Neuropsicologia da Linguagem PDF
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This document discusses neuropsychological aspects of language. It covers both classic anatomical-clinical and modern imaging perspectives on language functions, and introduces different types of aphasia. The text includes various diagrams and models relevant to language processing.
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Neuropsicologia da Linguagem 1. A perspetiva neurológica clássica do estudos anatomo - clinicos 2. A perspetiva moderna da imagiologia cerebral Modelo neurológico clássico O estudo cientifico acerca da localização das funções superiores em circuitos específicos...
Neuropsicologia da Linguagem 1. A perspetiva neurológica clássica do estudos anatomo - clinicos 2. A perspetiva moderna da imagiologia cerebral Modelo neurológico clássico O estudo cientifico acerca da localização das funções superiores em circuitos específicos do cérebro teve início com o estudo do efeito de lesões cerebrais na linguagem (contributos de Paul Broca, de Karl Wernicke – e mais tarde, 1960 de Norman Geshwind) – Afasia de Broca – Afasia de Wernicke – Afasia de condução Modelo neurológico … Nesta imagem um conceito moderno do modelo neurológico da linguagem com base nos dados imagiológicos. A rede é muito mais ampla e distribuída do que a considerada nos modelos clássicos e envolve os tratos da substância branca subcortical. Afasia de Broca http://www.youtube.com/watch?v=f2IiMEbM nPM Afasia de Broca – défices de expressão verbal (dificuldades das funções de planeamento superior de sequências de movimentos) Discurso agramatical (défices no processamento sintático que serão a seguir desenvolvidos) Compreensão preservada mas com dificuldades (limitada ao entendimento do significado das palavras) Lesão…. Será que na afasia de Broca existem apenas dificuldades de expressão (afasia de expressão ou não fluente)? Dificuldades de compreensão na Afasia de Broca: - … não se trata de um défice apenas da expressão mas também da compreensão. - Os pacientes são capazes de entender frases cuja compreensão se baseia no conhecimento geral sobre o mundo (e. g. a maçã que foi comida pelo rapaz era vermelha). - Dificuldades na compreensão de frases em que o significado depende das relações sintáticas entre os constituintes (e. g. “o amigo que o rapaz alcançou era alto”) – - Afasia de Broca e a perturbação da memória de trabalho verbal A Afasia de Broca persistente resulta de - lesão da Área de Broca (Circunvolução Frontal Inferior esq – ABrodmann 44 e 45) - Mas também - campos frontais vizinhos (porção externa da AB 6 e áreas 8,9,10 e 46) - Substância branca - Insula e - Gânglios da Base - Uma lesão limitada à Área de Broca e substância branca adjacente – forma moderada e transitória da Afasia de Broca (afemia – desintegração fonémica, recupera..). Tipo de Produção Compreensão Repetição Outros sinais Região Afasia cerebral BROCA Preservada para Hemiparésia C. Frontal pal com dta, inferior esq e conteudo e (braço›perna) regiões Não fluente Perturbada frases simples adjacentes (1) Consciência da dif. e depressão Esforço e lentidão do discurso com dificuldades de articulação e sem entoação melódica da fala normal. Capaz de proferir palavras e frases – agramaticalidade Dificuldade em repetir frases Perturbações da compreensão (1) A Afasia de Broca persistente resulta de - Lesão da Área de Broca (Circunvolução Frontal Inferior esq – ABrodmann 44 e 45) - Campos frontais vizinhos (porção externa da AB 6 e áreas 8,9,10 e 46) - Substância branca - Insula e - Gânglios da Base Uma lesão limitada à Área de Broca e substância branca adjacente – forma moderada e transitória da Afasia de Broca com desintegração fonémica, recupera... Afasia de Wernicke Afasia fluente… Dificuldades de compreensão Lesão Temporal posterior Esquerda Afasia de Wernicke http://www.youtube.com /watch?v=dKTdMV6cOZ w ◼ Afasia de Wernicke – Dificuldades de compreensão – Fala bem articulada mas sem significado e com substituições semânticas (parafrasias semânticas) e de sons (parafrasias fonéticas) – Lesão Temporal posterior Esquerda Tipo de Afasia Produção Compreensão Repetição Outros Região sinais cerebral WERNICKE Fluente, Ausência de C Temporal abundante Perturbada Perturbada sinais esq. Posterior, articulado e motores; superior e melódico ansiedade ou médio agitação, etc Afasia de Wernicke: lesão na região posterior do córtex auditivo de associação esq (Area de Brodmann 22). Nos casos mais graves e persistentes existe envolvimento da circunvolução temporal média e da substância branca. Discurso fluente, sem esforço e melódico mas ininteligível – parafrasias fonéticas (neologismos) e semânticas. Dificuldades de compreensão (Modelo de Wernicke – Geschwind) Jargonofasia ◼ https://youtu.be/-GsVhbmecJA Wernicke não localizou o centro conceptual numa região cerebral determinada – Hipotetizou importância da interligação entre diversas áreas associativas A ligação entre os centros sensoriais e motores da linguagem - permitiria a repetição sem análise semântica e o controlo e monitorização da fala A ligação entre os centros sensoriais e os centros conceptuais é necessária para a compreensão A ligação entre os centros conceptuais e os motores para a elocução. Rede de Wernicke – Lichtheim Influência na afasiologia Centro conceptual Centro sensorial para a linguagem Centro motor para a linguagem ◼ Nas perspectivas actuais a Área de Wernicke não é considerada como o centro conceptual – ou da compreensão auditiva. ◼ A A. Wernicke faz parte de um processador que associa os sons da fala aos conceitos. ◼ Neste processamento, além da A. de Wernicke estão envolvidas outras regiões com funções sintácticas, atenção, conhecimento social e conhecimento dos conceitos que correspondem às palavras como será adiante desenvolvido. Reconhecimento e nomeação de imagens – por exemplo, faces Nomeação de animais nomeação de instrumentos Afasia de Condução Tipo de Produção Compreensão Repetição Outros sinais Região Afasia cerebral CONDUÇÃO Fluente Intacta ou muito Perturbada Ausentes ou Temporal com alguns preservada perdas superior esq e defeitos de sensoriais circunvolução articulação corticais e supramarginal fraqueza no braço dto. Compreendem frases simples e produzem uma fala inteligível mas, tal como os pacientes com a. de Broca ou de Wernicke não conseguem repetir, produzem parafrasias fonéticas e têm dificuldades em nomear objectos. ◼ A Afasia de Condução persistente é produzida por lesão extensa incluindo – circunvolução temporal superior esq – e do Lobo Parietal Posterior, – podendo estender-se ao córtex auditivo esquerdo, – à insula – e à substância branca. ◼ Não há provas que a afasia de condução seja produzida por lesões limitadas ao feixe arqueado – embora a lesão observada destrua as ligações feedback e feedforward entre os córtices temporal, parietal, insular e frontal. ◼ Este sistema interrelacionado parece ser parte da rede que reúne os fonemas em palavras e coordena a articulação, Tipo de Produção Compreensão Repetição Outros sinais Região Afasia cerebral BROCA Não fluente Preservada para Perturbada Hemiparésia dta, C. Frontal pal com conteudo (braço›perna) inferior esq e e frases simples regiões Consciência da dif. e adjacentes depressão WERNICKE Fluente, Perturbada Perturbada Ausência de sinais C Temporal esq abundante motores; ansiedade Posterior, articulado e ou agitação, etc superior e melódicos médio CONDUÇÃO Fluente com Intacta ou muito Perturbada Ausentes ou perdas Temporal alguns preservada sensoriais corticais superior esq e defeitos de e fraqueza no braço circunvolução articulação dto. supramarginal GLOBAL Não fluente Perturbada Perturbada Hemiparésia dta Lesão extensa Escasso perisilvica esq. Motora Não fluente, Intacta ou muito Intacta ou Algumas vezes Lesão tecidos transcortical explosivo preservada muito fraqueza do lado anteriores ou preservada dto. superiores à A. de Broca Sensorial Fluente Perturbada Intacta ou Ausência de sinais Lesão posterior transcortical muito motores ou inferior à A. Escasso preservada de Wernicke Modelo neurológico … Modelo das duas vias paralelas (dual stream models): A via ventral apoia o processamento som –significado – léxico semântico what A via dorsal (ligando a porção posterior dorsal do lobo temporal e regiões posteriores do lobo frontal) está na base da integração auditiva-motora (correspondência auditivo-motora) how Modelo das duas vias (Dual stream) no processamento da linguagem 1380, Kandel et al (pp 2021). Hipótese das duas vias na perceçáo da fala: uma baseada no processamento léxico semântico e outra baseada na correspondência auditivo motora, chamada a via ventral (what) e a via dorsal(how) MODELO DAS DUAS VIAS PARALELAS NO PROCESSMENTO DA LINGUAGEM: O processamento da linguagem envolve redes amplamente distribuídas no cérebro que incluem diferentes áreas com as suas especializações funcionais e ainda as vias ou tratos que as interrelacionam. Comparado com o modelo W-G o modelo das duas vias paralelas inclui um numero maior de áreas, mais amplamente distribuídas no cérebro e com vias de comunicação bidirecionais. O processamento de sons: Bilateral no giro temporal superior do córtex auditivo Giro temporal posterior superior (análise fonológica) A partir daqui diverge nas duas vias Dorsal (sensorio motoras) Ventral (sensório concetual Via Parieto-frontal Ao longo do Lobo temporal reconhecimento ‘motor’ da fala Reconhecimento acústico da fala - semântico A via dorsal bilateral liga a informação auditiva da linguagem aos planos motores que produzem a fala. A via dorsal passa por cima dos Ventrículos laterais e mapeia os sons nas representações articulatórias (ligando as regiões do Lobo Frontal Inferior, Córtex Premotor e córtex da Ínsula, três regiões envolvidas na articulação, com a área de Wernicke) _ VIA PARIETO FRONTAL Usada para dizer e aprender palavras não familiares. Reconhece a fala motoricamente (teoria motora da perceção da fala) Parte da área de Wernicke responde a articulação silenciosa (pelo falante) e a visão dos movimentos dos lábios nos outros (ligação dos aspetos auditivos, motores e visuais da fala). MCP fonológica em regiões parietais esquerdas (giro angular) As ligações das regiões parietais para as frontais juntam as vias how com as vias what Esta via sensório motora how entre os lobos parietais e frontais pode ser a bas neuroanatómica do loop articulatório. A informação na MCP fonológica é ‘«refrescada» por mecanismos de repetição frontais (articulação subvocal) (e.g. loop fonológico da memória de trabalho. Duas vias da Via Dorsal 1. Via dorsal que liga o giro temporal ao córtex premotor 2. Via Dorsal envolvida na análise da fala de nível complexo como a discriminação de diferenças de significado subtis com base na interpretação gramatical criando conceitos mais complexos. Via esquerda dominante, O Fasciculo Arqueado, Fasciculo superior Longitudinal são os tratos de fibras da substancia branca que medeiam a comunicação na via dorsal. A via Ventral passa sob o rego de Sylvius, Composta por regiões do Lobos Temporais Superiores Médio bem como regiões do Lobo Frontal Inferior. É Importante no processamento da informação necessária à compreensão auditiva. Realiza a transformação do sinal auditivo numa representação do léxico mental - ligando as palavras ao seu significado semântico Região seletiva para a voz no lobo temporal superior (responde mais a mudanças da identidade dos estímulos do que a outas mudanças acústicas As regiões cerebrais destas duas vias (Dorsal e Ventral interagem com regiões distribuídas em ambos os Hemisférios que têm a funções adicionais importantes para o processamento da linguagem. Estas regiões incluem o Córtex Prefrontal, C. Cingulado e redes neuronais que exercem um controlo atencional e ainda as regiões temporais, frontais e parietais envolvidas na recuperação da memória. Referências Posner MI, Raichle ME (2001). Imagens da mente (trad). Porto Ed, Porto (cap 5). Dronkers N, Pinker S, Damasio A (2000). 59 Language and the aphasias. In Kandel, Schwartz, Jessell (Eds). Principles of neural science and behavior4 th Ed. Kuhl, Patricia; Damasio, A. (2013). 60 Language. In Kandel, Schwartz, Jessell, Siegelbaum, Hudspeth (Eds). Principles of Neural Science 5 th Ed. Mc Graw Hill. Marshall J (2007): Treatment of spoken language disorders. In Handbook of Clinical Neuropsychology, PW Halligab, U Kischka, J. C. Marshall.