Aula Memória - Processamento de Informações - PDF

Summary

This document is a psychology lecture on different aspects of memory, including the encoding, storage, and retrieval of information, memory types, factors that influence it or that cause issues, with examples and diagrams. It details memory processes and explores concepts like memory, forgetting, and how memories are formed, stored, and why we forget things.

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Curso de Psicologia Disciplina: Processos Psicológicos Básicos Período: 2º semestre Prof. Dr. Lucas D.M.F. Vales [email protected] ip.br Memó ria Codificação, armazenamento e recuperação da informação; Memória sensorial, memória de curto prazo, memória de...

Curso de Psicologia Disciplina: Processos Psicológicos Básicos Período: 2º semestre Prof. Dr. Lucas D.M.F. Vales [email protected] ip.br Memó ria Codificação, armazenamento e recuperação da informação; Memória sensorial, memória de curto prazo, memória de longo prazo; Tipos de Memória de Longo Prazo; Esquecimento – falha na codificação, falha no armazenamento e falha na recuperação. Memó ria Caracterização da memória; Sistema de processamento de informações; Codificação, armazenamento e recuperação da informação; Memória sensorial, memória de curto prazo, memória de longo prazo; Tipos de Memória de Longo Prazo. Estudo e codificação de memórias Somos capazes de lembrar de inúmeros rostos, lugares e acontecimentos; sabores, cheiros e texturas; vozes, sons e canções. o Em um estudo, os alunos ouviram trechos – meros quatro décimos de segundo – de músicas populares e reconheceram o artista e a música em mais de 25% das vezes (Krumhansl, 2010). Muitas vezes reconhecemos músicas tão rapidamente quanto reconhecemos uma voz familiar. A pessoa média poderia:  repetir uma sequência de cerca de sete ou talvez até nove dígitos memorizados;  armazenar e reconhecer permanentemente cerca de 5 mil rostos (Jenkins Estudo e codificação de memórias o E não são apenas os humanos que têm memória notável para rostos. Ovelhas também se lembram de rostos. E também aconteceu com pelo menos uma espécie de peixe – como demonstrado por cuspirem em rostos familiares para desencadear uma recompensa alimentar (Newport et al., 2016) Sheep don't forget a face. Kendrick KM, da Costa AP, Leigh AE, Hinton MR, Peirce JW. Nature, 2001 Nov 8;414(6860):165-6. Laboratory of Cognitive and Developmental Neuroscience, Babraham Institute, Cambridge CB2 4AT, UK. [email protected] The human brain has evolved specialized neural mechanisms for visual recognition of faces, which afford us a remarkable ability to discriminate between, remember and think about many hundreds of different individuals. Sheep also recognize and are attracted to individual sheep and humans by their faces, as they possess similar specialized neural systems in the temporal and frontal lobes for assisting in this important social task, including a greater involvement of the right brain hemisphere. Here we show that individual sheep can remember 50 other different sheep faces for over 2 years, and that the specialized neural circuits involved maintain Estudo e codificação de memórias Como realizamos essas façanhas da memória? Como nosso cérebro colhe informações do mundo e guarda essas informações para uso posterior? Como podemos lembrar coisas sobre as quais não pensamos há anos e esquecer o nome de alguém que acabamos de conhecer? Como as memórias são armazenadas no nosso cérebro? Memó ria o A memória pode ser definida como a capacidade de um organismo alterar seu comportamento em decorrência de experiências prévias. (Squire, 1987) o Aprendizagem é o processo pelo qual o comportamento é adicionado ao repertório de um organismo. Aprendizagem – Mapas cognitivos o Representação mental do espaço físico; da estrutura do ambiente de um ser. Por exemplo, após explorar um labirinto, ratos agem como se tivessem aprendido seu mapa cognitivo. Grande parte das concepções sobre aprendizagem e memória surgiu no contexto da experimentação animal em labirintos. A preferência por modelos aquáticos em estudos com animais justifica-se pela vantagem de não necessitar qualquer tipo de recompensa alimentar. (Barnes et al., 1968) Labirinto aquático de Morris Labirinto radial aquático Labirinto em T aquático (D’Hooge; De Deyn, (Hyde; Sherman; Denenberg, (Wolf et al., Aprendizagem - conceitos oA aprendizagem pode ser definida como uma mudança relativamente permanente no comportamento, que resulta da prática; mudanças de comportamento devidas à maturação (em vez de prática), ou a condições temporárias do organismo (tais como fadiga ou estados induzidos por drogas) não são incluídas. o Tipos de aprendizagem: 1) habituação, 2) condicionamento clássico, 3) condicionamento operante e 4) aprendizagem complexa. Aprendizagem - conceitos 1) Habituação consistena espéciemais simples aprendizagem, – como de aprender a ignorar um estímulo que se tornou familiar e não tem consequências sérias. Exemplo: aprender a ignorar o tique-taque de um novo relógio. Aprendizagem - conceitos 2) Condicionamento Clássico – aprendizagem que ocorre por associação entre estímulos, um estímulo incondicionado capaz de eliciar uma resposta, também incondicionada, e um outro estímulo inicialmente neutro que após pareamentos repetidos passa a eliciar uma resposta condicionada, semelhante àquela incondicionada. Ivan P. Pavlov Fisiologista russo (1849-1936) Prêmio Nobel 1904: processos digestivos de animais Investigação fisiológica para examinar o funcionamento neurológico Pavlov investigouos reflexos que implicavam nas principais secreções glandulares Aprendizagem – condicionamento clássico As experiências de Pavlov com cães são exemplos paradigmáticos desta forma de aprendizagem. Pavlov observou que os cães salivavam quando as glândulas salivares se punham em contato com o alimento, o que classificou de reação incondicionada. Posteriormente os cães passaram também a salivar diante de estímulos que precediam o alimento: resposta condicionada (aprendida). Comportamentos Reflexos ou Respondentes Cheiro de Jato de Som comida ar alto (UC) (UC) (UC) Fom Pisc Sus e ar to (UR (UR (UR ) ) ) Aprendizagem – condicionamento ANTES DO clássico CONDICIONAMENTO Reflexo Incondicion ado Alimento (Estímulo Salivação INCONDICIONADO) (Resposta INCONDICIONADA) Som Nenhuma (Estímulo Resposta NEUTRO) Aprendizagem – condicionamento clássico DURANTE O CONDICIONAMENTO + Som Alimento Salivação (Estímulo (Estímulo (Resposta NEUTRO) INCONDICIONADO) INCONDICIONADA) DEPOIS DO CONDICIONAMENTO Reflexo Condicion Som ado (Estímulo Salivação CONDICIONA (Resposta CONDICIONAD Aprendizagem – condicionamento clássico Generalização e Discriminação Quando uma resposta condicionada foi associada a um determinado estímulo outros estímulos similares evocarão a mesma resposta. Quanto mais similares os novos estímulos são ao EC original, mais provavelmente evocarão a resposta condicionada. Generalização A Discriminação é um processo complementar. Enquanto a generalização é uma reação às similaridades, a discriminação é uma reação às diferenças. É causada por reforço diferencial e extinção. Ex: Fatores cognitivos: Previsibilidade e Emoção A previsibilidade é bastante importante para reações emocionais. Se um determinado EC prediz confiavelmente que a dor está vindo, então a ausência deste prediz que a dor não virá e o organismo pode relaxar. O EC seria, portanto, um sinal de perigo e sua ausência seria um sinal de segurança. Quando esses sinais são erráticos, a carga emocional para o organismo pode ser devastadora. Não há sinais de perigo ou de segurança e a ausência de um previsor confiável leva à ansiedade. Exemplos:  Choques sinalizados e não sinalizados – modelo animal.  Aviso médico em um procedimento. Importância do Condicionamento Clássico O condicionamento clássico está envolvido em muitos de nossos comportamentos:  quando toca uma música e lembramos de alguém  cheiro específico lembra um lugar ou pessoa  propagandas  preconceito  tratamentos médicos Aprendizagem – condicionamento operante B. F.  Condicionamento Skinner clássico: estím respo (1904-1990) ulo sta  Condicionamento operante: resposta – consequência resposta estímulo Aprendizagem – condicionamento Resposta – qualquer ato que seoperante segue a um estímulo exterior e a ele está imediatamente ligado; unidade de comportamento que é controlada por suas consequências. Estímulo – qualquer evento físico, combinação de eventos ou relação entre eventos. ⦿ O estímulo classifica os aspectos do ambiente, do mesmo modo que a resposta classifica os aspectos do comportamento. Aprendizagem – condicionamento operante Operante→ Comportamento por meio do qual oorganismo modifica o ambiente. Características: - Emitido; - Modificado por suas consequências; Aprendizagem – condicionamento operante Resposta Estimul o SINALIZAÇÃO CONSEQUÊNCIA DA Conseqüência Respost Conseqüên a cia (ação) (contingênci a) Aprendizagem – condicionamento operante oModelagem → Modificação gradual de alguma propriedade do comportamento pelo reforço diferencial de aproximações sucessivas a um comportamento /classe operante alvo. oReforço diferencial → Reforço de algumas respostas mas não de outras, dependendo das propriedades das respostas. oAproximações sucessivas Modelag em  Reforçar aproximações sucessivas da resposta alvo  O andar em crianças  Exploração do meio e desenvolvimento da coordenação motora global  Equilíbrio, lateralização e alteração da postura  Aproximações claras do comportamento alvo  Execução correta do comportamento alvo  Uma vez estabelecido o comportamento correto, trabalhar sua execução e o desenvolvimento de sua complexidade para outros mais Positive Reinforcement Aprendiza gem  Aprendizagem latente: Aprendizagem que ocorre, mas não é aparente até que surja um incentivo para demonstrá-la.  Aprendizagem por Insight (pelo discernimento) Em experiências de solução de problemas, a percepção de relacionamentos que levam a uma solução. Exemplos: Chimpanzee Problem Solving.flv Corvus moneduloides - problem solving.flv Crows using traffic to crack walnut.flv Memória – principais fatores Principais fatores para o estabelecimento da aprendizagem e memória:  Aquisição (Codificação)  Consolidação (Armazenagem)  Evocação de informações (Recuperação) Memória – tipos de memória Memória de trabalho Codificação de informações apresentadas em contextos temporais específicos, mantidas por períodos de tempo durante os quais sejam relevantes, distinguindo um instante dentro de um conjunto de eventos, susceptível às interferências de efeitos temporais. Memória de longo prazo Codificação das informações que são utilizadas em diferentes situações e que são menos vulneráveis ao contexto específico sob o qual foram adquiridas, portanto, menos propensa à interferência temporal. Memória – armazenamento e recuperação o A memória de longo prazo envolve informações que foram retidas por intervalos de apenas alguns minutos ou de uma vida inteira.  Duas questões importantes: Diferentemente da situação na memória de curto prazo, interações importantes entre a codificação e a recuperação ocorrem na memória de longo prazo. Codificação do Significado Acréscimo de conexões Significativas É frequentemente difícil saber se o esquecimento de uma memória de longo prazo acontece devido a uma perda da armazenagem ou ao fracasso para recuperá-la. Memória - retenção A evidência de que a aprendizagem persiste inclui estas três medidas de retenção: oRecordação: recuperar informações que não estão atualmente em sua consciência, mas que foram aprendidas anteriormente. o Reconhecimento: identificar itens aprendidos anteriormente. oReaprendizagem: aprender alguma coisa mais rapidamente quando você aprende uma segunda vez ou posteriormente. Quando você revisar as primeiras semanas de trabalho do curso para se preparar para o exame final ou se dedicar a um idioma usado na primeira infância, será mais fácil reaprender a matéria do que quando você a aprendeu. Memória - retenção JIH, BAZ, FUB, YOX, SUJ, XIR, DAX, LEQ, VUM, PID, KEL, WAV, TUV, ZOF, GEK, HIW Curva de retenção de Ebbinghaus: Ebbinghaus constatou que quanto mais itens ele menos praticasse em ele tempo umaprecisaria lista de sílabas sem no reaprendê-la sentido no primeiro segundo para dia, de velocidade dia. de A reaprendizagem medida da retenção da é uma memória. (Extraída de Baddeley, 1982.) Memória – revisão dos conceitos Memória: Persistência da aprendizagem ao longo do tempo por intermédio do armazenamento e da recuperação das informações. Recordação: Medida da memória em que a pessoa precisa recuperar informações obtidas antes, como em um teste de preenchimento de espaços. Reconhecimento: Medida da memória em que a pessoa precisa apenas identificar os itens anteriormente aprendidos, como em um teste de múltipla escolha. Memória – processamento de informações Nosso cérebro ágil processa muitas coisas ao mesmo tempo (algumas delas inconscientemente) por meio do processamento paralelo. Para focalizar esse processamento múltiplo, um modelo de processamento de informação, o conexionismo, vê as memórias como produtos de redes neurais interconectadas. Memórias específicas surgem a partir de padrões de ativação particulares dentro dessas redes. Toda vez que você aprende alguma coisa nova, as conexões neurais de seu cérebro mudam – um exemplo da neuroplasticidade, formando e fortalecendo vias que permitem a você interagir e aprender com o ambiente em constante mutação. Memória – processamento de informações Codificação: Processamento de informações dentro do sistema de memória – por exemplo, por meio de extração de significados. Armazenamento: Processo de reter as informações codificadas ao longo do tempo. Recuperação: Processo de extrair informações do armazenamento de memória. Processamento paralelo: Processamento de diversos aspectos de um estímulo Memória – processamento de informações Memória sensorial: Lembrança imediata e muito fugaz de informações sensoriais no sistema de memória. Memória de curto prazo: Memória ativada que retém poucos itens por pouco tempo (como um número de telefone enquanto é discado) antes de a informação ser armazenada ou esquecida. Memória de longo prazo: Armazenamento relativamente permanente e ilimitado do sistema de memória. Inclui as habilidades, o conhecimento e as experiências. Memória – processamento de informações MEMÓRIA DE TRABALHO: Modelo de 3 estágios (Atkinson e Shiffrin) - a memória de curto prazo apenas como um espaço para armazenar brevemente pensamentos e experiências recentes. Esse estágio de memória passou a ser chamado de memória de trabalho, porque se assemelhava a um “bloco de rascunho” ativo, no qual nosso cérebro dá sentido a novas experiências e as conecta com nossas memórias de longo prazo. Esse “sistema para manter a informação em mente e trabalhar nela” (Oberauer et al., 2018) também funciona na direção oposta, recuperando e processando informações Memória – processamento de informações Modelo de processamento de memória em três estágios modificado: O modelo compreende outras maneiras de formar memórias de longo prazo. Por exemplo, alguma informação escorrega para a memória de longo prazo por uma “porta dos fundos”, sem termos consciência disso (processamento automático). Além disso, ocorre tanto processamento ativo no estágio de memória de curto prazo que hoje muitos preferem o termo memória de trabalho. Memória – processamento de informações MEMÓRIA SENSORIAL o A memória sensorial alimenta nossa memória de trabalho ativa, registrando imagens, sons e fortes aromas momentâneos. Mas a memória sensorial, como um relâmpago, é passageira.  Memória icônica: Memória sensorial momentânea de estímulos visuais; memória fotográfica ou pictórica que não dura mais do que poucos décimos de segundo.  Memória ecoica: Memória sensorial momentânea de um estímulo auditivo; se a atenção está voltada para outra coisa, sons e palavras ainda podem ser lembrados por 3 ou 4 segundos. Memória - esquecimento Esquecimento, construção da memória e seu aprimoramento: Por que esquecemos? Em meio aos aplausos para a memória – todos os esforços para compreendê-la, todos os livros para melhorá-la –, alguém já ouviu algum elogio ao esquecimento? William James (1890, p. 680) foi esse defensor: “se lembrássemos de tudo, passaríamos a maior parte do tempo sofrendo tanto quanto se não lembrássemos de nada”. Os psicólogos Robert Bjork e Elizabeth Bjork (2019) concordam, chamando o esquecimento de “o amigo da aprendizagem”. Descartar a confusão de informações inúteis – onde estacionamos ontem, nosso número de telefone antigo, pedidos de restaurante já preparados e servidos – é Memória - esquecimento O pod ocorrer esquecimento qualquerestágio e memóri em Quand da processamos a. filtramo o informações, alteramos ou perdemos s,grande parte delas. À medida que processamos informações, peneiramos, alteramos ou perdemos a maior parte. Memória - esquecimento o Esquecimento extremo: A doença de Alzheimer danifica gravemente o cérebro e, no processo, nos despoja da nossa memória. Memória - esquecimento o A doença de Alzheimer começa como dificuldade de lembrar novas informações, progredindo para uma incapacidade de realizar tarefas cotidianas (amnésia anterógrada). o A fala complexa torna-se frases simples; membros da família e amigos próximos tornam-se estranhos; os centros de memória do cérebro, uma vez fortes, tornam-se fracos e declinam (Desikan et al., 2009). o Ao longo de vários anos, as pessoas com Alzheimer podem tornar-se desconhecidas e incognoscíveis. Seu senso de identidade enfraquece e faz com que se perguntem: “quem sou eu?” (Ben Malek et al., 2019). Memória - esquecimento o A memória perdida atinge o núcleo de sua humanidade, roubando-lhes sua alegria, significado e companheirismo. o Devemos à memória quase tudo que temos ou somos; A memória reúne os incontáveis fenômenos de nossa existência em um todo único, permitindo a preservação de nossa consciência. (Hering, 1920) Processamento automático e memórias implícitas Quais informações processamos automaticamente? o Nossas memórias implícitas incluem a habilidade memória procedural para automáticas (como s andar de bicicleta) e associações formadas a partir condicionamento clássico entre os estímulos. do Memória implícita: Retenção de habilidades aprendidas ou associações condicionadas classicamente independentes de lembranças conscientes. Também chamada memória não declarativa.  Quando atacado por um cão na infância, anos mais tarde você pode, sem se lembrar da associação condicionada, ficar automaticamente tenso quando um cão se Processamento automático e memórias implícitas Sem esforço consciente, processamos automaticamente informações sobre:  Espaço: Ao estudar, você pode codificar o local na página do livro em que determinado material aparece; mais tarde, ao tentar se lembrar da informação, é possível que você visualize sua localização;  Tempo: Enquanto seu dia transcorre, involuntariamente você registra a sequência de acontecimentos. Mais tarde, percebendo que deixou seu telefone em algum lugar, a sequência de eventos codificada automaticamente pelo seu cérebro permitirá que você refaça seus passos;  Frequência: Sem muito esforço, você rastreia quantas vezes alguma coisa aconteceu, o que permite perceber que “é a terceira vez que passo por ela hoje”. Processamento automático e memórias implícitas A mente se envolve em um processamento de informações impressionantemente eficiente de duas vias.  Como uma das vias guarda automaticamente muitos detalhes de rotina, a outra via fica livre para se concentrar no processo consciente, com esforço.  Os feitos mentais, como visão, pensamento e memória, podem parecer habilidades únicas, mas não são. Em vez disso, dividimos a informação em componentes distintos para processamento que ocorre separado e simultaneamente. Processamento com esforço e memórias explícitas O processamento automático acontece sem esforço.  Quando você vê as palavras em seu idioma nativo na lateral de um caminhão de entregas, não pode deixar de ler e registrar seu significado.  Aprender a ler, no entanto, não foi automático. Você deve se lembrar de trabalhar duro para apontar as letras e ligá-las a certos sons. Mas, com experiência e prática, sua leitura tornou-se automática. Imagine agora aprender a ler frases invertidas como esta:.ocitámotua ranrot es edop oçrofse moc Processamento com esforço e memórias explícitas Memória explícita: Memória de fatos e experiências de que a pessoa é capaz de lembrar conscientemente e “declarar”. Também chamada memória declarativa. Processamento com esforço: Codificação que exige atenção e esforço consciente. Processam automáti Codificaç inconscien de incidentais, ento co: como espaço, ão tempo te e frequência, informaçõese de informações bem aprendidas, como o significado das palavras. Armazenamento e recuperação das memórias Qual é a capacidade da memóriade longo prazo? Nossas memórias de longo prazo são processadas e armazenadas em locais específicos? o Nossa capacidade de armazenar memórias em longo prazo é essencialmente ilimitada. Estima-se que as conexões neurais do cérebro tenham capacidade de armazenamento comparável ao patamar da World Wide Web (rede mundial da internet). Retenção das informações no cérebro: o As memórias ficam no cérebro, mas o cérebro distribui os componentes de uma memória em diversos locais interconectados em rede. o Esses locais específicos incluem alguns dos circuitos envolvidos na experiência original: algumas células cerebrais que disparam quando vivenciamos alguma Armazenamento e recuperação das memórias Nossas memórias são flexíveis e se sobrepõem:  Apesar da vasta capacidade de armazenamento do cérebro, não armazenamos informações como as bibliotecas armazenam seus livros, em locais únicos e precisos.  Em vez disso, as redes cerebrais codificam, armazenam e recuperam as informações que formam nossas memórias complexas. Memória semântica: Memória explícita de fatos e conhecimentos gerais; um dos nossos dois sistemas de memória consciente (o outro é a memória episódica). Memória episódica: Memória explícita de eventos vivenciados pessoalmente; um dos nossos dois sistemas de memória consciente (o outro é a memória Sistema de memória explícita Quais são os papéis dos lobos frontais e do hipocampo no processamento da memória?  As memórias explícitas e conscientes podem ser semânticas (fatos e conhecimento geral) ou episódicas (eventos vivenciados). A rede que processa e armazena novas memórias explícitas para fatos e episódios inclui os lobos frontais e hipocampo.  Quando se evoca uma repetição mental de experiência passada, muitas regiões do cérebro enviam informações para o córtex pré-frontal (a parte frontal dos lobos frontais) para realizar o processamento da memória de trabalho. Sistema de memória explícita Os lobos frontaisesquerdo e direito processam tipos diferentes de memórias.  Lembrar uma senha e guardá-la na memória de trabalho, por exemplo, ativaria o lobo frontal esquerdo.  Invocar a cena de uma festa provavelmente ativaria o lobo frontal direito.  Mulheres, cuja memória episódica supera a dos homens, são mais propensas a lembrar com precisão o que aconteceu em uma festa. Sistema de memória explícita: Hipocampo e lobos frontais Os neurocientistas cognitivos constataram que o hipocampo, um centro neural do lobo temporal localizado no sistema límbico, é o equivalente cerebral de um botão “salvar” para as memórias explícitas. À medida que as crianças amadurecem, seu hipocampo cresce, permitindo-lhes construir memórias mais detalhadas.  Imagens do cérebro revelam atividade no hipocampo e nas redes cerebrais próximas à medida que as pessoas formam memórias explícitas de nomes, imagens e eventos. Sistema de memória explícita: Hipocampo e lobos frontais Lesões nessa estrutura interrompem a formação e a evocação de memórias explícitas. Chapins norte- americanos e outros pássaros armazenam alimento em centenas de lugares e voltam meses depois a esses repositórios sem identificação, mas não conseguirão encontrá-los se seu hipocampo tiver sido prejudicado/lesionado. Quebra-nozes de Clark: pode localizar até 6 mil depósitos de pinhão que havia enterrado anteriormente. Com uma lesão no hipocampo esquerdo, as pessoas têm problemas para lembrar informações verbais, mas não têm problemas para lembrar Sistema de memória explícita: Hipocampo e lobos frontais O hipocampo é complexo, com sub-regiões que cumprem diferentes funções.  Uma parte está ativa enquanto camundongos e pessoas aprendem informações sociais.  Outra parte está ativa quando os campeões de memória se envolvem em mnemônica espacial.  A área traseira, que processa a memória espacial, cresce quanto mais um taxista londrino tenha percorrido o labirinto de ruas da cidade. Sistema de memória implícita: cerebelo e gânglios basais O hipocampo e os lobos frontais são sítios de processamento de memórias explícitas. Mas perder essas áreas ainda possibilitaria estabelecer memórias implícitas para habilidades e associações recém- condicionadas, assim, graças ao processamento automático.  Joseph LeDoux (1996) recontou a história de uma paciente com danos cerebrais cuja amnésia a deixou incapaz de reconhecer o próprio médico, já que todos os dias ele apertava sua mão e se apresentava. Um dia, ela recolheu a mão quando o médico picou sua palma com uma tachinha. Na próxima vez que ele voltou e se apresentou, ela não quis apertar a sua mão, mas não conseguia explicar por quê. Por ter sido condicionada classicamente, ela simplesmente não o faria. Intuitivamente (implicitamente) ela sentiu algo que não conseguia explicar. Sistema de memória implícita: cerebelo e gânglios basais O cerebelo tem um papel fundamental na formação e no armazenamento das memórias implícitas criadas pelo condicionamento clássico. Com o cerebelo danificado, as pessoas não conseguem desenvolver certos reflexos condicionados, como associar um tom a um sopro de ar iminente – e assim, não piscam antes do sopro. A formação da memória implícita precisa do cerebelo. Os gânglios basais, estruturas cerebrais profundas envolvidas no movimento motor, facilitam a formação de nossas memórias procedurais para habilidades. Os gânglios basais recebem informações do córtex, mas não retribuem o favor de enviar as informações de volta ao córtex para a percepção consciente da aprendizagem procedural.  Aprender a andar de bicicleta é possível graças aos gânglios basais. Sistema de memória implícita: cerebelo e gânglios basais O sistema de memória implícita, viabilizado por essas áreas mais ancestrais do cérebro, ajuda a explicar por que as reações e habilidades que aprendemos durante a infância permanecem por longo tempo e nos acompanham até o nosso futuro.  No entanto, como adultos, a memória consciente de nossos 4 primeiros anos de vida praticamente inexiste em decorrência da amnésia infantil. Sistema de memória implícita: cerebelo e gânglios basais  Amnésia Infantil: Duas influências contribuem para a amnésia infantil: primeiro, indexamos grande parte de nossa memória explícita usando palavras que crianças não verbais ainda não aprenderam; segundo, o hipocampo é uma das últimas estruturas cerebrais a amadurecer e, à medida que isso acontece, mais e formaç da explícit Cerebe hipocampo: ão memória informações ficam retidas. a. lo e basais: formação memór implícit relacionada com a gânglios formaçã da da Lobos ia frontais emoção. a. Amígdala: o memória Amígdala, emoções e memória Como as emoções afetam nosso processamento da memória?  Nossas emoções desencadeiam a liberação de hormônios do estresse que influenciam a formação de memória. Quando estamos excitados ou estressados, esses hormônios disponibilizam mais energia a partir da glicose para alimentar a atividade cerebral, sinalizando ao cérebro que algo importante está acontecendo.  Além disso, os hormônios do estresse fazem a memória ficar mais focada. O estresse estimula a amígdala (dois conglomerados no sistema límbico nos quais ocorre o processamento emocional) a iniciar um traço de memória – uma mudança física que perdura enquanto memória se forma – que aumenta a atividade nas áreas do cérebro em que as memórias se formam. Amígdala, emoções e memória É como se a amígdala dissesse: “cérebro, codifique este momento para referência futura!”. O resultado? A excitação emocional pode marcar certos eventos no cérebro, enquanto interrompe a memória para eventos irrelevantes. o Eventos significativamente estressantes podem formar memórias quase inesquecíveis. Depois de uma experiência traumática – um tiroteio em uma escola, um incêndio em uma casa, um estupro –, lembranças vívidas do horrível evento podem surgir repetidas vezes. É como se fossem marcados a ferro quente: “experiências emocionais muito fortes criam memórias mais fortes e confiáveis” (James McGaugh, 1994, 2003). o Essas experiências fortalecem até mesmo a lembrança de eventos relevantes e imediatamente anteriores. Isso faz sentido do ponto de vista adaptativo: ao agitar bandeiras de alerta, a memória nos protege de perigos futuros. Amígdala, emoções e memória Mas como os eventos emocionais produzem memória com visão de túnel, eles concentram nossa atenção e recordação em informações de alta prioridade e reduzem nossa recordação de detalhes irrelevantes.  O que quer que capte nossa atenção é bem lembrado à custa do contexto circundante. Amígdala, emoções e memória Alterações hormonais provocadas pelas emoções ajudam a explicar por que lembramos por muito tempo de eventos chocantes ou excitantes:  como o primeiro beijo, ou dos rumos de nossas vidas ao sabermos da morte de um ente querido.  Onde você estava, por exemplo, quando soube do lockdown da COVID-19, em 16 de março de 2020?  Segundo pesquisa do instituto de pesquisa Pew realizada em 2006, 95% dos adultos norte- americanos afirmaram que eram capazes de lembrar exatamente onde estavam e o que faziam quando ouviram a notícia do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.  Essa clareza percebida das memórias de eventos surpreendentes e significativos levou alguns Armazenamento e recuperação das memórias Memória emocional (ou vívida): Memória clara de um momento ou evento emocionalmente significativo. Nossas memórias emocionais são notáveis por sua vivacidade e por nossa confiança nelas. Mas, à medida que revivemos, reiteramos e discutimos essas memórias, elas podem resultar em erros.  Com o tempo, alguns erros se infiltraram nas lembranças do 11 de setembro das pessoas (em comparação com seus relatórios anteriores, feitos logo depois). No entanto, a maior parte das memórias do 11 de setembro continuou coerente ao longo dos 2 a 3 anos seguintes. Armazenamento e recuperação das memórias O que é mais importante – suas experiências ou suas memórias delas? Experiências dramáticas continuam vivas e claras na nossa memória em parte porque as repetimos. Pensamos nelas enquanto as descrevemos para as outras pessoas.  Memórias de experiências com maior relevância pessoal também perduram. o Comparados aos não católicos, os católicos devotos recordaram melhor a renúncia do Papa Bento XVI. o Um aumento de memória semelhante ocorreu após o desastre nuclear de Fukushima no Japão, em 2011. Na Alemanha, repetidas discussões políticas sobre os perigos da energia nuclear levaram a memórias mais duradouras do desastre do que na Holanda, onde ocorreram menos Referências bibliográficas Bibliografia básica: FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015, capítulo 6. MYERS, D.; DEWALL, N. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2017, capítulo 8. GLEITMAN, H.; REISBERG, H.; GROSS, J. Psicologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, capítulo 7. Bibliografia para aprofundamento: WEITEN, W. Introdução à Psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thompson, 2002, capítulo 7.

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