o planeta em poucos segundos. Do local passamos rapidamente ao global e o global vai influenciar o local noutra parte do mundo. Poucas são já as sociedades que por falta de meios tecnológicos se encontram ainda isoladas de influências globais. Desporto e Globalização A globalização é política, tecnológica, cultural e económica e tem tido como mecanismo fundamental para o seu desenvolvimento o progresso dos sistemas de comunicação, com maior incidência a partir de meados do séc. XX (anos 60). De Morse ao lançamento do primeiro satélite para a órbita terrestre é um pulo. É aí que se vai dar o “boom” comunicacional em todo o globo. De um satélite passámos para centenas e, neste momento, podemos estabelecer comunicação com qualquer parte do mundo. Este tipo de comunicação veio transformar o mundo a todos os níveis, principalmente no tipo de relações que se estabelecem socialmente, alterando por completo o quotidiano. Desporto e Globalização A globalização não pode ser tratada como um facto social exterior aos indivíduos, mas sim como algo que afecta culturas e sociabilidades pela sua aproximação à vida quotidiana. A televisão, o telemóvel, o computador, são “amigos” inseparáveis de inúmeros núcleos familiares, por vezes mesmo, dos mais remotos. Os sistemas tradicionais estão a transformar-se pelas tensões geradas pelos sistemas de comunicação que põem os indivíduos em contacto directo com outros tipos de vivências, de relações sociais, de estruturas sociais. É uma espécie de revolução global e a hegemonia de determinados padrões sobre outros. Desporto e Globalização Não se pode pensar a globalização como um processo simples, mas sim como uma rede complexa de processos. Face ao processo de hegemonia global, em alguns campos, também se verifica o inverso perante o ressurgimento de determinados traços culturais locais como forma de determinação (algumas das mais recentes separações políticas). Por vezes, emergem mesmo “melting pots” culturais que, ao assimilarem novas práticas, por via da comunicação mundial, a antigas tradições, criam novos espaços que se vão circundando de novas regras de sociabilidade. Desporto e Globalização A globalização não é unívoca dos países industrializados para aqueles com menor grau de desenvolvimento. Em muitas áreas da sociedade e por efeito da facilitação da mobilidade e da comunicação podemos observar uma espécie de colonização inversa da praticada há alguns séculos atrás. Estamos a atravessar, segundo Giddens (2005), uma fase de criação de uma sociedade cosmopolita global que está a agitar a nossa actual forma de viver qualquer que seja o local em que habitamos e que está a emergir de forma anárquica movida por um mistura de influências. Ainda segundo o mesmo autor, a globalização não é um incidente passageiro, é uma mudança das próprias circunstâncias em que vivemos. Desporto e Globalização 2.2 Globalização do Desporto O mundo do desporto, pelas suas características de catarse e de espectáculo onde por mimetização se desenvolvem algumas práticas análogas ao quotidiano, não foge ao efeito globalizante e pode mesmo ser considerado como um fenómeno social total. É composto por diversas vertentes: social, económica, política e cultural. Desporto e Globalização Pela sua mediatização algumas práticas chegam a várias sociedades com características estruturais diferentes. Com a globalização costumes, estilos e práticas tendem a uma dinâmica de influência mútua entre as várias sociedades que povoam este nosso planeta. No caso de instituições internacionais, como o são os Jogos Olímpicos, a tendência dos processos globalizantes vai interferir nas condições de vida de vários povos, nas suas crenças, conhecimento e acções, em vários graus. Os festivais desportivos globais servem como veículos de expressão ideológica que apesar de terem um âmbito nacional se tornam transnacionais nas suas consequências. Desporto e Globalização A vitória de um atleta negro numa das provas constituintes desta competição, (Berlim 1936), levou à contestação política de um regime totalitário que apelava à supremacia de uma só raça (a ariana). Com a evolução e transformação das sociedades, dos seus valores e crenças pela primeira vez na história da humanidade e do desporto foi disputada uma competição de alto nível mundial, o Campeonato do Mundo de Futebol (2010), num país até onde há bem pouco tempo eram exaltados valores xenófobos a nível social (apartheid), África do Sul. Desporto e Globalização A habilitação que é dada pela influência global às estruturas desportivas em algumas sociedades pode ser complementada com determinados constrangimentos culturais locais como acontece com o acesso das mulheres à prática de determinadas modalidades mas que, face a uma apresentação pública, devem contemplar o que está socialmente inscrito nos seus valores e crenças. (Como exemplo temos o acesso das mulheres iranianas à prática do futebol mas condicionadas pela utilização de burka, camisola de mangas compridas e calças.) Desporto e Globalização 2.3 Globalização e o Desporto moderno O processo de globalização não tem um timing certo de partida, no entanto, alguns autores situam-no entre o séc. XV e o XVIII. Podemos identificar alguns acontecimentos que nos dão conta do desenvolvimento desse processo: o crescente número de agências internacionais, o crescimento exponencial de formas de comunicação global, o desenvolvimento de competições e prémios globais, e o desenvolvimento de noções padronizadas de “direitos” e de cidadania. Desporto e Globalização A emergência e a difusão do desporto estão intimamente ligadas a este processo. O desenvolvimento de organizações desportivas nacionais e internacionais, o crescimento da competição entre equipas nacionais, a aceitação mundial de regras que regulam formas “específicas” de desporto, ocidentais, e o estabelecimento de competições globais, tais como os Jogos Olímpicos e o Campeonato do Mundo de Futebol, são indicadores de globalização no mundo desportivo. No entanto, estes processos devem ser analisados na sua independência relativa dos processos societais e sócio-culturais. Desporto e Globalização Embora a globalização do desporto esteja ligada às práticas ideológicas intencionais de grupos específicos de determinados países, o seu padrão e o seu desenvolvimento não podem ser reduzidos a essas mesmas práticas. A velocidade, escala e volume do desenvolvimento desportivo estão intimamente ligados aos fluxos globais de pessoas, de tecnologia, finanças, imagens e ideologias. As migrações globais, tanto do desporto profissional como do escolar, nos anos 80 foram um forte cenário de desenvolvimento desportivo. Desporto e Globalização Os fluxos de país para país de mercadorias desportivas, equipamentos e cenários (por exemplo, os campos de golfe ou superfícies de prática desportiva artificiais) cresceram de tal modo que, actualmente, movimentam negócios multimilionários. No que se refere à questão económica na arena desportiva global não está unicamente ligada à transacção internacional de pessoas, prémios e bonificações mas também ao marketing desportivo alimentado por um “complexo de produção mediática desportiva” que projecta imagens para audiências a nível global Desporto e Globalização Guttmann refere que estamos a testemunhar a homogeneização do mundo desportivo e que prefere o conceito de modernização porque implica algo acerca da natureza da transformação global (Guttmann, 1991 cit. In Coakley e Dunning, 2002 ). Eichberg (1984 cit. In Coakley e Dunning, 2002) sugere que o olimpismo é um “padrão social” que reflecte a cultura quotidiana da sociedade industrial ocidental, salienta algumas das consequências negativas incluindo drogas, violência e a cientificização do desporto e refere que estes excessos não são acidentais ou marginais mas logicamente relacionados com a configuração do desporto olímpico ocidental com a sua ênfase em ser o mais “rápido, alto e forte”. Desporto e Globalização Emergem complementarmente à noção global de competição actividades alternativas incluindo o ressurgimento dos jogos culturais nacionais, movimentos de ar livre, actividades expressivas e exercícios meditativos. Novas culturas físicas emergem de diferentes tradições culturais mundiais. A perspectiva figuracional (Elias e Dunning) rejeita a ideia de que a disseminação ou difusão de estilos de comportamento dependem unicamente das actividades dos grupos estabelecidos. É sim um processo dialéctico de interacção cultural que penetra nas fronteiras semipermeáveis erguidas pelos grupos estabelecidos de modo a manterem a sua distinção, poder e prestígio. Desporto e Globalização 2.4 A Era do Risco A noção de risco é inseparável dos conceitos de probabilidade e de incerteza, conceitos esses fortemente caracterizadores desta fase da Modernidade Tardia. O risco vive da ideia de colonização do futuro. Na actualidade, as superstições, as noções de magia, de destino e de cosmologia sobrevivem acopladas à ideia do risco. Os jogadores, ou os desportistas, continuam a utilizar rituais para enfrentarem a incerteza Desporto e Globalização A busca dos novos heróis está perfeitamente incorporada nas mais recentes práticas desportivas. O risco passa a fazer parte do quotidiano indo colonizar por osmose a dimensão desportiva já que, sendo esta uma mimetização da realidade e com regras próprias, a aceitação do risco é um dos requisitos de excitação e de aventura. O sentido de ir cada vez mais longe leva à existência de práticas que atribuem ao biológico algo para além das suas capacidades e que, por sua vez, exigem modos de regulação social – a questão moral e a ética –, regras e recursos, necessariamente, cada vez mais abrangentes e, simultaneamente, cada vez mais específicas. Desporto e Globalização Avaliação da Aprendizagem: ü Desenvolva uma perspectiva resumida sobre um efeito da globalização no campo desportivo. Aprendizagem Sistémica e Dinâmica Sugestões/Opiniões: Para qualquer sugestão de melhoria e/ou opinião relevante ao conteúdo deste Objecto de Aprendizagem deve, o utilizador, enviar um email para o contacto do Autor. Consentimento/Autorização do Autor Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso NãoComercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Unported. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/deed.pt ou envie uma carta para Creative Commons, 171 Second Street, Suite 300, San Francisco, California 94105, USA. © Maria Teresa Espeçada, ISCE 2010. Todos os direitos reservados. Dezembro de 2010 GbL – Gabinete b-Learning do ISCE Rua Bento de Jesus Caraça, 12 2620- 379 Ramada, Portugal gbl.isce @gmail.com

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